Longe do Paraíso
Disclaimer: personagens e lugares pertencem a JK Rowling e à Warner Brothers, excepto aqueles que foram criados por mim. Esta fic foi escrita sem fins lucrativos e quaisquer semelhanças com outras histórias é mera coincidência.
Avisos: fanfiction não apropriada a menores de 13 anos.
Spoilers: PF, CdS, PdA, CdF, OdF
Sumário: No cenário duro do pós-guerra foi cometido um horrível crime e um Devorador da Morte é preso e condenado, acusado de homicídio. Porém, existem pontas soltas que não se encaixam no puzzle e uma Auror tem agora a difícil tarefa de descobrir a verdade antes que seja tarde demais.
N/A: e Belinha (em conjunto com toda a gente) começa a cantar "Aleluia, aleluia…". É verdade, meus senhores e minhas senhoras, 500 anos depois, consegui arranjar maneira de postar o último capítulo desta fic. Muito sinceramente, espero que o considerem minimamente aceitável, apesar de isto quase parecer uma novela da TVI – faz render o peixe na recta final e acabar por não mostrar nada (cof, cof).
Como sempre, obrigado à minha beta superquerida Jane Potter, com quem tenho conversas extremamente interessantes em relação a talentos para escrita e porradas com escovas de cabelo no MSN e, diga-se de passagem, sempre que a gente se vê, e a todos, mas mesmo todos, aqueles que me deram o seu apoio durante esta (muito) longa viagem – perdoem-me não deixar nomes por esta vez, mas tenho sempre receio de me esquecer de alguém, o que seria muito injusto para a pessoa em causa. Posso só acrescentar que vou guardar todas as vossas mensagens de incentivo para me relembrar do "must" que vocês são! XD
Mais (fogo, isto hoje não acaba): não sei quando irei postar mais fics – se calhar já nem volto (será?... P). De qualquer maneira, para qualquer um que esteja interessado, é só manter-se ligado por aí!
Beijinhos a todos!
Belinha
Capítulo XVI
A imagem de uma face masculina jovem e preocupada começou a formar-se à medida que ela abria os olhos, pesados como chumbo. A pouco e pouco, foi distinguindo os pormenores: cabelo negro e desalinhado, esmeraldas brilhando por detrás dos óculos de aro preto e uma cicatriz em forma de relâmpago sobre a sobrancelha direita. Ele ergueu a mão e acenou-a.
- Já acordaste? – questionou Harry, com uma expressão preocupada.
- Quase… – Hermione levou a mão à cabeça dorida. – Onde estou?
- No hospital, claro. Depois do que aconteceu, onde é que querias estar? – apesar de parecer frio e distante, o jovem não conseguia esconder o brilho de alívio nos olhos. – Que ideia foi aquela, rapariga?
Ela pousou as mãos sobre os lençóis e cobertores brancos e tentou lembrar-se. Que ideia? O que é que lhe tinha acontecido? Porque é que Harry parecia tão longe daquele quarto?
A verdade atingiu-a fortemente e sentiu uma náusea invadi-la. Patrick Lottus era o assassino de Isobel. Patrick Lottus atacara-a, ferira Jimmy Harris e ficara somente com Neville para o deter. E Draco… Draco Malfoy seria morto caso o verdadeiro criminoso não fosse preso a tempo. Olhou o relógio de pulso abandonado sobre a mesa-de-cabeceira: os ponteiros marcavam poucos minutos após as dez horas e meia da manhã.
- Merda! – praguejou Hermione, começando a levantar-se da cama. – Diz-me que não o fizeram, Harry, por favor! Diz-me que ele ainda está vivo!
- Tu nem penses que vais sair daqui! Mete-te na cama, imediatamente! E vê se te acalmas… olha que eu sou muito bem capaz de te amarrar para ver se ficas quieta!
Às palavras seguiram-se as acções. O rapaz segurou a amiga por um braço e obrigou-a a meter-se de novo na cama, ajeitando-lhe os lençóis sobre o corpo. Quando reparou na preocupação enorme que emergia nos seus olhos castanhos, mordeu o lábio inferior e baixou a cabeça lentamente.
- Harry, olha para mim! – pediu ela, à beira de uma explosão. – Responde-me! Malfoy está vivo? Como estão Neville e Harris? Patrick foi preso? O que é que aconteceu?
Não houve resposta. Os olhos de ambos cruzaram-se: ela ansiava por respostas, ele fazia-a crer que estava a remoê-las dentro de si. Por medo, talvez. Apenas a chuva que batia contra os vidros do quarto se fez ouvir durante uns minutos; até que Harry ocupou um cadeirão e retirou os óculos, segurando-os em ambas as mãos.
- Jimmy e Neville estão aqui internados. Harris passou uma noite má, mas agora já está melhor. As expectativas em relação à sua recuperação total são muito elevadas! – comentou ele. – Neville foi internado somente por precaução. Após pedir ajuda ao QG, debateu-se sozinho com esse tal Lottus até nós chegarmos. Tratámos de o imobilizar e prender assim que atingimos a nossa meta, apesar de não entendermos muito bem o porquê daquilo tudo. Harris quase morto a um canto, tu desmaiada noutro, Neville teve o mesmo fim nos meus braços…
- E Malfoy?
O Auror de olhos verdes não pareceu gostar da interrupção, mas não achou por bem esconder-lhe mais a resposta, por muito que não gostasse dela.
- Malfoy permanece ainda em Azkaban… vivo! A vossa entrada no hospital e a captura de Lottus deixou toda a gente em polvorosa no Ministério e quando Neville falou em interromper a pena de Malfoy ao despertar, apesar da sua agitação, Gordon ouviu o seu pedido e falou com Maverick. A condenação foi suspensa até uma melhor explicação.
Hermione deixou escapar um sorriso de alívio ao ouvir as palavras do amigo.
- Então – falou ela, sem conseguir esconder a sua alegria. – tudo acabou em bem!
- Será que acabou? – interrompeu Harry, com uma expressão estranha na face. – O que é que aconteceu naquela casa, Hermione? Que tem Lottus a ver com este caso?
- Tem tudo! Patrick Lottus é o verdadeiro assassino de Isobel, é ele quem merece morrer por tal crime, não Malfoy! Preciso falar com o Gordon… este caso tem de ser encerrado!
Harry levantou-se do cadeirão para, uma vez mais, impedir a amiga de se levantar da cama. Segundo ele, o chefe estava naquele momento a preencher uns pergaminhos sobre os acontecimentos da última noite e já viria a caminho.
- Além disso, precisamos de falar! – exclamou ele, com um ligeiro ar de tristeza na face branca.
- Há algum problema?
- Há uns rumores… - explicou em voz baixa, colocando-se ao lado da cama. – O que é que te levou a esta busca desenfreada? Porque é que nem depois da prisão de Malfoy tu desististe?
Hermione baixou a cabeça e uma madeixa encaracolada de cabelo caiu-lhe sobre a face. Porque é que nunca se rendera? Se ela desse a verdadeira razão, Harry nunca iria acreditar. Ou pelo menos, nunca iria aceitar.
- Eu sei lá porquê! – replicou a jovem, sem, no entanto, o olhar nos olhos. – Talvez por causa da minha irmã. Tu sabes o quanto me custou a morte dela e ainda me custa pensar que alguém a matou e eu não sei quem foi! E agora foi como se me fosse dada uma segunda oportunidade: a chance de encontrar o assassino de uma amiga e levá-lo a pagar por tal! – Hermione suspirou. – Assim que percebi que Malfoy era inocente, entendi que era altura de agir. Eu não podia deixá-lo morrer por um crime que não cometera.
- Nem que isso implicasse castigos, tais como a tua suspensão?
- Sim! Ser suspensa do QG não era tão terrível quanto…
- E será que não o fizeste por Malfoy? – atirou Harry, como quem lança uma bomba no campo de batalha.
Então aquele era o problema, aqueles eram os rumores! Os piores receios de Hermione foram confirmados naquele exacto momento e a expressão do rapaz ao fazer tal pergunta era mais uma justificação para tais medos.
- Claro! Para ele não morrer por causa de outro qualquer!
- Tu sabes àquilo a que eu me refiro! É verdade que andas metida com ele? Draco Malfoy, o Devorador da Morte que sempre pareceste odiar e que te odiava, o nosso maior inimigo enquanto frequentámos Hogwarts, que nunca nos deixava…
- Harry, pára de me tentares fazer culpada! – cortou ela, maldisposta, sem quaisquer traços de simpatia. – Em primeiro lugar, eu não ando metida com ninguém e mesmo que estivesse, isso não é da tua conta! As pessoas mudam, Harry, só os parvos é que não acreditam nisso!
Então ele abriu a boca, possivelmente para ripostar a acusação de Hermione, mas as palavras morreram-lhe na garganta. Nos seus olhos verdes brilhava uma ponta de algo semelhante à desilusão que tocou de grande o coração dela e a fez arrepender-se das suas últimas palavras. Seria demasiado tarde para desculpas?
- Vê se melhoras… - falou ele antes de abandonar o quarto.
A porta bateu com força quanto saiu. O tom azedo da conversa permanecia em torno dela, mas apesar de todas as sensações desagradáveis, Hermione não pensava mudar de ideias acerca de tamanhos factos. Se a vida era dela, não seriam os amigos que iriam decidir quais os caminhos a seguir.
1 semana depois…
Quatro seguranças de Azkaban entraram calmamente na Sala de Condenações, levando entre si o Devorador da Morte mais procurado dos últimos tempos: um Patrick Lottus com uma aparência totalmente diferente daquela com que fora preso – cabelo dourado escorrido, olhos escuros como túneis, frios e sem qualquer compaixão. O sorriso que o caracterizara na noite da sua captura perdera-se com o tempo e a sua expressão era de raiva pura e dura.
Neville desviou o olhar quando ele passou junto a si e chegou-se mais perto de Hermione. Esta sorriu lentamente. Pobre Neville, quem é que adivinhava a sua coragem em momentos como há uma semana atrás, quando se vira sozinho com um assassino?
- Patrick Andrew Lottus – Maverick levantou-se do seu lugar assim que o feiticeiro em causa foi colocado na cadeira inclinada própria para aquelas situações. – Chegou o momento! Considerado culpado no caso do assassínio de Miss Isobel Kristin Vance, foi condenado à morte, ingerindo veneno para esse fim.
Os seguranças apertaram as correntes em torno dos braços e pernas de Patrick e de seguida abandonaram a sala. Somente uma pequena audiência ia assistir ao momento final da vida daquele homem, entre eles os Aurors directamente ligados ao caso e familiares de Isobel, que não ouviram os conselhos das autoridades e quiseram marcar presença na morte do assassino da jovem.
- Antes de ingerir o veneno – proferiu o Ministro da Magia, visivelmente perturbado com a cena a que assistia. – tem algumas últimas palavras a dizer?
Discretamente, Harry olhou para Hermione. Praticamente não lhe tinha dirigido palavra durante a passada semana e parecia disposto a continuar o voto de silêncio por muito mais tempo. Ela tentou dar-lhe a entender que pedia desculpa pelas suas afirmações, mas que algumas delas não poderiam mudar simplesmente devido à sua opinião contrária.
- Ter até tinha! – rosnou Patrick de súbito, levando a jovem Auror a esquecer-se dos seus problemas pessoais e a concentrar-se no que estava a ocorrer à sua frente. – Mas com toda esta gente a ver-me até me fica mal dizê-las!
Marianne Vance baixou a cabeça num pranto compulsivo e foi acarinhada pelo marido Hugo e cunhada Emmeline. A expressão do assassino preso às correntes da condenação final era terrível e não demonstrava qualquer sinal de arrependimento pela falta cometida, levando a pobre mulher quase ao desespero. Como é que alguém podia ser tão insensível?
Patrick sorriu maldosamente ao ouvir o choro incontido de Marianne mas o seu olhar frio como gelo deteve-se na figura de Hermione, sentada na fila atrás da mãe de Isobel, umas cadeiras à sua direita. A jovem facilmente compreendia o que ele tentava exprimir no seu olhar: Patrick não a perdoava por o ter desmacarado, capturado e defendido a sua morte. Porém, estavam quites; seria totalmente impossível a Hermione alguma vez lhe perdoar aquilo que fizera a Isobel nos últimos meses da sua vida, desde enganá-la a respeito daquilo que sentia a tirar-lhe a vida, e ao castigo que pretendia aplicar a Draco Malfoy, deixando-o morrer pelos seus crimes.
- Sendo assim – Maverick segurou a taça de veneno nas mãos e ergueu-a aos céus. – é desta maneira que a força maior do Wizengamot te condena pelos teus crimes. Que a tua alma encontre o caminho da verdade e se purifique das tuas maldades após a tua morte!
O carrasco, anteriormente encarregado de conduzir os Dementors até aos condenados ao beijo, tomou a taça nas suas próprias mãos cobertas de negras luvas e transportou-a até ao Devorador da Morte. Este fechou os olhos à medida que o feiticeiro de negro se aproximava com o objecto dourado à sua frente. Na primeira fila, o pai e a madrinha de Isobel pararam de respirar por uns breves momentos.
Encarregado já de diversas mortes ao longo da sua carreira, o carrasco não parecia nada tocado pelas imagens que se desenrolavam mesmo debaixo do seu nariz. Alcançando por fim a cadeira onde Patrick se encontrava, inclinou a taça sobre os lábios entreabertos dele e deixou que o líquido escorresse para o interior da boca do jovem. De seguida, segurou o queixo dele com a mão direita e inclinou-lhe a cabeça para trás, obrigando-o a ingerir o veneno mortal.
No meio da audiência, Hermione fechou os olhos e baixou a cabeça. Não precisava de assistir ao que se ia seguir. Para ela, aquele momento era o findar de um pesadelo que parecia não ter fim!
- Sentes-te bem? – perguntou Neville uns minutos após ser declarada a morte de Patrick Lottus, enquanto avançava com a amiga até à saída do Ministério.
- Claro que sim! – Hermione passou a mão pelo cabelo encaracolado e tentou exibir um sorriso convincente. – Nós estamos bem após mais um desafio contra um louco, Malfoy vai cumprir pena somente por aquilo que fez e a minha amiga teve a sua morte vingada.
Ao atravessar o átrio do edifício, Harry passou por ambos em direcção ao elevador que o levaria de volta ao quartel-general dos Aurors. Neville cumprimentou-o alegremente, mas a jovem não foi sequer capaz de proferir uma única palavra. O mesmo aconteceu com o rapaz dos olhos verdes, que somente fez um aceno e seguiu, de cabeça baixa.
- Harry não me perdoa o facto de não ter desistido de livrar o Malfoy do rótulo de assassino. Ou pelo menos, não me perdoa por ter sido a única a confiar no que ele dizia! – falou Hermione, adivinhando o pensamento do companheiro. – Deve considerar-me uma traidora!
- Deixa-o lá, isso passa-lhe! – Neville passou o braço em torno dos ombros da jovem e avançaram em direcção à porta de vidro. – Ele está simplesmente preocupado por te ver a sofrer por alguém como Malfoy e nada mais. Convence-te simplesmente que é a tua vida e és tu quem decide quais os caminhos a seguir.
Ela sorriu-lhe, agradecida. Se bem que tal não fosse nada que Hermione nunca tivesse pensado, pelo menos descobria assim que tinha um amigo que concordava consigo.
O vento gelado de Dezembro que os recebeu assim que abandonaram o Ministério fê-los apertarem melhor os mantos e cachecóis contra o corpo. Absortos nos seus próprios pensamentos, Hermione e Neville planeavam simplesmente avançar pelos passeios em direcção às suas vidas, quando o caminho foi interrompido pela figura de uma mulher de olhos vermelhos pelo choro e expressão tocada pela comoção. Emmeline Vance limpou as lágrimas a um lenço enrugado que retirou do bolso do manto.
- Apenas queria pedir desculpas, Miss Granger! – disse ela em voz tremida. – Naquela altura estava tudo demasiado confuso para mim e troquei todos os papéis. Porém, agora percebo o quão injusta fui consigo: você não é nenhuma traidora, apenas seguiu a verdade que o seu coração ditava, mesmo que fosse diferente daquela em que todos acreditavam. A Hermione era, e continuará sempre a ser, uma grande amiga de Isobel! Gostaria que me perdoassem por ter duvidado disso!
A rapariga apertou as mãos da colega, mas esta achou pouco e passou-lhe os braços em torno do pescoço, num abraço apertado. Enquanto isso, Emmeline encostou os lábios a uma das suas orelhas e segredou-lhe:
- Desculpe também aquilo entre você e Malfoy. Não tenho nada que me meter na sua vida!
Hugo Vance aproximou-se então das duas mulheres e, agradecendo a Hermione toda a ajuda naquele triste caso, avisou a irmã que eram horas de partir. Com um lento aceno, Emmeline afastou-se dos dois amigos com o que restava de uma família que um dia conhecera a felicidade.
- Sabes uma coisa? – Neville voltou-se para a amiga assim que os Vance desapareceram dos seus ângulos de visão. – Agora apetecia-me convidar-te para jantar e comemorar esta vitória. Mas tens de me desculpar… hoje tenho um encontro!
- A sério! – perguntou ela. Será que a dama encantada do segurança finalmente cedera ou ele simplesmente desistira e partira para outra?
- É… a Padma Patil lá aceitou o meu convite, por fim! Não te tinha contado antes porque estavas tão ocupada com o caso do Malfoy… Achas que ela gosta de mim?
- Penso que sim. Afinal, quem pode não gostar? – Neville sorriu timidamente e Hermione meteu as mãos nos bolsos. – De qualquer maneira, agora tenho de ir.
- Vais para casa?
- Não! Primeiro tenho de ir ver alguém… alguém muito especial!
A porta que dava acesso ao corredor daquela ala abriu-se lentamente e Hermione entrou uma vez mais no local de Azkaban que mais vezes visitara durante a sua vida, em direcção à cela pretendida.
- Granger! – chamou Draco do seu lugar assim que a viu aproximar-se. – Que bom ver-te por aqui!
- Acabo de vir da morte do Lottus!
A face de Draco tomou uma sombra escura perante as suas palavras. Fora horrível ouvi-la dizer que suspeitara do seu melhor amigo, ainda pior quando insinuara que Patrick assassinara Isobel e o deixava ser castigado por esse crime. Na altura, simplesmente não podia acreditar no seu discurso, mas há uma semana atrás fora-lhe completamente impossível não ouvir ou desculpar as acusações feitas ao companheiro. A verdade era que Patrick Lottus não passara de um monstro que tentara enganar tudo e todos para levar um amigo à morte por algo que ele mesmo tinha feito!
- Acho que vou ter de te pedir desculpas, não é? – falou ele, encarando-a nos olhos. – Por não ter acreditado em ti quando me disseste a verdade, por te ter tratado mal, por te mentir…
- Bem, acho que só me falta o pedido de desculpas do Ministro para me ir deitar feliz esta noite! – gozou a jovem.
Draco exibiu um sorriso tímido, apesar de não entender bem o que ela queria dizer. E, de súbito, Hermione retirou a varinha do manto e apontou-a ao vidro da cela, abrindo-o para lhe dar passagem. Totalmente incrédulo com o que estava a acontecer, ele abriu os olhos de espanto ao vê-la entrar no seu "cubículo".
- Tu podes fazer isso?
- Não!
Sem mais palavras, ela tomou a iniciativa e, segurando-o pelo queixo, puxou Draco para si e beijou-o nos lábios, como se fosse algo que há muito desejasse fazer e ainda não tivesse tido oportunidade. Uma vez refeito da surpresa inicial, ele deixou-se levar pelo momento e passou os braços em torno da sua cintura. Quem lhe dera que pudesse ficar para sempre assim! Quando fora a última vez que fora beijado com tanta paixão?
- Este foi o meu pedido de desculpas a ti! – comentou Hermione com um sorriso nos lábios.
- Desculpas por…?
Ela encolheu os ombros. Nem sabia o porquê! Simplesmente achou que era necessário dar aquele passo. Avançando em direcção à saída, Draco impediu-a de prosseguir em frente segurando-a por um braço.
- Tu sabes que eu vou ficar aqui bastante tempo, não sabes?
- Claro que sei. Será que te consegues lembrar que eu estava presente no dia da tua última condenação?
- E eu terei de te agradecer por isso! – exclamou ele, sorrindo de novo. – Se não fosses tu, sabe-se lá onde estaria eu agora.
Hermione acariciou-lhe a face pálida. Fora difícil, mas a justiça e a verdade venceram e agora estava tudo finalmente bem. Uma nova era aproximava-se a passos largos, prometendo largos sorrisos nos rostos daqueles que anteriormente haviam sofrido.
- Saio daqui a 15 anos! – Draco olhou Hermione nos olhos e viu um brilho especial neles. Estava feliz. – Vou sair velho, talvez horroroso, enrugado ou até careca, quem sabe? Mas será que… será que vais esperar por mim?
E nos seus lábios desenhou-se de novo aquele sorriso.
- Obviamente. Hoje eu sei que por ti, Draco, esperava até ao fim do mundo!
FIM
