Disclamer: Saint Seiya não me pertence e esta fic não tem fins lucrativos.

Comentários da Autora: Gostaria de agradecer a todos que estão lendo esta fic. Confesso que pensei seriamente em acabar no capítulo anterior, mas, num ataque resolvi continuar. Aviso que ando em crise criativa e por isso mesmo não garanto uma linha do que virá a seguir. Se porventura eu estragar a fic, por favor só considerem os três primeiros capítulos e me avisem, please. Ajudem uma pseudo-escritora a sair de sua crise. Abraços a todos.

E o depois sempre chega...

Somente quando consegui controlar minha respiração pude perceber que ainda estávamos no chão. Havia sido tão perfeito. Este sempre fora o meu desejo, mas eu nunca imaginaria que também fosse o desejo dele. Camus sempre foi tão seco, tão frio, e sempre foi o meu melhor amigo. Aquele que mesmo em silêncio sempre esteve ao meu lado. Aquele que sempre velou por mim. Aquele que tentou colocar um pouco de juízo em minha cabeça ligeiramente oca. Peraí, acho melhor parar com esse curso de pensamentos. Estou ficando um maníaco depressivo pós sexo perfeito. Que coisa horrorosa!

Olhei para o lado com um sorriso do tamanho do mundo em meu rosto.

- Camus, assim como quem não quer nada, não seria um pouco mais confortável se deitássemos na cama.

- Oui mon ange, mas achei que você estivesse com algum problema de coluna e preferisse o chão duro.

- Pingüim, quem faz piada sem graça aqui sou eu! Desde quando começou com esse senso de humor deturpado, hein?

- Desde que comecei a andar com você, amostra grátis de veneno.

- Amostra grátis de veneno! – olhei para ele indignado com uma careta.

- Ué, você pode me colocar apelidos cretinos tipo "freezer portátil", "pingüim", "ar condicionado particular", e eu não posso nem colocar um apelidozinho de nada que você me olha com essa cara de "quem-é-esse-lunático-na-minha-frente"?

- Você pode colocar em mim os apelidos que desejar, só não estou te reconhecendo, roubaram meu Iceberg e colocaram um clone engraçadinho no lugar.

- Engraçadinho e gostoso, vai, admita!

- Ta, eu me rendo. Engraçadinho, gostoso e apaixonante! – falo levantando as mãos como se estivesse sendo abordado pela polícia depois de cometer algum delito. Eu decididamente não conhecia esse novo Camus que estava se mostrando agora, mas estava adorando. Era mais uma faceta do sisudo e misterioso Cavaleiro de Aquário. A cada momento que eu o observava, descobria mais e mais dessa complexa personalidade e ficava cada vez mais fascinado.

Muita gente inclusive ele, eu sei, pensa que eu sou leviano, superficial, infantil... Sob muitos aspectos, estão completamente corretos, mas, aqui dentro eu não sou tão simplório quanto pareço ser. Aqui dentro eu sou capaz de amar, sentir, sofrer, observar, raciocinar com uma maturidade que a muitos surpreenderia, mas muitas vezes não é interessante que as pessoas saibam que sou capaz de amar de verdade.

Ele de repente levanta-se do chão e me estende sua mão me ajudando a levantar também. Senta-se na cama e me convida a sentar com ele.

- Mon ange, este presente que me deu, foi o melhor presente que eu poderia ganhar em toda a minha vida. Este filme é muito mais que um filme. Ele sou eu, tudo aquilo que faz parte dos meus mais profundos sentimentos você conseguiu resumir ali. Sem faltar nada. Nunca pensei que existisse alguém no mundo que me conhecesse tão bem ou melhor do que eu mesmo. Muito obrigado. Muito obrigado por você me provar que eu posso ser importante e representar algo. Muito obrigado por me amar como eu te amo.

Quando ele acabou de falar eu já estava em lágrimas. O aniversário era dele e quem ganhava o presente era eu. Ele me amava. O que mais eu queria. Eu queria pular, gritar, pendurar uma faixa enorme no relógio do Santuário, mas o babaca aqui só conseguia ficar sorrindo como um bobo alegre e lágrimas idiotas escorriam pelo meu rosto silenciosamente.

Ele se aproximou de mim e limpou minhas lágrimas delicadamente com pequenos beijos.

- Por favor, não chore... Este é um momento de felicidade.

- Valham-me os Deuses, Camus, e você acha que estou chorando de quê? De dor? De depressão? Se liga! – e dou um pequeno tapinha na testa dele – É lógico que estou chorando de FELICIDADE... Não sei se você sabe, mas as pessoas normais vez ou outra choram de felicidade.

Ele gargalhou novamente e eu novamente fiquei olhando com cara apatetada para ele. Isso já estava virando hábito.

- Eu sei que as pessoas choram de felicidade, pode não parecer, mas eu mesmo faço isso as vezes. Mas mesmo assim, as lágrimas me entristecem. Venha, vamos nos vestir e aproveitar um pouco mais o dia. Acho que agora eu aceito aquele sorvete que você me ofereceu...

- Camyu... eu queria tomar um banho primeiro... – falei baixinho, meio sem graça... digamos que eu estava meio melado, por assim dizer. Ele olhou para mim meio desconcertado. Ele, o senhor certinho-tudo-no-lugar, esquecera que o "amor" faz lambança...

- Pardon mon ange, acho que estou meio avoado hoje. Culpa sua meu belo. Me tira do sério. Venha, vamos tomar banho.

Ele me arrasta pela mão para o banheiro de seu quarto. Eu nunca havia entrado naquele banheiro. Já havia ido ao quarto de Camus uma ou duas vezes em minha vida aguardando que ele se vestisse para sairmos, mas nunca entrei no seu banheiro particular. Era simplesmente lindo! Todo em mármore branco, uma banheira de hidromassagem circular enorme e uma das paredes era completamente de vidro e, sentado na banheira, era possível ver toda paisagem do Santuário. Estanquei e fiquei observando.

- Venha Milo, entre. O que houve? Não gostou?

- Não gostei? Eu simplesmente amei. Este banheiro é lindo... Mas...

- A parede? Te incomoda? Eu posso fechar. Mas é impossível pelo lado de fora ver o que acontece aqui dentro. Mas imaginando que pudesse incomodar alguém coloquei um painel que a fecha.

- Quer dizer que imaginava que poderia trazer alguém aqui? – falo com as mãos na cintura visivelmente enciumado.

- Claro! Não estou te trazendo aqui, tontão? Eu sei que apesar desse seu jeito saidinho você é um tremendo quadradão e imaginei que essa parede pudesse te incomodar...

- Quer dizer que pensou em mim quando reformou sua casa?

- Milo de Escorpião, não sei se já te disse isso, mas eu te amo. E te amo a muito tempo, mais tempo do que sequer consigo me lembrar. E tinha certeza, assim como sempre soube que venceríamos Hades, que um dia, não importasse o quanto demorasse, eu ainda te teria.

- Realmente eu sou um tontão mesmo. Eu aqui imaginando que quando visse o filme me transformaria em uma linda estátua para decorar o Santuário.

- Vamos deixar de lado esse papo. O passado não mais importa, pelo menos não neste momento. Quer que eu feche a parede?

- Você tem certeza absoluta que é indevassável?

- Você sabia da existência dela?

- Não.

- Tenho certeza que já observou meu templo de todos os ângulos e nunca percebeu a existência dela. Então é porque é realmente indevassável.

- Como você a esconde?

- Holograma. Alta tecnologia. Simples.

- E caro.

- Oui, caro. Mas podemos nos dar a certos luxos, non?

Eu simplesmente ri e sentei na borda da banheira enquanto ligava a água e ajustava a temperatura a meu gosto. Fiquei brincando com os pés no fundo da banheira olhando para a paisagem. Era simplesmente lindo.

Percebi o susto dele ao entrar em meu banheiro. Ele era a primeira pessoa além de mim e de minha serva que entrava ali. Eu imaginei que meu cantinho de prazer fosse criar aquele choque. A casa de Aquário era uma das menores casas do Zodíaco. Eu contava com apenas uma sala, uma cozinha e um pequeno escritório na parte inferior e na parte superior com dois quartos. Na obra de reconstrução do Santuário dividi minha sala em dois ambientes com um sofá uma estante com alguns livros e um som e uma bela mesa de jantar com um pequeno aparador. Meu computador, minha papelada, arquivos e o restante dos livros foram acomodados no escritório, que cumpria fielmente sua função. Os dois quartos do piso superior foram transformado em apenas uma enorme suíte. Ficou simplesmente perfeito.

Milo agora estava sentado na borda da banheira brincando com a água olhando para a bela paisagem que se descortinava a sua frente. Depois que passara o constrangimento por estar em um banheiro cuja parede era completamente de vidro, ele estava aproveitando a sensação de amplitude dada por toda aquela paisagem a disposição dos olhos. Sentei-me a seu lado e coloquei meu pé na água.

- Hei! Você quer me cozinhar?

- Cozinhar? A água está até um pouco fria.

- Fria! Quer dizer que você toma banho mais quente que isso?

- Claro. Mas como hoje está calor fiz uma pequena concessão.

- Creio que será impossível aproveitarmos esse banho juntos, mas te farei companhia mesmo assim, deixe-me apenas tomar uma ducha.

Se aquela era a água fria de Milo, não queria nem pensar na quente. Entrei numa ducha completamente gelada. Aquilo sim era água gelada. Maravilhosamente fria. Senti-me revigorado, melhor dizendo, pronto pra outra. Enrolei uma toalha na cintura e sentei no deck que circundava a banheira. Poderíamos conversar enquanto ele virava cozido de escorpião. Será que era um prato saboroso?

- Venha Camus, não está tão quente assim...

- Acho melhor não. Está confortável aqui. Olhar para essa paisagem, olhar para você. Nunca me canso de fazer ambos.

Ele estava conseguindo me deixar completamente sem graça. Nunca pensei que Camus pudesse ser tão direto. Eu não estava realmente preparado para isso. Desviei meus olhos para a paisagem e comecei a falar como se estivesse falando comigo mesmo.

- Eu apostei alto vindo aqui hoje. Por mais que tentasse adivinhar o que poderia acontecer apenas incógnitas apareciam a minha frente. Muitas vezes cheguei até a sua porta e voltei no mesmo pé, ou apenas inventei uma desculpa boba para vê-lo e nunca dizia o que realmente queria e devia dizer. Talvez meu maior medo não fosse de você. Eu sabia que mesmo que não me quisesse nunca seria capaz de fazer-me realmente mal. Meu maior medo era de mim mesmo, de meu amor por você. Sei lidar com o desejo, sei lidar com o sexo, mas não sei lidar com o amor. Não sei o que fazer com essa coisa enorme que toma todo meu peito e minha alma fazendo com eu deixe de me pertencer. Posso estar parecendo um tolo falando todas essas coisas, mas eu precisava colocar para fora tudo que me incomodava e que estava entalado na minha garganta. A cada dia via mais o tempo passar e via que tinha que tomar uma atitude. Fazer algo. A cada nascer do sol eu sabia que o dia que findou poderia ter sido o derradeiro e que aquele dia que estava nascendo já poderia ser tarde demais, mas eu simplesmente me entreguei à inércia como um drogado se entrega ao vício. Quanta tolice, quanto tempo perdido. Mas eu sei, agora, que serei feliz.

Eu ouvi tudo que ele tinha a dizer e, em alguns momentos, me perguntei se era realmente de seu amor por mim que ele falava. Percebi que Milo era muito mais complexo, profundo e introspectivo do que eu imaginava. Percebi que ele era realmente fechado, e eu achando egoisticamente que eu era o fechadão. Tolo fui eu. Quantas dúvidas, quantos medos, quanta insegurança perfeitamente disfarçadas em risos, irresponsabilidades, festas e bebedeiras. A cada momento eu, o homem de gelo, me derretia mais e ficava mais e mais enfeitiçado por aquele veneno. Quando dei por mim ele estava olhando para meu rosto com uma expressão intrigada.

- Você não ouviu nada do que eu disse, não foi?

- Engano seu, mon ange. Prestei mais atenção do que você pode imaginar.

- Você parecia tão longe...

- Realmente eu estava longe. Estava entendendo a você e me entendendo também. Percebi o quanto te amo e o quanto preciso de você ao meu lado. Percebi também o quanto esse escorpião venenoso pode ser mansinho como um passarinho...

- Percebeu coisas demais Camus... Que tal mantermos esse seu recém descoberto talento de domesticação de animais peçonhentos em segredo?

- Desde que você prometa manter em completo e absoluto sigilo a receita para derreter o gelo eterno, negócio fechado.

E selaram aquele dia, as descobertas, o relacionamento vindouro com um beijo casto e simples que exprimia tudo que se passava na alma daqueles dois homens que descobriram o amor em meio a adversidade.

P.S. – Creio que vou parar por aqui. Sem continuações. E espero realmente que esse capítulo não esteja completamente dissonante do restante da fic, mas ele reflete um pouco do momento que vivo, dos conflitos que tenho... mas isso é uma outra história... rs... Só a título de curiosidade. Este capítulo tem praticamente o tamanho dos outros três somados... rs... Chega... já escrevi demais...

- Escreveu, é?

- Você pode me dizer o que você está fazendo aqui, Escorpião maluco?

- Quem te autorizou a contar meus pontos fracos assim, sem mais nem menos?

Ops... a autora olha para um lado, olha para outro, desconversa...

- O dia está tão lindo hoje, não acha?

- Nem vem com esse papinho de tempo não... Estou esperando... Qual vai ser a sua desculpa, hein? – A unha do nervoso escorpião começa a ficar vermelha e a crescer...

A autora se levanta da cadeira correndo...

- Mu! Mu! Socorro... uma parede de Cristal pelo amor dos deuses...

- E ai, Shaka? Ajudo ou não?

- Ajuda não Muzinho... Ela não fez uma fic de presente de aniversário para você!

- É verdade... é verdade...

- Shaka, seu traidor... vou transformar sua catapora em sarampo e te fazer virar monge de vez!

- Pensando melhor... dá uma forcinha pra ela meu amor...

E a autora respira aliviada atrás da parede de cristal de Mu.

Gente até a próxima!