Nota: UAU demorei muito tempo para postar aqui, peço perdão, não costumo vir ao . Podem seguir atualizações no spirit ou no nyah/plusfiction que tem links no perfil.
Então, essa parte, caso tenham lido a Yotsuba, está beeeeem diferente. Tentei tornar a história em algo mais original, mas por agora ela ainda está meio embriônica.
Atualizações lentas e semanais, porque eu sou meia lerda e preciso de organizar o bagulho todo.
Capítulo II — Quando te conheci.
Permitiu-se voltar ao passado, ao dia em que se haviam conhecido. Espreguiçou languidamente, cerrando os olhos.
O corredor principal parecia estar impedido pela quantidade de alunos que ali se amontoavam. Uns empurravam os outros, tirando o seu lugar na fila desordenada, outros iam-se embora, fartos da algazarra, e outros permaneciam calmos e serenos, olhando a multidão que os rodeava, afastados da comoção.
Como Shaka odiava multidões!
Ali estava ele, com os longos cabelos loiros presos num rabo de cavalo, tentando ver o que se passava na porta da entrada, encavalitado nos ombros do seu melhor amigo, que também se esforçava por ver algo. Mas tudo o que viam eram cabeças e mais cabeças de alunos impacientes pela decisão que o Conselho tomaria acerca de umas quantas leis que a ex-directora aplicara enquanto estivera na escola, regras que julgavam absurdas e em necessidade de reforma.
Houve algo que lhe chamou a atenção. No meio da confusão, alguém tinha empurrado um aluno para o chão a fim de poder ver melhor o que se passava.
Shaka desviou os olhos da porta da secretaria e olhou para trás, onde, no chão, um garoto que parecia mais novo que ele próprio se tentava levantar, de encontro à parede. A sua pele era invulgarmente clara, tinha até a aparência de estar doente, era magro e tinha longos cabelos lavanda, que estavam apertados num rabo de cavalo desajeitado.
O loiro deu um tapa na cabeça do amigo, chamando sua atenção:
— Milo! Importa-se de me pôr no chão? Preciso descer! — arfou no ouvido do amigo.
— Chegámos tão longe, vai desistir agora? Cadê sua convicção? — berrou Milo para o loiro o conseguir ouvir.
— Já estamos nisso faz muito tempo! Me ajuda a baixar, preciso sair daqui! Depois você conta o que decidiram! — gritou. Shaka desceu desajeitadamente, quase caindo no chão, era difícil sair pelo meio daquela gente toda. Pegou sua mochila e foi até ao fim do corredor para encontrar o garoto que tinha caído.
Empurrou algumas pessoas pelo caminho. Viu os rostos conhecidos de Aiolia e da namorada. O amigo gritou:
— Onde vai com tanta pressa, Shaka?! —, mas não se deu ao trabalho de responder. Cederam-lhe passagem e quando finalmente chegou no fim do corredor encontrou o garoto, sentado no chão, agarrando uma mochila que parecia maior que ele. Levava a mão à cabeça, parecia estar magoado.
— Você está bem? — perguntou bruscamente. O garoto encarou-o com olhos invulgarmente grandes e puxados, as irises de um profundo verde calmante. Shaka reparou que ele não tinha sobrancelhas, o que tornava difícil ler a expressão do rosto, mas sim dois pontinhos avermelhados no seu lugar. Provavelmente um estudante de artes.
— Oi? — falou, saindo do seu transe momentâneo. A sua voz límpida e suave surpreendeu Shaka. — Ah...Eu estou bem, acho — disse um pouco reticente, ainda segurando a cabeça.
— Não está machucado? Parece que tem algo errado com a sua cabeça — inquiriu Shaka. Abaixou-se ao seu lado e estendeu-lhe a mão. Ele agarrou-a com alguma dificuldade, quase caindo de novo e levando Shaka consigo, parecia que realmente havia se machucado.
— Não, acho que foi só o choque — ele respondeu, já de pé. — Obrigado – pegou a mochila e estava pronto para sair dali para, quando Shaka o segurou pelo braço.
— Espera — falou, firme. — É melhor dar uma olhada sua cabeça, só pra ter certeza. Vem, eu te levo na enfermaria. Que droga de multidão — apontou para todos os lados, onde estudantes se amontoavam, tentando chegar mais perto da porta do gabinete da direção, as frases feitas revolucionárias ecoando no corredor.
— Eu estou bem. Mas se você insiste… — o garoto falou, reticente. Sim, ia insistir, afinal um aluno mais novo não deveria sequer estar ali. Shaka sabia o quão brutos podiam ser esse tipo de "eventos", liderados pelos porta-vozes da associação estudantil, da qual ele fazia parte. Era sua missão garantir o bem-estar de qualquer membro da comunidade escolar.
Shaka conduziu-o pelas escadas, passaram o átrio do edifício principal e saíram para o espaço comum exterior.
— Nunca tinha visto você cá — disse Shaka, analisando o outro. A sua aparência exótica não lhe passara despercebida. — É novo aqui?
— Sim, sou. É o meu segundo dia. Sou Mu Hanamoto.
— Certo, eu sou Shaka, prazer — estendeu a mão formalmente, que Mu apertou logo. — Desculpe a confusão. Má altura para começar a frequentar essa escola, se quer a minha opinião.
Acrescentou um sorrisinho sapeca, não queria passar a ideia de que o estava enxotando.
— Bem, não tive escolha… — ponderou se deveria partilhar mais com esse estranho, mas ele havia sido realmente simpático. — Meu tio foi contratado para dar aulas aqui e vim com ele.
— De onde veio?
— De Sapporo.
— Oh — já tinha visto a cidade no mapa, mas não sabia como era.
— É legal — Mu disse, adivinhando-lhe os pensamentos. — Mas tem poucas pessoas.
— Talvez aqui tenha demasiadas pessoas, não? — Shaka sorriu sarcasticamente. Mu riu, cotovelando-o no braço. Pareciam relacionar-se bem naturalmente.
— Você é a primeira pessoa com quem falo — Mu admitiu, parando de gargalhar. — Meu tio é bastante protetor. Mas você parece legal.
— Hm, confirmo — Shaka sorriu fingindo arrogância. — Vem, eu te apresento à minha turma. Mas primeiro, vamos ver esse machucado.
Mu anuiu e deixou-se ser guiado por Shaka até à enfermaria. Segundo a enfermeira, tudo parecia bem, mas talvez tivesse sentido uma vertigem. Mu abanou a cabeça a essa sugestão, sabia bem o que era por conta de uma doença intermitente que o acometia desde criança.
— Estava muita confusão — Mu explicou para a senhora. — Fui empurrado e devo ter batido com a cabeça algures, mas não me sinto mal já.
— Ele não conseguia se equilibrar direito — Shaka interviu, ganhando um olhar questionador de Mu. — Mas está tudo bem?
— Sim, tudo bem, querido — a enfermeira confirmou. — Tome cuidado com essa confusão. E vê se bota mão nisso, Shaka. Não aprontem mais do que já aprontaram esse ano.
Mu observou atentamente a troca de palavras, tentando pescar algum contexto para a multidão toda à porta do gabinete.
— Mas é precisamente o contrário, senhora Eiri. Ninguém gostava dela quando estava cá e agora que foi embora, essas leis não fazem mais sentido. É nosso dever pedir que isso mude. Claro, sem que ninguém se machuque — explicou o jovem, deitando um olhar a Mu.
— Espero que sim, espero que sim. Aqueles seus amigos são meio doidos, mas vocês têm o coração no sítio certo — sorriu a enfermeira.
— Então, com sua licença.
Espero que tenham gostado do capítulo. 💖💫 Estou atrasada com o capítulo desta semana.
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Volto na próxima semana.
shaka moon
