Sinopse do Capítulo: Uma noite tranquila, calma e de sonhos… Raios, trovões e a chuva torrencial! Uma chuva ingrata, que parece não querer dar trégua e muito menos cessar, não sem antes muitas recordações acometerem um pobre coração que ainda que adulto, tem recordações de um tempo em que as águas de Tsuyu o faziam ficar sensível, entristecido e até mesmo amedrontado.

Fonte de inspiração: Eu sempre fui fascinada pela animação Disney, e isso não é uma novidade. Amo aqueles curtas, intitulados Silly Symphony, tais como o Velho Moinho, entre outros. Mas realmente o que me fez pensar e idealizar essa slyce of life, foi uma passagem do filme Bambi, onde o pequeno tem medo da chuva e a música "Pequena chuva de abril" faz o fundo para a cena. Ai a mente desta Coelha fervilhou, pois uma fanart linda de Yuuri na chuva caiu no meu colo. Então, cá está.
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Beta: Por motivos de força maior, capítulo ainda sem betar. Qualquer erro será corrigido assim que o capítulo passe por revisão.

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Junho era o mês de Tsuyu, e as chuvas constantes faziam a população em si sentir-se mais pesarosa, melancólica, e aquele não era o mês que o artista plástico mais gostava.

O dia todo, apesar de passar enfurnado em seu atelier, o moreno não conseguira produzir muita coisa, e em nada o tempo nublado, com momentos em que a chuva lenta e calma caía, parecia o ajudar. De fato, não gostava nem um pouco daqueles dias em que a chuva era uma constante, e que os belos raios do sol se escondiam por trás das nuvens cinzas e pesadas.

Um tanto desapontado consigo mesmo, havia se retirado tão logo ajeitara tudo após o jantar. Estava incomodado, mas não quisera preocupar o platinado, que também parecia exausto e chateado com as agruras que havia relatado daquele dia no hospital.

Acabaram por dormirem não nos braços um do outro, e não, não haviam brigado, ou algo do tipo, apenas não se buscaram como sempre o faziam.

Já era madruga, e lá fora o céu em seu esplendoroso manto negro, sem estrelas e o lindo brilho característico do luar, tinha seu negrume riscado, e cortado por furiosos raios, que espocavam aqui e ali iluminando com seus clarões, assustando animais, e quem quer que se encontrasse àquela hora acordado!

Mergulhado em um escuro tão profundo quanto a noite, o quarto grande e aconchegante se encontrava em total silêncio. Silêncio esse que fora quebrado quando o estouro de um trovão, rugindo sua fúria, por fim anunciava a tempestade que tinha seu início com rajadas de ventos, pingos grossos e constantes que castigavam a terra, as construções e tudo mais encontrado em seu caminho.

Novo estrondo, esse seguido de um clarão, que por um capricho, clareou o cômodo envolto em total breu! Acordando alarmado, e com um sobressalto, o japonês ainda assonado, buscou por seu celular, antes mesmo de procura por seu óculos. Com o auxílio da claridade do visor de cristal líquido, sentiu como se estivesse com as pupilas dilatadas, tentou focar no negrume que o quarto ainda se encontrava.

Volvendo os olhos para o lado, o ômega não conseguia entender como seu alfa conseguia ainda estar dormindo, sem mostras de que acabaria por acordar. Balançando um pouco a cabeça, suspirou. Pensando em voltar a deitar, quando já estava se ajeitando, novo espocar, seguido de um estrondo alto que parecia ser maior e mais potente que o primeiro que o havia acordado.

Arregalando os olhos, Yuuri munido de coragem, finalmente se levantou da cama, tentando não fazer movimentos bruscos, ou até mesmo algo que delatasse seus intentos. Não queria em hipótese alguma chamar a atenção de seu noivo e o acordar! Detestaria que seu mal-estar prejudicasse a noite de sono de Viktor, ainda mais por ele ter vindo de dois plantões seguidos, e precisava realmente ter uma ótima noite de sono.

Com tudo isso em mente, o ômega calçou as pantufas que usava, e vestindo o robe azul escuro sobre a larga camisa do alfa (a qual amava usar), saiu do quarto o mais rápido possível, deixando a porta entreaberta.

Não querendo acender às luzes do corredor, o japonês seguiu até o início das escadas usando a luz de seu eletrônico. Se estivesse no apartamento do platinado, teria acendido todas as luzes, mas sua casa, onde ganhara sua independência, onde tinha um pequeno atelier, ah! Essa ele conhecia com a palma de sua mão.

Descendo os vários degraus, ao chegar na sala aconchegante, sentiu novo arrepio percorrer todo seu ser, ao apenas divisar um novo clarão cortando os céus.

Balançando a cabeça tentando afastar seus fantasmas, seguiu até a cozinha. Um chá calmante cairia muito bem. E até mesmo por isso estava ali, quando pequeno, sua mãe sempre lhe preparava o chá deixando-o bem docinho, e por vezes até lhe cantava uma cantiga que falava da chuva. Com um sorriso saudosista, pegou o que era necessário para preparar a bebida fumegante, e se distraiu com o preparo e suas recordações.

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- Tome mais um pouco, Yuuri! – a voz melodiosa de Hiroko, tentando convencer seu filhote assustado, passava uma calmaria, carinho. – É só chá de camomila com meu, bem docinho! – tornou a explicar com toda calma que somente uma boa progenitora poderia ter, para logo em seguida observar o pequeno tomando lentamente o líquido fumegante a doses homeopáticas.

Assim que seu rebento terminou de tomar aquela xícara que a ômega havia lhe oferecido, retirando com cuidado das pequenas mãos a peça de porcelana, deixou-a sobre a bandeja de junco, e se acomodando melhor ao lado do pequeno, puxou-o para junto de si.

Recostado confortavelmente no colo de Hiroko, Yuuri afundou o rosto entre as veste que cobriam o peito materno, buscando controlar o que sentia, ao escutar as batidas calmas, mas ritmadas do coração alheio, juntamente com o olor a framboesas.

A chuva lá fora parecia estar em seu ápice, e sem meios de acalmar, assustando mais ainda ao pequeno Katsuki.

- Okaasa... – murmurou escondendo mais o rosto no corpo da ômega mais velha.

- Tenha calma, meu bem! – pediu Hiroko acarinhando as costas. – Você quer que eu cante para você? – perguntou ao liberar um pouco mais de seus feromônios tentando acalmar a seu filhote.

Naquela pequena música, a melodia calma, a voz suave, doce e aconchegante poderia ser considerada como um bálsamo! As simples palavras que a formavam, pareciam ter o dom de fazer o arredio e assustado filhote sentir-se seguro, amado. E a cada "Chove chuva que vai pingando", o pequeno parecia se acalmar mais, e seus olhos brilhosos iam por fim se apagando, caindo no mundo dos sonhos. Esquecendo os medos, e até mesmo do barulho alto dos trovões e raios.

- Durma bem, pequeno! – Hiroko desejou, sem esperar que o mesmo pudesse estar ainda prestando atenção ao que dizia. Sua mão segurando firmemente a de Yuuri, acariciando vez ou outra a pequena palma entre as suas, desejando que seu filhote fosse muito feliz na vida, e que os medos que o rondavam, todos fossem suplantados!

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Suspirando, o ômega voltou seus olhos para a chaleira no fogo. A água já havia fervido e era hora de juntá-la ao saquinho de chá. Assim que está impregnou e cobriu o sachê, Yuuri inalou o saboroso aroma da camomila. Fazia muito tempo que não precisava usar aquele subterfugio, mas naquela noite, teria de servir para o propósito desejado. Claro, que o ômega preferia o aramo dos feromônios de Viktor, mas como já havia tomado sua decisão, não amolaria seu homem, por um medo sem sentido, e que fazia anos não sentia.

Voltando sua atenção para a xícara, puxou para fora o saquinho, jogando-o no lixo, e buscando com os olhos pela bancada, localizou o pote de mel. Queria que seu chá ficasse parecido, ou que lembrasse o que sua mãe, Hiroko lhe preparava. Com uma colher de sobremesa, serviu-se de um bocado daquele dourado néctar, e começou a girar lentamente a colher de prata tentando dissolver o mel.

Após misturar muito bem, deixou a colher dentro da cuba de mármore, e saiu da cozinha. Talvez, quem sabe, pudesse relaxar um pouco no confortável chaise lounge que ficava em seu atelier. E com esse pensamento, seguiu para o local!

Ao entrar, acendeu as luzes, sendo recebido pelo leve aroma das tintas, e mesmo com os sentimentos conturbados, sorriu ao se sentir bem. Aquele realmente era o seu lugar de fuga, de se esquecer do mundo caótico, e toda e qualquer coisa que lhe afligisse.

Sorvendo um pouco do líquido adocicado, Katsuki parou a frente de um cavalete que ostentava uma tela que ele precisava terminar. Era um autorretrato, se assim pudesse dizer! Viktor havia pedido para que o moreno fizesse aquela pintura, tendo como base, uma foto que o mesmo havia capturado do ômega, em um dia de chuva, e sem que este se desse conta do que acontecia!

Mirando a imagem reproduzida por uma impressão de alta qualidade, o artista plástico sorriu. Tinha de dar mão a palmatória, seu alfa, apesar de ser um ótimo neurocirurgião, também tinha um olho clínico e dom para bater fotos. Era possível captar os pequenos riscos de chuva correndo pelo guarda chuvas que naquele dia estava usando.

"Chuva! Se eu parar para pensar, a chuva tem muitas passagens marcantes em minha vida!" – pensou o japonês ao deixar que um leve sorriso lhe iluminasse o rosto bonito. Abrindo mais o sorriso, como em um flash recordou-se da discussão acalorada que tiveram no dia em que o noivo lhe fizera a encomenda. O alfa queria o valor do quadro, e Yuuri nunca pensou em cobrar por aquilo. Todavia, gerara um conflito entre eles, que só fora resolvido entre as quatro paredes do quarto de Nikiforov.

Novo ribombar, e fechando os olhos, Yuuri controlou seu temor. Sentando no banquinho a frente da tela, apreciou seu trabalho. Tomando novo gole de seu chá, inalou com calma o aroma do mesmo buscando por sua calma. Já não era mais um filhotinho, e tinha conseguido há muito tempo vencer seu medo. Novo gole e o doce sabor do mel foi tomando mais seu paladar, aquele sabor era nostálgico e o agradava muito.

Deixando a xícara sobre a pequena bancada, de posse de sua paleta e pincéis, observou a foto base mais uma vez. Ao fundo, na grande janela que mais lembrava um vitral, pode divisar o deslizar dos pingos riscando o vidro. Sua inspiração parecia ganhar asas, o que era muito bom, pois assim conseguiria afastar os maus fluídos, e pensamentos que não o faziam sentir-se bem.

"Pense em coisas boas!" – lembrou-se Katsuki. Aquele havia sido o mantra de Viktor sempre que o via amedrontado, e fora justamente ele quem o fizera perder vários de seus temores. Se fechasse os olhos, poderia escutar a voz ainda infantil do noivo aos treze anos o acalmar na primeira noite em que fora autorizado a ir pernoitar na casa do platinado.

Era difícil não se deixar envolver pela nostalgia! Aquela noite estava sendo propícia, e é claro que Yuuri se perderia entre suas recordações.

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Haviam se divertido praticamente o dia todo! Desde a hora que os Katsuki haviam deixado seu filhote sob a guarda dos Nikiforov, tudo tinha decorrido perfeitamente bem!

Yuuri era tratado com muito carinho e apreço pela mãe de seu melhor amiguinho. E todas as vezes que precisava ficar ali por poucas horas, adorava sentar-se junto ao platinado e sua mãe na sala de músicas para ouvi-los juntos tocarem a quatro mãos o grande piano negro. Por conta disso, ele havia começado a aprender violino para um dia quem sabe tocar com o platinado. Svetlana Nikiforova ficara incumbida de ensinar ao pequeno. Era uma maestrina aposentada, mesmo ainda estando em seu auge. E por exatamente ter optado por ficar em casa, provendo por sua família, tinha várias alunos, tendo o pequeno japonês entre os seus preferidos. Assim, para a amiga de longa data a procurar, não titubeara em ficar com o mocinho esforçado.

A algazarra que os meninos faziam, parecia não a incomodar, mas perto da hora do jantar teve de ralhar com ambos, pois não os queria parecendo dois porquinhos sujismundos sentados à mesa.

Quando finalmente voltaram a sala de jantar, estavam realmente parecendo novas crianças, o que deixava alfa e ômega mais velhos com orgulho.

Após o jantar, os meninos se recolheram para o quarto do platinado, deixando os pais do russo sozinhos na sala de estar. Claro que antes, eles foram aconselhados a se recolherem, pois um dos mais velhos passaria para ver como os mesmos estavam.

Assim que a ventania começara, uma hora após os filhotes terem se recolhido, os Nikiforov seguiram para o quarto do casal. Como prometido, Svetlana seguiu até o quarto de seu filho no final do corredor. Conhecia os medos do pequeno Katsuki (graças a Hiroko lhe contar), e até mesmo por isso, fora checar se o mesmo não estaria amedrontado ao escutar o vendo ulular fora da casa acolhedora. Mas ao abrir lentamente a porta, deparou-se com os pequenos adormecidos, tendo como "babá" o companheiro de todas as brincadeiras do filho, Belyy (branco), um Samoieda de pelagem espeça e branca da mesma idade de seu dono. Despreocupada, deixou o quarto, fechando a porta mais uma vez.

O mês de junho estava começando, e Svetlana sabia que as fortes chuvas tinham o dom de deixar o pequeno Yuuri com muito medo. Pedindo aos deuses para que aquela noite não houvesse nenhum temporal, seguiu para o quarto do casal algumas outra portas para o outro lado, e se recolheu.

Quietinhos até que finalmente estivessem sozinhos, o platinado e o moreno pularam de suas camas indo juntamente com Belyy, até próximo a janela. O manto enegrecido tinha poucas estrelas, que podiam ser contadas com facilidade, e Yuuri estivera fascinado com a vista linda que o quarto de Viktor tinha da baía de Hasetsu. Os ventos fortes traziam até eles, entrando pela fresta da janela entreaberta, o aroma de terra molhada.

- Talvez chova essa noite! – Viktor comentou, fazendo o moreno mirá-lo com interesse sob o faixo das duas pequenas lanternas que estavam utilizando.

- Mas o céu está estrelado, Viktor! – Yuuri voltou sua atenção para o céu, e tentando avista ao longe mesmo com toda a escuridão que envolvia tudo fora da segurança daquela casa.

Com um sorriso de lado, o russo se aproximou do amigo se apoiando na janela, acariciou a cabeça de seu mascote que estava em pé sobre as patas traseiras, ao lado do moreno.

- Minha avó, quando vou visita-la em San Petersburg nas férias, sempre me faz ficar pensativo ao dizer essas coisas sobre o tempo, e ela sempre acerta! – riu-se ao encarar o mais novo. – E ela me explicou que pelo ar podemos perceber várias coisas.

- E o ar assim, como hoje é chuva? – Yuuri perguntou um tanto temeroso. O amigo não sabia que ele tinha medo de chuva, e o que vinha com ela acompanhado. Na realidade, o pequeno sempre escondia dele esses pormenores.

Ao notar certa mudança no japonês, Nikiforov o abraçou pelos ombros e o puxou para si.

- O que foi? – perguntou o mirando nos olhos.

- Não foi nada! – Yuuri respondeu rapidamente, e sem esforço desvencilhou-se da proximidade do platinado, e pulou no colchão colocado ao lado da cama do outro.

- Tem certeza? – insistiu ao começar a fechar o restinho que faltava da janela. Ao se voltar, Viktor riu divertido ao ver o moreno deitado e todo enrolado como se fosse um rolinho, tendo Belyy ao lado deste com metade de seu corpo sobre as pernas do Katsuki. Observando bem aquele amontoado, pode notar com a ajuda da lanterna o balançar negativo da cabeça do japonês. Rindo o russo seguiu para sua cama. – Belyy, proteja o Yuu-chan, sim! – pediu para seu mascote, antes de também tornar a deitar.

O sono não demorou muito a chegar, mas o que também não tardou, foi a chuva que o russo havia dito. Raios, trovões e a chuva pesada parecia castigar toda a construção.

Acordando assustado, Yuuri volveu os olhos para o local o qual ele sabia em que estava a janela. No escuro, o pequeno japonês se encolheu mais, e no instante seguindo estava dando um pulo e gritando assustado, tendo Belyy sobre seu corpo, farejando o pobre filhote, parecendo querer ajudar de alguma forma.

- Yuuri? – Viktor pulou assustado em sua cama. – O que aconteceu? – perguntou ao acender o abajur de seu lado, e divisar o amigo encolhido, choroso e se abraçando ao cão.

Novo estrondo, e o moreno colocou as mãos sobre as orelhas, escondendo o rosto nos pelos do animal, que parecia compreender tudo o que ocorria, e se mantinha com seu peso sobre as pernas do menino. Naquele exato momento Svetlana adentrou no quarto, deixando seus feromônios materno rodearem a ambos, tentando acalmar seu hospede.

- Tia, t-i-a... – soluçando ao tentar proferir o que queria, precisou tomar fôlego. Ao ser pego no colo, pois fora liberado por Belyy, que fora para a cama de seu dono, se agarrou a ômega, buscando por um porto seguro. – Desculpa, tia... – Yuuri choramingou ao abraçar mais forte a loira.

- Shh... Yuuri! Tenha calma, moy angelochek (meu anjinho) – Svetlana pediu ao acariciar as costas do pequeno sobre o olhar atento de Viktor. – A chuva por vezes pode ser assustadora, mas logo vai passar! – continuando a acariciar as costas do pequeno, mirou o filho com carinho. – Vitya, tome conta do Yuuri, vou buscar um pouco de chá para ele. – e passando o moreno para o filho, saiu para ir buscar o que havia proposto.

Se ajeitando sobre a cama, o platinado deitou tendo o amiguinho agarrado em si, e protegido pelo grande mascote de pelos fofinhos.

- Sabe, Yuu-chan... – Viktor começou ao abraçar mais forte o outro. – Quando eu era mais novo, também não gostava e tinha muito medo de chuvas como a de hoje, mas minha mãe me ensinou que os pensamentos bons, são um ótimo escudo para nossos temores! – comentou todo compenetrado, e com cara de sabichão.

- Pensamentos? – Yuuri murmurou baixinho, e mirando o mais velho com interesse, piscou várias vezes buscando por compreensão.

- Sim... – incentivou – Vamos tentar juntos! – Viktor sorriu. – Por que de diversão, a gente entende! Vamos brincar! – e ao dizer isso começou a fazer cócegas no Katsuki, buscando por seus pontos fracos, os quais Nikiforov conhecia muito bem. – Pense em coisas boas, Yuu-chan! – gritou o platinado rindo, e sendo acompanhado pelo moreno.

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Risos e pensamentos bons haviam realmente o acalmado naquele dia. E depois daquilo, muita coisa mudou graças ao platinado. Com um sorriso bonito, mirou a tela inacabada, e pincelando a paleta, misturou cores, começando a trabalhar novamente no quadro.

A chuva e seu tropé, pareciam não mais o atormentar. Entreter a mente com pensamentos bons, e sentir a inspiração para trabalhar, haviam conseguido deixar ao ômega relaxado e mais senhor de si.

Cantarolando baixinho, mirou a janela com interesse, apesar de continuar chovendo, parecia que estava mais calmo e o volume dava indícios de ter diminuído. Bem, já não era mais uma tempestade, o que já era muito bom.

Endireitando um pouco o corpo, espreguiçou-se lentamente. Ronronou baixinho ao sentir braços fortes cingindo-lhe a cintura. Deixando suas costas recostarem no tórax do recém chegado, e inebriar-se no olor a pinheiros ao farejar o ar. Aquela floresta de calmaria, que os feromônios de seu destinado lhe fazia recordar, era como um bálsamo!

- Vitya... – murmurou o artista plástico. – É cedo para você estar de pé! Ainda estamos no meio da noite! – buscou-o pelo canto dos olhos.

- Hmm... eu sei, moya snezhinka (meu floco de neve), mas senti sua falta, e a cama fica muito grande e sem graça sem você! – Viktor respondeu ao fazer charme e deixar um leve beicinho surgir em seus lábios. – Perdeu o sono? – questionou ao notar pela primeira vez como sua encomenda estava ficando.

- Não... – começou Yuuri, mas achou melhor lhe contar a verdade. – A chuva forte que se abateu sobre nós, me trouxe velhos fantasmas...

- Por que não me chamou? – Viktor não deixou que o noivo terminasse de falar. – Eu ficaria contigo...

- Vitya, eu estou bem... – Yuuri respondeu ao acariciar a mão direita com a sua. – Já passou, e eu não queria lhe acordar! Você trabalhou tanto, que seria egoísta da minha parte se eu fizesse isso! – e acarinhando o rosto do alfa, continuou. – Você ainda deve estar cansado...

- Uhum... – Viktor não soube esconder, e com um sorriso matreiro continuou. – Mas acho que consigo te manter ao meu lado na cama, mesmo se sentir mal mais uma vez. E se isso acontecer, te garanto que não irá sair de perto de mim! – gracejou ao mordiscar o pescoço delgado.

- Uma próxima vez... – ronronou Yuuri, ao sentir o hálito quente sob sua pele. Foi impossível se conter, e seu corpo todo arrepiado o delatou para o seu homem, como este havia ficado com aquela pequena provocação. Tentando manter o foco, apontou para a tela a sua frente. – Falta pouco para terminar, e eu...

- E isso pode esperar, não? – Viktor o interrompeu, roçando o lábio no lóbulo da orelha de seu ômega, a cada palavra dita. Sim, ele queria minar a vontade de seu noivo, caso esse não quisesse seguir consigo para a cama.

- Eu gostaria ah... – gemeu Yuuri ao sentir os dentes do platinado roçarem em sua nuca em cima de sua glândula, onde um dia teria a marca que os uniria para sempre. – Vitya... – ronronou.

- Vamos, snezhinka, vamos para a cama! – o platinado murmurou, e para fazer valer sua vontade, foi retirando as coisa das hábeis mãos do artista. – Você sabe que durmo melhor tendo você ao meu lado!

- Achei que iria querer ficar acordado um pouco... – Katsuki se insinuou ao deslizar o farto traseiro de encontro ao baixo ventre de Nikiforov.

- Eu te chamei para a cama, Yuu-ri! - gracejou Viktor ao puxá-lo junto consigo. – E não disse o que iremos fazer! – dando uma piscadela, sapecou-lhe um beijo rápido nos lábios.

- Hmm... interessante! – Yuuri gracejou. – Então, doutor Nikiforov, por favor, vamos para o quarto, talvez fosse de bom tom, me fazer um belo checkup! – e passando à frente do alfa, caminhou gingando as cadeiras em pura provocação.

Com um sorriso devastador, e luxurioso o alfa, passou a frente de seu par o guinchando literalmente para o quarto do moreno.

Coisas boas... Valia muito a pena pensar em coisas boas!

Lá fora, a chuva continuava a cair...

"Chove, chuva e vai pingando

Pingos de chuva que brilham no ar"

Mas já não fazia tanta importância assim!

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Lembretes e Explicações:

Como sempre eu acabei me perdendo entre um capítulo e outro, entre um desafio, e minha ansiedade, está última que quase me deixou maluca se juntarmos aos fatos em que nosso país acabou por mergulhar nessa pandemia desenfreada. Mas como costumo dizer, sempre tem um jeitinho pra tudo, e a Espingardina, minha queria inspiração, resolveu voltar e com isso mais um capítulo adiantado de Para Sempre está pronto, e voltei minha atenção para esse projeto, que se tornou muito querido para mim!

Então, saí a procura de alguns dados, e descobri coisas interessantes nessas minhas pesquisas...

Tsuyu: denomina a época de chuvas no Japão, que começa em meados de junho. Nesse período, a garoa é intermitente e dura cerca de um mês. A palavra Tsuyu pode ser escrita de duas formas. Com o kanji que representa Umê (ameixa) ou com o ideograma Kabi (bolor). Ou seja, a expressão Tsuyu pode ser entendida como a chuva prolongada que cai na época do amadurecimento da ameixa ou na época da proliferação de bolor.

O clima de melancolia gerado por esse período é absorvido pelas pessoas em geral, que acabam ficando deprimidas. No dia-a-dia também são sentidos vários reflexos. As crianças não podem brincar fora de casa, as roupas não secam direito e, além disso, as chuvas ocasionam vários congestionamentos no trânsito.

Extraído deste site, Nipoo Brasil ( . #:~:text=TSUYU%20(%C3%89poca%20das%20chuvas)%20.,NippoBrasil&text=Tsuyu%20denomina%20a%20%C3%A9poca%20de,dura%20cerca%20de%20um%20m%C3%AAs.) e foi muito, mas muito interessante. Acabou caindo como uma luva e me ajudando e muito!

Sobre a raça de cão escolhida, também fiz uma pesquisa sobre os possíveis escolhidos, e como acabei ficando entre as raças, sem raça defina, e as russas Laika e Samoieda, acabei por escolher essa última.

O Samoieda é uma raça canina que recebeu esse nome devido ao povo indígena samoieda, natural da Sibéria. Esses pastores de renas nômades criavam estes cães brancos e macios para ajudá-los no pastoreio e para puxar trenós. Um nome alternativo para a raça, especialmente na Europa, é Bjelkier.

O padrão da raça permite as cores branco puro, creme ou branco com biscoito. A altura dos machos é de 57 cm e das fêmeas 53 cm, com tolerância de 3 cm para mais ou para menos.
Apesar de domesticado, é um cão que cumpre exemplarmente suas funções enquanto animal de utilidade, é raro ver um Samoieda agressivo (estando nessa situação fora do padrão da raça), portanto não utilizado como cão de guarda e sim como companhia ou pastoreio, sendo conhecido como o "cão que ri". Se adapta muito bem com crianças e outros animais, sendo brincalhões até idade avançada. Destacaram-se em competições de exposição.

Fontes: Russya Beyond - multimedia/inpictures/2015/08/23/conheca-dez-racas-de-caes-nativas-da-rusia_391773
Wikipédia - wiki/Samoieda

Momento Coelha Aquariana no Divã:

*arrumando e lendo novamente a fic para que possa ir ao ar*

Kardia: Mas eu estou perdendo as contas de quantas fanfics você tem feito com esses frescos do gelo, e não faz mais nenhuma minha e do gelo! Como isso, dona Coelha?

*revirando os olhos*

Kardia, já disse que não escrevo mais com vocês! Não é nada pessoal, é apenas que eu voltei a embirrar, e isso já basta para você, seu abelhudo! *olhando o escorpiano de esguelha*

Kardia: Muita maldade sua, sua desalmada! Onde fica o amor eterno que jurava ter por nós dourados?

Continua o mesmo! Apenas não me sinto mais confortável em escrever, e... Ah! Kardia, vai aporrinhar o Dégel! Eu o vi agora mesmo dizendo que como você não aparece logo, que vai sair com o Albafica e com o Minos! *sorriso traquina*

Kardia: Como é que é? *saindo voado de perto da ficwriter* Gelo! Onde está, você não sai com esses dois...

Pobre, e ele se diz tão belicoso e astuto! *rindo* Bem, peço desculpas pela intromissão. Espero de coração que gostem deste capítulo. Como dito anteriormente, não teremos uma sequência, e serão momentos da vida cotidiana desse casal verse em muitas situações. A Coelha agradece a quem aqui chegou, e please, digam o que acharam, afinal, ficwriter feliz, escreve muito, mas muito mais!

Até o próximo surto!
Beijos
Theka Tsukishiro