EVANGELION: Um Lugar Dentro Do Meu Coração...
Por GRei
Capitulo 2 – Seja Bem Vinda!
NERV – Sala de Ritsuko
A sala se tornou um ponto especifico para o encontro: entre a novata e os experientes. O clima estava tenso e perturbado, e as poucas lâmpadas no ambiente não clareavam totalmente. O silêncio invadiu pensamentos embaralhados e insistentes de cada indivíduo presente.
Asuka olhou indiretamente para a estrutura facial de Misashi. Não agüentou a percussão da situação hospedeira e a quebrou.
- Você é japonesa? - perguntava Asuka a observando com dúvida.
A pergunta harmonizada se fundiu a hospitalidade causada pelo descontentamento conjunto.
- Não. Minha nacionalidade é brasileira. - respondeu cabisbaixa.
A ventilação existente na sala fazia o oxigênio quente circular. As vestimentas grudavam nos corpos, e o suor escaldante transparecia. O soalho opaco e sem brilho, não atiçava a mente a lembrar e observar os mínimos detalhes espalhados pelo local. Mendes tristonha era sufocada pela insanidade humana mal compartilhada. Ela queria relatar a convenção que se expandia ao seu redor. Misato em contrapartida resolveu ressaltar em uma charada:
- Duas estrangeiras! -Misato olhou o rosto embaraçoso da novata.
- Duas! -Misashi se espreguiçou discretamente.
- Sim. A nacionalidade de Asuka da unidade 02 é alemã -Ritsuko calmamente folheou a ficha da quarta criança.
- Que bom... -disse a brasileira indo até Asuka. -que não sou a única que não tem muito conhecimento sobre o Japão.-completou com um sorriso, porém com os olhos virados com sutileza para a terceira criança.
Ela tentou com insistência desafiar a probabilidade confusa de Ikari, mas ele estava muito conturbado de pensamentos diretamente ligados à própria.
- Poderemos ser grandes amigas. - Asuka em uma ação descontrolada abraçou Misashi para inverter a atenção.
- Seria uma má influência para a Misashi. - pensou Shinji olhando as duas.
Rei apenas encarava a encenação de Soryu como uma falsidade movida pelo ciúme.
- Bem...crianças podem ir agora. - sentou Misato.
- Pilotos! Amanhã haverá testes de sincronização. Apareção aqui depois da aula. - disse Ritsuko com uma xícara de café nas mãos.
Todos os pilotos responderam com um curto e rápido sim e, logo depois, se retiraram em fileira deixando para trás Misato e Ritsuko.
NERV- Sala do Comandante Ikari
Em uma cadeira desconfortável estava o comandante Ikari olhando repreensivo através dos óculos escuros e com a face embrutecida e pensativa. Calmamente apoiou o queixo sobre as mãos cruzadas e os cotovelos na mesa disposta à luz da lâmpada florescente. Ao seu lado estava Fuyuzuki de pé, com as mãos para trás e os olhos fechados cinicamente.
- Você sabe o que fazer. - afirmou Ikari e consciente da resposta que teria, esticou os lábios precipitadamente.
- Exato. Passarei a nova ordem para Misato através de Ritsuko. - respondeu Fuyuzuki com a voz roca.
- Não quero saber como agira para concluir isso! -alterou o tom. - Só quero que o inevitável não aconteça. - repensou na atitude e retomou a frase com moderação.
NERV – Sala de Ritsuko
(...)
- O quê! - levantou-se do assento.
A humildade não poupava a alegria de Misato que contagiou o seu espírito de responsabilidade.
- É a nova ordem do comandante Ikari. - Ritsuko verificou alguns papéis. - A partir de agora você terá a guarda da quarta criança. -avistou os documentos procurados e os entregou a Misato.
- Misashi Mendes. - examinou os dados da novata.
- Mais um...espero que ela seja a mais sensata dos três. - olhou a foto 3x4 do piloto.
APARTAMENTO DE MISATO KATSURAGI – Quarto de Asuka
Asuka estava intacta encima da cama. Repensava sobre a inconsciência incompreendida de Misashi. Isso a perturbou e a feriu, deixou-a insegura em relação a poder perder o reconhecimento de bom piloto do Eva. Não conseguiu não parar de comparar a simplicidade da brasileira com a dela. Recaiu muitas vezes. Relembrou os gestos de Mendes e se agrediu mentalmente por suspeitar de um interesse tímido da Misashi pelo Shinji.
Em suas bochechas resplandeceu um toque rosado. Fechou a mão e contraiu a unha para perfurar a carne frágil. De repente ouviu a campainha, o barulho intrigou a sua privacidade de tortura. Então colocou o travesseiro sobre a cabeça e percebeu o sangue vazar e se misturar com a angustia e com o seu cheiro no lençol.
Sala
Shinji tirou cuidadosamente o avental para o pendurar no cabide, enquanto sentiu a garganta secar.
- Já vai...um momento! - correu Shinji até a porta.
Posicionou suas mãos suadas na maçaneta e a girou. Abriu e entre a extremidade reconheceu Misashi.
- Misashi! - disse Shinji pálido e envergonhado.
Mendes debruçou um sorriso caloroso. Suas madeixas estavam caídas por cima de seus olhos esverdeados, mas permaneceu segurando firme a alça da mochila.
- Shinji Ikari! Eu vou morar aqui também! A Capitã Katsuragi está estacionando o carro. Vai demorar um pouco...
Ikari não agüentou a pressão angelical da novata. Seu corpo amoleceu e tombou. Mendes se chocou quando viu a terceira criança caída e tratou de checar a sua temperatura.
- Você está bem? - perguntou Misashi com a mão na testa de Shinji.
- Eu...eu - abriu os olhos trêmulo.
Uma sombra feminina ofuscou a claridade perto do portal.
- Droga! Odeio esta- - disse Misato distraída. - Hm, Shinji, Shinji! - cruzou os braços.
- Não é isso que você está pensando Misato. Eu posso explicar! - levantou.
- O que está acontecendo? - Asuka abriu a porta. - Misashi! O que está fazendo aqui?
-Shinji e Asuka! A quarta criança é a nova hospede deste apartamento. Foram as ordens do comandante Ikari!
- Morar assim, de repente com a Mendes! O que está planejando, pai! - pensou Shinji encabulado.
- Misato, onde eu vou dormir? - perguntou inocentemente a brasileira.
A questão se dimensionou como eco no ouvido de Katsuragi, que fitou indiscretamente a segunda criança.
- Nem pense nisso! EU gosto de privacidade. - gritou Asuka e bateu a porta.
- Achei que a Asuka poderia ser solidária e dividir o seu quarto...- Misato coçou a cabeça inconformada. - Tenho tão pouco espaço no meu.
- Mas Misato...-disse Ikari.
A sutil fala incompleta de Shinji era um alvo fácil para a madura capitã.
- Ai que bom Shinji que você vai dividir o seu quarto com a Misashi.- Misato deu um tapa levemente nas costas da terceira criança.
- Não podemos! Ele é homem e eu sou mulher! - reclamava a novata angustiada.
- O que está pensando Misato? - disse Ikari apavorado.
- Por que estão tão encabulados? - disse Katsuragi com uma certa ingenuidade.
- Já que não tenho escolha...tudo bem, mas eu exijo um espaço no quarto dele. - retrucou a brasileira.
- Você pode ficar com a cama e eu dormirei no chão.
- Obrigada Shinji. - sorriu Mendes.
A respiração de Ikari acelerou, um calafrio o percorreu e o deixou em transe por alguns minutos. Sua face embranqueceu e logo em seguida, surgiu um avermelhado que se expandiu totalmente. As palavras entardecidas de medo não se aventuram a sair mais.
- Onde é o quarto? - indagou Misashi.
- Ah sim, é a segunda porta desse corredor. - apontou Misato com o dedo indicador.
- Obrigada. - agradeceu e seguiu para o corredor.
Shinji a olhou por um tempo. Misato resfriava os pensamentos, enquanto tocava delicadamente o local tenso localizado no centro da testa. A fome invadiu seu estômago causando um barulho alto e na mesma hora seu rosto apresentou sinais de fraquezas.
- Shinji cadê o jantar? - perguntou Misato com os olhos incrédulos.
- Ah sim, só um minuto.Já está quase pronto. - respondeu correndo para a cozinha e retomando o avental.
Quarto de Shinji Ikari
Mendes sentou na beirada da cama, pôs a refletir sobre os acontecimentos de sua vida no Brasil. Uma tosse impertinente e sufocante ameaçou a sua reflexão. Uma tontura pesada recaiu sobre sua matéria e a fez ser obrigada a fechar os olhos.
+MENTE DE MISASHI+
- Sua efetiva presença na vida desse rapaz é eficaz. - disse um adolescente.
- Pare Kars! Eu não sou uma boneca. Me deixe em paz! - agonizou Misashi.
- O quê? - Kars se aproximou cuidadosamente. - Você me pertence sabia? - suspendeu o queixo da novata.
- Saia da minha mente! - tirou raivosamente a mão de Kars.
Tudo era realizado na mente sombria da novata, porém todas as ações tinham reações na realidade. A imagem de Kars era definida por um jovem rapaz alto, branco, cabelo liso preto e olhos azuis.
- Pare de agir como uma criança! - ressentiu o adolescente.
- E do que me adianta! Não entendo nada do que me foi confessado. Sei que devo seguir ordens. Quem as deu? - chorou Misashi. - O que sou? - berrou. -Alguém me criou!
-Você ainda deixa visíveis as emoções que sente. Vejo que não possui o desenvolvimento correto para a missão que a foi designada.-Kars se reaproximou.
Quarto de Shinji Ikari
O corpo inconsciente da quarta criança estava estendido no leito. Misashi segurava forçosamente o lençol. Shinji bateu na porta, mas a batida não acudiu os ouvidos de Mendes. Então, se viu no dever de abrir a porta, e com essa atitude encontrou a brasileira desmaiada.
- Misashi! - aflito.
Ikari observou a expressão serena da novata e com isso, soltou uma frase enriquecida.
- Seja bem vinda Misashi Mendes! - a olhou intensamente.
(Continua)
