Longe do Paraíso
Disclaimer: personagens e lugares pertencem a JK Rowling e à Warner Brothers, excepto aqueles que foram criados por mim. Esta fic foi escrita sem fins lucrativos e quaisquer semelhanças com outras histórias é mera coincidência.
Avisos: fanfiction não apropriada a menores de 13 anos.
Spoilers: PF, CdS, PdA, CdF, OdF
Sumário: No cenário duro do pós-guerra foi cometido um horrível crime e um Devorador da Morte é preso e condenado, acusado de homicídio. Porém, existem pontas soltas que não se encaixam no puzzle e uma Auror tem agora a difícil tarefa de descobrir a verdade antes que seja tarde demais.
Capítulo IX
O sono profundo de Hermione foi interrompido por várias pancadas longas e brutas na porta de casa. Jay despertou também e saltou da cama da dona, onde se aninhara durante a noite, para o chão, correndo para fora do quarto.
- Já vai! – gritou a jovem enquanto se levantava e vestia o roupão, ao ouvir de novo as batidas.
Esfregando os olhos, cheia de vontade de regressar à cama, Hermione lá arrastou o corpo até à entrada do apartamento. Esperando ver algum vizinho ou qualquer chato a fazer publicidade a um objecto inútil, qual não foi o seu espanto quando encontrou um grupo com cerca de uma dezena de feiticeiros vestidos com longas e quentes túnicas. Os cabelos de todos eles pingavam água e o da frente, um homem atarracado e com compridas barbas brancas, segurava um pergaminho nas mãos.
- Você é Miss Hermione Granger, a responsável pelo caso do assassínio de Miss Isobel Vance? – perguntou ele, erguendo o queixo de uma maneira que ela detestou e falando com um tom de voz autoritário.
Ela acenou afirmativamente, desejando ter-se arranjado melhor antes de abrir a porta àqueles homens. Apertou o roupão contra o corpo para se proteger do frio que se fazia sentir e passou uma mão pelos cabelos encaracolados que estavam espetados em todas as direcções.
- Pois bem, Miss Granger, nós vimos aqui para a informar acerca do nosso protesto sobre a sua decisão para o referido caso! – explicou o homem.
- Espere, espere aí, Mr... ah...
- Professor Charlston Edgestone.
- Mr. Edgestone! Por acaso o senhor está a par daquilo que levou Draco Malfoy à prisão como assassino de Miss Vance? O senhor sabe aquilo que os Aurors estudaram para este caso?
Edgestone ergueu ainda mais o queixo, se tal era possível, e entregou o pergaminho a Hermione. Um dos homens do grupo tossiu para tentar esconder o riso ao ver o ar surpreso dela enquanto abria a mensagem e os seus olhos liam as frases escritas com a letra fina e redonda do professor:
«Os jornais noticiaram a morte de Miss Isobel Vance, que ocorreu de uma maneira imensamente brutal e maldosa, impossível de deixar passar impune. Dias após a notícia funesta, fomos informados que o Devorador da Morte de nome Draco Malfoy havia sido preso como culpado do homicídio que vitimou a jovem Vance; uma pena de prisão perpétua em Azkaban foi a escolhida.
A guerra terminou, mas todos nós vivemos em terror diário com aqueles que fugiram e seguem ainda o Mal. O Ministério captura esses homens e mulheres que não nos deixam dormir em paz, mas de que serve isso que nenhum deles recebe o castigo que merece? De que serve a prisão se qualquer um dela escapa facilmente? As regras devem ser alteradas e este é o momento certo.
O crime de Draco Malfoy é demasiado brutal para ser punido com tamanha pena! É hora do Ministério abrir os olhos e provar aos seguidores das Trevas que sabe ser duro com eles. Por isso pedimos que reconsidere neste caso e que forneça ao prisioneiro em questão a maior e mais adequada pena que para ele existe – a morte!
Atenciosamente...»
Seguia-se uma lista de nomes dos feiticeiros que concordavam com a opinião do professor Edgestone, cujo nome encabeçava o grupo. Hermione voltou a entregar ao homem o pergaminho, bufando de desdém.
- Onde é que pensa que vai com esse abaixo-assinado, professor? – inquiriu ela, com um tom a tender para o irónico. – Você pensa que cem assinaturas vão intimidar alguém no Ministério? Intimidar-me a mim?
- Tenho a certeza... – sibilou Charlston com um sorriso superior.
- Você realmente precisa de conhecer as leis um pouco melhor!
O professor guardou o pergaminho no meio dos mantos e exibiu um sorriso cínico. Fazendo sinal aos colegas para partirem, deixou umas últimas palavras á jovem com um tom de ameaça no ar:
- Eu conheço as leis muito bem! E as que não foram escritas no papel ainda melhor!
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Hermione suspirou de impaciência e tal não passou despercebido a Gideon Maverick, que levantou os seus olhos escuros do papel onde escrevia algo para ela desconhecido. Acrescentou mais meia dúzia de palavras e, após mais um sopro impaciente, guardou por fim a pena e o tinteiro.
- Sim, Miss Granger? – perguntou ele, com ar cândido.
- Você sabe perfeitamente aquilo que eu quero, Sr. Ministro, mas finge não me ouvir!
O Ministro da Magia massajou as têmporas e abanou a cabeça. Aquela Auror podia ser muito inteligente e tudo o mais que lhe dissesse, mas conseguia levá-lo à loucura!
Poucos minutos passavam das nove horas da manhã quando Hermione lhe entrara pelo gabinete adentro, pedindo uma nova investigação no caso do homicídio de Isobel Vance. Fingindo-se extremamente ocupado com uns documentos de Estado muito importantes, Maverick pensou que a jovem se iria cansar de ali estar à espera de ser ouvida e acabaria por se ir embora; mas estava enganado! Ao fim de considerável meia hora, apesar de bastante impaciente, Hermione permanecia sentada à frente da sua secretária e o Ministro entendeu por fim que não a podia ignorar nem mais um minuto.
- Você não tem de ir trabalhar?
- Isto é o meu trabalho, Sr. Ministro! – ela aproximou o seu rosto do dele. – Eu tenho dúvidas sobre a questão de Mr. Malfoy como o assassino de Miss Vance.
- Dúvidas!... – atirou Maverick, com um tom desesperado e simultaneamente sarcástico. – O seu mundo gira em torno das dúvidas, Granger? Por acaso já trabalhou nalgum caso que não lhe oferecesse dúvidas?
Ela não gostou do seu tom de voz nem das insinuações que fazia. Estava a exagerar e ambos o sabiam muito bem. O problema era que, tal como já se apercebera, o Ministério estava apenas interessado em ter um culpado da morte de Isobel para apresentar à imprensa e uma vez que esse alguém já aparecera... Para eles, pouco importava se era realmente culpado ou não!
- Bom – Hermione decidiu não responder às palavras do Ministro para não lhe faltar ao respeito, apesar de a vontade ser muita. – eu não lhe peço muito! Apenas gostaria que desse permissão para ser fornecido ao prisioneiro em questão um pouco de Veritasserum, para assim termos a certeza de que temos o homem certo!
Gideon Maverick quase deixou o queixo cair sobre a secretária com o pedido da Auror. Olhou-a nos olhos e entendeu que ela não estava a tentar gozar descaradamente com a cara dele. Recompondo-se do choque inicial, o Ministro da Magia levantou o seu corpo do cadeirão e indicou a Hermione a saída do gabinete.
- Está a expulsar-me! – questionou ela, com uma mescla de fúria e admiração a tomar-lhe conta do peito.
- Estou a dar-lhe uma ordem para sair e regressar ao seu trabalho no QG, Mr. Gordon já deve estar à sua espera – e com um ar mais preocupado, prosseguiu: - Vou pensar naquilo que me pediu, não se preocupe!
Hermione tentou ainda obter mais informações, mas o Ministro permaneceu impenetrável: pedindo-lhe que saísse, regressou logo de imediato aos seus papéis. Ainda nada convencida em relação àquele assunto, ela abandonou o gabinete deitando um último olhar gelado a Maverick que claramente significava que, para ela, aquele era o estalar de uma guerra que se adivinhava dura.
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- Psst... hey, Draco! Olha para mim, meu!
O louro levantou-se da cama, da qual ainda não saíra durante quase todo o dia, e aproximou-se das grades da cela: Patrick Lottus encontrava-se do outro lado com um grosso manto de Inverno com capuz a tapar-lhe a cabeça.
- Até que enfim! – resmungou Draco. – Já estava a pensar se terias fugido...
- Claro que não, mas andei muito ocupado. Afinal, sou eu quem tem o trabalhinho todo para provar a tua inocência! E não te esqueças que ainda tenho o meu trabalho aqui em Azkaban e o meu estudo para melhorar o meu portuguéssss... vou ter de ser ou não o imigrante perfeito?
- Eu não quero saber se tens de trabalhar ou aprender línguas novas, eu quero é sair daqui!
Patrick irritou-se e levou um dedo aos lábios. Aproximou-se ligeiramente das grades da cela e, olhando para os lados para ter a certeza de que não eram ouvidos, sussurrou:
- Tenho descoberto umas coisas lá dos nossos amigos. E já tenho um suspeito!
- Quê? Quem?
- Quem poderia ser? Draco, qual é o Devorador da Morte que anda fugido à justiça que sempre te invejou desde que saíste de Hogwarts e vieste trabalhar connosco? Quem é que sempre acusou as tuas falhas frente ao Senhor das Trevas e rebaixou as tuas qualidades quando necessário? Quem é aquele que adoraria ver-te sofrer o mais possível?
Às palavras de Patrick seguiu-se um profundo suspiro de Draco. Nos seus olhos correu a imagem do homem a quem associava tais definições. Seria possível que alguém a quem chamara colega tantas vezes durante tanto tempo o pudesse trair de tal maneira?
- O Rosier? – tentou ele confirmar, num único sopro aterrado.
Na memória do louro estavam ainda presentes os momentos de pura inveja de Alfred Rosier, o herdeiro do há muito falecido Evan Rosier e um dos mais fiéis seguidores de Voldemort, que, pura e simplesmente, o detestava, talvez por ser filho de um dos mais "badalados" Devoradores da Morte do círculo de amigos íntimos do Senhor das Trevas. Sabia bem que Alfred era capaz de tudo para o tramar bem tramado... mas algo assim?
- Olha lá, tu achas que Rosier era capaz de matar uma gaja apenas para me pôr atrás das grades? – questionou o jovem, franzindo o sobrolho. – Uma coisa é mentir, mas muito diferente é matar uma pessoa para lixar um colega... eu mal posso acreditar!
- Se eu fosse a ti, acreditava! Sabes perfeitamente que Rosier não liga a meios para atingir os fins... Tenho estudado certas conversas no Gangue e tudo aponta para aquele centauro zarolho!
Draco sentou-se à beira da cama e deitou a cabeça na palma da mão. Havia algo que não estava certo!
- Como é que ele conseguiu fazer algo assim? – murmurou para o nada, esquecendo-se por completo que estava acompanhado. – Deve estar pior do que quando o vi pela última vez, há cerca de sete meses atrás. Matar a Vance e deixar pistas para me prenderem... talvez até tenha sido ele a mostrar aos Aurors o meu esconderijo, não acredito que o tenham feito sozinhos! Tenho de falar com alguém para descobrir a fonte dessa informação...
Abanou a cabeça loira e cerrou os olhos por meros segundos. Patrick olhou em redor para confirmar que nenhum segurança se encontrava no corredor e que todos os prisioneiros daquela Ala se encontravam num canto isolado das suas monótonas celas.
- Ainda me lembro da Vance, depois de tudo o que aconteceu, claro! – confessou Malfoy subitamente. – Era uma miúda um pouco chata com as suas ideias e bastante fechada para meu gosto, desculpa lá, mas tão ingénuatambém! Já sabes que eu nunca entendi bem o que aconteceu... mas custou-me quando me disseram que ela tinha sido assassinada! Lembrei-me daqueles meses em que nós...
Patrick cortou as suas palavras com um murro nas grades. Draco deu um salto e acordou do transe, olhando surpreso para o rosto sem pinga se sangue do amigo.
- Mas tu és parvo, não tens massa cinzenta? – censurou ele, com gotas de suor a escorrer na sua testa. – Nem uma palavra sobre esse assunto, estúpido! Ou queres que os seguranças te ouçam? Aí é que eles não te largam, vão espremer-te até terem tudo o que querem e então... então a situação fica muito pior do que já está!
Os seus punhos cerraram-se com força e o loiro levantou as mãos, pedindo ao amigo para se acalmar. Porém, não houve oportunidade para outra troca de palavras entre os colegas: ouviu-se a porta do corredor a abrir e um segurança espreitou a Ala.
- Que andas a fazer por aqui, Montês? – Patrick respondeu-lhe por gestos nervosos e num estranho inglês aportuguesado que estava a conhecer melhor a escumalha daquela zona. – Quê! Tu não deves estar bom da moleirinha! Vai mas é ter com o Scott, ele precisa de ti... e vê se arranjas um tradutor!
O Devorador da Morte baixou a cabeça e seguiu até junto do colega sem se despedir de Draco. Este observou-o ainda com a admiração a bailar nos seus olhos azuis. A que se devera aquela explosão de Patrick? Que tamanha tragédia poderia ocorrer se ele revelasse aos Aurors que, de facto, já conhecia Isobel antes do crime? Se bem que até já estava convencido que a Granger desconfiava de tal, após tantas conversas...
- Com que então o Rosier... – murmurou o jovem, vendo o amigo afastar-se. – Eu devia ter adivinhado!
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- E então, que soubeste?
Neville passou um pergaminho à amiga dos caracóis cor de chocolate enquanto percorria os corredores do Ministério para alcançarem o gabinete de Gideon Maverick. Hermione leu as últimas linhas escritas pela letra algo desordenada do colega e obteve facilmente a resposta à sua pergunta.
- Tinhas razão! – concordou Neville quando ela começou a enrolar o pergaminho com ar preocupado. – O depoimento de Malfoy não está de acordo com a verdade! Conversei com Emmeline Vance e ela confirmou que, de facto, a porta rangia bastante, até que o irmão perdeu a paciência e lançou um feitiço Quietus para o barulho cessar. Tudo isto ocorreu no dia da morte de Isobel!
- Cada vez me parece mais que cometi um erro monstruoso ao mandá-lo para a cadeia!
O rapaz guardou o pergaminho na sua velha pasta de couro e encarou o rosto pálido da amiga que caminhava a seu lado.
- Tu estás realmente convencida que Malfoy está a falar a verdade em relação à sua inocência? Lembra-te do que Ron disse: é provável que ele soubesse a história da porta e ta tenha contado numa tentativa de parecer inocente aos teus olhos.
- Eu não sei em que acreditar! – suspirou Hermione, com ar desalentado. – Foi por isso que pedi ao Ministro para fornecer Veritasserum a Malfoy. Se ele confirmar que é inocente sob o efeito da poção, temos muito trabalho pela frente! Maverick mandou-me chamar ao seu gabinete, espero que já tenha uma resposta... positiva, de preferência!
- Talvez ele aprove. O Ministro já não é Fudge... penso que vais ter sorte com ele!
Atingiram uma bifurcação no corredor e separaram-se: Neville seguiu pelo lado direito e Hermione pelo esquerdo, tendo como meta o seu encontro com Gideon Maverick. Recebera um memorando há minutos atrás avisando-a que o Ministro da Magia tinha algo muito importante para lhe dizer. Apenas esperava que fosse realmente uma resposta afirmativa para o seu desesperado e urgente pedido.
- Pode entrar, Miss Granger! – disse Gideon do seu gabinete, quando Hermione bateu nervosamente na grande porta de madeira trabalhada.
A jovem entrou no gabinete que ainda há algumas horas atrás visitara e acenou ao Ministro que a esperava. Contudo, aquele quadro mostrava-lhe certos detalhes surpreendentes: perto da lareira, segurando um cálice de prata nas mãos, estava Cornelius Fudge, antigo Ministro da Magia, ligeiramente mais velho do que da última vez que o vira, como seria de esperar.
- O que é que ele aqui está a fazer? – acusou Hermione, apontando um dedo acusador ao foco da sua ira crescente. – Você já não tem qualquer cargo no Ministério, Fudge, que veio aqui cheirar?
- Miss Granger, tenha maneiras! – repreendeu um chocado Maverick, ainda sentado à secretária.
- Deixa estar, Gideon. Já esperava que a nossa amiga se tornasse assim, emburrada e malcriada, depois das amizades esquisitas que fez ao longo da vida! – Fudge deu um gole na sua bebida.
- Não me provoque, ou eu não vou responder por mim!
O actual Ministro fartou-se das palavras azedas trocadas pelos dois feiticeiros e bateu com um pesado calhamaço que tinha ali à mão no tampo da secretária.
- Cale-se, Miss Granger! – disse ele com voz rouca, fazendo a jovem olhá-lo com espanto e fúria. – Chamei-a aqui para a informar que a sua proposta de uso do Veritasserum foi recusada, não para a ver discutir acaloradamente com o antigo Ministro da Magia, Mr. Fudge.
Hermione olhou para Maverick. O coração caiu-lhe aos pés. Sentiu um aperto no peito.
- Como! – perguntou, na tentativa de fugir com o olhar ao sorriso irónico de Fudge. – Mas, Sr. Ministro, é extremamente importante que Malfoy tome essa poção para termos a certeza que foi ele quem mat...
- Não foi você quem o meteu na cadeia, com base em provas credíveis?
- Pelo nome de Merlin, toda a gente comete erros, e eu acredito que essas "provas credíveis" foram deixadas pelo verdadeiro assassino para incriminar um inocente! Precisamos de mais uns estudos e o Veritasserum seria muito útil para o provar.
- Vamos lá, Miss Granger, Draco Malfoy é tudo menos inocente! – gracejou Gideon, enchendo um pouco mais o seu próprio cálice.
- Mas Miss Granger não liga a isso, Gideon. Para ela, o mais importante é defender todos os bandidos do destino que verdadeiramente merecem!
A jovem Auror cerrou os punhos ao ouvir as palavras falsas e cruéis de Fudge, mas achou por bem não responder às suas provocações. Contudo, o antigo Ministro não pretendia desistir dos seus intentos logo no primeiro round e decidiu cravar o punhal mais a fundo no peito de Hermione:
- Aconteceu assim vezes sem conta! Primeiro acusa-os, depois vem defendê-los. Nem imaginas quantas vezes Miss Granger me enfrentou desta maneira, os bandidos do Reino deviam colocá-la num pedestal! – Cornelius deu mais um gole no seu vinho. – Era bastante jovem quando começou a agir assim... em favor do traidor Sirius Black!
- SIRIUS NÃO ERA TRAIDOR! – gritou ela, totalmente descontrolada. – ISSO É UMA MENTIRA QUE VOCÊ CRIOU PARA LIMPAR O SANGUE DAS SUAS MÃOS! SIRIUS MORREU PARA NOS SALVAR!
- SIRIUS MORREU PORQUE ERA UM EMPECILHO PARA VOLDEMORT! E essa sim, é a verdade!
Não aguentando mais as palavras de Fudge e o olhar de carneiro mal-morto de Maverick, Hermione virou costas e saiu do gabinete. Há muito que Cornelius a desiludira e tal reacção não fora totalmente inesperada. O que mais a magoava era, no entanto, o facto de que ele continuava a tratar Sirius Black como um assassino traidor que morrera por falhar frente a Voldemort e não para defender o seu afilhado e amigos. E apesar de muitos já não acreditarem nas suas desculpas esfarrapadas e historietas que lhe tentavam salvar a pele, Hermione sabia que uma pequena percentagem da comunidade feiticeira de Inglaterra ainda achava que a situação do país se devia á ausência de Fudge no lugar de Ministro.
- Oh... peço desculpa! – murmurou ela ao dar um forte encontrão a um homem de cabelos cor de areia e cara sardenta que aguardava no corredor à saída do gabinete. Ele somente encolheu os ombros.
Estava tudo perdido! Maverick não aceitara o pedido do Veritasserum – na certa, por conselho de Fudge – e não sabia que mais fazer para acreditar piamente na inocência de Malfoy. Talvez fosse tudo paranóia sua... talvez tudo não passasse de um receio seu. Mas estava tão insegura! Qual deveria ser o passo seguinte?
- «Esperar que o meu turno acabe e ir para casa descansar. Encher a banheira, tomar um banho de imersão e beber uma chávena de chá ou de chocolate quente.» - pensou ela, entrando no elevador. - «É isso que eu devo fazer de seguida: relaxar!»
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O primeiro sinal que algo errado estava a acontecer foi encontrar Jay, a gata de pêlo negro, totalmente desorientada, correndo pela casa toda. Após pousar as chaves na cómoda, Hermione agarrou o animal e tentou acalmá-la com o seu carinho, sem entender bem o que se passava para aquele comportamento.
Penetrou na sala de estar e imediatamente entendeu a agitação de Jay: um mocho de cor escura, bastante parecido com aquele que entregara o paradeiro de Malfoy aos Aurors, estava pousado na mais alta prateleira da divisão.
- Jay, o pássaro fez-te algum mal, por acaso? – suspirou a jovem, colocando o animal no chão. – Vamos lá ver que quer o nosso amigo!
Não foi necessário tentar alcançá-lo, pois o mocho abriu as asas e levantou voo, deixando cair um pequeno papel no chão antes de sair por uma janela previamente aberta. Perguntando-se como estaria aquela janela assim, Hermione correu a fechá-la e apanhou a mensagem caída no chão. Tal como a que ela e os companheiros haviam recebido no Ministério, também esta estava escrita a partir de recortes de jornal. Porém, daquela vez, era uma mensagem dirigida à sua pessoa e não trazia qualquer traço de simpatia:
« cUIda dE ti, grAnGeR! aFinaL, esTás A MetEr O naRiz OnDe nAo eS chaMaDA!»
Continua...
N/A: espero que tenham gostado! Eu gostei de colocar o Fudge como mau da fita! Vou tentar postar o próximo capítulo o mais depressa possível, pois volto a ir-me embora em fins de Agosto, mas, infelizmente, não posso prometer nada. De qualquer maneira, espero que permaneçam "ligados". Obrigada a Jane (pela betagem também), Bruxinha (oh, U2, eu também gostava de ter ido), Pandora (sê bem-vinda de volta!) e Lina (espero que continues com a mesma opinião).
Prometo mais "acção D/Hr" no próximo capítulo!
