Longe do Paraíso
Disclaimer: personagens e lugares pertencem a JK Rowling e à Warner Brothers, excepto aqueles que foram criados por mim. Esta fic foi escrita sem fins lucrativos e quaisquer semelhanças com outras histórias é mera coincidência.
Avisos: fanfiction não apropriada a menores de 13 anos.
Spoilers: PF, CdS, PdA, CdF, OdF
Sumário: No cenário duro do pós-guerra foi cometido um horrível crime e um Devorador da Morte é preso e condenado, acusado de homicídio. Porém, existem pontas soltas que não se encaixam no puzzle e uma Auror tem agora a difícil tarefa de descobrir a verdade antes que seja tarde demais.
Capítulo XV
O relógio de Azkaban bateu as nove horas da noite por todo o edifício. Prisioneiro na sua cela, solitário, Draco Malfoy deixou cair a cabeça contra a parede de tijolo e cerrou os olhos. Faltavam onze horas certas para o final da sua vida e cada anúncio de que o fim estava cada vez mais perto apertava-lhe o coração com toda a força. Esperara todas as maneiras de morrer, excepto aquela. Veneno, acusado de um crime que não cometera. Que castigo era aquele?
Naqueles últimos momentos, todas as suas esperanças acabaram, os seus sonhos desvaneceram-se. Estava abandonado! As únicas pessoas que haviam acreditado nele e em quem tinha confiado tinham-no abandonado no momento em que mais necessitava delas. Patrick ainda não tirara uns minutos para falar consigo, o Longbottom parecia ainda nem ter aparecido por ali, segundo os outros seguranças, e a Granger… Hermione deixara passar o seu último dia de vida e nem sequer o soubera observar ao de longe. Será que permanecia ainda zangada com aquilo que ele lhe dissera no dia anterior?
- És uma besta, Draco! – suspirou o jovem, sempre na mesma posição.
- Pelo menos admites, 'né? – gritou uma voz rouca por entre a escuridão do corredor.
Malfoy abanou a cabeça e avançou até à cama, caindo pesadamente sobre ela. Hermione Granger! Mas porque é que é que ele tinha o dom de só entender o quanto alguém é importante para a sua pessoa quando tudo parecia perdido? A conversa entre ambos no dia anterior fora pura estupidez… será que só agora é que ele entendia que a presença de Hermione na sua vida funcionara como uma luz de salvação que o podia ajudar a escapar das Trevas?
- És uma besta! – repetiu ele na solidão da sua cela. – E agora é tarde demais!
- Já andamos há quase duas horas ao frio e à chuva! Estou todo molhado, a morrer de frio e sinto o estômago colado ás costas! – resmungou Neville, andando quase colado a Hermione. – Podes-me pelo menos explicar aquilo que andas à procura, por favor?
- Vamos regressar à casa de Alfred Rosier!
- Sempre foi ele quem matou Isobel?
- Se eu estiver certa, …
As palavras da jovem morena foram cortadas assim que chegaram ao número 91 da Rua Bativolta. Num instante, ela invocou um feitiço de Aparição e a casa que um dia conhecera surgiu à sua frente.
- Vamos? – perguntou Neville, retirando a sua varinha do bolso do manto.
Ela nem pensou duas vezes. Segurando firmemente a varinha na mão, Hermione deu um fortíssimo pontapé na porta e entrou no escuro corredor de entrada que conduzia ao hall bem lá no fundo. Ao início era quase impossível ver alguma coisa, mas quando as nuvens destaparam a lua e o luar prateado os iluminou a todos, Neville foi obrigado a sufocar um grito de horror na garganta.
- Por Merlin…! – murmurou ele, horrorizado.
Jimmy Harris encontrava-se no hall ao fundo do corredor, inconsciente e com a face ensanguentada, suspenso por grossas cordas até ao tecto. Os dois jovens correram até ao colega.
- Harris! Harris! – Neville dava-lhe pancadas no rosto, tentando, em vão, acordá-lo, enquanto a rapariga tentava apanhar-lhe o pulso. – Mas o que é que o idiota do Rosier lhe fez? Ah, se eu o apanho…
- Se me apanhas o quê?
Hermione virou-se para um dos cantos do hall e viu Alfred meio escondido nas sombras, de varinha apontada aos dois. O segurança de Azkaban deixou cair a varinha no chão com o nervosismo e rogou meia dúzia de pragas.
- O que é que tu lhe fizeste? – perguntou o jovem, encarando Rosier nos olhos sem reparar que o medo crescia nos olhos dele. – Para quê tudo isto? Para tirares Malfoy da cadeia!
O cabelo do Devorador da Morte surgia ainda mais eriçado do que o normal e o seu rosto estava banhado pelo terror da cena que se desenrolava à sua frente. Neville apanhou a varinha do chão num gesto rápido e simples e apontou-a firmemente ao jovem.
- Eu não fiz nada! – fungou ele com ar assustado e um brilho nos olhos escuros. – Não sei por que razão é que esse homem aqui está, nem sequer sei quem ele é! Além disso, nunca na vida eu mexeria uma palha para tirar um idiota como Malfoy de Azkaban!
- Claro! Agora dá-te imenso jeito não saberes quem é Jimmy Harris… aposto que também não conheces o nome de Isobel Vance, certo?
As palavras de Neville foram interrompidas por Hermione, que pousou a sua mão esquerda no ombro direito do colega. Os seus olhos estavam decididos e a compreensão bailava firme neles.
- Eu acredito em si, Rosier! – murmurou ela, para enorme surpresa do amigo. – Eu acredito em si, mas estar de varinha apontada a nós não ajuda ninguém em nada. Especialmente a si!
A frieza de Alfred pareceu dissolver-se um pouco e a sua firmeza vacilou. A varinha tremeu-lhe nas mãos. Sabia bem que não podia confiar em Aurors, mas havia algo de estranho, tão diferente nos olhos daquela jovem…
Hermione foi-se aproximando lentamente do Devorador da Morte, ouvindo bem os resmungos de Neville, proferidos entre dentes enquanto ela se afastava dele e do corpo inconsciente de Harris, guardando a varinha no bolso para obter a sua confiança. Alfred olhou-a, desconfiado, mas quando entendeu que as suas intenções eram boas perdeu todo o seu medo dela.
- Tudo bem! – e de seguida, para grande surpresa dos presentes, a jovem olhou em redor e começou a chamar por alguém inesperado. – OK, Patrick, pode sair! Escusa de se esconder mais porque eu já topei o seu jogo maldoso!
Neville e Alfred trocaram olhares surpresos enquanto a Auror se aproximava de Jimmy Harris como se esperasse por alguém. E de súbito, no meio do silêncio que reinava no hall do número 91, fez-se ouvir uma risada. Uma gargalhada fria e cruel, que rapidamente conseguiu gelar o ambiente já de si desagradável.
- Muito bem, Sangue de Lama! – anunciou uma voz mesmo ao lado dela, ao seu ouvido, que arrepiou Hermione por completo. – Finalmente a prova de que és mesmo inteligente!
Recuperada do susto inicial, a jovem esticou o braço e puxou o Manto de Invisibilidade que cobria a figura de Álvaro Montês. O sorriso na sua face era frio e irónico. Neville não conseguiu esconder o seu desapontamento ao ver que a teoria de Hermione em relação ao seu colega estava correcta.
- Seja bem aparecido, Mr. Lottus! – cumprimentou ela, ironicamente. – Ou deverei antes dizer Mr. Montês? Ou qualquer um dos seus outros nomes?
- Eu apenas mudo de aparência, Granger, o nome mantém-se sempre o mesmo. Excepto, é claro, quando sou obrigado a meter Aurors na minha história.
Patrick acocorou-se junto ao corpo de Jimmy e estalou os dedos frente ao rosto dele. O sorriso que permanecia nos seus lábios continuava a ser frio e ostentava um leve pingo de ameaça. Vendo que o Auror não respondia ao seu chamamento, levantou-se e aproximou-se da jovem, de varinha apontada a ela.
- Aqui o Harris descobriu demasiado sobre a minha pessoa. E depois de tanto tempo, não podia deixar que todo o meu plano fosse por água abaixo por causa de um bicho destes! – o olhar cinzento do Devorador da Morte caiu na figura do antigo chefe e o sorriso alargou-se mais. – Ora então contem-me lá: que estão vocês aqui a fazer?
Atrás de si, Neville pigarreou e preparava-se mesmo para lhe responder quando Hermione se adiantou:
- Viemos prendê-lo. Prendê-lo como culpado da morte de Isobel Vance!
- Uau! – espantou-se o acusado. – Cada vez gosto mais de ti, a sério!
Deu mais uns passos e ficou a somente centímetros do corpo da morena. Ela olhou-o com frieza e sem qualquer traço de simpatia e preparou-se para o caso de ele a atacar. Alfred colocou-se numa posição de defesa – vendo que estava a ser afastado do assunto, não desejava que o voltassem a incluir numa conversa tão grave como aquela.
- Mas então conta-me lá, Sangue de Lama – pediu Patrick num tom de voz ternurento, mas simultaneamente ameaçador. – como é que vieste aqui parar com esse objectivo?
- Acontece que eu já suspeitava de si desde o dia em que descobri todos aqueles papéis incriminatórios nesta casa! Sabe, a história dos números trocados quase me apanharam, mas mais tarde vim a desconfiar que tudo não passava de uma armadilha reles para incriminar Alfred Rosier.
- QUÊ! – gritou Alfred, assim que ouviu o seu nome vir à baila.
Patrick soltou uma ruidosa gargalhada trocista, mas somente ele possuía qualquer vontade de rir. Neville olhou-o com desprezo e bufou de impaciência. Pensar que por detrás do antigo colega tímido e algo desajeitado existia um monstro atroz e assassino.
- Foi você quem alterou as moradas que Malfoy me deu, não foi? Você estava naquele grupo que passou por mim no dia em que isso aconteceu e trocou os números para me levar a visitar a casa errada!
- Sou bom, não sou? – vangloriou-se ele. – Mas admite que se não fosse o nosso querido prisioneiro de Azkaban, por esta altura ainda pensavas que o Rosier era o culpado de toda a situação.
Do outro lado da sala, Alfred rosnou palavras imperceptíveis. Ele nunca gostara muito de Patrick e muito menos de Draco, mas aquilo era demais: o primeiro era um traidor e o segundo deixara fugir a sorte. Queria responder às acusações do colega Devorador da Morte, mas Hermione adiantou-se e falou primeiro:
- Não sei! Sabe, Mr. Lottus, o facto de ter uns olhos muito bonitos pode trazer-lhe vantagens na conquista feminina, mas só o mete em sarilhos quando tem as autoridades atrás de si. É impossível esquecer uns olhos como os seus.
- E…?
- E! – Hermione exibiu um sorriso trocista. – E isso significa que em pouco tempo liguei as peças e descobri quem você era. Quer saber mais uma coisa? A história das pulseiras também não colou muito bem comigo! A escolha da companhia foi propositada ou foi obra do destino?
O acusado meteu a mão livre no bolso do manto e continuou a sorrir. Quem o olhasse pensaria na certa que Patrick não fazia ideia da gravidade da situação. Neville olhou por uns segundos para o ex-colega que o enganara tão a fundo e deixou o olhar cair de novo na figura de Hermione.
- PAL não significa Portuguese AirLines coisa nenhuma! É o seu nome, Patrick Andrew Lottus! Você receava que os Aurors encontrassem a pulseira de Isobel e a relacionassem com o seu nome, certo? Por isso saiu-se com a história da companhia para o disfarçar. Esta história, porém, apenas funcionaria se tivesse escondido a sua! – e Hermione apontou agora para o pulso do acusado. – Eu vi as letras. IKV! IKV não são mais do que as iniciais do nome de Miss Vance.
- Então, tu queres dizer que… - Neville deixou as ideias em suspenso, provavelmente para descobrir aquilo que a amiga tencionava concluir com o seu raciocínio.
- Eu quero dizer – a jovem foi-se aproximando cada vez mais do Devorador da Morte que permanecia estático olhando para ela. – que Mr. Lottus, o verdadeiro assassino de Isobel, é na verdade o mesmo rapaz das fotografias que eu descobri na caixa de imagens que me foi entregue pela tia da vítima. É o homem responsável pela pulseira PAL e o namorado da jovem na altura da sua morte!
«A pulseira IKV abriu-me os olhos à verdade. Depois foi somente uma questão de associar o seu olhar ao do homem que Isobel beijava nas fotos que me foram confiadas. Quando deduzi que você era Metamormago, tudo ficou mais claro e foi num instante que a luz surgiu!»
Patrick conseguia irritar todos os presentes com a sua atitude. Perante as acusações de Hermione, apenas sabia sorrir e andar em torno daqueles que o observavam de varinha em punho, sem mostrar qualquer expressão de arrependimento ou algo semelhante. Muito pelo contrário, parecia quase orgulhoso do que tinha feito.
- Como é que foi capaz? – questionou ela, sem o entender. – Que mal é que Isobel lhe fez para merecer um final tão terrível? Que mal fez Malfoy para ter de arcar com as culpas, com as suas culpas?
- Ninguém descobre os meus podres e sobrevive para contar! E tu incluis-te nesse grupo, mas como até gostei do que conseguiste descobrir, vou-te contar aquilo que aconteceu com a Vance – o Devorador da Morte olhou Hermione nos olhos e ela pôde ver uma sombra escura gozá-la descaradamente. – Afinal, tu e o teu amigo merecem a verdade!
«Conheci Isobel no dia da sua formatura em Hogwarts ao 17 anos. Eu andava a espiar Dumbledore e os seus fiéis seguidores, numa imagem diferente da que conhecem hoje, e fiquei de olho nela. Digamos que eu tenho um fraco por louras e a Vance não foi excepção.
Adoptei a imagem que conheces, Granger, e meti-me com ela naquele Verão. Ela apaixonou-se perdidamente por mim. Idiota, nem sequer entendeu que para mim não passava de uma curtição! O Malfoy foi o único colega que soube dessa relação, foi ele quem tirou as fotos que viste, quando trocámos as pulseiras. Ideia dela… Na verdade, nunca pensei que a gaja tivesse guardado essas fotos, sempre pensei que me odiasse depois do que aconteceu… parece que a toquei a fundo!»
Hermione cerrou os dentes ao ouvi-lo falar de Isobel daquela maneira, ofendendo a sua memória e valorizando a sua capacidade de enganar e magoar as pessoas.
- Ah, bom, continuando a minha história – prosseguiu Patrick, com ar sonhador. – o que aconteceu foi que a Vance veio a descobrir que eu era um seguidor de Voldemort e que não a amava tão cegamente como ela a mim. O estúpido do Malfoy deixou cair o seu disfarce frente a ela e foi imediatamente reconhecido como sendo o filho do malogrado Lucius Malfoy. E isto logo no momento em que eu estava prestes a descobrir os segredos de Dumbledore e da Ordem através das suas doces palavras…
- Isobel contou-lhe coisas sobre a Ordem de Fénix! – Hermione não conseguiu resistir a interromper as palavras do assassino. Ela sabia bem que não deveria contar nada a ninguém sobre a associação à qual ela e a tia pertenciam!
- Deixou-se cair um dia enquanto falava sobre a sua adorada madrinha! Mas deve-se ter arrependido, pois não voltou a tocar no assunto. O isco, porém, já tinha sido lançado, só continuei mais tempo com ela para tentar fazê-la vomitar tudo quanto sabia. Consegues ver a mina de ouro que ela era? Mas quando estava prestes a fazê-la falar, Malfoy estragou tudo e Isobel afastou-se de mim.
«É óbvio que me assustei quando entendi que ela já sabia de tudo, mas pior foi quando me contaram que me haviam fotografado enquanto planeávamos um ataque em St. Mungus e que o Ministério já havia sido avisado. Percebi imediatamente que só podia ter sido ela a ir tão longe e planeei a minha vingança a fundo. Isobel ia arrepender-se do que me tinha feito… e Malfoy também, por não cuidado com aquilo que fazia e ter estragado tudo frente a ela.
Foi tudo programado ao pormenor. Malfoy foi adormecido por mim durante a noite inteira, tomei a Poção Polisuco com um dos seus cabelos e tive o cuidado de chocar contra uma gaja que por ali passou para ela poder olhar bem para mim… ou melhor, para Malfoy! Já em casa dos Vance, agarrei propositadamente num copo sem luvas e decidi que o iria deixar num local onde os Aurors facilmente o encontrassem. Depois, parti para Isobel. A meio da luta, porém, o efeito acabou e voltei a ser o velho Lottus de sempre. Bom, vejamos o lado positivo da coisa: ela morreu sabendo quem lhe tinha levado a melhor!
Quando tudo acabou, deixei o copo sobre a secretária, com todo o cuidado para este não ficar com as minhas impressões agora, e parti. Foi bom enquanto durou, mas a Vance não podia ficar viva depois daquilo que descobrira!»
- E de seguida Malfoy foi acusado de crime! – concluiu Hermione, sem conseguir impedir que o ódio por Patrick e a pena por Draco brotassem no seu peito. – Você colocou-o no esconderijo da Rua Bativolta e avisou o quartel do paradeiro dele.
- E enviei-te mensagens também! – completou o assassino. – Não podia deixar que descobrisses toda a verdade, principalmente depois da revolta popular e a condenação do Malfoy à morte. O problema é que tu nunca te preocupaste com elas! Tive sempre de contar com a ajuda do meu muito fiel Jimmy Harris!
- Jimmy Harris é um Devorador da Morte! – Neville deixou cair o queixo. Que absurdo!
Atrás do grupo, o Auror posto fora de combate permanecia inconsciente. O seu rosto ensanguentado dava-lhe um aspecto assustador e tenebroso na escuridão da casa de Alfred. Patrick soltou uma gargalhada ruidosa e ameaçadora.
- Jimmy Harris? Um Devorador da Morte! - riu ele, sem qualquer controlo. – Claro que não! Que estupidez, Longbottom, alguma vez na vida alguém tão idiota seria algo tão grande? Não, simplesmente se tornou um grande amigo meu, permitindo a minha mobilidade por todo o Ministério, essencialmente no Quartel dos Aurors.
«Como pensavas tu que eu sabia tanto, Granger? Foi ele quem me deu a oportunidade de descobrir os vossos segredos, vagueando por ali apesar de ser proibido. O exterminador era eu, lembras-te? E foi contra mim que chocaste após o Maverick recusar o uso do Veritasserum. Eu estava á coca: Harris avisara-me dos teus intentos e eu não o podia permitir, facilmente descobririam que Malfoy estava inocente. Escutei a vossa conversa, pronto a enfeitiçar o Ministro se tal fosse preciso. Mas graças ao Senhor das Trevas, o próprio Fudge se encarregou do assunto!»
- E depois a carta… – rosnou Hermione, apertando com força a varinha no bolso ao sentir que a acção se aproximava com o findar da explicação. – Você queria mesmo que Malfoy fosse morto por aquilo que você fez!
- Claro! Se não fosse ele mostrar as trombas frente àquela estúpida, a esta hora já toda a Ordem estaria aniquilada! – Patrick apontou a varinha com toda a firmeza aos dois adversários. – Uma vez que ele vai morrer daqui a umas horas e eu não tenho qualquer vontade de ir parar à cadeia, não vos posso deixar ir embora! É uma pena matar um génio como tu, Granger, mas tem de ser!
Um toque de varinha bastou para várias cordas saírem desta e enrolarem-se em torno do corpo forte de Neville que, apanhado de surpresa, não resistiu ao golpe e caiu para trás.
- Harris descobriu quem eu era na realidade e terminou daquela maneira! Não lhe deve faltar muito para a morte! Vocês sabem qual o mais recente crime da minha pessoa, não podem sequer pôr um pé fora desta casa! Mas como provaram ser inteligentes, vou dar-lhes um fim imediato! – sob o olhar de ódio dos dois Aurors, Patrick virou-se para um canto, sem afastar a varinha dos dois alvos. – Dá-me aqui uma ajudinha com estes, Rosier!
Somente o silencio se fez ouvir após o pedido de Lottus. Este semicerrou os olhos na tentativa de conseguir observar melhor o colega na escuridão mas foi em vão. A verdade estava ali, esperando que a notassem e a entendessem: Alfred Rosier aproveitara a explicação de Patrick para fugir da moradia, com receio de ser capturado e enviado para Azkaban.
- Ficaste sozinho, Lottus?
O Devorador da Morte retornou à realidade com a pergunta de Hermione, mas já era tarde demais: a Auror conseguira retirar a varinha do manto e tinha-a agora também apontada a ele. Frente a frente, olhos nos olhos… e Hermione estava assim prestes a combater o homem que mais procurara nos últimos tempos. Um belo feiticeiro, cuja face de bonzinho caíra e exibia agora algo terrível. Exibia agora uma face de monstro sanguinário e brutal, capaz das maiores atrocidades por simples divertimento.
- A solidão não me aflige! – rosnou Patrick, visivelmente irritado. – Já de ti não sei se se pode dizer o mesmo!
Por mais forte que Hermione pudesse ser, sabia bem que estava em desvantagem. Lottus era mais poderoso e manhoso do que ela; somente com Neville a seu lado ainda teria algumas hipóteses. Mas como libertá-lo das malditas cordas?
- Eu não vou deixar Malfoy morrer por ti! – exclamou, numa tentativa de o desviar por outros caminhos e conseguir uma oportunidade para libertar o colega. – Vou levar-te para Azkaban e vingar a morte de Isobel! Ele não merece sofrer no teu lugar!
- Para os palhaços lá de fora, a morte de Isobel ficará vingada dentro de algumas horas! Mas não te preocupes – o jovem exibiu um sorriso escarninho. – tu e o Malfoy poderão viver juntos e felizes após a morte! Aposto que serão imensamente alegres quando isso acontecer!
Aquela provocação foi demais para ela. Reparando que Patrick estava mais preocupado em gozá-la acerca de Malfoy, Hermione decidiu que chegara o momento de libertar o amigo. Sabendo que tudo não passava de uma luta contra o tempo, concentrou-se ao máximo e não deu nem mais um segundo de pausa:
- EXPELLIARMUS!
Sem ligar sequer ao resultado que o seu feitiço provocara no Devorador da Morte, Hermione apontou a varinha a Neville, desatou-o das cordas que o prendiam e inclinou-se sobre ele:
- Pede ajuda, Neville, JÁ!
- Hermione, cuidado!
A última coisa que sentiu foi uma pancada fortíssima na cabeça, como se alguém lhe tivesse batido com um martelo. A varinha saltou-lhe das mãos e viu tudo a dobrar. Sentindo as forças esvaírem-se num ápice, Hermione conseguiu ainda ouvir a risada louca de Patrick Lottus e ver um Neville simplesmente horrorizado desviá-la para um lado enquanto puxava a varinha. De seguida, caiu ao chão e tudo ficou negro. No meio do momento mais importante de todo o caso, Hermione Granger fora vencida e perdeu os sentidos.
Continua…
N/A: sinceramente, eu acho que já não há sequer desculpas para todo este atraso nem sequer direito a fazer promessas. Este é o penúltimo capítulo! Acho que depois de tudo o que aconteceu nestas últimas vezes nem vale a pena dizer que espero despachar-me com o próximo… XD Espero, no entanto, que tenham gostado de saber quem matou, de facto, Isobel Vance. Perdoem-me se terminou de uma maneira abrupta, mas eu estava mesmo muito aflita para terminar esta cena (eu tenho de desistir das lutas…).
Como sempre também, um beijinho imenso para todos os leitores que eu adoro, principalmente Jane (minha beta querida), RainbowReflexes, Babi e Ju. Meu Deus, há quanto tempo teria eu desistido desta coisa das fanfics se não fosse pessoal fixe como vocês?
Beijinhos a todos.
