Snarry, pré-slash, escrita num rompante de inspiração, acho que as musas vão voltar a sorrir para mim... e talvez isso seja uma intodução para algo.Mas não se preocupem, estou trabalhando para finalizar as mais antigas e provavelmente amanhã tem atualização em massa. É só um aperitivo.
Você não entende, não é?
-Você não entende, não é?-Disse a voz rouca ecoando pelo lugar frio e escuro como um túmulo de pedra.
Ficou em silêncio, não imaginava como ele poderia ter pressentido sua presença se como sempre seus passos eram praticamente inaudíveis...
-Como soube que eu estava aqui?- perguntou displicentemente com uma leve nota de censura.
Ele baixou de leve a cabeça, talvez concordando, despertando ou sorrindo... quem saberia? E apenas respondeu.
-Um bruxo suficientemente poderoso sempre pressente outro... é assim que você vem me espiar na hora certa nos últimos meses...
Foi quase um golpe... tanto tempo de observação e fora pego... talvez a displicência estivesse pesando agora.
-Fazem meses?- tentou fingir que não se abalara com o comentário.
-Três e alguns dias para ser quase exato.- disse o outro sem se mover.
O ambiente parecia ainda mais tumular agora... tanto tempo, nessa agonia desmedida.
-Eu não entendo.- admitiu.
-Eu olho-o porque é onde está tudo que me importa.
-A vida continua.-Falou de modo lento.. quase pensativo.
-Isso é um clichê. Se fosse verdadeiro... o que você está fazendo aqui? Que não está vivendo sua vida, é um homem livre... finalmente livre, com reconhecimento, um herói, por mais que odeie adimitir.
-Você também é um homem livre... reconhecido e herói.
-Então porque diabos estamos definhando escondidos do mundo nas entranhas do ministério, no meio do departamento dos mistérios?- o outro levantou dando finalmente as costas para o seu objeto de contemplação diário, o véu da morte.- Porque você definha dia e noite em seu canto abençoado, atrás de seu trabalho, como se estivesse procurando algo?
-E você definha dia e noite olhando algo que não mudou nada, desde aquele dia?
-Porque somos malditos.- disse ele subindo os degraus.- Fantasmas corpóreos... mortos em vida.- disse ele subindo.
-Mas ainda vivos.
-Será que isso faz diferença?
Olhou-o nos olhos, agora ambos tinham praticamente a mesma altura.
-Deveria fazer...
-Deveria... você ainda procura perdão, procurando a cura para os enlouquecidos, Severo, suas poções são milagrosas, você salvou muita gente... você tem conhecimentos insubstituíveis... você merece estar vivendo.
-Você salvou todos, Harry... você é jovem, se tornou poderoso, muitos vivem felizes por sua causa... acima de tudo, você conquistou o direito de viver.
O homem de olhos verdes sorriu sem felicidade alguma e continuou andando.
-Viver para quê? Todos os que me importam acabaram do outro lado do véu... minha vida... é vazia. Sem sentido algum.
Os passos continuaram a subir os degraus de pedra da sala da morte.
-Você não entende, não é?- sua voz ressoou mais forte.
Virou-se para encarar o homem de olhos verdes que se virou lá no topo ao escutá-lo.
-Aqueles que eu amei... por quem me importei, igualmente estão do outro lado.- disse grave.
O homem de olhos verdes lançou mais um olhar abaixo, não nele, mas no véu que ainda estava ali... então deu as costas e saiu.
"Você não entende, não é?"
