Caítulo II
A armação

'Me deixe ir. Eles vão me matar se me atrasar mais!'

O rapaz, ainda sentado no banco de praça, lembrava das palavras da menina franzina que há minutos atrás encontrara dormindo de forma desconfortável no banco como se fosse um sonho. "O que será que ela quis dizer? Será que se referia aos pais?" Aquilo havia o deixado intrigado. Porque uma criança estava dormindo num banco de praça até aquela hora e o terror dela ao ouvir a palavra casa foi tão intenso que era impossível não ficar impressionado. Essa era uma experiência que ele não tivera, sempre seu lar fora aconchegante e pacífico. Talvez a garota sofresse alguma espécie de agressão. Mas, infelizmente, nem o nome da pobre garota ele sabia.

Estava olhando para os galhos das árvores balançando, ao vento leve e agradável. Seus cabelos compridos e prateados brilhavam ao reflexo da luz do lugar. Estava preso em um rabo de cavalo baixo. Usava uma calça preta e uma blusa de manga azul escura. Cruzara os braços e ficara perdido em seus pensamentos até ouvir o barulho do celular.

'Maldito aparelho! Infeliz o dia em que eu aceitei andar com isso!' Resmungou baixo de maneira quase imperceptível. Olhou a tela e viu quem o importunava. Abriu o celular colocando-o no ouvido, calmamente.

'O que quer, Kagura? Não quero mais te ver novamente!' Disse placidamente sem nenhuma espécie de emoção na voz.

Espere! Preciso me explicar!' A menina do outro lado dizia chorando. 'E onde você está?'

'Depois do que você vez acha que tenho que dar satisfações da minha vida?'

'Por favor, estou desesperada. Não sei viver sem você, meu amor!'

'Devia ter pensado nisso antes de se envolver com outro!'

'Foi um acidente. Ele me obri...'

'Não vem com história, garota!'

'Não estou de história, mas antes que desligue o telefone na minha cara preciso falar com você pessoalmente!'

'Não temos absolutamente nada a falar, tudo foi muito bem esclarecido ontem naquela festa! Com licença! Tenho mais o que fazer!'

'Mas eu não! E enquanto não me escutar não te deixo em paz, então é melhor me ouvir! Juro que depois te largo de uma vez.'

'Se é pra me ver livre da sua presença insuportável, então, pode vir até aqui agora mesmo! Estou numa praça que fica em Nagoya, bem no meio da cidade.

'Mas o que está fazendo aí?'

'Não lhe diz respeito!'

'Não precisa ser tão grosso! Quando você chega em Tóquio?'

'Não sei, estou de férias.'

'Então, em que hotel está hospedado?'

'O hotel se chama Kaiten!'

'Então estarei arrumando minhas coisas agora mesmo e devo estar aí pela manhã!'

'Muito bem.'

Ele desligou o mais rápido que pode. Estava muitíssimo aborrecido com Kagura.

Enquanto isso, em Tóquio, Kagura estava deitada na cama de seu quarto olhando para uma foto presa a parede. Era um casal de namorados abraçados. Reconhecia-se na foto ela e Sesshumaru.

'Baka! Eu não te suporto!' Dizia olhando pra ele. 'Faço tudo isso só pelo seu dinheiro!'

Toc,toc,toc......

'Entra!' A batida na porta tirou a moça de seus pensamentos. Uma mulher de estatura média entrou silenciosamente no cômodo andando em passos leves. Ela devia ter seus 40 anos e seu porte físico era delgado, possuía cabelos pesados e sedosos, pretos e cumpridos. Os olhos eram igualmente pretos e davam-lhe um ar sério.

'E então, Kagura? Já desfez a burrada que cometeu?' Ela perguntou sentando-se na cama.

'Estou trabalhando arduamente nisso, mamãe!'

'Você precisa dar um jeito nessa situação! Ainda não acredito que pode desperdiçar uma chance de ouro.'

'Amanhã me encontrarei com ele!' Ela disse se levantando e pegando uma maletinha pequenina. Virou-se para a mulher dizendo: 'Terei que ira até Nagoya, agora. Chegarei pela manhã.'

'Muito bem, minha filha!' Ela dizia com um brilho estranho nos olhos. 'Já sabe o que tem que fazer, quando estiverem a sós?'

A moça que estava organizando as coisas para a pequena viagem, calmamente olhou novamente para a mulher com uma espécie de faíca de ódio nos olhos.

'Claro que sei! Não se preocupe! Tive excelentes pais.'

'Muito bem! O que pretende fazer? 'A outra dizia curiosa.

'Isso você e papai saberão mais tarde.'

'Bom confio em você, mas sabe que estamos arruinados e se não se casar com ele o mais rápido possível todo sua vida luxuriosa estará acabada!

'Não precisa me lembrar disso!' Foi a resposta seca da moça.

'Te deixo a sós para se concentrar melhor em seu plano!'

Levantou-se e andou direto para a porta. Seus passos eram delicados e leves, parecia flutuar, os cabelos pesados movimentavam-se de acordo com seu andar.

'Assim que o almoço estiver na mesa aviso!'

Kagura desviou o olhar por um instante no momento em que a mãe disse estas palavras.

"Hum! Interesseira!" Pensou.

Assim que sua mãe saiu do quarto, Kagura retornou a seus pensamentos. Tudo estava claro em sua mente. Cada passo a tomar e cada atitude já estavam maquiavelicamente planejados.

"Vamos ver, querido Sesshoumaru, se você terá como impedir isso!" Ela pensava com um sorriso sinistro nos lábios.

Kagura conhecia Sesshoumaru a pouco tempo. Mais ou menos um ano. Os dois tinham a mesma idade, 16 anos, e se conheceram na escola. Assim que se conheceram a família de Kagura já estava falida. Eles eram muito ricos, mas devido aos abusos excessivos, foram perdendo tudo que tinham. Agora, a única alternativa era casar Kagura com Sesshoumaru.

Toc, toc, toc.

'O jantar esta na mesa, filha!' A mulher dizia do outro lado da porta ainda fechada.

Kagura pegou a maleta e saiu do quarto com passos firmes. Tinha os cabelos curtos pesos por um lenço azul, num rabinho no alto da cabeça. Usava uma saia longete preta, meias e sapatos pretos e sua blusa azul marinho era de manga comprida.

Entrou em um cômodo e lá já estavam um homem e uma mulher esperando a mocinha, que sentou-se à mesa delicadamente.

'Espero que saiba o que está fazendo, Kagura!' o homem de seus quarenta anos, cabelos pesados, muito preto e cumprido e de porte atlético, dizia.

'Claro que sei, pai!' Foi a resposta dura e seca dela.

'Claro! Mas acho que eu e sua mãe temos o direito de saber, porque se algo der errado como te ajudar nesse seu plano?' Ele disse levando um sushi a boca.

'Naraki, meu bem!'A jovem esposa disse. 'Deixe que ela sabe o que fazer!'

'Não, minha mãe, eu conto. Isso não deve ser um segredo pra vocês já que imagino que também terão a sua parte nesse projeto.'

Ela detalhou cada minúcia do plano maquiavélico. Os olhos do pai estava brilhando. A mãe estava serena, mas notava-se um colorido estranho em seu olhar. Os três estavam compenetrados, atentos ao plano sinistro, por vezes só escutavam, por vezes davam palpites que eram aceitos pela jovem. Por fim ela disse.

'Então, é isso aí. Estou agora indo pra lá!'

Mas o que Kagura e nem os pais pensaram é que o destino atua de maneiras estranhas e não pergunta se deve ou não mexer nas peças do jogo.

'Depois o senhor sabe o que deve fazer.' Ela disse ao pai.

'Vou pegar as chaves para te levar à rodoviária!'

'Rodoviária?!'

'Isso mesmo, pois é a única coisa que dá pra eu pagar por enquanto.' Ele disse.

Kagura se virou para sair acompanhada do pai. Há essa hora já passava das 10 da noite. Eles entraram em um BMW preto. A família de Kagura vivia de aparências. Eles estavam falidos há anos, no entanto, todos achavam que viviam nadando no dinheiro como em épocas remotas.

Naraki sentou-se no lugar do motorista e Kagura, no carona. Os dois permaneceram em silêncio até que o carro parou em frente a uma rodoviária.

'Está aí! Nos mantenha informados!'

'Está bem, pai!'

Ela saiu do carro preto e bateu a porta. Segurou a maleta e depositou a bolsa no ombro direito.

Caminhou delicadamente em passos leves em direção a rodoviária. O pai ficou um minuto admirando caminhar da filha. Ela andava mexendo os quadris ligeiramente em um movimento sutil, mas sensual. Ele deu a parida e Kagura entrou na rodoviária.

Chegou até uma cabine onde se compravam passagens.

'Por favor! Uma passagem para Nagoya!'

'O próximo ônibus sairá às 11hs. Temos esses lugares!'

A jovem mostrava o monitor do computador com os lugares disponíveis.

'Esse aqui está ótimo!' A moça apontou para um ponto azul no centro do carro do lado direito do corredor, na janela.'

E assim, ela retirou a passagem e aguardou seu ônibus sentada em um banco. Esse lugar era reservado àqueles que iriam entrar nesse ônibus.

Ela esperava ansiosamente. Balançava os pezinhos pra cima e pra baixo. Até que uma moça avisou.

'Passageiros com destino, Nagoya, podem entrar em seus ônibus e tenham uma boa viagem.'

'Até que enfim.'

Kagura se levantou e se dirigiu para seu ônibus com passos mais rápidos. Mal podia esperar para entrar e fechar os olhos, descansar e acordar par pôr em prática seu plano sinistro.

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Oi gente.....

Desculpa a demora. Mas fim de ano, sabem como é, né?!

Bom, não vou prometer que conseguirei escrever o outro capítulo muito rápido, mas me perdoem, POR FAVOR. Vou fazer o possível! O mais provável é que consiga escrever só em 2005....

Sei que ficou pequenino mas .... é isso aí..... juro que o próximo faço maior.

Bjs e Feliz Natal pra todos e um 2005 espetacular pra vocês....

KyKa