Longe do Paraíso

Disclaimer: Personagens e lugares pertencem a J.K. Rowling e à Warner Brothers – exceptuando aqueles que foram criados por mim. Esta fanfic foi escrita sem quaisquer fins lucrativos e quaisquer semelhanças com outras histórias não passam de meras coincidências.

Spoilers: PF, CdS, PdA, CdF, OdF

Avisos: Fanfiction não apropriada para menores de 13 anos por conter algumas cenas de violência e vocabulário pouco apropriado.

Sumário: No cenário duro do pós-guerra foi cometido um horrível crime e um Devorador da Morte é preso e condenado, acusado de homicídio. Porém, existem pontas soltas que não se encaixam no puzzle e uma Auror tem agora a difícil tarefa de descobrir a verdade antes que seja tarde demais.


Capítulo III

A excitação dos Aurors naquela manhã de quarta-feira continuava no seu ponto máximo. O facto de terem já um nome dava-lhes ânimo para prosseguirem o seu trabalho em busca do homem suspeito.

No entanto, três feiticeiros encontravam-se aparte dessa agitação imensa. Harry, Hermione e o chefe de ambos, Oliver Gordon, tinham-se trancado no cubículo dela logo após a revelação.

- Bem, Granger, você anda mesmo obcecada com este assunto! – observou Gordon ao reparar nos recortes de jornais que noticiavam o assassínio de Isobel afixados em todas as paredes.

- Mas agora está perto do fim! – afirmou o moreno de olhos verdes com um sorriso confiante de vitória, transportando uma chávena de chá até à amiga sentada à secretária. – É apenas apanharmos o canalha do Malfoy e chegámos ao fim desta odisseia. A morte de Isobel estará vingada!

Hermione não disse nem uma palavra. Apoiando os cotovelos no tampo da secretária, massajou as têmporas e fechou os olhos por um curto momento. O silêncio reinou no local durante esse período de tempo.

- Malfoy... – gemeu ela, quebrando por fim o calmo ambiente. – Estou com umas ganas de lhe bater que se o visse à minha frente era capaz de perder a cabeça! Agarrava-o pelo pescoço e...

- Isso não nos levaria a lado nenhum! – cortou o chefe com um tom firme. – O que interessa agora é saber onde é que ele está para o prendermos e o levarmos para apodrecer em Azkaban. Sim, porque com um crime destes não acredito que cumpra menos que prisão perpétua!

A jovem levou a chávena que Harry lhe trouxera aos lábios e deu um gole. Só quando sentiu o sabor do chá é que se lembrou que ainda há pouco o tomara ao pequeno-almoço, mas não foi capaz de o mandar de volta.

- Portanto, nós temos a certeza que é o Malfoy quem nós procuramos como o assassino de Isobel?

- Tudo aponta para isso, amiga! – concordou Harry, cruzando os braços frente ao peito e encostando-se a uma parede. – A descrição que Katrina nos fez – um homem louro, pálido, de olhos azuis – corresponde a ele e, na verdade, já se comprovou que o desenho é muito semelhante à pessoa em questão! A nossa saída é levar a melhor testemunha deste caso a tribunal, porque eu tenho a certeza que ela irá confirmar que o homem que viu é o homem que se senta na cadeira bem na frente dela.

«E, claro, temos ainda o copo! Os responsáveis pela análise confirmaram que a impressão digital é dele, sem quaisquer dúvidas. Por que razão foi Malfoy a casa dos Vance, mais precisamente, ao quarto da vítima? Não me parece que Isobel o tenha convidado para tomar uma bebida no quarto dela!»

- Mas as fotografias também são uma boa indicação! – apontou Gordon, mirando as fotos que Hermione descobrira no dossier sobre a vítima. – Olhe aqui, Potter, apesar da escuridão e da distância, parece-me que aqui este do canto esquerdo tem o cabelo bem mais claro que os outros dois. Isto sem falar que quando se põe de perfil – como agora! – o recorte da face é extremamente parecido ao recorte do perfil do suspeito. Excelente! A sua história faz todo o sentido, Granger, e acredito que foi isso mesmo que se passou!

Fechou o dossier com algum estrondo e colocou-o sobre a secretária. Na sua cara redonda, desenhou-se um largo sorriso de encorajamento.

- Tenho de lhe dar os parabéns por este trabalho! Desde o copo de cristal até às fotografias, está simplesmente de parabéns por tudo o que fez e é exactamente por isso que é meu desejo que seja você, Miss Granger, a presidir o julgamento para castigar o suspeito pelo seu crime.

Ela levantou a cabeça e encarou os olhos amendoados do chefe. Sabia bem que era Gordon quem costumava estar presente nos julgamentos e sentia que aquele convite era uma enorme honra para si. Era como uma vitória pessoal e podia daquela maneira realizar dois desejos de uma só vez: presidir a um julgamento e ver Draco Malfoy, o seu maior inimigo dos tempos de escola, espalhar-se ao comprido à sua frente. Poderia ela pedir mais do que a oportunidade que lhe era oferecida naquele exacto momento?

Ainda surpresa com o pedido inesperado, Hermione agradeceu ao seu chefe o voto de confiança. Atrás da sua figura corpulenta, Harry observava ambos com uma mescla de surpresa, alegria e admiração a bailar-lhe na face.

- Bom – Gordon cortou o momento de descontracção entre o trio e adquiriu uma faceta mais dura. – aqui trancados não fazemos nada! Vá lá, os dois lá para fora e vamos encontrar o paradeiro daquele pequeno patife imediatamente. Deixem-me orgulhoso de vocês uma vez mais.

Bebendo o último gole de chá de tília num instante, Hermione saiu do seu gabinete na companhia do amigo de olhos verdes. Preparando-se para umas horas de árduo trabalho, os dois aproximaram-se de um grupo de três colegas que se debruçavam sobre dois mapas numas das várias secretárias do Quartel, onde dois deles discutiam a alto e bom som.

- Porque dizes tu que ele pode estar fora do país se não há quaisquer registos de tal ter acontecido? – bradava Fred Nicholson, um feiticeiro alto e jovem, de cabelo castanho e algumas madeixas loiras, que se encontrava ainda "à experiência" no Ministério.

- Ouve lá, se tu fosses um Devorador da Morte e fugisses do país, fazias as coisas às claras para todos te descobrirem? – respondia-lhe uma outra Auror, Natalie Franchise, uma trintona de cabelos alourados, cujos olhos brilhavam por detrás de uns óculos de armação azul-marinho. – Não! O segredo está em pensar como eles!

- Mas que vem a ser isto? – interrompeu Harry, afastando os dois feiticeiros envolvidos na discussão. – Querem ser ouvidos no Pólo Norte ou quê?

- Desculpa, Harry, parece que aqui os nossos dois colegas não estão a conseguir controlar as suas emoções! Mr. Nicholson, lembro-lhe que sou o seu supervisor aqui no QG e sou eu quem informa o chefe da sua prestação nesta equipa; veja lá se tem maneiras! – avisou Jimmy Harris, também presente no grupo, deitando-lhe um olhar reprovador que em breve trocou por um de felicitação ao reparar em Hermione. – Hey, parabéns, colega! Já soube também da história das fotografias. Fico muito contente por tudo o que conseguiste, principalmente por o teres feito a partir de um relatório meu!

- Até é de admirar como é que pudeste esquecer algo daquela natureza! – censurou a jovem, abeirando-se do mapa que estudavam. – Uma coisa tão importante: declarações, fotos,...

Jimmy, um rapaz de 27 anos, cabelo escuro cortado à escovinha e dentes da frente ligeiramente tortos em relação ao normal, encolheu os ombros e tentou desculpar-se da acusação da colega:

- Já devias saber como é a minha memória! Entre tantos trabalhos desde aquele dia, nunca mais me lembrei daquilo...

- Bom, vamos mas é tratar de encontrar o Malfoy, que atrasos em tarefas já temos suficientes! – queixou-se Harry, que ainda não perdoara aos especialistas o facto de terem necessitado de quase uma semana para examinarem uma impressão digital num simples copo. – Que discutiam vocês, Mr. Nicholson, Mrs. Franchise?

Com a eloquência característica, Natalie explicou aos dois colegas que, na sua opinião, o facto de não existirem registos de saídas para lá das fronteiras nacionais não significava exactamente que Draco Malfoy permanecia ainda no Reino Unido. Querendo passar despercebido, ser-lhe-ia fácil fugir do país sem ninguém o perceber e poderia muito bem estar naquele exacto momento num outro país qualquer, o que dificultaria a operação de busca.

- E muito... – concordou Harry, cuja especialidade era a procura e captura de infractores, desde ladrões a Devoradores da Morte. Coçou levemente a nuca com um ar pensativo. – Se ele fugiu do país, será impossível encontrá-lo sem qualquer ajuda internacional!

- Se ele fugiu, estamos simplesmente lixados! – suspirou Jimmy. – Até encontrar um fugitivo apenas em Londres é difícil, imagina no mundo inteiro...

Fred agarrou alguns pinos vermelhos e começou a assinalar num mapa nacional os locais onde o suspeito fora visto nos últimos tempos. A sua colega de discussão dedicou-se ao estudo de um mapa-múndi, torcendo o nariz enquanto os seus olhos miravam a extensa área dos cinco continentes. Hermione abanou a cabeça; sabia bem que só trabalhando em equipa é que o trabalho daria os seus frutos.

- Isto é um trabalho para ser realizado entre todos! – chamou ela, fazendo com que os quatro colegas a observassem. – A trabalhar sozinhos e a discutir entre nós não vamos a lugar nenhum! Malfoy poderá ainda encontrar-se no país, mas não é impossível ter-se refugiado no estrangeiro. Eu concordo com a visão de Mrs. Franchise, o que significa que temos um grande trabalho pela frente.

Estendeu melhor o mapa que Natalie examinava sobre a secretária e rodeou a Europa com um dedo.

- Se ele está no estrangeiro, temos mais probabilidades de o encontrar aqui. As viagens para outros países são controladas, como sabem; não acredito que tenha ido muito longe. O primeiro passo a realizar é informar as autoridades de cada país europeu acerca do homem que procuramos: passar fotografias, informações, tudo o que for necessário! Temos de espalhar a nossa teia, entendem? Porque, com sorte, Malfoy será fisgado e uma vez preso nela... nunca mais escapa!


Por cima dos armários pessoais dos Aurors, o relógio anunciou meia-noite. A maioria do pessoal saíra já do Quartel e recolhera às suas próprias casas para um merecido descanso após um dia inteiro de árduo trabalho. No entanto, alguns feiticeiros permaneciam ainda no seu trabalho; entre eles, estavam Harry e Hermione, se bem que o nível de ambos era bem mais baixo àquelas horas da noite. A morena dos caracóis cedera mesmo ao cansaço e adormecera num dos sofás do quartel-general. Atendendo ao facto que ela estivera até há pouco com uma leve constipação, Harry cobriu-a com uma manta axadrezada, deixando-a repousar por uns momentos.

- Novidades, Potter? – Gordon irrompeu pela sala com uma expressão cansada e olheiras. O jovem feiticeiro levou um dedo aos lábios, prevenindo-o para fazer pouco barulho.

- Hermione deixou-se dormir – explicou ele em voz baixa. – Quanto a novidades, não há muitas! Emitimos um mandato de captura internacional avisando as autoridades europeias para o caso de Malfoy ter fugido e partiu um grupo de Aurors para descobrirem informações em território internacional, mas nada de mais relevante. O paradeiro dele continua incerto.

- Ficaram muitos aqui?

- Alguns. Mas todos os que foram para casa estão sobre um Encantamento Multiforme, portanto, à mínima coisa, estão logo todos aqui.

- Melhor assim. Bom, eu mesmo vou...

As palavras de Gordon foram abafadas por um estardalhaço incrível. Um mocho de cor escura batia freneticamente contra o vidro de uma das altas janelas, agitando as asas sem parar, como que desesperado para entrar no local. Todos os presentes largaram as suas tarefas e observaram a dança inesperada do animal. Até mesmo Hermione acordou com o barulho, levantando-se imediatamente.

- Abram-lhe a janela! – ordenou o chefe corpulento, que também se assustara com o espectáculo.

Elle Graham, a responsável pelo aviso europeu acerca de Draco Malfoy, cujo sono foi afastado por completo pelo comportamento do mocho, abriu a janela, recebendo na cara o frio da noite e o bater das asas do animal. Este sobrevoou as diversas secretárias, deixou cair um pedaço de pergaminho sujo sobre a cabeça de Gordon e saiu tão depressa como entrara.

Meio aparvalhados, todos correram até junto do chefe da secção, que agarrara a mensagem escrita a partir de letras recortadas de jornais e a lia agora em voz alta:

«d. mALfoy EsTa enTre nOs! RuA batIvOlta, nRº 12, 6ª Ala aBaixO dO alÇapão

Um aMigO»

Silêncio de morte assim que a voz de Gordon se extinguiu. Houve uma troca de olhares entre os presentes e um pequeno arrepio percorreu a espinha de alguns. Elle foi a primeira a reagir:

- Penso que devíamos investigar! Esta pode ser a nossa oportunidade!

- E se for uma armadilha? – interrogou Hermione, em cuja face já não existiam quaisquer vestígios da sesta que fizera há minutos atrás. – Sim, pode ser! Recebemos uma carta de um amigo, escrita com letras de jornais... Tanto pode ser amigo como inimigo; esta carta pode ter sido enviada por um Devorador da Morte que nos quer apanhar desprevenidos!

- E como poderia um Devorador da Morte saber que Draco Malfoy é o nosso principal suspeito? – cortou Elle, que nunca se dera muito bem com Hermione e as suas teorias.

- E se essa for a sua morada certa, quem mais a saberia, ó...? – Harry defendia sempre a melhor amiga das investidas de Elle, de modo bastante brusco e desagradável.

- Mr. Potter!! – avisou Gordon, com uma voz que não era para brincadeiras. – Bom... existem várias hipóteses, teorias a tirar desta carta, mas só nós não fazemos nada! Se faz favor, Potter, chame os seus colegas imediatamente.

Harry assentiu e tratou logo de cumprir as ordens do chefe. Haviam sido ele e Hermione a darem a ideia dos falsos galeões encantados para comunicarem algo importante de modo discreto e seguro, tal como fizeram em Hogwarts, há anos atrás, nos tempos do Exército de Dumbledore e da malvada professora Umbridge. Ambos se orgulhavam imenso que a ideia tivesse sido um sucesso entre colegas e agradava-lhes utilizarem aquele método, como se assim pudessem recordar os momentos da sua adolescência passados na melhor escola que tinham frequentado.

Em breve, todos os Aurors de serviço estavam reunidos no Quartel, algo cansado e sonolentos, mas ao mesmo tempo ansiosos e curiosos acerca das novidades. Em poucas palavras, Gordon explicou-lhes o sucedido, deixou cair a carta sobre a secretária mais próxima e pediu a todos sugestões sobre o que deveria ser feito. As respostas não se fizeram esperar:

- Ignora-se! É o que se faz a cartas anónimas! – opinou Natalie Franchise, cujo cabelo estava totalmente revolto, como se não tivesse visto escova depois de ter passado pela cama.

- Pois eu penso que deveríamos averiguar este local! – exclamou Jimmy, que se sentara suavemente sobre o tampo de uma secretária. – Pode ser perigoso, mas acho que vale a pena o sacrifício.

O grupo assumiu duas posições e dividiu-se: metade apoiava a investigação proposta pelo colega Harris e outros tantos concordavam com a posição de Natalie. A resolução para aquele caso veio de maneira rápida e de boca inesperada: directamente da mente ensonada de Fred Nicholson!

- A única hipótese é decidirmo-nos por ambas! – disse ele, avançando para o meio da confusão. – Essa mensagem pode ser uma armadilha, sim; podemos ter um grupo de Devoradores da Morte à nossa espera neste local. Mas e se for verdade? E se esta for a morada certa? E se Draco Malfoy está mesmo nesta Ala? Pode ser a nossa oportunidade...

Gordon olhava-o com espanto crescente.

- Eu tenho uma ideia sobre o que podemos fazer! – os olhos cinzento-azulados de Fred brilhavam de uma imensa excitação. – A nossa ideia será jogar pelo seguro e não deixar que eles pensem que estamos desprevenidos! Podemos formar dois grupos e atacar agora mesmo...


O número doze da Rua Bativolta era semelhante a uma pequena tasca de aspecto sujo e desconcertado. Mas o que mais colocou de sobreaviso o grupo de Aurors destacado para aquela missão não foram as mesas de madeira manchadas e de pernas tortas ou as garrafas de bebidas fortes espalhadas desordenadamente pelo balcão envernizado sem cuidado, mas sim o facto de não encontrarem vivalma no local que visitavam.

- Mantenham-se alerta! – avisou Harry, tirando o capuz que cobria a sua cabeça. – Podem estar escondidos algures à nossa espera!

- Potter... que se passa? – perguntou Gordon, que ficara no quartel-general a pedido dos seus pupilos, através do espelho intercomunicador que ambos os homens possuíam.

- Estamos numa espécie de tasca totalmente deserta. Mantenha-se preparado caso sejam necessários reforços durante um ataque!

- Informação recebida, Potter. Estamos a postos para tudo aquilo que possa ser necessário.

- Potter, aqui! – chamou Natalie, que se agrupara a um canto com os restantes cinco colegas.

Ele guardou o espelho no bolso do manto e correu até junto do grupo. Nele estava também presente Hermione, de varinha apontada ao chão, incidindo uma fraca luz sobre um pequeno alçapão de madeira. Apesar de se poder confundir facilmente com o resto do piso, os seus limites distinguiam-se muito bem quando observados de perto. Todos se entreolharam e seguraram as varinhas como quem se prepara para um combate.

- Estão todos preparados? – os seis Aurors acenaram afirmativamente perante a pergunta do moreno de óculos. – Lembrem-se que lá em baixo tanto podemos encontrar um feiticeiro muito procurado como todos os Devoradores da Morte que frequentam este bar à nossa espera. Podemos ter luta!

- Mas nós estamos conscientes disso! E não vamos virar a cara à luta ou fugir como cobardes!

- Que se abra o alçapão! – e incitado pelos colegas, Fred apontou a varinha ao pedaço de madeira. – Alohomora!

No chão surgiu um buraco negro, de formado quadrado, suficiente para deixar passar uma pessoa de cada vez. Preparados para enfrentarem o pior, o grupo desceu a pequena escadaria de madeira empoeirada, sendo liderados por Harry, que seguia em primeiro lugar.

- Lumos! – aquilo que viu assim que a luz se acendeu deixou-o de queixo caído. – Pelo nome de Merlin!

Tinha à sua frente um enorme corredor, escuro e de aspecto frio. Não existiam velas ou tochas para o iluminar e corria uma brisa desagradável que lhes deixou os cabelos revoltos. Incrustadas nas pedras que formavam o túnel existiam diversas portas de madeira velha e ressequida, que apresentavam azulejos de identificação.

- Aqui temos a Ala Um! – anunciou Harry, apontado a varinha para uma dessas portas, que estava mesmo à sua direita. – É uma questão apenas de seguir os números.

- Isto não é bom sinal! – resmungou Hermione, mesmo atrás dele. – Se ao menos surgisse um Devorador da Morte de surpresa à nossa frente... Está tudo demasiado calmo para não ser suspeito!

Os outros acenaram em sinal de concordância e tomaram uma atitude de extrema atenção. Seguravam as varinhas com firmeza nas mãos, apontando para todos os lados ao mínimo passo que davam. Esperavam um susto, um ataque, uma emboscada, uma armadilha, apenas o que seria normal naquela situação – e saberiam enfrentá-la sem medos ou receios. Mas daquela maneira não... Hermione estava cheia de razão: era um local demasiado calmo para não os intrigar.

Subitamente, um zunido irrompeu na calmaria daquele estranho corredor. Os Aurors prepararam-se para se defenderem de um possível ataque, mas ninguém surgiu à sua frente. Até que Harry levou a mão ao bolso e todos os colegas o observaram a retirar o espelho que o mantinha em contacto com o quartel-general: Gordon queria saber o que se passava com eles.

- Estamos agora mesmo à porta da Ala Cinco – informou o rapaz, sentindo o batimento cardíaco aumentar. – Faltam apenas mais uns passos. Ainda ninguém apareceu... nem sabemos que pensar!

- Talvez estejam todos à vossa espera na Ala que nos foi indicada. Atenção redobrada assim que chegarem ao vosso destino! Será necessário enviar-vos mais colegas?

- Por agora não. Acabámos de chegar!

Harry guardou de novo o espelho no bolso e colocou-se ao lado da porta. O azulejo que indicava a Ala Seis estava já um pouco rachado e coberto por uma camada de pó. Acenando uns aos outros, seguraram com força os instrumentos de combate nas mãos e o líder, dando um passo em frente, deu um pontapé na porta, para aumentar assim o efeito surpresa. No entanto, aquilo que encontrou por detrás dela – um salão recheado de sofás puídos e mesas tortas – estava, tal como tudo o resto, vazio.

- Porra! – praguejou Fred, com uma imensa irritação a nascer em si.

- Mas o que é que vos passou pela cabe...?

Os sete Aurors viraram as cabeças para o lado esquerdo do salão e os seus olhos caíram sobre o homem que acabava de surgir por detrás da parede que escondia uma passagem para uma outra divisão. E ali estava ele: Draco Malfoy! O seu cabelo louro estava extremamente sujo e comprido, chegando-lhe até aos ombros. O manto negro, esfarrapado e algo dobrado, ficava-lhe largo e as mãos que saíam das mangas eram pálidas e ossudas. Tinha uma cicatriz na sobrancelha direita e a barba por fazer. Talvez a única coisa que não se alterara durante todos aqueles anos desde que abandonara Hogwarts fosse os olhos, pequenos e azuis, que brilhavam de maneira esquisita naquele rosto marcado pela fome e sofrimento.

- Mas que...? – ele não terminou a frase e sacou a varinha comprida do manto. – Atordo...

- Expelliarmus! – gritaram diversas vozes em uníssono.

O corpo frágil de Malfoy voou contra a parede de pedra atrás de si com toda a força. Assim que caiu ao chão, agarrou o peito com uma mão enquanto procurava a varinha com a outra. Mas tal objecto já se afastava do seu dono, voando até um saco de plástico que Natalie segurava nas mãos, devido a um Encantamento de Convocação realizado pela feiticeira.

- Draco Malfoy! – Harry apontou-lhe a varinha ao pescoço e olhou-o nos olhos. – Encontramo-nos outra vez. Quem diria, não?

- Potter! – cuspiu ele, contorcendo-se de dores e olhando a varinha que continuava apontada a si. – Que estás aqui a fazer? Afasta essa coisa de mim ou vais ter de te haver comigo!

- Eu, contigo?! – repetiu o moreno, no meio de uma gargalhada incontida. – Como? Já não tens varinha e acho que até mesmo tu percebes que não passas de um esqueleto andante. Aceita, Malfoy: hoje, estou acima de ti, tal como merecia!

O louro viu-se obrigado a engolir em seco e as palavras morreram-lhe na garganta. Porém, não conseguiu resistir à fúria assim que ouviu o discurso seguinte:

- Draco Malfoy, estás detido como suspeito do homicídio de Isobel Vance. Não tentes sequer resistir! Qualquer palavra que disseres poderá e será usada contra ti em tribunal...

Continua...

N/A: primeiro que tudo, quero pedir desculpas pela demora. Era para ter postado este capítulo antes, mas falhei. Espero que tenham gostado e que me perdoem quaisquer erros, eu não percebo muito de capturas e leis... Votos de um feliz 2005, que tudo vos corra da melhor maneira e obrigados especiais a:

JanePotter: ahahahah!! Devias-te sentir especial: afinal, conheces um grupo bem mais pequeno que todo o conjunto de personagens desta história. A gente vê-se dia 3. Cuida-te! x)

Pandora: espero que os exames te tenham corrido bem. A ver se te mando um mail entretanto! Só espero depois não te começar a matar de desgosto com esta fic... Beijinhos e escreve! x)

Formiguinha: qual ideia maluca, qual nada! x) Na verdade, na "versão original" o Harry só revelava o nome do suspeito no terceiro capítulo. O que aconteceu foi que eu não gostei da maneira como saiu e como tentei por várias vezes fazê-lo sem nunca me sair como queria, desisti e coloquei assim. Eu adoro desistir e escolher a via mais fácil mas feia... De qualquer maneira, espero que continues a ler! Acho que tens um capítulo novo, né? A ver se vou ler! Beijinhos também! x)