Capítulo 6
O Reencontro
Nem deu muito tempo a porta já estava se abrindo. Kagome estava um pouco envergonhada por ter chegado atrasada e ter deixado Rin esperando-os. Mas a vergonha parou ao encontrar uma figura masculina sentada em frente a Rin fazendo sala para ela. Parecia Inuyasha, mas era mais alto e mais velho. Os cabelos eram prata e os olhos dourados como os de Inuyasha.
'Este é Sesshoumaru! Meu irmão mais velho.' O rapaz não tardou em apresentá-lo para Kagome.
'Prazer!' Kagome disse reclinando o tronco para frente.
'Parece que vocês dois já foram apresentados.' Inuyasha se dirigiu aos dois, não podendo deixar de comentar.
'Claro! Vocês dois demoraram muito. O mínimo que eu podia fazer era dar atenção a sua amiga, irmãozinho!'
'Hump! Tô vendo que foi isso!' Inuyasha resmungou entre os dentes olhando para taça de vinho na mão dos dois.
Rin havia se levantado e ainda com a taça na mão resolveu não perder mais tempo. Sesshoumaru era o homem que a fazia sonhar desde a infância, mas mesmo assim ela nunca havia deixado isso a influenciar a ponto de não lembrar das suas obrigações. Aprendera com os tios a duras penas o que era ter obrigações. Pelo menos isso ela guardou para si e de certa forma agradecia a eles.
'Vocês dois! Esqueceram que nosso tempo é curto?' A garota tentava ser dura, mas Kagome tomou a palavra para se justificar.
'Nos desculpe, Rin. Eu saí mais tarde do trabalho e Inuyasha ficou esperando na agência.'
'Venha, Rin. Deixe esse chato do meu irmão aí e venha comer alguma coisa.'
'Não seja tão mal educado garoto!' O outro se levantou e começou a segui-los até o mesmo destino.
Entraram na cozinha. Era grande. Um misto entre a oriental e ocidental, muito confortável. Sesshoumaru sentou-se a mesa que havia no cômodo e ficou olhando as garotas em pé sem saber o que faziam.
'Sentem-se aqui! A mesa foi posta desde cedo porque o Inuyasha já havia dito que vocês viriam.'
As moças sentaram. Havia lugar para quatro pessoas. Rin se sentou ao lado de Sesshoumaru para deixar que o casal ficasse junto. Sentiu o coração acelerar pela aproximação com o rapaz.
"Que estranho! Nunca me senti assim!" Ela achou engraçado a própria reação mas fez-se crer que aquilo era porque o conhecia desde criança e poderia ter alimentado algum tipo de sentimento infantil por ele tê-la ajudado naquele dia. Comeram em silêncio, mas foi Sesshoumaru que resolveu quebrá-lo.
'Então, vocês estão pretendendo produzir que tipo de propaganda?'
'Na realidade, isso foi uma imposição.' Rin tomou a frente dos outros dois. Quando se tratava da profissão dela, Rin sempre sabia o que fazer ou dizer. Tinha tudo preparado na ponta da língua.
'E o que prendem fazer?' O rapaz perguntou novamente fixando os olhos serenos nos dela. Rin pode ver a profundidade do olhar dele. Eram como dois grandes citrinos a encará-la. Mas ela não perdendo a pose, falou:
'Faz parte da imposição que a peça a ser exposta seja um perfume. Temos que criar um nome e dar um jeito de improvisar o frasco. Depois teremos que fazer uma propaganda que seria veiculada na televisão e tratar de todo o restante da campanha.'
'Hummmm! Perfume!!!!Compreendo' O rapaz ao lado dela falou introduzindo os Hashis com o alimento à boca. Aos mais atentos poderia ver um certo brilho no olhar dele. 'E como farão isso?'
'Isso é que temos que ver!' Rin disse. Kagome ficou perplexa e ao mesmo tempo empolgada pela irmã adotiva. Ela nunca viu a irmã encarar um homem por tanto tempo daquela forma. Mas ao irmão de Inuyasha, ela estava se comportando diferente. Inuyasha chegou perto do ouvido de Kagome e cochichou de forma a só ela ouvir o comentário: 'Parece que está rolando um clima aí! Você viu os olhares?'
Kagome riu e Rin estava tão atenta a conversa com Sesshoumaru que não percebeu os dois cochichando. No entanto, Sesshoumaru, percebeu tudo, mas não quis deixar a namorada do irmão sem graça. Apostou em ficar calado.
'Posso dar uma sugestão?' Com o decorrer da conversa com Rin, Sesshoumaru estava com um brilho nos olhos. 'Eu tenho um perfume que está para ser lançado. O nome dele é Seduction, e é um perfume feminino. Eu tenho alguns exemplares dele. Vocês podem fazer a propaganda para esse frasco e não teria que se preocupar mais com a improvisação de um objeto para o trabalho.'
'Perfeito' Rin estava radiante com a explanação do homem que a encarava fixamente.
'Nossa!' Kagome estava um pouco mais aliviada. 'Que maravilha.' As duas se entreolharam e pararam!
Kagome disse:
'Mas porque tem um perfume para ser lançado!'
'Porque somos donos de um grande magazine que abrange a Asia inteira!' Sesshoumaru disse 'Irmaozinho não contou?' perguntou com um sorriso malvado agulhando o irmão já sabendo que ele havia escondido essa informação das duas.
Inuyasha olhou para o irmão quase o fuzilando, se pudesse agora voava em seu pescoço, mas nem tentava, porque sempre saia perdendo. Kagome um pouco sem graça disse:
'Inuyasha só disse que eram herdeiros de uma empresa, mas nunca comentou mais que isso!'
Rin que estava ali sem graça também, resolveu voltar pro assunto principal, fingindo que nada tinha acontecido.
'Ah então, temos um problema solucionado.' Rin estava sorrindo alegremente. 'Mas....' franziu um pouco a testa.
'E as atrizes?' Inuyasha olhou para Kagome. Um pouco nervoso, já com medo de alguma inquisição.
''Todas as atrizes da agência disseram que não poderiam esse fim de semana ou o restante da semana. Estavam com outras coisas marcadas.' Disse Rin, com ar pensativo.
'Sem estresse.' Inuyasha segurou a mão da namorada.
'Mas qual seria idéia de vocês para a propaganda?' Sesshoumaru estava muito interessado no assunto e Inuyasha.
Rin fechou os olhos e permaneceu alguns segundos em silêncio. Parecia que estava imaginando alguma coisa. Kagome era acostumada com a irmã adotiva mas Inuyasha ou Sesshoumaru não. Ambos os irmãos ficaram estreitando os olhos amarelados na moça que estava tão concentrada na sua imaginação que nem se preocupou com os olhares. Por fim abriu os olhos.
'Podia ser assim: Sedução lembra um ambiente a luz de velas, uma meia penumbra. Lenços esvoaçantes. E ao fundo como se fosse uma miragem, lances, flashes de uma odalisca dançando de maneira sensual e provocante. E uma voz provocante: "Explore seus encantos femininos: Use Seduction!" 'Essa seria uma idéia a ser melhorada ou não. O que acham?' perguntou olhando para todos os presentes.
'Magnífico!' Os olhos de Sesshoumaru brilhavam. Era como um sol. 'Esplendida idéia! Aprovada' Ele estava reluzindo.
'Muito boa idéia mesmo!' Inuyasha parecia estar desanimado. Todos olharam pra ele. 'E onde a senhorita pensa que vai encontrar uma pessoa que saiba dançar isso? As atrizes não podem gravar. Quem vai fazer isso? Eu é que não vou fingir que sou uma odalisca. A Kagome não sabe dançar. Imagino que você também não, porque só pensa em trabalhar. Só se fosse o Sesshoumaru!' Deu uma risadinha sacaneando o irmão. 'Ficaria lindo com essa cabeleira todo ai e essa carinha de donzela!' deu uma gargalhada
'Você não sabe de nada, Inu querido!' Kagome estava rindo da própria idéia. 'Eu sei quem pode fazer!..'
Todos olharam para ela esperando a resposta, mas Rin já sabendo o que a garota ia dizer porque a encarava com um sorriso maroto tomou a palavra primeiro.
'Antes de dizer isso eu vou arranjar alguém, viu dona Kagome. Nem adianta falar isso, não!' Rin a interrompeu colocando a mão dentro da bolsa que tinha presa a saia e retirou de lá seu celular. Começou a discar para um monte de gente perguntando se poderiam fazer o papel. Os dois rapazes estavam de boca aberta reparando na moça que era tão decidida e ao mesmo tempo meiga.
Rin havia ligado para a última pessoa da sua lista e nenhuma poderia fazer as gravações naquele fim de semana. Todas já tinham alguma coisa pra fazer. Rin recolocou o celular no bolso e suspirou desanimada. Kagome deu uma gargalhada alta.
'Você não vai ter escapatória, Rinzinha!!!!' Kagome falava entre um riso e outro. Ela conhecia a irmã melhor do que a própria mão.
'Você quer me explicar o que você quer dizer com isso?' Inuyasha franziu a testa olhando para a namorada. 'É a nossa aprovação que conta com isso, Kagome.' Ele a relembrou.
Kagome se acalmou e começou a se explicar:
'Então.... A Rin sabe dançar isso!'
'COMO?' Os dois falaram ao mesmo tempo.
'A Rin sabe dançar essa dança árabe. E ela dança maravilhosamente bem. Não é verdade, Rin?'
'Você tá me matando de vergonha Kagome.' Rin estava de mau humor.
'Mas foi você mesma quem deu a idéia!' Kagome exclamou rindo novamente.
'Vou pensar em outra coisa.' Pode deixar. Nessa hora Sesshoumaru interviu.
'Essa idéia é esplendida. Eu sou o dono do perfume e quero assim.' continuou falando. 'Na realidade, acho que essa vai ser uma excelente idéia. Inclusive eu mesmo vou ficar assistindo as gravações. Não perderia isso por nada no mundo.' Completou.
Rin ficou de boca aberta. O que ele queria dizer com isso? E porque queria tanto vê-la pagando aquele mico? É isso? Ele queria vê-la pagando aquele mico? Os dois ficaram se entreolhando tentando um estar dentro da mente do outro. Rin tentando descobrir o motivo dele querer vê-la passar por esta situação constrangedora enquanto ele tentava descobrir o que aconteceu com a garotinha tímida que ele conheceu naquele dia fatídico e que fez com que ele mudasse a forma de pensar sobre a sua vida. Enquanto isso Inuyasha cutucou Kagome que ficou feliz por ver a reação dos dois, estava certamente "rolando um clima". E também, agora, ela tinha certeza de que o irmão de Inuyasha era o rapaz que a ajudara quando eram crianças. "O acaso não existe." Pensava.
'Então, está tudo combinado.' Kagome estava animada. Recebeu uma encarada da irmã.
'É isso mesmo, Rinzinha. Agente tem pouco tempo pra fazer isso. Vai ter que ser você mesma.'
'Isso é inacreditável!' Ela resmungava alto.
'Rinzinha foi vítima da própria idéia.' Riu Kagome
'Proponho que terminemos o roteiro e depois poderemos descansar para fazer as gravações amanhã.' Inuyasha bocejou. 'Inacreditável que agente tenha que passar a sexta feira trabalhando. Eu podia estar namorando com minha Kagome.' Inuyasha deu uma cafungada no pescoço dela que a fez estremecer.
'Então, vamos logo.' Kagome disse pegando um papel e uma caneta tentando apressar a todos. Rin acabou rindo do jeito da irmã mas esta falou.
'Claro! Namorar só depois do Inu me contar detalhadamente TUDO sobre sua famímia! Obviamente, não quero mais surpresas!'
Inuyasha olhou para o irmão com olhar de "Você ainda me paga!"
'Baka!' disse
'Cresça e apareça, irmãozinho!'
Gruniu para o irmão que deu uma enorme gargalhada.
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Os três faziam o roteiro enquanto Sesshoumaru ficava olhando e analisando Rin. Esta ficou um pouco constrangida, mas logo se acostumou com aquilo.
Ele reparava no formato do rosto dela. O comportamento era diferente da criança que conhecera quando adolescente. Na época tinha 16 e Rin 12. Ela, a criança tímida e calada, tomou lugar a uma mulher decidida e determinada. O que será que aconteceu? Naquela época era claro que a criança apanhava. Mas agora pareceu que ela estava feliz e animada. Ele descobriria. Mesmo que demorasse, mas descobriria. Era paciente.
Aquele dia fez com que Sesshoumaru pensasse na vida de maneira diferente. A criança com uma das bochechas vermelha fez com que ele visse que os problemas dele não eram nada de mais. Ele pensava como e porque ela poderia ter ficado dormindo no banco da praça. Às vezes, o rapaz alto e de cabelos prata se perguntava o que fazia uma criança falar que precisava economizar o dinheiro da passagem. Era obvio que alguém dava-lhe o dinheiro mas ela preferia guardar para outro fim, talvez um objetivo superior. Ele ficara impressionado como uma pequena poderia ter um objetivo tão claro a ponto de sacrificar-se. Ela mexeu com ele naquela época.
Agora mexia mais ainda. Além de enxergar nela a mesma pessoa que sacrificava algumas coisas pessoais para conseguir uma vida melhor, também via nela algo novo. Ele não sabia ainda o que era, mas não pretendia deixar ela escapar. Queira conhece-la melhor. Queria saber o que a moça tinha no fundo do coração. Ela o deixava intrigado. Algo nela o atraía de maneira inquestionável e por incrível que pareça, não era o magnífico corpo dela. Era algo interno, uma beleza interior. Ele estava disposto a descobrir devagar.
Sesshoumaru estava envolto em seus pensamentos enquanto os três arrumavam os takes da gravação e estruturavam o roteiro. Agora o que mais importava a ele era desvendar os segredos daquela mulher a sua frente. Ele a analisava. O desejo de a conhecer profundamente era muito grande. Inuyasha o olhava de rabo de olho enquanto ele ficava encarando Rin o tempo todo. Ele logo sacou que o irmão se interessara pela moça mais do que o normal. Então, resolveu dar uma mãozinha.
Os três terminaram de montar todas as cenas. Seria um clip sugestivo em que só apareceria partes do corpo da dançarina e os olhos. Sempre com tecidos por toda a sua volta.
Ficou decidido que Inuyasha filmaria e Kagome o ajudaria. Rin seria a dançarina que, mesmo a contra gosto, teve que aceitar. Àquela altura não tinha mais como ela recusar. Mas a verdade era que ela queria participar das filmagens.
As duas moças sairiam com Inuyasha na manhã seguinte para comprar os apetrechos para a filmagem.
'Então, tudo está resolvido! Podemos ir dormir!' Inuyasha se levantou e puxou a namorada para ir consigo. 'Boa noite! Rin, o Sesshoumaru te mostra o quarto aonde vai se hospedar. Tenho certeza ab-so-lu-ta que ele não vai se incomodar.' Havia um tom de sarcasmo na voz do irmão mais novo. Sesshoumaru estreitou os olhos para ele.
'Não está tão tarde. Poderei ir para casa.' Ela disse um pouco embaraçada ao ver os irmãos se encarando. 'Não quero dar trabalho para ninguém.'
'Não será nenhum incomodo, Rin!' Sesshoumaru comentou. 'Será um prazer tê-la como companhia. Fique, poderemos conversar mais um pouco.'
'Está bem!' A moça concordou com um sorriso sem graça.
Kagome sorriu internamente. A irmã adotiva era muito fechada. Não deixava que os homens se aproximassem dela por medo de sofrer. Sempre fora assim. Mas parecia que aquele homem tinha mexido com ela. Kagome estava gostando de vê-la assim.
O casal foi para o quarto deixando um outro conversando na sala.
'Me pareceu que mudou muito desde a primeira vez que a encontrei.'
'Hai. Algumas coisas aconteceram.'
'Você e a namorada de meu irmão são parentes?'
'Ela é minha irmã adotiva. Seus pais me adotaram um tempo depois que te conheci. Mas mudando de assunto...'
"Então, é isso!!!!!" Sesshoumaru começou a entender. Mas ainda era cedo. Paciência era uma virtude.
'...eu estava muito envolvida com o trabalho e tudo o mais, mas agora me ocorreu uma coisa.'
'Sim!'
'Sobre a empresa! Porque Inuyasha nunca comentou nada?'
'Bem, acredito que tenha ficado traumatizado com o que aconteceu comigo na mesma altura em que nos conhecemos em Nagoya! Eu tinha sido vítima de uma namorada que se aproximou de mim com interesse, queria na realidade armar pra cima de nossa família inteira. Acredito que como não queria que acontecesse com ele a mesma coisa decidiu nunca falar pra ninguem sobre o assunto, principalmente depois do falecimento dos nossos pais. Eu mesmo quando estava na universidade tive o mesmo comportamento.' disse enchendo uma taça de vinho branco
'Aceita?' perguntou a moça o que recebeu um sim como resposta.
'Dentre os produtos da nossa empresa há perfumes como já disse anteriormente.' Ele continuava o que dizia. 'Mulheres costumam dizer que é um parque de diversões!' disse e riu
'Pela discrição que você fala parece com a Stradivarius ou algo do gêmero?'
'Sim, Stradivarius também faz parte da empresa! Bem depois te expico isso melhor, é complicado entender. Acho que você vai gostar de saber já que estuda publicidade! Por uma questão de marketing e fragmentação mercadológica dividimos a empresa e temos marcas diferente. Acho que você sabe sobre isso melhor que ninguém!' disse com muita naturalidade.
'Rin estava um pouco constrangida entre os olhos amarelos. Era um pouco apavorante. Ele encheu uma taça de vinho para a garota que estava completamente sem jeito perto dele entendendo e a entregando.
Ele percebeu, mas era impossível não olha-la.
'Ih!' Rin bateu a mão na cabeça lembrando que tinha esquecido alguma coisa. 'Com a correria de hoje eu esqueci completamente de passar em casa e pegar algumas roupas pra eu trocar aqui. Acho que terei de voltar pra casa mesmo.' A realidade era que ela queria fugir dos olhos dele.
'Você está querendo dizer que esqueceu roupas íntimas e roupas para dormir?' disse rindo 'Isso é o que mais temos nessa casa!' continuava a rir-se. Teria que inventar uma outra artimanha para conseguir fugir dele, essa era muito fraca.
Rin balançou a cabeça concordando. Estava envergonhada por isso. O rosto corou levemente.
'Não se preocupe. Eu já volto!'
Sesshoumaru deixou a taça em cima da mesa de canto que havia na sala e Rin ficou esperando o seu retorno. Aproveitou para apreciar melhor a sala.
Era linda, logo a parede da frente a porta de entrada havia uma pintura parecida com as antigas telas japonesas. Estava na parede toda. Era belíssima. A mobília era um misto entre a cultura oriental e a acidental. Haviam sido cuidadosamente escolhidas. O ambiente era harmonioso e elegante.
'Pronto!' Sesshoumaru apareceu com algumas roupas na mão e entregou para Rin. 'O número menor deve dar em você.'
Rin segurou as peças com delicadeza e curiosidade. Eram de um bom gosto muito apurados. Pareciam que nunca haviam sido usadas. Ele deu para ela algumas peças íntimas e duas camisolas. Rin olhou para ele com olhos questionadores. 'Só preciso de uma!' ela disse
'Assim pode escolher a que preferir! Ah! E não se preocupe, são novinhas. Nunca foram usadas.' Ele se sentou e segurou o copo de vinho dando um gole, com leve sorriso entre os lábios.
'Isso estou vendo.' totalmente sem graça disse '... Mas também tem langeries entre sua linha de produtos?'
'Sim. Eu tenho sempre guardado um estoque dos produtos que a empresa cria.'
Rin levantou uma sombrancelha. E como ela ia pagar por aquilo, então? Parecia que o homem era dono de uma importante empresa do Japão. E o mais engraçado era que ele era alguém que ela conheceu quando era criança.
'Mas, desculpe-me. Eu não poderei pagar todas essas peças.' estendeu as roupas para ele.
'Não se preocupe. Eu me lembro bem da garotinha que economizava o dinheiro da passagem para fazer alguma coisa mais importante. É um presente. Aceite, por favor. É o mínimo que posso te oferecer por ter me ajudado naquele dia.' Ele falou agradecido.
Rin estava muito confusa. Como assim ela o tinha ajudado? Ele quem a acordou na praça e deu carona pra ela e depois daquele dia ela conseguiu se livrar dos malditos tios. Ela estava ficando deprimida. Começou a se lembrar dos fatos que ocorreram no passado. Ela nunca se lembrava daquilo, mas ele trouxe pra ela esses fatos. Mesmo assim ela não queria se afastar dele.
Os olhos dela começaram a se encher de água. Ela estava tentando parar com aquilo. Depois de dez anos aquele assunto ainda a fazia sofrer.
Sesshoumaru viu a expressão dela e os olhos marejados. Correu para sentar-se ao lado da moça.
'Me desculpe. Eu não quis te ofender. Me perdoe.' Ele limpou algumas lágrimas que estavam escorrendo pelo rosto dela. Quando ele tocou os dedos em seu delicado rosto, Rin se emocionou ainda mais. Estava completamente frágil perto dele. Ele havia furado várias barreiras que ela criou para se proteger. Rin não conseguia entender como ele conseguiu fazer isso em tão pouco tempo. Estava se sentindo nua na frente dele. Desprotegida. Algumas lágrimas furtivas escorreram de seus olhos. Sesshoumaru não sabia o que fazia com ela, mas intuitivamente ele a puxou para perto de si e a abraçou com força. Como se a quisesse proteger de algum mal. Ela ficou encolhida. O perfume e o calor dele foram a acalmando e o choro foi cessando. Mas Rin não queria sair dos braços dele. Os dois ficaram sentindo um ao outro por alguns minutos.
´Já me sinto melhor. Não se preocupe.' Ela disse e se afastou um pouco, olhando nos olhos dele. "Deus, como são lindos!"
'Eu é que sou uma boba mesmo.' Ela disse para tentar desviar dos olhos dele. Se continuasse assim começaria a ficar perigoso.
'Claro que não. Eu devo ter dito alguma coisa que a ofendeu.' O rapaz estava apreensivo.
'Não. Não foi nada. Eu só lembrei de fatos do meu passado. Eu nunca ousei conversar com ninguém o que sentia ou como me sinto depois de tudo.'
'Se precisar de mim, estarei sempre aqui, pronto pra te ouvir. Realmente não sei o que aconteceu, mas faço uma idéia. Se você quiser desabafar se sentirá melhor. Eu estarei sempre do seu lado, não importa o que tenha acontecido.' Ele falou com certa ternura. Rin balançou a cabeça concordando. Talvez fosse realmente melhor falar com alguém sobre o que aconteceu e como ela se sentia. Depois que tudo aconteceu, Rin nunca expôs os sentimentos nem mesmo para Kagome.
'Só que não consigo entender como eu te ajudei, se naquela época, você é quem foi um anjo pra mim.' Rin falou em um tom baixo.
Como aquela garota tinha o poder de falar coisas que o faziam ficar em choque. "Anjo! O que será que ela quis dizer com isso?" Sesshoumaru ficou alguns segundos tentando assimilar o que acabara de ouvir.
'Eu um anjo? Você sim foi um anjo pra mim!' Ele disse. 'Eu estava passando por aqueles problemas com Kagura. Mas quando te conheci, e você era uma criança perto de mim e parecia que passava por algumas situações que eu nem sonhava que existiam fez meus olhos se abrirem. Eu nunca a esqueci. Por todos esses longos anos suas palavras ficaram cravadas na minha cabeça. Sou grato a você. Gostaria de lhe agradecer de alguma forma.'
Rin estava estupefata. Não sabia o que falar para aquele homem que estava segurando suas mão com ternura. Esse era o terceiro encontro deles, mas em tão pouco tempo, parecia que alguma coisa fazia com que ela tivesse ficar mais próximo a ele. Era como se aqueles olhos fossem ímãs que a deixavas presa a eles.
'Sabe?' ele disse, 'Mesmo que tenhamos vidas diferentes e vivamos situações diferentes parece que tem alguém mexendo no destino para nos fazer encontrar nas formas mais diferentes.'
'É! Isso é realmente engraçado.'
'Temos muito o que conversar, mas acho que deve estar cansada. Quer tomar um banho?' Ele perguntou.
'Aceito sim. Mas antes preciso te dizer uma coisa...'
Rin respirou profundamente como quem tenta pegar inspiração e coragem para falar o que pretendia. Sesshoumaru cravou os olhos nela com atenção. Como era linda!
'Preciso agradecer. Naquele curto período em que nos conhecemos, aconteceram muitas coisas. Você realmente me ajudou. Eu lhe agradeço do fundo a minha alma por tudo que me fez.'
Sesshoumaru estava com uma vontade louca de abraçar aquela pequena. Mas naquele momento era impossível. Era a terceira vez que a via. Mas para ele paciência era uma virtude.
'Bem... Agora aceito o banho que me ofereceu!' Ela disse tirando Sesshoumaru de seu torpor.
Ele a levou ao quarto de hóspedes. Era uma suíte. Rin agradeceu recurvando o tronco para frente e se despediram. O restante da noite foi tranquila, cada qual em seus aposentos.
Mas, Sessoumaru havia deixado uma Rin um pouco perdida em seus pensamentos. Como ele conseguia mexer tanto com ela desde criança. Ela ficou pensando na cor ouro dos olhos e acabou adormecendo entre um pensamento e outro.
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