Os Senhores das Terras do Oeste e do Centro-Oeste: Uma linda história de amor!
Já passava do meio-dia quando Sesshie finalmente acordou. Yuri ainda dormia, e pelos vergões nas costas qualquer um podia concluir que seu marido não tinha muita habilidade com espartilhos.
Na noite anterior, assim que subiram para o quarto...
Sesshie fechou a porta atrás de si, trancando com cinco cadeados e ainda tendo o cuidado de colocar uma escrivaninha bem pesada encostada nela.
- Eu não pretendo fugir – disse Yuri espantada com o que ele fazia.
- Eu sei... – disse ele – Estou fazendo isso para evitar que curiosos percam seu caminho e venham parar aqui. Essa noite é muito especial para que eu a desperdice matando alguns dos meus convidados...
- Espero que já tenha terminado – disse Yuri ficando de pé em cima da cama – Afinal, quero mostrar a você o "segredo" que eu guardo.
Sesshie esfregou as mãos uma na outra, babou, teve um daqueles ataques de "pisca-pisca" e quase enfartou de tanta ansiedade.
- Mostra logo! Mostra logo! – pediu como uma criança.
Yuri desfez os seis laços do kimono que vestia, depois retirou as seis camadas do traje, deixando o youkai enlouquecido. Quando finalmente chegou à última peça, parou e encarou o esposo com malicia.
- Feche os olhos! – ela ordenou fingindo um recato que não existia.
Sesshie colocou as mãos sobre os olhos, mas como um criançola, deixou um espaço entre os dedos, procurando ver o presente que ganharia.
- Não vai ter musica?
Sesshie olhou para a varanda, e não acreditou no que via. O cara-de-pau, miserável, sem-vergonha, lazarento e futuro defunto Miroku estava pendurado na mureta, bisbilhotando o recém-casado casal.
- Sesshie, em sua calma habitual, correu até o monge e o agarrou pelo pescoço, chacoalhando com uma violência incomum para sua personalidade.
- Você quer mesmo morrer, monge imbecil? – perguntou Sesshie – Pois eu vou te dar essa honra.
- Mas antes d'eu morrer... deixa eu bizoiá sua mulher tirando a roupa?
- Ele está bêbado, Sesshie? – perguntou Yuri estranhando o fato do monge continuar rindo apesar de já estar até roxo de tanto que Sesshie apertava seu pescoço.
- Depois que eu me recuperar do bafo dele eu te respondo – disse Sesshie largando o monge, que caiu de cara no chão da varanda.
- Deixa ele ir embora – pediu a princesa – Lembre-se de que você não quer estragar essa noite matando seus convidados...
- Tem razão – concordou Sesshie pegando o monge pelos cabelos e jogando-o do alto da varanda no lago logo abaixo – Acho que é melhor ele tomar um banho gelado para se recuperar... Agora... – disse ele se virando para Yuri com uma cara de doido -...voltando ao nosso assunto...
Yuri levou a mão mais uma vez ao kimono, abaixando devagar um dos lados, mostrando no ombro uma alça preta que Sesshie ainda não conseguia distinguir. A alegria mais uma vez acabou quando alguém começou a bater furiosamente na porta.
- SESSHIE! MANINHO DO MEU CORAÇÃO! ABRE A PORTA PRO SEU MANO! - Inuyasha gritava também parecendo bêbado – EU PRECISO MUITO TROCAR UMAS PALAVRAS COM VOCÊ... SABE, O PAPI FICARIA MUITO FELIZ COM ESSE CASAMENTO... TORÇO PARA QUE VOCÊ NÃO MORRA TÃO CEDO COMO O PAPI, AFINAL, SERIA MUITO CHATO, NÃO É? SABE DE UMA COISA? VOU SER SINCERO... EU AMO VOCÊ, MANINHO! DE TODO CORAÇÃO... EU AMO... BLÉÉARGHHHH...
- Isso é o que eu estou pensando? – perguntou Yuri com nojo – Ele não acabou de vomitar bem em frente ao nosso quarto, acabou?
- Tenho medo que sim... – respondeu Sesshie com os olhos arregalados pelo que acabara de ouvir - Mas tenho mais medo de saber que esse hanyou pulguento me ama... afinal, ele pode querer morar aqui para sempre.
- Isso é mesmo meio estranho... – disse Yuri – Acho melhor você falar com ele.
- Não!
- Vai!
- Não!
- Vai logo!
- Por que eu?
- Prefere que eu vá?
- Prefiro!
- Então eu vou!
- Não vai, não!
- Vou!
- Não, não vai!
- Deixa de ser bobo, Sesshie! Então vai você!
- Eu vou mesmo! – disse ele jogando a escrivaninha que servia de barricada na porta para o lado e destrancando todas as trancas.
- O QUE VOCÊ QUER, SEU SARNENTO? – gritou ele ao abrir a porta e encarar o meio-irmão.
- Maninho! – Inuyasha disse todo feliz e abraçando Sesshie – Meus parabéns! Eu amo você! E amo a Lady Yuri das Terras do Oeste e do Centro-Oeste também! Espero que os filhos de vocês sejam tão bonitos quanto...
POW!
Inuyasha caiu desacordado no chão, depois de receber um soco dado com todo amor e carinho por Sesshie.
- Só me faltava essa – disse Sesshie deixando o irmão caído junto à porta e entrando no quarto – Ter um irmão sentimental... Bom, onde estávamos mesmo?
Yuri sorriu, voltando a abaixar uma parte do kimono, expondo mais uma vez a alça preta aos olhos do marido.
- Sr Sesshoumaru? – um dos servos chamou pelo amo de fora do quarto.
- EU VOU MATAR QUALQUER UM QUE OUSAR INTERROMPER A LUA-DE-MEL DESTE SESSHOUMARU! – gritou Sesshie a plenos pulmões.
Neste momento o silêncio tomou conta de todo o palácio. Só se ouviam os barulhos dos matos balançando ao vento no jardim.
- E ISSO INCLUI TAMBÉM O VENTO! – concluiu Sesshie fazendo até mesmo o vento parar.
Yuri o encarava com um pouco de impaciência.
- Podemos continuar? – perguntou ela novamente voltando a descer o traje e mostrando a alça preta...
- Ah! Deixa de demora! – disse Sesshie pulando na cama e arrancando o kimono dela num único puxão – Mostra logo esse raio desse Veronica's Secret!
Deparou-se com a visão mais gloriosa, e ao mesmo tempo mais confusa, de sua vida. Yuri estava vestindo um tipo de roupa que ele jamais vira, e que mal sabia por onde começava a tirá-la.
- O que é isso? – ele perguntou coçando a cabeça curiosamente.
- É um espartilho! – respondeu Yuri com um sorriso de orelha a orelha.
- Certo... – disse ele rodeando ela na cama, ainda sem entender – Mas, o que é um espartilho?
- Oras! É isso que eu estou vestindo! – disse ela cruzando os braços.
- Mas... para quê serve?
- Para quê...? Bom, eu não sei... a Kagome disse que os homens adoravam ver suas mulheres nisso... mas o porquê mesmo ela não disse.
Sesshie ousou uma aproximação maior, e sutilmente, ergueu a alça preta de elástico, soltando-a em seguida.
"PLAFT!".
- AIIIIII! – gritou Yuri – Seu filho-da-mãe! Por que fez isso? Isso dói!
- Como eu ia saber? – indagou ele ainda confuso – Mal sei para que serve essa armadura estranha...
- Não é armadura! – reclamou Yuri – É um espartilho...
- Ah! Que se dane! – disse ele – Eu prefiro você sem isso. Vá tirar!
- O quê? – indignou-se Yuri – Não sou sua escrava para que me mande tirar a roupa na hora que deseja!
- É minha esposa! – respondeu ele – Por isso mesmo deve tirar a roupa quando eu mando!
Pararam frente a frente, se encarando, com os olhos faiscando de raiva, prontos para inaugurar a primeira discussão de casados.
- Vá tirar! – ele ordenou de novo.
- Não vou! – ela disse séria.
- Vai!
- Não vou!
- Vai!
- Não vou!
- Quer que eu tire, então?
- Vem se tiver coragem!
- Olha que eu vou, hein!
- Não vai!
- Vou sim!
- Não vai!
- Então vem!
- Com certeza! – disse Sesshie partindo para cima dela e agarrando o tão problemático espartilho.
Yuri tentou correr, mas Sesshie agarrou a outra alça e a segurou, esticando-a ao máximo, antes de, sem querer, deixar o elástico escapar da mão e acertar em cheio as costas de Yuri.
- AIIIIIIIIIII! – gritou Yuri encarando o youkai mortalmente.
- Hehe! – sorriu ele sem-graça – Me desculpa?
Sesshie nunca tinha ouvido uma mulher rosnar antes, mas podia jurar que era exatamente isso que Yuri havia feito. A situação se inverteu, e ela passou a correr atrás dele. Ficaram com essa bobeira até que Sesshie notasse o quanto a esposa estava cansada.
- Pronto, vamos par... AIII! – gritou ele ao tomar um soco de Yuri no meio do nariz – Eu mandei parar!
- Está com medo, é? – ela perguntou pulando de um lado para o outro como um pugilista amador de quinta categoria – Vem para cima!
- "Vem para cima"? – ele se espantou – Onde raios você aprendeu esse palavreado?
- Foi com Kagome – respondeu Yuri – Ela me disse que é assim que falam na época dela. Embora eu nem saiba de que época ela está falando.
Antes que Sesshie criticasse tal vocabulário, recebeu outro soco no nariz.
- PÁRA! – gritou ele – Fica quieta! Antes que...
- Antes que? – disse ela erguendo os punhos ameaçadoramente.
- Antes que você cause algum trauma no meu filho! – disse Sesshie sentando na cama e ficando emburrado.
- Oh! Que meigo! – disse Yuri sentando-se ao lado dele – Eu tinha me esquecido desse detalhe... de que eu sou... A MÃE MAIS FELIZ DO MUNDO!
- Que bom que ache isso... agora... TIRA ESSA PORCARIA DE ARMADURA!
- Espartilho... – ela corrigiu rindo começando a soltar os laços e colchetes que a mantinham presa naquela estranha indumentária – Mas eu vou relevar essa sua ultima ordem... afinal, eu sou a pessoa que mais quer se livrar dessa coisa...
- Enfim... nossa lua-de-mel!
De volta ao amanhecer no palácio...
Sesshie desceu as escadas, franzindo a testa ao notar a bagunça que seu humilde lar tinha ficado ao final da festa de casamento. O que mais o intrigou foi um pequeno detalhe: ou melhor, três pequenos detalhes...
Rin, Shippou e Aruru estavam caídos no chão de mármore, dormindo como se tivessem passado a noite toda bebendo. Esse pensamento fez Sesshie erguer a sobrancelha.
"Será que aqueles irresponsáveis do hanyou sarnento e seus amigos embebedaram esses pobres inocentes?" pensou um pouco preocupado.
- NINGUÉM MEXE NO MEU DOCE! – gritou Shippou dormindo.
"Pensando bem... acho que eles estão é entupidos de açúcar... e isso eu sei que é culpa daquela humana do meu meio-irmão...".
Desviou dos seres ainda desacordados, e caminhou sorrateiramente até a cozinha, pegando no flagra Jaken dormindo sobre o fogareiro apagado.
"Aposto que esse está cheio de saquê..." pensou irritado e dando uma bica no servo.
- ACORDE, JAKEN! – gritou bem na orelha do pequeno sapo.
- Hã? Hein? Hã Hã? – o servo assustado parecia mais perdido que cego em tiroteio – Sr Sesshie? Hein? O quê?
- Eu mandei acordar, seu inútil... – disse Sesshie – Quero que prepare o desjejum de minha adorada esposa.
- O que ela quer? Saquê? – Jaken, mostrando-se ainda bêbado (ou completamente louco) riu com a sugestão idiota que deu.
"POW!".
- Esqueceu que está se referindo à sua senhora, seu imbecil? – perguntou Sesshie – Prepare algo bem saudável... Melhor, prepare para ela uma sopa igualzinha à que a Rin toma.
- Coitada... – comentou Jaken baixo.
- Minha audição é de cachorro, não se esqueça disso também... – disse o youkai deixando a cozinha.
Meia hora depois...
Sesshie entrou no quarto exibindo sua usual cara de alegria, ou seja, expressão séria como a de um general alemão. Trazia em uma das mãos uma tigela ainda fumegante, e a colocou na mesa perto da cama. Yuri ainda estava dormindo, e parecia que continuaria nesse estado por pelo menos mais uns dois dias.
"Eu sou mesmo bom..." pensou Sesshie convencido com o cansaço da princesa.
- Yuri? – ele chamou baixo, chacoalhando os ombros dela – Acorde, Yuri!
Yuri abriu um dos olhos, e pelo arquear de sobrancelhas dela, Sesshie notou que ela não parecia muito descansada ainda.
- Eu trouxe o seu desjejum – ele falou apontando para a tigela sobre a mesa – Acorde para comê-lo antes que esfrie.
- Hamnnanjiiin! – foi a única palavra que ela disse antes de se sentar na cama.
- Não entendi o que disse... E acredito que não vou gostar se descobrir o que esses grunhidos significam.
Yuri se levantou, e caminhou até a mesa. Sentou-se, pelada mesmo, na cadeira e olhou para a tigela fumacenta.
- O que é isso? – ela perguntou assustada com a coloração estranha de seu desjejum.
- Nada de mais... – respondeu Sesshie – Apenas algo bom para nosso filho...
- Ah, que bom! – disse ela sorrindo – Por um momento cheguei a pensar que fosse aquela maldita gororoba que você dá para a coitada da Rin.
Sesshie começou a assoviar, depois caminhou lentamente até a varanda, pronto para a cena que aconteceria assim que a princesa provasse a gororo... ops, sopinha que ele trouxera.
Dois minutos depois...
- Eu quero a separação! – esbravejou Yuri limpando a língua com o lençol.
- Impossível! - disse Sesshie – Eu não vou dar a separação, e você vai sim comer essa gororo... quero dizer, sopinha, todos os dias até que o nosso filho nasça sim, senhora!
- Nada nesse mundo vai me obrigar a comer essa porcaria todo dia – disse Yuri – É capaz do meu filho nascer com cara de nojo...
- Isso é saudável! E pode esquecer as porcarias que você come... E principalmente, esqueça o saquê!
- E como eu poderei tirar o gosto ruim da boca depois de comer essa gororoba? Só o saquê tem o poder para tirar esse gosto horrível da minha língua!
- Vai comer essa coisa horrível todo dia! – disse ele firme.
- Não vou!
- Vai!
- Não vou!
- Ah, vai sim!
- Ah, não vou não!
- Eu comeria se estivesse carregando meu filho!
- Então come!
- Eu como!
- Come!
- Como!
- Aposto que não come!
- Como sim!
- Não come!
- Sim!
- Não!
- Sim!
- Não!
- Como sim! – disse Sesshie pegando a tigela e virando a gororo... ops, sopinha, goela abaixo – Viu? Comi tudo!
- Humpf!
Dez segundos depois...
- Não acredito que você me fez de bobo! – disse Sesshie – Você pode ter se safado agora, mas no almoço você não vai conseguir se livrar da sopinha!
- Maldição! – esbravejou Yuri.
- Agora, volte a se deitar – disse Sesshie – Afinal, ainda estamos em lua-de-mel...
- Ulálá!
Nove meses depois...
Sesshie estava calmamente lendo um livro em sua biblioteca. Já estava nas últimas paginas do livro "Como ser um pai racional", presente dado por Kagome, sua cunhada e ultimamente visita constante no palácio (leia-se: Inuyasha e seu bando se mudaram definitivamente para o palácio, já que achavam que ter que voltar na casa de Sesshie apenas para dormir todos os dias era muito cansativo. Até mesmo o poço come-ossos foi levado para o quintal do palácio – não me pergunte como – para facilitar a vida dos novos moradores).
- O que demônios significa "síndrome de munchausen"? – perguntou ele tendo que verificar a palavra numa enciclopédia em seu colo, também presente da cunhada.
Eis que nesse momento, Shippou chega chutando a porta da biblioteca, assustando Sesshie e matando de infarto um belíssimo espécime de canário que estava vivendo sua vida em paz, empoleirado em sua gaiola (isso, mais um presente de Kagome).
- SR SESSHIE! – grita o pequeno youkai raposa com sua voz "nada estridente".
- Saía daqui – disse Sesshie voltando a ler seu livro – Eu mandei o Jaken comprar doces ontem. Se você já comeu tudo não é problema meu. Meu filho ainda não nasceu para que eu perca meu tempo escutando choro de criança.
- Mas já vai nascer! – disse Shippou esbaforido.
- O QUÊ? – gritou Sesshie se levantando da cadeira e quase caindo ao tropeçar – COMO ASSIM?
- A Lady Yuri das Terras do Oeste e do Centro-Oeste está em trabalho de parto.
- OH! O QUE EU FAÇO? O QUE EU FAÇO? – Sesshie corria de um lado para o outro do aposento, pegando livros sobre partos, depois jogando-os no chão e procurando somente alguma vasilha com água quente – Como assim ela está em trabalho de parto? Eu não a ouvi reclamar nenhuma vez de dor...
- Vai dizer que não escutou esses gritos dela ecoando pelo palácio?
Sesshie fez um esforço mental.
Alguns minutos antes...
Sesshie deixou de ler o livro para escutar o que Yuri gritava.
- Ai, meus deuses! Isso não pode estar acontecendo! Mas que # é essa? – os gritos sutis de Yuri ecoaram por todo o palácio.
- Aquele imbecil do Jaken deve ter quebrado mais alguma coisa por aí – disse a si mesmo voltando a ler o livro – Espero que ele apanhe dela de novo... hehehe!
Voltando ao agora...
- Não escutei nada... – disse Sesshie sem-graça.
- Vamos subir – disse Shippou puxando o youkai pela mão – Ela está no quarto... e como não tem ninguém para ajudar, acho que você é que vai ter de fazer o nascimento.
- NANI? – Sesshie perguntou empacando como uma mula – Como é que é?
- Só tem você, eu e a Rin no palácio – explicou Shippou – Acho que a Rin e eu não temos muita condição de ajudar, já você...
- Não! – disse ele – Eu não vou fazer isso...
- E por que, não? O filho é seu, oras!
- Ainda assim... eu não vou participar disso...
- Segundo as palavras da Kagome, você já participou ativamente do nascimento dessa criança.
- Isso! – disse Sesshie – A humana do meu meio-irmão! Onde ela está?
- Caçando os fragmentos da jóia-de-quatro-almas...
- Vá buscá-la! – disse Sesshie arremessando o pequeno youkai pela janela – Afinal de contas, ela está me fazendo pagar pela faculdade dela, e disse que se formará em medicina... embora eu nem saiba o que é uma faculdade e o que seja medicina... Mas ela disse que poderia ajudar no parto da Yuri. Enquanto isso, eu... eu... vou até o quarto ver se a Yuri precisa de algo.
Quase duas horas depois...
Shippou chega correndo acompanhado de Kagome e Inuyasha.
- Por que demoraram? – perguntou Sesshie nada feliz.
- Estávamos ocupados... - respondeu Kagome.
- Eu os encontrei numa moita – limitou-se a responder Shippou.
- Parece até que vocês não têm um quarto – resmungou Sesshie – Agora... TRATEM DE AJUDAR MINHA MULHER!
- Sim, senhor! – disse Kagome – Você já viu como ela está?
- Bem... er... – respondeu Sesshie – Eu tentei, mas... quando eu abri a porta e vi o rosto de ódio de Yuri... confesso, eu fiquei com medo.
- Hehe... – riu Inu tomando um beliscão de Kagome.
- E onde estão o Miroku e a Sango, que poderiam ajudar? – perguntou Kagome.
- Eles foram levar a filhinha deles para o Kohaku conhecer – respondeu Shippou.
- Mas eles já não fizeram isso a semana passada? – indagou surpreso Inuyasha.
- Sim... mas como o Kohaku parece não possuir uma memória muito ativa, eles precisam fazer isso toda semana – disse o pequeno youkai raposa.
- Ai ai... – disseram todos os outros.
- Vou subir! – disse Kagome – Desejem-me sorte!
- Quebre a perna! – disse Inuyasha atraindo a atenção de todos – Não é assim que eles falam na sua era, Kagome?
- Isso é só no teatro, seu imbecil! – respondeu Kagome – Mas esperar o que de você, não é?
Vinte e cinco minutos depois...
Kagome aparece no alto da escadaria, toda descabelada e suada.
- Sesshie? – ela chama – Para o quarto! Agora!
- Por quê? – pergunta o youkai assustado.
- A Yuri quer você ao lado dela – explica Kagome – Ela o quer segurando sua mão nesse momento glorioso.
- Tem certeza? – estranha Sesshie.
- Bom, na verdade eu a convenci a chamá-lo – disse Kagome sorrindo – Disse para ela que não havia a necessidade dela passar por esse momento difícil sozinha.
- Você não tinha dito que é um momento glorioso? – perguntou Inuyasha confuso.
- Cala a sua boca! – disse Kagome – E glorioso seria se fossem vocês homens que tivessem de fazer uma criança passar por um buraco pequeno como a... – Kagome calou-se ao lembrar que havia crianças na sala.
- Por que eu sinto que eu não vou me dar bem nessa história? – disse Sesshie.
- Cale-se você também! – disse Kagome – E vem comigo!
Sete horas, vinte e três minutos e quarenta e dois segundos depois...
Miroku pegou sua filhinha no colo, deixando Sango finalmente descansar um pouco.
- Deixe a Kaori comigo, Sangozinha – disse o monge.
- Cuidado com ela. Ela acabou de mamar e... – antes que o aviso se completasse, Miroku sentiu algo escorrer por sua roupa - ...se você balançá-la muito ela vai vomi...tar.
- Ai ai... tudo bem – disse o monge – Isso acontece, não é, Kaori-chan do papai? – disse ele erguendo ela no alto e levando mais uma golfada de leite azedo na cara.
- AAAIIIIII! QUE DOR! SOCORRO, ME AJUDEM! – os gritos vindo do quarto de Sesshie e Yuri aumentavam com o passar do tempo.
- Nossa! – disse Sango – Parece que o negócio lá está mesmo feio.
- Nunca vi alguém gritar tanto – comentou Inuyasha.
- AAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIII! ISSO ESTÁ ME MATANDO!
Cinco minutos depois...
Um choro foi ouvido por todo o palácio, alegrando a todos os presentes. Finalmente Yuri havia dado à luz seu primogênito. Pouco depois, sai da sala uma Kagome toda sorridente, seguida de um Sesshie mais sorridente ainda, segurando um pequeno bebê no colo.
- Pois bem – disse Kagome – É um belíssimo menino!
- Ele tem orelhinhas de cachorro? – perguntou Inuyasha tentando olhar o sobrinho mais de perto.
-Você não ouviu sua humana dizer que ele é um belíssimo menino? – respondeu Sesshie – Isso significa que ele não nasceu com nenhuma anormalidade.
- Humpf! – bufou Inuyasha.
- Meus parabéns, Sesshie – disse Miroku – Agora, apenas um conselho: Mantenha seu filho tarado longe da minha pequena princesa, está bem?
- Quem te vê agora nem acredita que você era aquele monge depravado – disse Sesshie – Agora, que tem uma filha, sabe como é ruim ficar ouvindo as balelas de tarados como você, não é?
- O que foi toda aquela gritaria dentro do quarto? – disse Sango – Nunca vi um parto tão escandaloso...
- Isso mesmo – concordou Inuyasha – Você devia ter vergonha de ter gritado como uma menininha, Sesshie.
- Você fala isso porque não era sua mão que a Yuri estava apertando – defendeu-se Sesshie olhando com desprezo para o meio-irmão.
- Justo! – disse Kagome – Assim não foi só a Yuri que sofreu durante o parto.
Sesshie deixou todos conversando e olhou vidrado para o filho em seu colo. Ele tinha os olhinhos dourados como o do pai, assim como os cabelos prateados. Apenas não tinha uma meia-lua na testa, mas era inegável que aquela coisinha fofa fosse seu filho.
- Isso é um rabo? – perguntou Shippou olhando para o recém-nascido – Ou eu é que estou vendo demais?
- CALA A BOCA, SHIPPOU! – ordenou todos no salão principal.
Sesshie voltou para o quarto, onde Yuri estava dormindo sossegada.
- Veja, essa aí é sua mãe – ele conversava com o garoto que o encarava como se entendesse algo – Não ligue se ela brigar com você de vez em quando, está bem? Ela vem de uma terra cheia de lagartos, por isso ela não é muito normal...
- Eu ouvi isso – disse Yuri abrindo um dos olhos – Nosso filho mal nasceu e você já está colocando ele contra mim?
- A verdade precisa ser dita desde cedo – respondeu Sesshie sorrindo e se sentando ao lado dela – Já escolhi o nome dele.
- Já? Qual? – perguntou Yuri – E não se esqueça que os próximos filhos terão o nome que eu escolher, assim como você prometeu.
- Claro! – disse ele sorrindo falsamente – "Eu tenho bastante tempo para fazê-la mudar de idéia... hihihi!" O nome dele será... Ichiro!
- Ichiro? – repetiu Yuri – Uau... que original!
- Preocupe-se com os nomes que você vai escolher – disse Sesshie apertando o filho nos braços – Veja, ele adorou o nome...
- Está bem, está bem! – disse Yuri – Agora, me dê ele aqui. Eu preciso alimentar essa criança.
- Falar em alimentar... Viu como nosso Ichiro nasceu forte e saudável? E você ainda reclamou que eu te fiz comer aquela sopa durante toda a gravidez... Acho que vou fazer o nosso filho comer só isso durante toda a sua vida e...
- Já vi que terei de fugir daqui o mais rápido possível... – resmungou Yuri pegando o bebê das mãos de Sesshie.
Nesse momento entra todo mundo no quarto, assustando Yuri e Sesshie, mas sem causar nenhuma reação no pequeno Ichiro.
- Tive uma idéia sensacional – disse Kagome – revirando sua bolsa e tirando um objeto estranho – Vamos tirar uma foto!
- Hã? – foi o comentário de todos ao redor.
- Juntem-se todos! – disse Kagome – Eu vou colocar no automático, e assim que eu correr para aí e mandar todos sorrirem, façam o que eu mandei.
Todos pareciam meio perdidos enquanto ela arrumava a máquina fotográfica digital e a colocava em cima de uma mesa.
- Agora... – disse ela correndo e se juntando ao grupo – SORRIAM!
"FLASH!".
Assim que a foto foi tirada Kagome correu para ver o resultado.
- Ah, mas vocês não sorriram – disse Kagome desviando o olhar da câmera e encarando os amigos – Pessoal? O que foi? PESSOAL? POR FAVOR, FALEM COMIGO!
Ainda aglomerados na cama, todos os outros estavam paralisados com o que acabaram de presenciar. Demorou alguns minutos para que eles passassem a se mover normalmente, e que acreditassem nas palavras de Kagome, que explicara que a luz que quase os cegara não era mais uma das armações de Naraku.
E aquela foto, mesmo que não mostrasse o sorriso de nenhum deles, serviu para eternizar uma amizade que transcendeu o tempo.
Ahá! Um ano depois...
- Não acredito que o Sesshie sumiu há dois dias e ainda não voltou – disse Yuri brava – Será que ele esqueceu que hoje é o aniversário do filho dele?
- Acho difícil – disse Jaken que enchia uns balões trazidos do futuro por Kagome – Afinal, a senhora passou o mês todo falando sobre isso.
- Ai, eu vou matá-lo se ele não aparecer – continuou Yuri olhando para trás e vendo Ichiro arriscando seus primeiros golpes com o chicote de flores tóxicas nas costas do titio Inuyasha – ICHIRO, EU JÁ FALEI PARA VOCÊ NÃO MACHUCAR SEU TIO!
- Não tem importância... – disse Inuyasha se contorcendo com a dor – Incrível como ele possuí o mesmo veneno forte como o do Sesshie.
- Nem me fale do Sesshie – disse Yuri voltando a decorar um bolo estranho – Eu quero ver qual vai ser a desculpa dele.
Já de noite...
Todos estavam reunidos no salão principal, esperando que Sesshie chegasse para poderem comemorar o aniversário de Ichiro Passada meia hora do horário estipulado por Yuri para comerem o bolo e depois ela matar o marido, cantaram o parabéns ensinado por Kagome, e cortaram o primeiro pedaço do bolo.
- Faça um pedido, Ichiro – disse Yuri.
- Chichi-ue! (papai) – respondeu o menino com uma de suas poucas palavras aprendidas.
- Isso você já tem – disse Yuri – Se bem que não por muito tempo...
- Ele está querendo dizer que eu estou aqui – disse Sesshie chegando no meio da comemoração – Quem deu ordens para cortar esse bolo sem a minha presença?
- Oras, eu me esqueci de avisá-lo sobre o aniversário de seu filho? – disse Yuri irônica – Desculpe... é que eu pensei que como pai você soubesse disso de cor...
- Não seja sarcástica, Yuri – disse Sesshie sorrindo.
- O que é isso? – perguntou Yuri notando algo na boca do marido – Você está...
Sesshie levou a mão à boca, escondendo algo da visão dos outros convidados.
- Eu queria fazer uma surpresa para o meu filho – disse ele – Por isso me afastei esses dias.
- Tomar uma surra e perder os dentes não é uma surpresa agradável, Sesshie – disse Yuri – Antes tivesse trazido um brinquedo.
- Eu não tomei uma surra... – irritou-se Sesshie – Desde quando este Sesshoumaru apanha de alguém? Eu fui apenas pedir ao Toutossai que fizesse uma espada com o meu canino... assim como meu pai fez.
- Uau... – todos no salão exclamaram.
- E onde está essa espada? – perguntou Inuyasha – Ou seu canino só deu para fazer uma faquinha de cortar pão?
- Cale-se, hanyou pulguento – disse Sesshie olhando para a porta do palácio – CARREGADOR, TRAGA O MEU PRESENTE!
Um homem vestido em trajes nobres entrou carregando uma espada guardada numa bainha. Entregou-a nas mãos de Sesshie e depois se retirou.
- Isso é para você, meu filho – disse Sesshie entregando a espada na mão do menino, que para surpresa de todos conseguiu segurar sem problemas o presente.
- Ai, que lindo! – se desmanchou Yuri com a cena – Isso é tão meigo!
- Meigo? – ficou surpresa Kagome – Seu filho de um ano é presenteado com uma espada e você acha meigo, Yuri?
- Lógico – disse a princesa – Meu filho será um grande bárbaro, assim como o pai...
- Não se surpreenda com essa emotividade toda – disse Sesshie sorrindo – Afinal, ela está esperando o nosso segundo filho.
- O QUÊ? – perguntaram todos surpresos, até mesmo Yuri.
- Que coisa mais linda! – disse Yuri desabando no choro – Eu vou ter um filho... mais um!
Há! Demorou, mas chegou ao fim... Espero que não me odeiem pela demora, mas a inspiração fugiu. E sei que o fim não foi muito longo também, mas eu acho que ficou bom. No mais, agradeço aos que mandaram reviews e acreditaram nessa fic, eu amo vocês! Beijos e até a próxima!
Kali-hime ao seu dispor...
