Capítulo 7 – Negando as aparências

Um bom tempo depois de deixarem a ilha, Tai e Sora chegam ao hotel, para a alegria de seus amigos, que logo bombardeiam os dois com perguntas:

– Vocês estão bem?

– Onde estavam esse tempo todo?

– Por que saíram sem avisar?

– Por que não voltaram?

– Calma aí, pessoal! Uma pergunta de cada vez! – Tai exclama, interrompendo o interrogatório.

– Primeiro: nós estamos bem; segundo: estávamos numa ilha deserta, distante daqui – Sora começa a responder as perguntas.

– Terceiro: a gente achou que ia voltar logo, por isso não avisamos que íamos sair; e quarto: não voltamos porque estávamos completamente perdido, sem nenhum transporte – Tai continua com as explicações.

– É, e não podíamos sair nadando sem sequer saber pra onde! – Sora completa, encerrando os questionamentos.

– Seja como for, vocês nos deixaram malucos de preocupação! – Kari afirma seriamente.

– Tem razão, desculpe, Kari – Tai responde gentilmente, abraçando a irmã.

– Foi um acidente – Sora continua dizendo para os demais.

– Mas o importante é que vocês estão bem, que tal a gente ir jantar agora? – Yolei sugere animada.

– Ótima idéia! Mas quero tomar um banho antes! – Tai responde ansioso.

– Eu também quero! Nossa, acho que até já esqueci como é tomar banho de chuveiro... – Sora comenta parecendo aliviada.

– A menos que esteja contando a queda da cachoeira... – Tai comenta divertido e ele e Sora dão risada juntos.

– Tudo bem então... nos vemos daqui a pouco no jantar – Izzy afirma um tanto surpreso por ver que Tai e Sora não estão brigando como de costume.

Cerca de meia hora depois, todos se reúnem para jantar, felizes por seus amigos estarem de volta sãos e salvos.

– Não acredito que vocês caíram na areia movediça! – Tk comenta impressionado, após ouvir o relato de Tai e Sora.

– Deve ter sido terrível!

– Foi terrível sim, Yolei. Mas não foi pior do que as abelhas... – Tai responde demonstrando felicidade por ter escapado de tantos perigos – Sora, pode me passar as batatas, por favor?

– Claro, Tai – Sora responde gentilmente, entregando-lhe a tigela de batatas.

– Nossa, eu estou completamente chocada!

– Chocada com o quê, Mimi? – Sora pergunta curiosa.

– Com o fato de você e o Tai terem parado de brigar e estarem se dando bem agora, é um milagre! – Mimi exclama animada – Espera aí, será que vocês dois acabaram se apaixonando nesse tempo em que ficaram sozinhos? – ela pergunta encarando os dois com um sorriso travesso no rosto.

Sora e Tai encaram um ao outro, um tanto desconcertados com a pergunta de Mimi. Eles trocam olhares expressivos e então respondem ao mesmo tempo:

– Não, não, não, de jeito nenhum!

– Não, é claro que não, não, não!

– Sério? Quer dizer que não aconteceu nada entre vocês? – Izzy pergunta incrédulo.

– Não, é claro que não! Não mesmo! – Sora se apressa a responder.

– Não, não, não! – Tai continua negando – Não.

Após tantas negativas, não há como duvidar deles afinal.

Depois do jantar, todos se reúnem no terraço para aproveitar o ar tranqüilo da noite.

– Puxa vida, e pensar que vocês viveram esse pesadelo todo só por causa de uma aposta boba! – Yume comenta ainda impressionada com a aventura de Sora e Tai.

– Na verdade não foi exatamente um pesadelo... – Tai responde discordando – Acabou sendo muito legal e valeu mesmo a pena porque... – ele argumenta sorridente – ... a Sora e eu passamos a nos dar bem... – ele se apressa a acrescentar, sob os olhares curiosos dos amigos.

– É, nós acabamos ficando... amigos, não é, Tai? – Sora diz tentando parecer convincente.

– É... amigos – Tai responde fingindo estar dizendo uma inegável verdade.

Muita conversa depois, todos começam a se retirar para dormir, restando apenas Sora e Tai no terraço.

– Agora que eles já foram, tem uma coisa que a gente precisa conversar – Tai afirma iniciando o assunto.

– Eu sei, sobre o que aconteceu entre a gente na ilha – Sora responde encarando-o seriamente.

– Acho que fizemos bem em ter negado isso quando nos perguntaram, você não acha?

– Acho, afinal de contas, não foi nada demais, não é?

– É, de repente foi só uma atração passageira, algo que aconteceu porque estávamos sozinhos, longe de tudo e...

– E acabamos levando a nossa trégua muito a sério...

– É, eu acho que sim...

– Bom, então... é isso.

– Pois é.

– Mas pode-se dizer que nós ficamos amigos, não é?

– Claro que sim, estou feliz por ter passado a me dar bem com você...

– Eu também. Acho que vou dormir agora, boa noite, Tai – Sora diz se levantando da cadeira e voltando para o saguão do hotel.

– Boa noite, Sora – Tai responde seguindo logo atrás dela e se dirigindo até seu quarto.

Quando Sora aproxima-se da porta de seu quarto, escuta alguém chamá-la; ela se vira rapidamente e vê Matt se aproximar.

– Ah, oi Matt – ela o cumprimenta sem muita emoção.

– Não está feliz em me ver? – ele pergunta ao perceber o tom de voz dela.

– Não é isso, é que eu acho que esperava outra pessoa... esqueça, pensei que todo mundo já tivesse ido dormir...

– Não, eu queria falar com você antes. Você lembra que nós tínhamos combinado sair juntos, isto é, antes de você se perder no oceano?

– É, eu lembro sim, Matt.

– Então... podemos almoçar juntos amanhã, o que você acha?

– Eu aceito, vai ser legal.

– Ótimo, até amanhã, Sora.

– Até amanhã – Sora responde despedindo-se de Matt e em seguida entrando no quarto. Acho que é uma boa idéia sair com o Matt, quem sabe pode ser interessante... – ela pensa enquanto se prepara para dormir.


Hoje foi um dia e tanto, estou mesmo precisando de uma boa noite de sono... – Tai pensa ao contemplar sua cama já feita. Ele escuta alguém bater na porta e se precipita a atender.

Quem será que está batendo? Será que é a ... Ah, é você, Yume... – ele diz com uma pontinha de desânimo ao abrir a porta.

– Oi, Tai, Desculpe ter vindo a essa hora, mas é que eu queria te perguntar uma coisa...

– Tudo bem, pode perguntar – ele diz cordialmente.

– É que antes do seu desaparecimento, você tinha prometido que sairia comigo então... eu gostaria de saber se o nosso encontro ainda está de pé...

– Está... está sim, Yume – Tai responde imaginado que talvez, sair com Yume não fosse uma má idéia.

– Que bom! Então que tal sairmos pra tomar sorvete amanhã?

– É uma boa idéia, tudo bem.

– Certo, então boa noite, Tai. Até amanhã – Yume diz animada.

– Boa noite, Yume. É, amanhã é um outro dia... – Tai pensa ao fechar a porta do seu quarto.


As horas passam e a noite transcorre tranqüila no litoral. Apesar do cansaço e do alívio por estar novamente em uma cama confortável, Sora não consegue dormir. Ela se levanta e caminha até a janela; como os quartos ficam no 1º andar, é possível ter uma visão privilegiada da praia. Sora fica observando o movimento das ondas do mar e isso lhe traz paz, serenidade e lembranças.

Lembro de estar com o Tai, de passar a noite sob as estrelas... nossos momentos juntos forma tão especiais... sinto falta daquele olhar intenso... dos beijos... das carícias... que parecem ter ficado na minha alma... Isso tudo é estanho, nós dois concordamos que o que houve entre nós foi apenas uma atração passageira, mas então por que estou me sentindo assim agora? Bem, de qualquer forma é melhor eu tentar dormi agora, já está tarde... – Sora reflete ao voltar para a cama.


Mas ela não é a única que se sente confusa em relação aos seus sentimentos. Em seu quarto, Tai está bem acordado, sentado em sua cama, pensativo. Acho que estou sentindo uma certa nostalgia essa noite... lembro do tempo que passei na ilha como se fosse um sonho...

Ele segura em sua mãos a concha que ele e Sora encontraram na praia, a qual ele tem o par. Então, sua mente viaja, fazendo-o lembrar de quando ele e Sora estavam sozinhos na ilha. Sinto falta de estar com a Sora, de sentir seus beijos... seu carinho... sinto falta de vê-la sorrir daquele jeito doce... Mas não entendo por que estou tendo esses pensamentos; afinal, nós dois decidimos ser apenas amigos, e tudo o que aconteceu entre nós foi só uma atração passageira. Isso é estranho... acho que é melhor ir dormir agora, talvez eu me sinta diferente amanhã... – ele decide, guardando a concha e apagando a luz do quarto.


Na manhã seguinte...

– Eu fiquei feliz de ver que você e o Tai deixaram de brigar, Sora – Kari comenta depois do café-da-manhã – É bom saber que vocês estão se dando bem...

– É, no tempo em que ficamos sozinhos eu pude perceber que o seu irmão é uma pessoa muito especial... – Sora responde sorrindo meigamente.

– Que bom que você acha isso! – Kari diz animada – Mas... o Tk me disse que você e o Matt iam sair juntos hoje, é verdade? – ela pergunta com uma expressão séria.

– É verdade... eu tinha combinado sair com ele antes e acho que talvez possa ser uma boa idéia – Sora responde um pouco insegura.

– Está bem, espero que dê certo então... – Kari diz parecendo um tanto incrédula.


Enquanto isso, Tai e Ken estão tendo uma conversa similar:

– Então você vai mesmo sair com a Yume?

– Vou sim, Ken. Por quê? Parece que você está duvidando...

– Não, é só que eu imaginei que estivesse acontecendo alguma coisa entre você e a Sora...

– A Sora e eu? Não, não, nós só estamos... sendo amigos agora, só isso! – Tai responde um pouco nervoso.

– Certo. Então, nesse caso, boa sorte no seu encontro com a Yume.

– Obrigado, Ken. Não sei por que, mas acho que vou precisar de sorte hoje...

Continua...


Nota da autora:

Oi povo! Esse capítulo foi bem diferente do que vocês esperavam, não foi? § Estelar se escondendo atrás do pc § Por favor, não me matem! Mas pensem comigo: o que é uma boa fic de romance sem um ou outro obstáculo, não é? Rsrs

Obrigada a Rayana Wolfer, Daniela e Anaisa pelas reviews! Continuem comentando!

Beijos pra todos!

Estelar