Capitulo 1
Acordei com o barulho irritante do despertador, demorei um pouco pra notar que nem tinha amanhecido ainda. Era difícil de acreditar que os dois meses de férias já tinham passado e era hora de voltar ao colégio.
Me levanteie entrei no banheiro ainda meio tonta de sono e encontrei meu irmão mais novo, Souta, já vestido e lavando o rosto. Todos dizem que ele é a minha versão masculina: os mesmos cabelos pretos azulados, a mesma pele branquinha... A única diferença era a cor dos olhos. Os dele eram castanhos claros, os meus, azuis meio acinzentados.
Você está atrasada – ele me disse fechando a torneira, um pouco rouco – Se a gente não sair em dez minutos, não chegamos a tempo.
Arregalei os olhos para ele:
Mas ainda são seis e meia!
E quanto tempo você acha que leva pra caminhar até a escola? – ele perguntou com aquele ar impaciente de dar nos nervos.
Droga! – xinguei baixinho, correndo até a porta em frente, meu quarto. Claro que nós íamos a pé! Mamãe já tinha saído pro trabalho naquela hora, e mesmo que estivesse em casa, o carro tinha sido vendido pra pagar a cirurgia do vovô. Há uns dois meses, ele tinha caído nas escadas do templo onde moramos. Teve uma fratura na coluna e ficou paraplégico. Desde então ele não ajuda mais no templo, passa o dia inteiro na cama ou na cadeira de rodas, reclamando e bebendo feito um louco.
Kagome! – Souta berrou da porta de entrada – Vamos logo!
Terminei de calçar os sapatos e corri pro banheiro passar um pente no cabelo e escovar os dentes. Saí correndo pra alcançar o Souta, colocando minha mochila de uma alça só no ombro.
Enquanto descia as escadas com pressa, meti a mão no bolso da mala, procurando a carteira de cigarros e o isqueiro.
Essa coisa é nojenta, não sei como você tem coragem de por na boca – ele comentou, adivinhando o que eu procurava. Suspirei de raiva. Ele era aquele tipo de moleque de 12 anos que acha que sabe de tudo!
Dane-se! – respondi segurando a carteira na mão, ainda buscando o isqueiro. Eu sabia que ia passar mal por fumar de estomago vazio, mas o vicio falava mais alto.
Você podia pelo menos contar pra mamãe – o pirralho continuou
Ela saberia se passasse um pouco mais de tempo em casa – respondi finalmente alcançando o fogo. Pus um cigarro na boca e a mão na frente do isqueiro pra bloquear o vento. Rodei o isqueiro, mas só uma faísca saiu. Franzi as sobrancelhas e tentei de novo. Nada.
"Ótimo!" Pensei tacando o cigarro e a carteira de volta na mochila. Deixei o Souta na escola dele e dei os avisos de sempre, como pra ele me esperar na saída e não sair zanzando por aí como fazia às vezes.
No nosso bairro, a maioria das pessoas estudavam no meu colégio, ou no do Souta, dependendo da idade. O dele era só primeiro grau, e o meu segundo grau e cursinho. Acho que não estudavam lá porque queriam, era mais falta de opção mesmo, afinal não éramos a região mais rica da cidade, ao contrario. Quer dizer, ninguém passava fome, morava numa casa de madeira sem geladeira e um quarto pra todos nós, claro que não! Só éramos mais pobres que as almofadinhas ricaços e que a classe media.
As vezes, os almofadinhas vinham até aqui pra vender briga pros caras do bairro. Só que era a maior covardia, eles caiam de 5 ou 6 em cara só. Por isso não era difícil ver garotos de 13, 14 anos andando por aí com canivete no bolso. Mas também tinham outros, como o meu melhor amigo Miroku, que curtiam resolver a briga disputando rachas. Não era pra menos. O Miroku era famoso por envenenar carros e correr com os ricaços. Era um verdadeiro catador, por que além do carro e do jeito de malandro, ele era alto, moreno e olhos azuis escuros...
Entrei pelo portão do colégio cinco minutos antes de bater o sinal. Sussurrei uns palavrões por não ter comido nada em casa, a barriga já estava começando a reclamar. Comecei a calcular se dava tempo de dar uma corrida até a cantina comprar um pão de queijo.
Ei, Kagome! – uma voz feminina chamou, e eu me virei, encontrando a Sango, minha melhor amiga, correndo na minha direção. Logo atrás dela vinha o Miroku, sorrindo discretamente e afastando a franja do rosto com um movimento da cabeça (o que fez umas três garotas ali perto suspirarem).
Sango! Como você ta? – perguntei abraçando-a forte e sorrindo. Nós tínhamos nos visto muito pouco durante as férias, então eu estava praticamente sufocando de saudades.
To ótima, fora o sono! – ela respondeu também sorrindo. Diabo, eu adorava o sorriso dela! Era "sorriso de modelo", como dizia o Miroku. Na minha opinião, ela era toda modelo! Era um pouco mais alta que eu, morena, com os cabelos até a cintura e uma franjinha na altura dos olhos, que eram castanhos. Isso sem falar no corpo perfeito, graças a natação e o atletismo, que ela treinava todos os dias.
Olha aí a garota malvada mais sensível que existe! – Miroku comentou sarcástico, jogando a bituca de cigarro fora e vindo me dar um abraço.
Sensível, eu? – perguntei também sarcástica. Eu sabia que era verdade, não existia ninguém mais sensível que eu. – Tem fogo aí?
Tenho – ele respondeu tateando a bermuda surrada, enquanto eu buscava pela carteira de novo. O Miroku era o que se podia chamar de patrocinador do meu vicio. Era por causa dele que eu tinha começado, e por causa dele eu continuava.
Ah, por favor! – Sango falou com a voz meio aguda – Quando é que vocês vão parar com esse vicio ridículo? Dá isso aqui, Kagome!
Ela tentou tirar o cigarro da minha mão mais eu desviei.
Dá um tempo, Sango! A gente leva numa boa você não querer fumar, mas não vem controlar o meu vicio agora! – reclamei pondo o cigarro na boca e observando impaciente o Miroku revirar a mochila atrás do isqueiro. A Sango era a única de nós que não fumava, acho que ela preferia não arriscar a saúde de atleta dela.
Ah! Achei! – Miroku disse estendendo a mão enquanto a Sango continuava reclamando. Antes que eu pudesse esticar o braço pra catar o fogo, uma voz soou do meu lado.
Miroku, meu velho! Justo o que eu precisava! – um cara estranho, um pouco mais baixo que o Miroku veio e pegou o isqueiro. Ele não se parecia com ninguém que eu já tinha visto, mas com certeza não era humano. O cabelo era de uma cor meio prata, que brigava com os olhos dourados. Notei as garras, na hora que ele rodou o isqueiro, mas o mais estranho era as orelhas. Eram... Caninas. E extremamente fofas, o que contrastava com o visual bad boy meio forçado. Até mesmo a Sango tinha parado de discursar sobre o câncer no pulmão pra ver o tipo.
Fala aí, InuYasha – Miroku falou meio alto e batendo as mãos com ele. Os dois conversaram um pouco e logo o sinal tocou.
Te devolvo depois! – o tal InuYasha disse jogando o isqueiro pra cima e pegando de novo, enquanto saía, sem nem mesmo se dar ao trabalho de fingir que tinha me visto ou visto a Sango. E eu fiquei l� com cara de otária e um cigarro seco na boca.
Que foi? – Miroku perguntou quando percebeu que nós duas o encarávamos de queixo caído.
Quem era o tipo? – Sango perguntou
Por que você deixou ele levar meu fogo? – completei indignada
Putz, Kagome, é mesmo! – ele falou pondo a mão na testa – Quer que eu vá lá pedir de volta?
Esquece! – respondi tacando o cigarro mais uma vez na mala – Acho que tem um complô pra que eu não fume hoje!
Ah! Deus é bom! – Sango suspirou levantando as mãos pro céu. Resolvi ignorar o comentário babaca dela.
Quem era o cara afinal? – perguntei enquanto andávamos em direção à sala se aula.
O InuYasha? Ele se mudou esses tempos, mora lá perto de casa agora – Miroku respondeu desinteressado – Não sei muito sobre ele, só que ele é um hanyou e que antes de vir pra cá era um dos ricaços do lado de lá...
Um hanyou almofadinha? – Sango levantou as sobrancelhas – Ele deve estar odiando ter vindo morar por aqui.
Acho que na real ele não se importa muito... Parece que não tinha muitos amigos por lá... A única coisa é que já ouvi alguns comentários por aí de uns caras que querem acertar ele... Por que ele vinha aqui detonar uns nossos também...
Entramos na sala quando o professor já estava fechando a porta e a maioria dos lugares já estavam pegos, inclusive o "nosso" canto direito, no fundo.
Aqui! – a mesma voz que eu tinha ouvido do meu lado disse e eu vi o ladrão se isolado ou a galera tinha ficado longe por ele ser um hanyou. Uma pontada de pena me atingiu enquanto andávamos até ele, mas balancei a cabeça, tentando afastar esse sentimento. Ele não parecia ser do tipo que curtia que os outros passassem a mão na cabeça, dizendo "oh, coitadinho". No meio do caminho, umas garotas falavam sobre ele. Parecia que davam mais importância ao fato de ele ter acertado o namorado delas quando ele era ricaço do que a ele ser diferente...
Sentei ao lado dele, a Sango atrás de mim e o Miroku ao lado dela. De novo, o cara nem olhou pra nossa cara, mas eu sabia que dessa vez ele tinha nos visto.
oooooooOOOOOoooooo
Oi gente! Bom, aki to eu com uma nova fic! Espero q vcs curtam ela, eu to curtindo bastante escrever! Como vocês viram, ela não é muito comum, o assunto eu kero dizer... algumas coisas vão se esclarecer com o tempo, ok? Quero agradecer MTO a Nika e a Nandykboo que me incentivaram!
Bjoes da Lo
Obs: me desculpem sea fic ficou um pouco confusa, mas o ffnet nao ta colocando os travessoes antes das falas /
