Deixe-me cuidar de você

por Nina Neviani

O amor parecia estar presente em todos os que estavam naquela sala. "Menos em mim", pensou. Talvez porque fosse o único que estava desacompanhado. Seu irmão, Shun, estava com June; Shiryu estava com com Shunrei; Hyoga com Eire. E mesmo Seiya, que estava inerte em uma cadeira de rodas, tinha Saori. Aliás, a sugestão de todos estarem ali, no orfanato "Filhos das Estrelas", partira dela. A deusa decidira "comemorar" com os cavaleiros de bronze o período de paz que estavam vivendo desde a derrota de Hades.

Saori tinha escolhido justamente aquele local por achar que Seiya talvez sentisse a atmosfera familiar. Ela queria agradá-lo mesmo que, aparentemente, ele não pudesse sentir.

Ikki deixou a sala e foi para os jardins.

O sol iluminava a tarde e ele lembrou-se de quando vivia ali. Sim, passara por momentos difíceis no orfanato, mas também vivera momentos alegres quando ainda era um garotinho inocente. Era difícil para ele mesmo acreditar que um dia fora inocente.

Uma voz interrompeu o momento nostálgico. Virou para a direção da voz e uma sombra de um sorriso surgiu em seus lábios. "É ela!" que ao longe dava uma bronca em dois garotos. Recordou-se de quando ela, com a idade daqueles garotos, dava broncas nele.

Tanto a voz, quanto os gestos da atual Minu era assustadoramente parecidos com os da pequenas Minu. "Será que ela, ao contrário de mim, mudou tão pouco?"

"E por que, desde que nós chegamos, ela não entrou na sala?"

Ele queria ter coragem para percorrer aquela pequena distância e dizer: "Olá, Minu! Como vai? Estou vivo, como te prometi, anos atrás, nesse mesmo orfanato."

Isso, se ela lembrasse daquela promessa. Para ela, provavelmente, não foram mais do que tolas palavras. Já para ele, essas mesmas palavras foram o incentivo nos momentos críticos.

Um suspiro frustrado escapou. Não tinha coragem. Deu as costas para a cena, sem que nenhum dos três notasse a presença, a poucos metros dali, do cavaleiro.

Era ridículo! Ele era Ikki de Fênix e não tinha coragem de falar com uma amiga de infância. "Como se ela fosse apenas isso pra você!."

Tinha andado mais alguns metros quando seus treinados ouvidos de cavaleiro ouviram algo parecido com um choro. Olhou para cima e viu, em um árvore próxima um menino sentado em frágil galho de uma grande árvore.

– O que você está fazendo aí em cima? – perguntou. Contudo, arrependeu-se logo em seguida.

O menino assustou-se e perdeu o equilíbrio. Para tentar recuperá-lo, apoiou-se mais firmemente no galho, que não suportou o peso e partiu-se. E caíram os dois. O garoto primeiro e depois o galho.

Ikki foi rápido e conseguiu apanhar o menino e usar o seu próprio corpo como um escudo, de maneira que o menino escapou ileso.

Quando ia perguntar se o garoto estava bem, escutou a familiar voz:

– Vocês estão bem?

O garotinho, que já estava de pé, respondeu com uma voz ainda amedrontada.

– Eu, estou bem, Minu.

Ikki, porém, continuou de costas para Minu, sem sequer emitir um som, ou mover um músculo.

O silêncio permaneceria se Minu não tivesse ordenado, com um simples olhar, que o menino agradecesse o cavaleiro. O menino quebrou o silêncio dizendo:

– Obrigado por ter me salvado.

– Não faça isso de novo. É perigoso. – o garoto assentiu. Ikki, ainda de costas para Minu, começou a andar. O que a fez falar:

– Eu gostaria de falar com você, Ikki. – e hesitando, acrescentou – Se você, puder.

Ele parou de andar e confirmou com a cabeça, sem, no entanto, voltar-se para ela.

– Kazuo, junte-se aos demais. depois conversarei com você. – o menino novamente obedeceu-a prontamente.

Quando já estavam a sós, ela disse:

– Será que você poderia ao menos olhar para mim?

continua...


Nota da autora: Olá! Como vão os meus queridos leitores?

Sem muitas considerações sobre esse capítulo. O próximo será o último. Aliás, esse era pra ser o último mas como eu nunca consigo seguir o número de capítulos que pre-estipulo, está tudo bem.

Acho que é isso.

Agradeço as reviews postadas e as que ainda serão!

Beijos!

Nina Neviani