EVANGELION: Um Lugar Dentro Do Meu Coração...

Por GRei


Capítulo 5 – Antes de mim

CABINE DO EVA-02

Em uma das telas de transmissão, estava Misato dando ordens expressas de como sair do ataque.

- Está bem! – sorria Asuka com rispidez - Vamos, vamos, vamos. - balançando os controles.

O Anjo apertava mais e mais até a levantar e nocautear no chão.

- Cabo umbilical do Eva unidade 2 desconectado. - voz do computador.
- Asuka! Você ainda tem cinco minutos, antes que sua energia acabe. - argumentou Ritsuko.
- É o que eu preciso. Nem mais, nem menos. - esnobou com um sorriso.

ARENA

Rei chutou o inimigo e quando abaixou, deu uma rasteira, porém ele continuou segurando o Eva-02. Shinji com as mãos desprendeu a alemã dos tentáculos e com a navalha cortou o Anjo ao meio.

- Maravilha Shinji! Estou vendo progresso em você. - deu os parabéns Misato.
- Não preciso da sua ajuda! - gritou Soryu - Eu sozinha daria conta. Não me atrapalha, seu baka!
- 26 restaurado, 40 restaurado, 62 restaurado...

Quando se recompôs, o Anjo esticou a cabeça até a unidade 01 e a virou para o lado. Seus olhos foram para debaixo da pálpebra, logo depois, abriu a boca e ecoou um som de grilo. Ikari sem consciência do próprio estado entrou em transe, entretanto, Asuka o empurrou. Com a mesma rapidez, correu para o alvo, mas foi impedida por um campo T.A e jogada para longe. Rei por descuido teve seu Eva-00 penetrado pelas raízes do oponente.

- Sistema de alerta! Eva da unidade 00 contaminada. Vírus desconhecido. - voz do computador.
- Situação! - acelerou Misato.
- Estamos perdendo a primeira criança. Eva-00 não está aceitando os comandos. - checou Ritsuko.

CABINE DO EVA-00

Veias pulsavam sob a pele da garota.

- Re...i...i...o An...dentro...cê. - transmissão de Misato falhando.
- Sou eu? - disse afligida.

ARENA

Em cada raiz, na ponta se formava o rosto de Rei.

- Nós somos a Rei. - todas repetiam.

Ayanami observou a elevação na terra em direção à terceira criança.

- Shinji...
- Não faça isso Rei! - ressaltou Misato. - Rei? Rei? - preocupada.

Quase sem força, ela apertou o botão de explodir.

- Rastreamento do Eva da unidade 00. Não localizada. - voz do computador.

A nevoa de poeira foi abanada pelas asas do Anjo. Um pouco abatido, sobrevoava a superfície.

NERV

- Unidade 4 chegou. - disse um dos assistentes.

Mendes estava uniformizada com o padrão utilizado pelos pilotos, mas na cor cinza-azulado. Com a fisionomia desprovida do ato de raciocinar e inepta ao indômito do impossível, segurava por precaução o braço do seu supervisor, que iniciou o cumprimento.

- Tsurugi. - apontando para o crachá. - Guardião e supervisor de Misashi. - ergueu o pulso.

Misato com avidez de respostas passou sobre o pulso dele um aparelho com luz vermelha que transpareceu o código. Imediatamente, a leitura de dados confirmou os direitos da guarda e do piloto, Misashi, transpassados para Tsurugi pela autoridade Br, além de informações pessoais sobre o monitor.

- Você não é muito novo? - estranhou Misato.
- É. - envergonhado. - Recebi a responsabilidade de monitoração, pois sou um dos encarregados para o funcionamento do Eva-04 e para o desenvolvimento do piloto.
- Estávamos ansiosos pela volta de Misashi. Desde o acidente-
- Quero a lutando. - resignou Gendou.
- Sim. - sorriu a quarta criança.
- Unidade 4 preparada!

Tsu acompanhou Mendes até a unidade 4 e lançou uma expressão experiente para o sistema. Misashi continuou os passos em direção à poltrona dos comandos, sentou-se e subitamente cabos entraram em suas veias. Em um movimento ereto do móvel, Misashi ficou de pé, enquanto as vidraças acoplavam ao seu redor. No momento em que formou o cilíndrico fechado, sob os pés da quarta criança, os ralos transbordaram um liquido que a deixou submersa.

- Estou em casa. - suspirou Misashi.
- Liberar energia externa!
- Acionar!

ARENA

- Unidade 4 saiu do elevador pela linha da rota 25.
- Cabo umbilical conectado!
- Iniciar fornecimento de energia!

Asuka entorpecida pela queda não acreditou na petulância da novata em pisar no território de combate. Manejou, mas não conseguiu movimento.

- Energia zero do Eva da unidade 2. - voz do computador.

No momento em que o Anjo avistou a unidade 4, lançou-se direto como um predador, a derrubando e a dilacerando.

- Meu deus! - disse a assistente com a mão na boca.

O gráfico da estrutura do Eva-04 piscava nos locais rompidos.

- Mexa-se, mexa-se, mexa-se...por favor. - suplicava Soryu para o próprio Eva.

Ikari com náusea assistia de camarote a destruição dos membros da unidade 4 que jorrava sangue.

- Não é real, não é, não é real. - disse Shinji tampando os olhos.

Não havia nenhuma tela que exibisse a cabine do Eva-04, nem mesmo um grito ou gemido aguçavam os ouvidos, a quarta criança parecia ilesa, à espera da hora certa. De repente, a unidade 2 moveu-se sem energia, com um soco transgrediu o crânio do inimigo e o esfolou.

- Não sou eu! - disse a segunda criança debatendo-se.

NERV

A tela de transmissão da cabine do Eva-02 estava sem áudio e ninguém conseguia ligar o som.

- Ela está sem energia. Co-
- Talvez ocorreu o mesmo que Shinji. - lembrou Ritsuko.
- Hã...não? Não...so...- Katsuragi lendo os lábios de Soryu.

Antes que pudesse completar, todas as luzes apagaram e no outro instante, acenderam.

- Campo de teste desativado! - voz do computador.

A batalha era um grande ensaio teatral, contudo, as conseqüências eram nítidas, sem falácias. Shinji aparecia com uma palidez mórbida, sem prévia de quando e como sua lucidez voltaria. Asuka subterfugia na paranóia do seu pensamento.

- Se eles não estiverem preparados com uma simulação, não podem ser pilotos. - advertiu Ritsuko.
- É inacreditável! Os Evas são submetidos aos ataques, os pilotos sentem, mas não são prejudicados. - disse fascinado Fuyuzuki.
- Unidade 0, 1 e 2 danificadas, capitã.
- Unidade 4 intacta.

Tsurugi surpreendeu Misato com a impassibilidade com que riu.

- Função de regeneração. - disse Tsu. - Br foi minuciosa na criação desse campo de teste para usar essa capacidade.
- Br estava por trás de tudo. - refletiu Misato cautelosa.

Gendou posicionou-se na frente da porta da cabine à espera da saída de Misashi.

- Sr. Gendou Ikari?

Quando Gendou foi cumprimentar a brasileira, deparou-se com a fisionomia de sua esposa, feliz.

- O que foi? - disse Misashi inalterada.
- Você me lembrou alguém que foi muito importante para mim. - voltou a rever Mendes.
- Eu sempre lembro a alma do Eva que substitui ou tentei substituir. - sorriu e caminhou até Rei.

Ayanami estava consciente de que se fosse realmente uma batalha, ela teria morrido.

- Você é mais humana do que pensei. - elogiou Misashi. - Aposto que mais do que as outras.
- Quando será? - perguntou entretida.
- Quando você morrer.

Asuka deu alguns passos cambaleando, fulminou com um tom neurótico sua náusea.

- Como foi real. - remoeu com os olhos a unidade 02.
- Filha?

Escutou o sussurro, mas não vinha do Eva. Parecia ser atrás de suas costas. Virou com precaução e experimentou sensações boas e ruins misturadas ao ver que da boca da novata saia à mesma voz de sua mãe.

- Filha!
- Filha! - sentiu o fervor lhe percorrer o corpo. - Não me chame de FILHA!
- FilSuka. - disse Misashi com a voz confundida com a da mãe de Soryu. - Asuka?

A segunda criança estremeceu ao constatar a mudança repentina e passou as mãos no rosto, como se quisesse limpar o desgosto.

APARTAMENTO DE TSURUGI

O recinto apresentava mobílias modernas, mas feitos em mogno, jacarandá e ipê, madeiras típicas do seu país, impregnavam no ambiente o aroma do patriotismo brasileiro, entretanto, nos contornos dos móveis, predominava a inquietude japonesa.

Tsurugi soltou um molho de chaves na mesinha de centro e expirou o cansaço pela boca. Misashi preferiu deslocá-se para o seu refugio, pois continuava oprimida pela sua passividade.

- Já vai para o quarto, Isabel?

A brasileira ao ouvir proferir o nome dos lábios de seu supervisor, parou imediatamente. Continuou inércia na entrada do corredor e apenas movimentou a cabeça para o lado, como se esperasse um pretexto.

- Oh...desculpe-me – disse Tsu. – Você ainda me lembra minha irmã.

O incógnito que almejava a castidade entre os dois, não era de uma familiaridade que havia sido concebida pelo parentesco, mas sim, pelo passado que os unia de uma forma remoída.

- Entendo. Foi por isso que você quis ser meu guardião.
- Er...é.
- Eu sei que ajo como ela, porém, quanto mais contato eu tiver com a minha casa, mas a memória de Isabel se perderá. – disse com a frieza calculada em cada palavra.

Tsurugi por impulso ergueu a mão até a novata, mas não teve vontade de tocá-la e enojou a sua atitude.

- Por quê? Por que você não me escolheu?
- Porque não era para ser você. – olhou para Tsu com os olhos insanos.
- Ela não podia morrer! – gritou inconseqüentemente.
- Não confunda as coisas, mano! Eu não sou mais Isabel. – disse com uma expressão de ternura.

A garota entravou o sentimento que a tinha domado por alguns segundos, e retomou a frieza.

- Eu desenvolvi sentimentos humanos, mas não posso ser sua irmã, Tsurugi Mendes.

(Continua).