Longe do Paraíso

Disclaimer: personagens e lugares pertencem a JK Rowling e à Warner Brothers, excepto aqueles que foram criados por mim. Esta fic foi escrita sem fins lucrativos e quaisquer semelhanças com outras histórias é mera coincidência.

Avisos: fanfiction não apropriada a menores de 13 anos.

Spoilers: PF, CdS, PdA, CdF, OdF

Sumário: No cenário duro do pós-guerra foi cometido um horrível crime e um Devorador da Morte é preso e condenado, acusado de homicídio. Porém, existem pontas soltas que não se encaixam no puzzle e uma Auror tem agora a difícil tarefa de descobrir a verdade antes que seja tarde demais.

Capítulo VIII

- Olhem, olhem, vejam quem regressou aos Infernos! Ficaste sedenta de mais animação ou vieste para te desculpares do teu comportamento aberrante?

Hermione cruzou os braços frente ao peito e olhou cheia de desprezo para o rapaz magro e de cabelo loiro escorrido fechado na sua cela, sentado a um canto, quase totalmente coberto pelas sombras negras. Avançando com uma expressão superior, Neville colocou-se ao lado da amiga e fuzilou o prisioneiro com o olhar. Draco levantou-se imediatamente com um lampejo de troça na sua face.

- Hoje trouxeste o namorado? Oh, Granger, que me vais fazer? Vais mandar o Longbottom mauzão dar-me tau-tau por não te lamber os sapatos? – enquanto falava, deixava o lábio inferior tremer repetidamente, fingindo estar à beira das lágrimas.

- Não me dizes que és inocente? – interrompeu a jovem, exibindo um sorriso trocista, sem querer perder as estribeiras com ele. – Pois bem, tens aqui uma Auror e um segurança que te querem ouvir: porque é que devemos acreditar no que dizes?

A troça e a ironia desapareceram instantaneamente da face pálida de Draco. Por outro lado, um certo brilho de esperança surgiu nos seus olhos azuis. Ele abeirou-se das grades que o separavam dos ouvintes.

- Vocês acreditam em mim? – perguntou Malfoy num sussurro, sem qualquer vestígio de sarcasmo na voz.

- Miss Granger não disse isso! – Neville colocou as mãos atrás das costas e olhou para o loiro de queixo bem erguido. - Nós estamos aqui para ouvir a tua versão. Tu dizes que és inocente, mas todas as provas apontam para ti. Então, vamos dar-te a oportunidade de te explicares.

- Mas explicações plausíveis, Malfoy! – avisou Hermione, entredentes. – Voltas aí com essas merdas de que já estiveste em casa dos Vance mas não dizes quando ou porquê e acaba-se de vez a oportunidade!

Malfoy olhou-os, aliviado e esperançado. Desde que fora capturado pelos Aurors que sempre pensara que era impossível escapar daquela situação. Não podia fugir de Azkaban e, sendo acusado de homicídio, não seria uma pena leve. Tinha, porém, um amigo que acreditava nele e agora membros do Ministério estavam dispostos a ouvir as suas palavras. Pela primeira vez na vida, achou que merecia a pena trocar a ironia e o sarcasmo por uns minutos de verdade e explicação.

- Eu não matei a Vance, Granger! – sibilou ele para ambos. – É verdade, acreditem em mim!

- Conhecias Isobel? – atirou a jovem do outro lado.

Os olhos de Hermione e Neville estavam fixos na figura do prisioneiro, acompanhando todos os seus movimentos. Draco deixara cair a cabeça loira e mirava as pontas dos pés. Quando pousou o olhar nos dois feiticeiros, passou com a língua pelos lábios antes de falar.

- Que interessa isso? Estou aqui para me defender, se eu a conhecia ou não... isso não interessa!

- Ah, que raio! – irritou-se Neville, afastando um pouco a colega para ambos ficarem na mesma linha frente ao prisioneiro. – As perguntas terão obrigatoriamente de ser duas. Que fizeste tu na noite do assassínio e que justificações encontras para o facto de que uma testemunha te ter avistado no local do crime?

- Sei lá, Longbottom! Se calhar a mulher vê mal e ainda não se apercebeu...

- Mas eu vou ter de avisar mais uma vez...

Neville cortou a palavra de Hermione com uma pancada leve nas costas. Sabia que ela estava muito vulnerável e uma nova explosão não lhe faria nada bem! Com o aviso, a jovem acalmou-se um pouco: suspirou profundamente e afastou o olhar de Malfoy.

- Ouve lá, nós dispensamos as tuas piadinhas sem interesse! – preveniu o segurança, espetando um dedo frente ao rosto do prisioneiro. – Lembra-te que eu já te preveni sobre as tuas ironias e que eu e Miss Granger estamos aqui por vontade própria. O que significa que, ou nos contas algo que interesse para o caso, ou te vamos deixar aí a apodrecer!

Draco bufou de raiva.

- Que queres que eu te diga? Eu nunca vi aquela russa mais gorda e não sei como é que ela me viu naquela noite! – tornou a baixar a cabeça, enquanto se tentava lembrar daquilo que fazia aquando da morte de Isobel Vance. – Papéis... sim, eu estava a fazer algo com papéis! Só me lembro disso, talvez depois me tenha deixado dormir ou assim. Que mais queres, Longbottom? Não me lembro de mais!

- Segunda pergunta, Malfoy – bradou Hermione, já farta da conversa do prisioneiro que não ia dar a lado nenhum. – como é que pode haver um copo na casa de Isobel com a tua impressão digital? E vê lá se me dizes a verdade, ou eu arranco-te a língua!

- Eu já lá estive! – Draco atirou a resposta furioso, conseguindo assim assustar os dois ouvintes. – Estive lá há uns tempos atrás. Mas não foi na noite do crime. Eu não a matei!

- Isso significa que conhecias Isobel!

Mais uma vez, o loiro recusou-se a responder à pergunta de Hermione. Ao invés disso, colocou-se de cócoras e bateu com a testa nas grades da cela. As lembranças do seu passado quase se podiam ver passar no azul dos seus belos olhos.

- Eu passei por lá apenas para conhecer a casa. Era grande, era humana... era tão diferente das casas que eu conhecera até então! Tinha os seus defeitos, claro: os sofás eram muito fundos, as escadarias faziam os nossos passos ecoar no hall de entrada, isto sem falar da maldita porta que chiava terrivelmente assim que se abria ou fechava. Mas era agradável, sim!

« Eu não posso adiantar pormenores. Mas Granger, eu juro-te que não me lembro do que fiz, em que objectos toquei... está tudo tão confuso na minha cabeça! Porém, eu sei que não a matei... talvez eu tenha mesmo tocado naquele copo, mas... Pelo Senhor das Trevas, porque estão a olhar assim para mim!»

A conclusão estava à vista de todos. Era óbvio que nem Hermione nem Neville acreditavam no seu discurso incoerente e sem sentido, e não o tentavam esconder. Draco olhou ambos nos olhos e eles viram neles algo completamente inédito: o profundo desespero.

- Queres a verdade, Malfoy? – a morena acocorou-se também e exibiu um sorriso nada amável. – Eu não consigo acreditar em ti nem na tua história de menino inocente. Mas escusas de te importar com a minha ameaça sobre a tua língua: eu contento-me somente em deixar-te aí dentro!

- Porquê, Granger? – perguntou ele num fio de voz.

Mas ela não lhe respondeu dessa vez. Massajando as têmporas, Hermione afastou-se da cela 139 por entre o pandemónio gerado pelos diversos prisioneiros que batiam de novo com as palmas das mãos nas grades. Neville, deitando um último olhar de desprezo ao loiro aprisionado, correu atrás dela e deu um berro para mandar calar toda a gente. Apesar de não se extinguir por completo, o barulho diminui um pouco e o segurança pôde assim abandonar o corredor na companhia da jovem amiga.

A saída precipitada de ambos, contudo, levou a que nenhum reparasse na reacção de Malfoy. Incapaz de se levantar, o rapaz não desviou o olhar do último lugar onde os vira e uma lágrima cobarde escorreu de um dos seus olhos. Lágrima que ele não se esforçou em limpar. E num sussurro, o seu pedido final saiu dos seus lábios com uma réstia de esperança que ameaçava em breve findar:

- Por favor...

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Hermione tocou a campainha do número 45, uma porta de cor esverdeada que se situava apenas a uns passos do Doces dos Duques. Cobrindo o saquinho de papel com o manto de cor escura para o proteger da chuva que caía descontroladamente naquela tarde de Novembro, esperou pacientemente que alguém lhe abrisse a porta, mas foi situação que tardou. Tornou a tocar mais uma vez.

- Já vai, já vai! – ouviu do outro lado. Alguém soltou o trinco e a passagem foi aberta. – Hermione, que bom ver-te! Entra, estás encharcada!

Ela penetrou no pequeno hall de entrada e Ron auxiliou-a a despir o manto, dizendo à amiga que precisava apenas de subir a escadaria para encontrar o grupo do costume reunido.

- Eu fui a última a chegar? – questionou a jovem entre o sério e o divertido, enquanto subia os degraus. – A velhice está a dar cabo de mim!

A casa de Ron e Luna situava-se por cima daquilo que um dia fora um pub para feiticeiros mais idosos mas que agora não passava de um local abandonado, à espera que alguém se decidisse a dar-lhe um qualquer uso para a comunidade mágica de Hogsmeade. Com apenas um piso, era a casa perfeita para o início de vida conjunta dos dois jovens. A sala, separada da cozinha por um simples balcão, era a maior divisão do apartamento e tornava-se bem agradável sempre que servia de ponto de encontro para amigos do casal.

- Hermione, que bom ver-te! –cumprimentou Luna, extremamente calma mas com um sorriso na face ao avistar a amiga.

- Olá a todos. Olá, Luna, parabéns pelo teu aniversário! – as duas raparigas trocaram beijos na face e a morena passou o saquinho de papel à aniversariante. – Toma, espero que gostes do presente. Coloquei-lhe um feitiço Impervio, mas não sei se repeliu toda a água...

- "Snorkacks de Chifres Amarrotados e a Sua Expansão pela Europa e Pelo Mundo"! Por Merlin, há meses que andava para comprar este livro! Obrigada, Hermione!

Luna afastou uma madeixa do cabelo loiro da face e correu até ao quarto para guardar aquele tesouro. A irmã de Ron, Ginny, que também marcava presença na festa, aproximou-se da amiga com um sorriso algo incrédulo no seu rosto sardento.

- Pensava que a tua opinião sobre aquele livro era de que não passava de uma viagem ao mundo da fantasia! E mesmo assim, gastaste dinheiro nele!

- Se é para fazer uma amiga feliz...

Com um sorriso discreto, a jovem dos caracóis aproximou-se do grupo que já aparecera. Apenas os amigos mais próximos estavam presentes: Harry, num dia de folga do Ministério, Neville, que pedira licença de se ausentar por uma tarde, e Kaneesha Summers, a namorada do primeiro, que desde o início do namoro que era amiga de todos eles. Kaneesha era uma mulher bonita, de pele morena, cabelos cor de ébano e doces olhos escuros que tentavam esconder o sofrimento de uma vida. Contando já 24 primaveras, casara ainda muito nova com o homem errado e o conto de fadas que pensava viver terminou alguns meses depois do nascimento do primeiro filho, Kevin, quando começou a ser vítima de violência por parte do marido. As marcas dos abusos permaneciam ainda no seu corpo e na sua mente, levando Kaneesha a temer o amor depois de obter o divórcio. Mas com Harry fora diferente! Harry era um rapaz que, por muito que se zangasse, era incapaz de magoar aqueles de quem gostava – e ele simplesmente amava Kaneesha e o pequeno Kevin, já de 3 anos. Ela sabia que àquele homem que ela podia entregar sem qualquer receio o seu coração.

- Estás a perder qualidades, Hermione! – gozou o moreno de óculos, passando um braço em torno da cintura da namorada. – Que é feito da tua pontualidade?

- Foste tu que ma roubaste para teu próprio proveito – ela debruçou-se e deu um beijo na face de Kaneesha. – E tu, estás boa? Espero que Harry te trate muito bem, ou avisa-nos e a gente dá-lhe uma palavrinha. Kevin não pôde vir?

A mulher riu-se timidamente antes de responder.

- Não, ele também teve hoje a sua festa de anos e ficou na casa de um amiguito. E escusam de se preocupar com Harry, porque não tenho uma única queixa dele. Bem... excepto que é muito teimoso quando quer!

- Ah, isso é algo que não mudarás nunca! – avisou Neville após cumprimentar Hermione. – É teimoso desde que o conheço, já lá vão 13 anos. É claro que pode ser positivo para umas coisas, mas para outras...

Harry bateu-lhe levemente com a varinha na cabeça enquanto os outros se riam à socapa. O segurança de Azkaban segurou um copo nas mãos e ocupou um lugar no sofá, junto de Ron, observando o beijo ternurento trocado entre o "casalinho-sensação" do momento, o preferido das capas de revistas cor-de-rosa no mundo da feitiçaria.

- Estamos a deixar os solteiros acanhados! – Ron soltou duas gargalhadas enquanto acariciava a mão da aniversariante. – Devem estar a pensar que, por este caminho, ainda vão ficar para tios...

Todos se riram com excepção de Hermione, que apenas exibiu um triste sorriso. Os rapazes imediatamente se relembraram de Claire e do quando ainda lhe custava referir-se a esse assunto e coraram de embaraço, mudando logo de assunto:

- Qualquer dia, em vez de estarmos aqui reunidos para um aniversário, será para um casamento! – comentou Neville, colocando um braço em torno dos ombros de Ginny, cujo namorado estava fora do país numa reportagem jornalística. – Hermione, acho que estamos condenados a ficar um com o outro!

- Vai sonhando! Além disso, eu bem sei que tu andas com os olhos em cima de uma certa menina...

O rapaz corou de novo perante as palavras da morena e não foi capaz de responder aos "Eeehhh" e aos "Quem é ela, garanhão?" dos colegas, afogando-se na bebida que transportava no copo que tinha nas mãos.

Em breve estavam todos juntos num círculo junto dos sofás, conversando alegremente entre eles. Amores de desamores, empregos e desempregos, situações engraçadas com familiares ou amigos... Tudo servia para aquele momento de boa-disposição que não podiam usufruir diariamente. E tal como já era de prever, a conversa acabou por desaguar no trabalho de Hermione em relação ao homicídio de Isobel.

- E em relação ao teu caso? – questionou o ruivo, bastante curioso acerca daquele assunto. – Eu vi-te no julgamento e penso que foste realmente boa! Mas ouvi dizer que tens aparecido muitas vezes em Azkaban. Passa-se alguma coisa com a prisão de Malfoy.

- Não... quer dizer, mais ou menos!

- Mais ou menos?

Luna deu um gole na bebida e todos eles se aproximaram de Hermione, ansiosos pela informação que ela estava prestes a revelar. Apenas Neville se manteve no seu lugar, fixando toda a sua atenção no copo que mantinha ainda entre os dedos, enquanto a jovem relatava as suas suspeitas e conversas com o prisioneiro. Quando terminou, porém, nenhum deles ostentava uma expressão de surpresa ou dúvida perante o que acabara de ouvir.

- Ele pareceu-te realmente verdadeiro quando conversaram acerca da sua visita a casa dos Vance? – abordou Harry, com um brilho esquisito nos seus olhos verdes.

- Não sabes bem que Malfoy é um mentiroso nato? Eu não acredito totalmente na história dele, mas os pormenores estavam correctos, provando assim que ele conhece, de facto, a casa – Hermione começou a enumerar os defeitos que Draco colocara na habitação da vítima. – Os sofás que se afundavam sempre que nós nos sentávamos, as escadarias que faziam barulho, a porta...

As palavras do rapaz atingiram a sua memória como um chicote! Ela tinha a certeza que ele lhe dissera que a porta chiava terrivelmente, mas isso não batia certo com a casa que Hermione conhecera!

- Que foi? – interrompeu Kaneesha, pegando-lhe na mão.

- A porta não chiava... Não, ainda anteontem eu estive com Emmeline naquela casa e a porta de entrada não chiava nada! Eu própria a abri uma vez, de certeza que não é jeito...

- Quando nós fomos buscar o corpo, eu estava lá desde o início e posso-te garantir que a porta não fazia qualquer barulho! – exclamou Harry, achando que a poderia estar a ajudar mesmo sem entender o que ela falava.

- Neville, que disse Malfoy acerca da porta da casa?

- Oh, o quê? – Neville desviou os olhos do copo e encarou o grupo que o mirava com toda a atenção. – Malfoy disse algo como "a porta chiava terrivelmente sempre que era tocada", ou algo assim do género! Porquê?

- Mas eu tenho a certeza que a porta não chiava! Porque terá ele...?

Ron interrompeu-a antes de terminar a frase:

- Ora, é muito fácil entender o porquê! Inventa uma treta qualquer que não corresponde à realidade e pensa que as pessoas vão acreditar que ele estava a ser sincero! Mas se ele pensa que vamos cair nas patacoadas dele bem pode tirar o unicórnio da chuva!

- Eu concordo! – opinou Luna, na sua voz baixa e tranquila.

- Não caias nas historietas que ele inventa! – preveniu Ginny, levando o seu copo aos lábios. – Senão ainda te podes arrepender!

- Faz questão de as ouvir, Hermione. Olha que por vezes são as mulheres quem possuem a voz da verdadeira inteligência.

As palavras de Harry foram recebidas por almofadas atiradas por três dos quatro elementos do sexo feminino presentes na festa. Porém, a Auror não o ouviu, da mesma maneira que não assimilou as palavras do amigo ruivo quando este anunciou a abertura do baile de aniversário, típico da família Lovegood. Com um gesto de varinha, arredou a mesa para um canto e ligou o rádio, que imediatamente começou a tocar uma música alegre. O grupo levantou-se dos seus lugares e avançaram até à pista improvisada. Harry foi, no entanto, puxado por Hermione até ao sofá e ele encarou-a, surpreendido.

- Não é apenas uma questão de vingar Isobel – sussurrou ela ao seu ouvido, tentando fazer-se ouvir por entre os gritos loucos das vozes que cantavam na rádio. – É vingar também a minha irmã, entendes?

- Mas que podes tu fazer? Vai ser impossível encontrares o culpado da morte de Claire e agora tens Malfoy atrás das grades. Porque não esqueces tudo isto e te vais divertir um pouco, hum?

- E se eu prendi o homem errado?

O seu olhar verde dava bem a entender o que ele pensava da pergunta que ela lhe fizera. Afastando-se lentamente da amiga, como não acreditando no que acabara de ouvir, Harry partiu para junto da namorada que o convidava para uma dança. Hermione sentou-se no sofá e deixou cair a cabeça até aos joelhos. Que devia ela fazer?

- Há dez anos atrás, recusaste-me um convite para o Baile de Natal – afirmou em tom alegre uma voz masculina à sua frente. – Mas há dois dias atrás ficámos de dançar uma vez no dia de hoje. Mademoiselle...

Com um cansado e forçado sorriso, ela deu o braço a Neville e este conduziu-a até à pista de dança. No meio dos amigos que abanavam os corpos ao ritmo da música, Hermione lá acabou por sorrir verdadeiramente pela primeira vez desde há uns minutos atrás ao ver o amigo trocar todos os passos de dança enquanto se tentava divertir sem pisar os pés do seu par.

- Finalmente vejo-te sorrir! – observou ele, satisfeito. – Ainda estás abananada por causa daquela porta?

- Pode-se dizer que sim. Ai, Neville, eu nem sei ao certo que fazer... Estava satisfeita com a ideia de Malfoy estar a pagar pela sua má conduta, mas eu não quero vê-lo pagar por um crime que não cometeu!

- Eu sei o que é que podes fazer! – aproximou os lábios do ouvido dela e segredou como quem conta um segredo. – Podes-me deixar ajudar-te a provar qual é o verdadeiro papel de Malfoy neste caso! Eu posso falar com os Vance e até mesmo com o próprio prisioneiro se assim for preciso. Deixa-me ajudar-te a tirar esta história a limpo!

Hermione ficou tão aliviada com o pedido do segurança que não conseguiu resistir a dar-lhe um enorme abraço. Só Neville não ficou tão certo se tinha feito o que era melhor para ambos e, enquanto dançava com a amiga dos caracóis, não pôde deixar de desabafar num sussurro aquilo que o atormentava:

- Só espero não estar a meter-me em nenhum sarilho com isto!

Continua...

N/A: desculpem não ter avisado, mas estive de férias e não pude postar. No entanto, estou a torcer para que a espera tenha valido a pena. Vou tentar ao máximo dar-vos a conhecer o próximo capítulo o mais rápido possível, se assim quiserem. Beijos enormes para Jane e Bruxinha... vocês são umas queridas! Beijos!