Disclaimer: Inuyasha não me pertence, esse fic não tem nenhum fim lucrativo, e todos os direitos estão no nome de Rumiko-sensei.
Uma Disputa Pela Honra
Capítulo Três: Honra
Para: Mitsuki Nakao
Revisão: Pyoko-chan
Quando ele acordou, a luz do sol já invadia os diversos aposentos da casa, iluminando grande parte desta. O sol já tinha nascido havia certo tempo, ele praguejou ao descobrir que tinha acordado tarde demais, isso não fazia o seu estilo. Antes mesmo de levantar-se de seu futon, lembranças da noite passada caíram em sua mente como pedras que despencam do topo de uma montanha. Tudo parecera tão claro para ele naquela hora, tudo parecera tão simples… e tudo fora simplesmente destruído por uma mentira. Ela não devia ter mentido para ele, ela não devia ter escondido tudo dele, ele a ajudaria de qualquer forma.
– "Ajudaria mesmo?" – uma voz intrometida proferiu-se em sua cabeça.
Ele duvidou de sua escolha, ela viera até ele a fim de aprender artes com espadas, a fim de aprender a arte samurai, ela parecia tão indefesa e sozinha, tão calma e inocente, ele a protegera na vila…
– "Quando na verdade ela não precisava de proteção nenhuma…" – dessa vez a sua própria mente falou mais alto.
A dúvida pairava em sua mente, teria ele ajudado-a sabendo que ela era um dos maiores samurais do Japão e procurada por assassinar um outro grande samurai? Um outro grande samurai sem honra da qual se orgulhar?
A mente dele parecia mais confusa do que nunca, não sabia o que pensar exatamente, não sabia o que fazer, será que ela ainda estaria ali? Ele dera a ela o prazo até o meio-dia para sair da casa dele, ainda não estava nem perto do meio-dia e ele não queria correr o risco de sair de casa e descobrir o rosto dela olhando para ele de forma decepcionada, não queria vê-la nunca mais, pois no fundo sabia que se a visse mais uma vez, sua decisão voltaria atrás, e ele não voltava atrás, nunca.
Levantou-se finalmente, tentando, por uma vez na vida, não prever o que aconteceria, e saiu do quarto, de primeira vista não havia ninguém, o corredor estava vazio e a porta do quarto que seria dela estava entreaberta. Ele passou por esta percebendo que estava completamente arrumado e não tinha ninguém dentro, um certo alívio invadiu seu corpo e ao mesmo tempo uma certa decepção… não queria admitir mas queria sim revê-la. Passou pelo corredor silencioso e vazio, todos os outros cômodos da casa estavam do mesmo modo, sem um mínimo sinal de vida. Ele chegou por fim até a sala de jantar. Estava tudo arrumado e a comida estava posta à mesa. Mas não havia ninguém mais e a comida fora posta apenas para uma pessoa. Ele suspirou profundamente ao perceber que ela tinha partido, não estava em um lugar sequer da pequena casa. Ele seguiu até a mesa baixa e ajoelhou-se sobre a pequena almofada negra. Fitou a comida por um longo tempo. Parecia muito apetitosa, ela sempre cozinhara muito bem, não tinha como negar aquilo para ninguém nem para si mesmo.
Permaneceu a fitar a comida, como se estivesse analisando-a tentando descobrir se não teria nenhum tipo de veneno ali, não queria comer, estava sem fome. Inconscientemente seu olhar pousou sobre o lugar vazio à sua frente… sim, estava vazio. Fechou os olhos não se permitindo qualquer tipo de pensamento… aquilo estava errado, por que ela fazia tanta falta! Ele sequer a conhecia… não podia estar acontecendo, não com ele.
Levantou-se ignorando completamente a comida a sua frente e saiu pela porta dos fundos, ficando a observar a floresta ao redor da sua casa. Os sons que ela emanava eram calmantes. A brisa era leve e os raios de sol eram fracos. O lugar era tão tranqüilo quanto sua própria mente fora… três meses atrás. Não podia ficar mais tempo ali naquela casa, para cada lugar que olhava lembrava dela, sentia o cheiro dela, ele a via em cada canto de sua própria casa, ela parecia ainda estar ali, ao lado dele.
Como três meses poderiam estragar toda uma vida de autocontrole? Não poderia ficar ali naquela casa por mais nem um segundo, levantou-se e seguiu para a cidade, qualquer lugar com mais pessoas poderiam fazê-lo pensar menos numa só pessoa. Andou por um bom tempo pela floresta até chegar aos limites da cidade, até mesmo aquele caminho tinha a lembrança dela. Lembrou de ter-lhe falado sobre seu filho… sobre seu passado, naquelas mesmas trilhas. E de tão distraído que estava acabou percebendo que não tinha levado a sua proteção, sua katana… mas não mais interessava, não estava a fim de arrumar brigas… mesmo que arrumasse, com ou sem katana, daria um jeito.
Começou a rodar pelas ruas da cidade, espairecendo… ela talvez estivesse por ali… não tinha pensado direito nesse fato, mas entrar na cidade de novo, estando sozinha, seria alvo de mais pessoas. E o que importava? Ela poderia dar conta de todos eles de uma só vez, quantos quer que fossem… afinal a força dos samurais daquela época tinha degradado tanto quanto a importância em manter a honra acima de tudo.
Caminhou e caminhou e no final, acabou parando no pior lugar para se estar, estava na mesma taverna em que viera para encontrar-se com Toutosai no dia anterior… e mais uma vez o dia anterior vinha-lhe à cabeça. Entrou no local sabendo que lá certamente não a encontraria, ficou mais aliviado diante de tal pensamento, seria uma preocupação a menos em sua cabeça.
Ao entrar, seguiu para uma das mesas ao canto do escuro local, pediu que lhe servissem uma garrafa de sake… talvez aquilo o fizesse sentir-se bem melhor. E o fizesse parar de pensar demais. Mas ainda assim não apreciava beber em excesso apenas para esquecer-se de algo. Bebia lentamente apreciando cada gole da bebida. Há muito não bebia sake… só mesmo esse tipo de situação para fazê-lo beber alguma coisa. Quando estava tomando um segundo gole, Toutosai apareceu, saindo da sala onde costumava ficar, ele não tinha notado Sesshoumaru de início, escondido num dos cantos do recinto e camuflado pelas sombras… mas mesmo assim era difícil de se esconder alguém como ele. E quando queria apenas ficar sozinho, viu o velho indo na sua direção e sentando-se na cadeira de frente para ele.
– Ah! Sesshoumaru-sama… não esperava vê-lo tão cedo de novo… – disse Toutosai. – E onde está a linda mulher que esteve com você ontem?
– Cale-se. – Sesshoumaru disse simplesmente, bebendo mais um gole do sake.
– Ora, ora, andou discutindo com a esposa, Sesshoumaru-sama? – perguntou Toutosai desmedindo o perigoso território onde estava se metendo.
– Não repetirei para que se cale… da próxima vez farei questão de cortar a sua língua. – Sesshoumaru falou bebendo mais um gole, não percebeu que bebera um pouco mais quando Toutosai falara da garota.
Antes que o velho pudesse dizer algo, Sesshoumaru escutou a conversa de uma dupla de bêbados sentados na mesa ao lado da que estava, achou interessante quando citaram um nome em particular.
– Você está falando do Fantasma! – questionou um dos homens.
– Isso mesmo! Aquele que matou Naraku… você pode acreditar que ele está por essas bandas! – o outro comentou.
– Sesshoumaru-sama… – Toutosai ia começar a falar, quando Sesshoumaru ergueu a mão num sinal para que ele se calasse, continuando a escutar a conversa atentamente.
– Como você sabe disso! – perguntou o primeiro.
– Ah… um dos homens de Hakudoushi-sama me contou. – disse o segundo. – Disse que Hakudoushi-sama veio para essas bandas justamente seguindo o rastro do assassino. E pelo que soube ele o encontrou!
– Você está certo disso? – perguntou o primeiro.
– Claro, claro… você não viu que o bando dele saiu da cidade na direção da floresta, essa manhã? – o outro confirmou. – Eles estavam justamente seguindo para encarar o cara, afinal, Hakudoushi jurou vingança contra a morte do pai… e ele saiu realmente furioso, tirando tudo da frente dele na rua… parece que alguma coisa sobre o Fantasma não o agradou… soube que ele também descobriu a verdadeira identidade dele.
– Então, quer dizer que ele foi para disputar contra o assassino?
– Ha! Você acha mesmo que ele tem cara de quem faz uma disputa decente? – questionou. – Foram mais uns cinco ou seis homens junto com ele… é hoje que veremos o corpo daquele assassino miserável… e sabe de mais uma coisa? – ele baixou o tom de voz e Sesshoumaru apurou a audição para poder escutar o resto. – Estavam dizendo que era uma mulher…
– Uma mulher! – o outro não se preocupou em guardar segredos. – Então ela não tem chance… de um jeito ou de outro, contra Hakudoushi e mais cinco… sendo homem ou mulher, a morte é certa!
Os dois desataram a rir da própria conversa, Sesshoumaru não podia acreditar no que estava ouvindo… se eles realmente tinham descoberto… então, Rin estaria em perigo naquele momento. Estava tão perdido em seus pensamentos tentando processá-los da maneira mais rápida que não percebeu quando derrubara a bebida em cima da mesa. Hakudoushi e mais cinco homens… ela poderia dar conta… poderia mesmo? Hakudoushi estava ficando famoso em todas as regiões do país por onde passava, sua técnica e habilidade chegaram a impressionar o imperador, mas fora rejeitado por sua falta de conduta, e de honra.
– Sesshoumaru-sama? – acordou de seu transe quando ouviu a voz do velho. – Alguma coisa de errado?
– Não… – ele disse tentando esconder a sua preocupação, mas não conseguia, não ficaria tranqüilo até que saísse dali e fosse ajudá-la… precisava certificar-se de que tudo ficaria bem mesmo depois do que acontecera. Mas não importava, uma mísera mentira não importava no momento, diante da vida dela. – Eu preciso ir… – disse já se levantando.
– Não acha que vai conseguir fazer alguma coisa sem uma espada decente, não é? – o velho falou fazendo-o parar. Às vezes ele conseguia processar rápido as informações.
– Você já fez a minha espada? – perguntou Sesshoumaru espantado com o fato de ele ter terminado a espada em menos de um dia.
– É claro que não… não sou nenhum deus. – ele disse como se aquilo fosse óbvio. – Mas tenho alguma coisa para você.
– Então o que espera? – ele perguntou de maneira irritada e nervosa… tinha de se apressar.
– Siga-me. – Toutosai se levantou indo na direção da porta que dava para a outra sala, Sesshoumaru apenas fez o que ele disse e seguiu-o.
Enquanto isso, a floresta parecia estar tranqüila como todos os outros dias, mas havia uma inquietação ao redor dela. Ela estivera andando desde cedo, pelo caminho totalmente oposto ao da cidade, não queria voltar para lá ou haver a chance de Sesshoumaru ir até a cidade e encontrá-la, e indo sozinha até a cidade, provavelmente voltaria a ser o Fantasma para poder proteger-se. E queria evitar essa situação ao máximo. Mas desde que chegara a um caminho decente, tinha certeza de que estava sendo seguida por alguém ou alguma coisa, só não sabia dizer o que ou quem exatamente. Devia ser um homem, ou mais de um, e pelo visto samurais, ela percebeu, pela habilidade que tinham para passarem despercebidos, era uma habilidade falha, mas mesmo assim continuava a ser uma habilidade. Apressou o passo e finalmente chegou a uma clareira. As árvores não estavam tomando aquele lugar, estava chegando a um campo. Um espaço livre e sem árvores ou arbustos para alguém se esconder.
Parou depositando a bolsa com as roupas que trouxera e pegou a espada amarrada à cintura, preparando-se para desembainhá-la.
– Acho que já chega do esconde-esconde. – ela disse para as árvores diante de si, mas algo mais que as folhas escutaram o seu aviso, e diante dela, um homem apareceu, de pele clara e cabelos brancos como os de Sesshoumaru, embora fossem bem mais curtos e os olhos de um lilás exótico.
Ele carregava as duas katana's ao lado esquerdo da cintura, ambas embainhadas.
– Muito bom… isso era o mínimo a se esperar do Fantasma. – ele disse andando até ficar a uns cinco metros de distância dela.
– E os seus amiguinhos também podem sair… – ela continuou. – Os cinco.
– Realmente sem comparação. – ele afirmou. – Saiam.
Mais cinco homens apareceram, posicionando-se atrás de seu mestre, formando um semicírculo.
– Seja direto, quem é você e o que quer? – ela falou de uma vez.
– Você não dá trégua mesmo, não é? – ele falou com um sorriso debochado. – Isso é audácia demais para uma mulher que deveria estar andando um passo atrás de seu marido… como estava fazendo ontem na taverna…
– Não seja idiota… – ela falou. – Pode ser algo difícil, eu sei, mas tente se esforçar para parecer gente pelo menos diante das mulheres.
– Insolente! – ele irritou-se com o comentário dela. – Você vai me pagar, Fantasma desgraçado! Manchou a honra de meu pai… sendo morto por uma mulher.
– Teria manchado, se ao menos ele tivesse honra. – ela lembrou, já preparada para qualquer movimento.
– Você vai me pagar… não acreditei que durante a grande parte da minha vida estive em busca de uma… mulher. – ele falou irritado.
– Qual será a pior coisa para você? Descobrir que uma mulher matou seu pai, ou descobrir que seu pai foi morto por uma mulher? – Rin pronunciou-se sarcástica.
– Engraçadinha… – ele comentou com mais um de seus sorrisos desdenhosos. – Eu vou matar você e riscar o seu nome da história.
– Ah… agora entendi melhor onde quer chegar. – Rin falou mais desdenhosa que ele. – Então você não consegue se conformar que o meu nome é mais citado que o seu… e vai ser mais ainda quando você for derrotado.
– Quando eu derrotá-la, irei expor seu corpo para o resto do mundo. – ele disse com mais raiva.
– Então vai deixar que os outros riam do seu pai por ter sido morto por uma mulher? – ela fora bem mais esperta que ele com palavras… ele já desistira de usá-las.
– Você vai me pagar sua fedelha! – ele disse furioso. – Vamos! Acabem com a raça dessa desgraçada!
E todos os outros homens desembainharam as suas espadas de uma só vez. Rin permaneceu parada e apenas aguardando o ataque daqueles insolentes… achavam mesmo que conseguiriam feri-la? Idiotas…
Sesshoumaru chegara a uma terceira sala acompanhando o velho Toutosai, uma sala com a entrada nos fundos daquela onde Toutosai costumava ficar. A taverna era de propriedade dele e a sua casa ficava por trás dela, até mesmo o seu local de trabalho. Onde há muito não construía mais nenhuma espada.
– Você poderia ser mais rápido! – Sesshoumaru estava ficando mais nervoso, estava perdendo muito tempo apenas seguindo-o.
O velho não deu ouvidos e parou diante de um baú que tinha no canto da sala. Ele abriu este e retirou uma espada, estava toda enrolada em um pano de seda negra, mas dava para perceber que realmente era a espada pelo seu comprimento e forma. Toutosai tirou a seda que cobria a katana embainhada e revelou uma espada que lembrava muito a antiga Toukujin. Ela tinha uma bainha toda negra, assim como o seu cabo, e na borda da bainha tinham algumas imagens entalhadas como um adorno. O velho entregou a espada a Sesshoumaru e este a desembainhou parcialmente, examinando o fio tão bom quanto o que se lembrava de sua antiga espada.
– Esta é Tetsusaiga. – disse Toutosai. – Ela deve lhe lembrar Toukujin, não?
– Como…? – Sesshoumaru não completou a frase. – Por que fez outra espada?
– Ah… Toukujin não foi feita para que usasse ao servir ao imperador. Ela já tinha sido feita há muito, muito tempo antes, acredite, Sesshoumaru-sama. – disse ele.
– Mas por quê? – perguntou Sesshoumaru visivelmente curioso.
– No dia em que você nasceu, seu pai veio até mim dizendo-me para fazer a melhor espada que pudesse, para que pudesse presenteá-lo no futuro, quando aprendesse a mesma arte que ele. – Toutosai começou a explicar. – Disso, eu fiz Toukujin… parecida com o Souunga de seu pai.
– E essa? – questionou apontando para a espada que tinha em mãos.
– Essa foi feita para o segundo filho de seu pai. – ele explicou.
– Segundo filho? – Sesshoumaru pareceu impressionar-se com a descoberta.
– Ah, eu tinha esquecido que você não sabia disso. – disse Toutosai. – Foi durante a época que você foi mandado para treinar na floresta, com seu mestre. Você passou alguns anos perdido por lá. Durante esse tempo, seu pai desposou uma outra mulher, e teve um segundo filho… mas o destino foi cruel com ele. A mulher morreu ao dar a luz, e ele veio a mim, pedindo uma segunda espada para seu meio-irmão. Eu a fiz, mas ele não teve chance de ao menos vê-la. O garoto morreu algum tempo depois, havia nascido prematuro e doente. Então a espada ficou esquecida, até mesmo por seu pai. Você deve ter chegado um ano depois do que aconteceu, e receio que ele não quisesse tocar no assunto.
– Um meio-irmão? – ele pareceu não acreditar, que por alguns dias ou meses tivera um meio-irmão e nunca soubera disso.
– Acho que Tetsusaiga lhe servirá tão bem quanto Toukujin. – Toutosai falou. – Mas não é hora de ficar recordando o passado, lembre-se que não tem muito tempo.
Sesshoumaru subitamente lembrou-se do que tinha de fazer e por que precisava da espada. Correu de volta pelo caminho que tinha feito para chegar naquele quarto e saiu da taverna, percorrendo o perímetro até que chegasse à floresta, na direção de sua casa.
Bem longe dali, adentrando mais para o outro lado da floresta, rastros de sangue eram vistos em grande quantidade, sujando a grama e matando-a com aqueles pesos mortos sobre si. Havia umas gostas de sangue no rosto dela e em seu kimono florido também, mas nenhuma dessas gotas de sangue pertencia a ela.
– Você não achou mesmo que esses capangas idiotas pudessem fazer alguma coisa contra mim, não foi? – Rin perguntou encarando-o friamente. – Saiba que meu mestre era tão habilidoso quanto um retalhador e servia diretamente ao imperador.
– Mesmo? – ele perguntou aparentando curiosidade. – Que interessante… mas ainda não acabou…
Quando ela ouviu o som de alguém se movendo atrás de si já era tarde demais, ao desviar-se, foi atingida parcialmente na altura das costelas direitas, fazendo um enorme ferimento. O sangue jorrou. E ela usou a espada para apoiar-se no chão e não cair.
– Mas o que…? – ela prestou atenção a Hakudoushi, ao seu lado tinha um novo homem, de cabelos pretos, amarrados num baixo rabo-de-cavalo, e olhos azuis.
Como não percebera a presença dele? Ele tinha de ser muito bom para ter conseguido ocultar sua presença dela e ao mesmo tempo muito covarde para atacá-la por trás.
– Desgraçado! – ela reclamou, colocando a mão esquerda para estancar o ferimento, estava perdendo muito sangue e muito rápido.
– É, parece que não prestou muita atenção nas coisas ao seu redor, querida. – Hakudoushi falou, sarcástico. – Estou lhe apresentando Kouga… é um retalhador.
– Claro, nunca conseguiria me vencer caso não me fizesse algum ataque tão covarde quanto este… – ela disse sorrindo com desdém e recuperando a sua posição.
Usou a espada para rasgar a saia de seu quimono, fez uma abertura da metade da coxa direita até a bainha e outra da metade da coxa esquerda até a bainha, facilitando o movimento com as pernas. Agora não era hora de se preocupar com tradicionalismos. Tirou a camada superior do casaco do quimono, ficando com a camada inferior, mais leve, ainda assim rasgou as mangas desta também para facilitar o movimento. Aproveitou o pano e enrolou na cintura, tentando estancar o ferimento, mas ele apenas adquiriu a coloração vermelha pelo excesso de sangue. Posicionou-se pronta para atacar, não dando valor à dor que estava sentindo no momento, tinha que se preocupar mais com derrotar aquele novo homem. Ele era um assassino, um retalhador, não seria tão fácil assim.
Ele não esperou mais e avançou contra Rin assim que a viu entrar na posição de ataque. Ele era rápido, mas ela estava acompanhando os seus movimentos… ele poderia ser rápido, mas mesmo assim suas habilidades não se comparavam às dela. Praguejou contra si mesma quando percebeu que ele era mais uma "fichinha" e mesmo assim, o silêncio com que ele se movia e estratégia, fê-la ficar gravemente ferida, diminuindo as suas habilidades de certa forma.
De um jeito ou de outro não prolongaria a luta, teria que acabar logo com aquilo pois estava ficando fraca com a perda de sangue, e ainda restava Hakudoushi. Aquele cara contra quem lutava não merecia o título de retalhador por habilidade, por assassinatos poderia ser, mas jamais por habilidade. Quando ele avançou contra ela desferindo a espada na posição vertical, visando parti-la em duas, a garota desviou-se, sentindo a dor do ferimento, e ao fazê-lo, encravou a sua espada no lado direito da barriga dele, logo abaixo das costelas, apontando para cima, a outra ponta da espada apareceu na curva entre o ombro esquerdo e o pescoço. O movimento dele parou instantaneamente. Mas só quando puxou a espada e deixou que o corpo caísse inerte foi que percebeu que ainda tinha sido atingida no ombro esquerdo. Estava perdendo sangue demais. Apertou mais o ferimento da barriga e caiu sobre os joelhos, cuspindo sangue. Definitivamente não suportaria mais uma batalha, não contra um grande samurai cuja fama estava se difundindo pelo Japão, menos a honra.
– Ora essa, está cansada, Fantasma? – ele debochou aproximando-se da mulher. – Então não é tão forte quanto eu pensei que fosse.
– Cale-se… – ela disse, segurando o cabo de sua espada firmemente.
– Você vai ter o que merece… uma morte lenta e dolorosa. – o outro falou, já desembainhando a espada e desferindo um golpe nela.
Impressionantemente ela ainda achou forças para defender o ataque, erguendo a espada na horizontal, segurando-a com força e detendo o ataque.
– Ainda consegue achar forças para se mover… – ele desdenhou. – Prova que já está perto de morrer… – disse pressionando mais a espada, a qual ela detinha firmemente.
Não esperava que além da espada ele usasse as pernas para chutar-lhe com toda a força bem em cima de seu ferimento, fazendo-a cair e derrubar a espada longe de si.
– Vá acertar as contas com o meu pai no inferno, desgraçada! – ele disse já levantando a espada para parti-la em duas.
Mas ao fazer o movimento, sentiu uma lâmina perfurar-lhe as costas, na altura do ombro direito. Gritou com a dor e virou-se para ver quem tinha arremessado-lhe uma adaga.
Rin apenas conseguiu ver a imagem daquele que a salvara antes de desmaiar.
Hakudoushi puxou a pequena arma e jogou-a no chão, Rin já não podia ver mais nada… derramada na escuridão completa de seu inconsciente.
– Mas quem…? – Hakudoushi parou ao ver a imagem do homem vindo em sua direção, com uma katana embainhada em mãos.
– Não sabia que a minha mira tinha ficado tão ruim nesses últimos anos. – ele dissera. – Sabia que não se deve tratar uma mulher desse jeito?
– Sesshoumaru… eu já devia imaginar que estava do lado dessa assassina desgraçada. – ele disse contendo a raiva.
– Assassina? – Sesshoumaru comentou sarcástico. – Não… eu vim aqui por que a minha aprendiz Rin estava precisando. Eu devo zelar pela segurança de meus aprendizes.
– Humpft… então você não sabia que a sua aprendiz era na verdade o Fantasma? – ele comentou na esperança de que Sesshoumaru não soubesse do pequeno detalhe.
– Você anda muito mal-informado… ahn… Hakudoushi. – ele disse esquecendo-se ligeiramente do nome do outro. – O Fantasma morreu três meses atrás.
– Não se faça de idiota… eu vou matar essa infeliz e não vai ser você a me impedir.
– Já disse que estou aqui para zelar pela segurança dela… então você não tocará num fio de cabelo dela sequer. – Sesshoumaru disse parecendo mais irritado, já desembainhando a sua espada.
– Isso é o que veremos… – disse Hakudoushi e virou-se para acertar Rin.
– Nunca dê as costas para o seu oponente. – Sesshoumaru fez questão de lembrar-lhe antes de atacar, desse modo Hakudoushi teve tempo de virar-se e defender-se.
A disputa finalmente começara, Hakudoushi era habilidoso, e tinha velocidade… mas Sesshoumaru tinha habilidade, velocidade e experiência, não era nenhuma criança que saíra pelo país afora buscando por vingança contra alguém contra quem nunca poderia ganhar sozinho, ganhar com honra. Ele estava furioso depois de ver o estado de Rin, não ia deixar por menos… e tinha de ser rápido, ela estava morrendo, estava perdendo muito sangue. E ele não poderia perdê-la… não queria… não precisava esconder isso de mais ninguém, queria que ela ficasse boa, que se recuperasse e que não mais usasse aquele nome de Fantasma. Queria que ela fosse apenas Rin.
Estava tão entretido em seus pensamentos que ao menos percebeu quando Hakudoushi tirara de sua faixa um pó branco, arremessando-o nos olhos de Sesshoumaru. Ele ficou atordoado por uns minutos, mas antes que Hakudoushi pudesse voltar a atacar, ele concentrou-se nos ouvidos, defendendo o ataque que partia da esquerda.
– Mas que golpe baixo para um Samurai… – comentou Sesshoumaru, fechava os olhos com leveza, como se fosse normal lutar de olhos fechados. – Esse tipo de Samurai sem honra, me dá nojo.
Fez um movimento rápido com a espada, afastando o golpe de Hakudoushi e atacando-lhe antes que ele saísse de seu raio de alcance. Encravou a espada um pouco abaixo do coração dele, com a lâmina virada para cima, ouviu o grito dele de dor e desespero, e antes que se irritasse mais com o barulho, levantou a espada com um movimento rápido, partindo o coração ao meio… Hakudoushi caiu no chão.
Sesshoumaru retirou um lenço que estava preso a sua faixa e limpou um pouco os olhos, conseguindo abri-los mais uma vez e enxergar melhor as coisas, mas não muito bem, em seguida, limpou o fio da espada e embainhou-a mais uma vez, lembrando-se de súbito de Rin que ainda estava caída inconsciente à espera de tratamento.
Correu até o corpo dela, derramado em sangue, ergueu-a nos braços, não conseguia acordá-la, estava preocupado.
– Agüente firme Rin… – disse logo depois que ergueu o corpo dela. – Sinto pela demora…
Sentiu-a encolher-se instintivamente de dor nos braços dele, ficou ainda mais preocupado, apressando o passo para chegar logo em casa, lá tinha como cuidar dela, tinha seus conhecimentos médicos, depois chamaria um médico na cidade para verificar melhor o estado dela, mas para isso ela teria que agüentar a caminhada, mas ele sabia que ela podia… ela era forte… era um Samurai.
Demorou um pouco para que pudesse finalmente chegar à sua casa, ela estava gemendo de dor, inconscientemente. A cada som emitido por ela, ele apressava mais o passo, suas roupas já estavam repletas de sangue. Ao chegar na casa ele seguiu direto para o quarto dela e repousou seu corpo suado e sujo de sangue sobre o futon estendido no chão. Ele observou o estado dela, retirou o pano que cobria o ferimento, estancando o sangue, a hemorragia não parara, e o ferimento estava realmente muito feio. Mesmo com o pouco conhecimento que tinha, viu que não daria para fazer muita coisa, precisava chamar um profissional. Pegou um outro retalho, agora de sua própria roupa e amarrou o ferimento ainda mais forte, enrolando também o ombro, rogando para que ela resistisse tempo suficiente até que ele voltasse com a ajuda.
Saiu da casa às pressas, pulando todos os obstáculos que se punham sobre ele na estrada acidentada, segurando firmemente a katana que estava presa à cintura, seu kimono ainda estava repleto de sangue, não se importava, agora tinha que dar prioridade à vida que estava em suas mãos. Apenas quando estava na metade do caminho até a vila, percebeu que não conhecia nenhum profissional… não parou com o pensamento e continuou no mesmo pique até alcançar os limites do vilarejo. Quando chegou até a cidade ainda correndo, todos que estavam na rua lançaram seus olhares indagadores para ele, estava correndo, apressado e repleto de sangue, que não parecia ser o seu, estava ofegante… estava fora de forma, correra muito e estava cansado, mas ainda não era hora de parar, nem por conta do cansaço nem por conta dos olhares… todos eles que fossem pro inferno com aquelas expressões acusadoras, ele ainda deveria ajudar uma pessoa. Sem saída correu até o lugar onde ainda conhecia alguém. Talvez o velho Toutosai pudesse ajudá-lo com a questão do profissional que ele buscava.
Tempo… o tempo estava se esvaindo, podia sentir ele fugindo de suas mãos ao lembrar da imagem da mulher ferida que deixara em casa, ao lembrar dos gemidos e expressões de dor que ela tinha… o tempo nunca fora seu amigo. E agora estava sendo mais terrível que nunca. Ela estava morrendo, não poderia deixar o tempo, o destino, ou o que quer que estivesse interferindo em sua vida, continuasse com aquele jogo idiota… não deixaria, não perderia mais ninguém.
Depois de esbarrar em praticamente metade dos transeuntes naquela rua de barro, chegou ao seu destino, ainda ofegante. Abriu a porta com força, chamando a atenção de todos os que estavam presentes no local, não esperou para pedir permissão para entrar na sala seguinte, foi seguindo contra os avisos do barman que estava ali. Mesmo com sua pressa e seu cansaço, sua pose continuava a impor a mesma altivez de sempre. Abriu a segunda porta, chamando a atenção de quem estava no interior, o barman o seguira, tentando impedi-lo, mas vendo a espada que agora jazia em sua cintura, não se atrevia a tocá-lo. Assim que ele entrou, a atenção do próprio Toutosai foi voltada para ele, e o velho seguiu para falar-lhe.
– Ses-Sesshoumaru-sama! Não pode entrar desse jeito, está incomodando os meus clientes… – dizia o velho aproximando-se dele e mesmo tentando ser imponente, seu tom estava abaixo do de Sesshoumaru.
– Eu não tenho tempo para seus clientes e apostas idiotas… eu preciso achar um médico, rápido! – Sesshoumaru fez questão de cortar Toutosai, estava mais impaciente que o normal.
Apenas quando ele citou o médico, Toutosai finalmente prestou atenção às roupas sujas de sangue.
– Mas, o que…? – antes mesmo que ele pudesse terminar de questionar, Sesshoumaru cortou-o mais uma vez.
– Nada de perguntas, apenas o médico, eu não tenho tempo para explicações agora! – disse Sesshoumaru parecendo mais irritado.
– Claro, claro, siga-me, o Doutor Myouga poderá ajudar. – disse Toutosai refazendo o caminho que Sesshoumaru fizera para chegar ao local.
Eles saíram da taverna, seguindo pela rua, Toutosai sendo apressado por Sesshoumaru a cada passo que dava, ele reclamava de ser mais velho e não estar numa forma tão boa para andar rápido demais, Sesshoumaru ameaçava-o de morte a cada passo mais lento que ele dava… desse modo, a cooperação por livre e espontânea pressão fluía livremente.
Logo chegaram até uma casa que Toutosai indicou ser a do tal Myouga, bateu e o outro demorou a atender, Sesshoumaru estava preste a derrubar a porta quando finalmente atenderam. O tempo realmente não estava ajudando… e isso não estava sendo muito bom… pra piorar a situação, um homem já de idade atendeu a porta. Se aquele fosse Myouga, era melhor ter matado Rin, daqui que eles chegassem na casa de Sesshoumaru ela já teria morrido há muito. Dessa vez praguejou por não ter mais a sua imensa casa dentro da cidade e num lugar bem acessível.
– Ah… Toutosai, é você. Há quanto tempo não o vejo… – começou a falar o outro velho.
– Não tenho tempo para suas recordações agora… – Sesshoumaru interveio antes que Toutosai também começasse a falar. – Preciso de ajuda médica e bem rápida.
– Ele está certo Myouga. – disse Toutosai. – Tem uma pessoa muito ferida na casa dele, e ele está precisando de ajuda urgentemente.
– Oh, e o estado é tão grave assim? – perguntou Myouga encarando Sesshoumaru.
– Garanto-lhe que é pior que isso, portanto, se fizer o favor de se apressar, já ajudaria muito. – disse Sesshoumaru visivelmente irritado com a demora.
– Ah, sim, sim… já estou indo, vou pegar os materiais. – disse entrando rápido na casa.
Menos de cinco minutos e Myouga estava saindo de casa, fechando a porta atrás de si.
– E então, onde fica a sua casa? – perguntou Myouga.
– Na floresta. – disse Sesshoumaru já começando a andar apressadamente. – Portanto apresse-se, o caminho é longo.
– Ah… hai. – disse Myouga tentando acompanhar os passos desmedidos de Sesshoumaru.
Toutosai ficou para trás apenas observando os dois desaparecerem à medida que a distância aumentava. Sesshoumaru parecia realmente beirando a morte de tanta preocupação, mas tinha certeza que naquele momento não era o homem preocupado que beirava a morte, e sim aquela causa de sua preocupação. Parecia que Sesshoumaru tinha voltado a ser um humano, mais uma vez com sentimentos. Toutosai sorriu da imagem e deu meia volta para poder voltar para sua casa.
Sesshoumaru aumentava mais e mais o passo e podia ouvir a respiração ofegante do senhor atrás de si. Mesmo assim ele não diminuía o passo e continuava a acelerar todas as vezes que o fazia, parecia já estar um tanto familiarizado com aquele tipo de corrida…
Demorou menos que Sesshoumaru esperava para poder chegar até sua casa, correu e abriu a porta corrente com força, ela bateu e voltou, quase fechou mais uma vez, Myouga entrou logo depois dele, fazendo a típica reverência e retirando os sapatos para poder adentrar o recinto. Sesshoumaru levou-o até o quarto de Rin. Ficou imensamente feliz e aliviado de perceber que a garota respirava, ofegante, mas ainda assim respirava. Ele aproximou-se do corpo dela e antes que pudesse se ajoelhar para alcançá-la, Myouga passou na frente dele, ajoelhando-se e já a examinando, parecia tão preocupado quanto Sesshoumaru depois de ter visto a quantidade de sangue. O rosto de Rin já estava pálido. Myouga tirou o pedaço de retalho que cobria os ferimentos e examinou-os.
– A coisa está realmente feia… os ferimentos são graves, principalmente na barriga. – ele disse ainda examinando-a cuidadosamente.
– Você pode ajudá-la? – perguntou Sesshoumaru apreensivo, mesmo que não deixasse tal sentimento transparecer.
– Talvez… – a resposta não foi exatamente o que Sesshoumaru desejava ter ouvido. – Ela perdeu sangue demais, estou impressionado com a sua resistência. Não vou fingir que a coisa está boa pro lado dela por que definitivamente não está, ela tem que ser muito forte pra poder sobreviver daqui pra frente… eu posso ajudá-la parcialmente. E você não fique parado aí, traga-me uma tigela com água, rápido.
Sesshoumaru não teria admitido aquele tom de ordem sendo usado com ele, mas isso também era algo para se ignorar agora, faria de tudo pelo bem-estar dela. correu o mais rápido e pegou o que o médico pedira, levando a tigela e depositando-a do lado dele.
– Agora pode sair… – disse Myouga pegando um pano e molhando com a água da tigela.
Sesshoumaru hesitou quando ele disse aquilo, não queria deixar aquele cara cuidado sozinho de Rin, ele poderia fazer alguma coisa a ela… mas ele era o único que poderia salvá-la também.
– Vamos, vamos, tudo o que pode fazer aqui sem conhecimentos médicos é atrapalhar-me. – disse Myouga. – Eu preciso tratar logo dela antes que seu estado passe de terminal para estado nenhum.
Ainda hesitante, Sesshoumaru saiu do quarto, fechando a porta ao fazê-lo. De lá de fora podia escutar entre alguns breves intervalos de tempo, algum grito de dor de Rin. Ela estava sofrendo, e ele não queria escutar… aqueles gemidos de dor faziam-no lembrar dos últimos dias de vida de sua esposa, nos dias que ele se sentira um completo inútil, como se sentia agora… saiu de casa, chegando à varanda, sentando-se sobre as pernas, começou a meditar com os olhos fechados. Respirava profundamente tentando ficar calmo, mas até mesmo de fora de casa pôde ouvir um grito dela, um grito que deveria ter sido o mais alto até então. Apertou as mãos sobre as pernas… não podia fazer nada, apenas esperar… e não podia esquecer, paciência era a sua principal virtude.
Os gritos haviam finalmente cessado e ele torcia para que a dor também tivesse cessado, isso facilitaria as coisas. Depois que os sons cessaram, passou-se algum tempo até que Myouga saísse do quarto de Rin e fosse falar com Sesshoumaru.
– Como ela está? – perguntara Sesshoumaru ao avistar o médico. Continuou em sua posição de seiza, com as mãos devidamente postas sobre os joelhos.
– Não está nas melhores condições. – Myouga fora sincero. – Mas creio que ela ficará boa, vai demorar, o organismo precisa recuperar a quantidade enorme de sangue que perdeu, mais um pouco e ela não teria sobrevivido. Na verdade me impressionei com a resistência dela, acho que se fosse alguma outra pessoa mais frágil, não teria resistido até que eu terminasse de fechar os ferimentos. Bom, de qualquer maneira, como eu disse, ela precisa recuperar o sangue naturalmente, então a alimente muito bem, se ela não quiser comer, faça com que coma ou vai acabar morrendo de um jeito ou de outro. Qualquer emergência, já sabe onde me encontrar. Volto em alguns dias para ver como estão cicatrizando.
– Tudo bem, arigatou. – disse curvando-se levemente em sinal de respeito e agradecimento.
Já fazia muito tempo que falara aquelas palavras de agradecimento… mas naquela situação eram simplesmente indispensáveis. Ele observou Myouga desaparecer no meio da floresta. Levantou-se e seguiu para dentro de casa, foi direto para o quarto dela. A porta estava fechada, ele hesitou antes de abrir e entrar no local. Ela estava dormindo tão tranqüilamente, com o lençol cobrindo o seu corpo e o tórax totalmente enfaixado, nem parecia estar à beira da morte com aquela expressão de calma.
Ajoelhando-se ao lado dela, as cenas da noite em que descobrira a identidade dela surgiram em sua mente, passando como raios… logo em seguida, as imagens daqueles homens mortos na floresta e ela sangrando bem no meio deles. Não podia negar para si mesmo que mesmo depois de toda aquela mentira ele queria que ela permanecesse ao seu lado, queria permanecer ao lado dela, mas ainda assim tinha uma honra a prezar acima da maioria das coisas, e ela ferira profundamente a sua honra de samurai e traíra a sua confiança. Só havia um jeito de consertar isso, e ela deveria melhorar para que tudo desse certo.
Os dias iam se passando… ela continuava a dormir profundamente. Sesshoumaru alimentava-a, e permanecia ao lado dela a maior parte de seu tempo livre, fora isso, estava treinando, treinando como treinava anos atrás, se esforçando. Mas não perdia muito tempo senão cuidando dela. Foram três dias inteiros para que ela finalmente abrisse os olhos. Estava de manhã, ele estava ao lado dela quando aconteceu.
– Sesshoumaru-sama? – a voz dela pronunciou-se fraca, mas compreensível. Seus olhos estavam semicerrados.
– Rin… – ele não sabia o que dizer exatamente, as palavras tinham fugido de sua boca num piscar de olhos e sua mente estava vazia.
– O que… o que aconteceu? – ela fechara os olhos, pressionando-os e voltando a abrir em seguida, tentou levantar-se, mas levou a mão instintivamente ao ferimento que doera com o movimento.
– Descanse. – ele disse simplesmente. – Você precisa se recuperar.
– Doush'te? – ela perguntara voltando a fechar os olhos, ainda com a mão sobre o ferimento. – Por que eu estou aqui?
– Apenas descanse… – ele disse levantando-se. – Trarei alguma coisa para você comer.
– Hai. – ela não questionou e não contrariou, até mesmo sua voz ainda estava fraca.
Estava a ponto de voltar a dormir, mas ele dissera que traria algo para ela, então teria que estar acordada. Ainda sentia dores e sentia-se muito fraca. Não lembrava direito do que acontecera, e nem fazia idéia de há quanto tempo acontecera. Lembrava-se de um homem de cabelos curtos e prateados, lembrava-se de uma luta… lembrava-se da dor… e a última coisa que podia se lembrar não tão claramente, era de Sesshoumaru. Será que ele a salvara? O que acontecera afinal? Ela deveria estar morta àquela altura… talvez assim fosse até melhor. Ela poderia ficar em paz para o resto da eternidade, a sete palmos abaixo da terra. Nada de Rin… nada de Fantasma… apenas mais uma mulher morta sem família, sem ninguém para ser lembrada…
Mas agora, vendo Sesshoumaru ao seu lado, parecendo preocupado com o seu estado… talvez até mesmo tendo salvado-a, o desejo de morte se esvaia tanto quanto a dor do ferimento quando ficava inerte. Ela sentia-se mais uma vez viva… com alguém para se importar e ter importância. Mas a dúvida lhe pairava na mente, Sesshoumaru teria se importado com ela, se preocupado com ela, ou fizera aquilo apenas por sentir-se na obrigação de salvar uma vida? Não. Salvar a vida de uma pessoa significa tirar a de outros, fora aquilo que ela aprendera… quando se está numa batalha de vida ou morte, um não pode viver enquanto o outro sobrevive. Uma vida sempre precisará se esvair, para que a honra e a soberania prevaleçam em favor do mais forte. Não gostava daquela lei… a lei da sobrevivência do mais forte… o seu mundo era civilizado, por que não resolver tudo com acordos…? Seria mais fácil, mas ainda faltava muito para que as espadas fossem embainhadas de uma vez por todas e penduradas na parede apenas como lembrança.
Não demorou muito mais e Sesshoumaru voltava a entrar no quarto, trazendo em mãos um prato com sopa quente, a fumaça indicava isso. Ajoelhou-se ao lado da cama e depositou o prato ao lado do corpo. Rin ainda lutava contra seu sono e fraqueza para poder manter os olhos abertos.
– Sesshoumaru-sama… – ela conseguiu pronunciar ao vê-lo ajoelhar-se ao seu lado.
– Não fale. – ele disse sem fitá-la nos olhos. – Precisa se recuperar… e pra isso tem que se alimentar bem.
Ela balançou a cabeça em sinal positivo. Não havia um pingo de emoção na voz dele, estava tão neutra quanto água. Ela apoiou-se nos cotovelos, para que pudesse sentar-se para tomar a sopa, sentiu dores fortes, tanto no ombro quanto nas costelas. Antes mesmo que conseguisse levantar-se, sentiu dois fortes braços envolverem-na de forma cuidadosa, ajudando-a a sentar-se. Nesse breve momento, conseguiu fitá-lo nos olhos, e mesmo assim não soube distinguir o que eles expressavam. Via sentimentos de preocupação, pena… mas também raiva… o mesmo brilho que vira na noite em que ele descobrira quem ela era… decepção.
– Arigatou. – ela simplesmente agradeceu diante da ajuda dele.
Ele não respondeu, e ela permaneceu sem falar mais nada. Tomou a sopa que ele lhe trouxera e ao fim, depositou a tigela ao lado do futon. Ele recolheu esta e saiu do quarto fechando a porta corrente. Rin voltou a deitar-se, com certa dificuldade, mas não demorou muito para que mais uma vez fosse tomada pelo sono. Tendo dormido tão rápido depois de ter se alimentado, não percebeu quando Sesshoumaru abriu a porta de seu quarto mais uma vez e permaneceu a fitá-la dormindo, da mesma distância da porta.
Ele tinha que admitir que ainda não conseguia associar aquelas imagens… fitava-a dormindo tão tranqüilamente, sentia que fitava a Rin que conhecia, que achava conhecer e que acreditava ser a verdadeira, mas não conseguia associar aquela criança que dormia diante de si à mulher que encontrara banhada em sangue no meio de uma chacina, a mulher que fora responsável por esta chacina.
Fechou a porta, saindo do local, indo até a porta dos fundos, saiu buscando espairecer… não podia mudar de opinião, tinha tomado uma decisão quanto a ficar ou não com a mulher que estava sob seus cuidados… e a levaria até o fim, por sua honra.
Os dias passavam e as palavras continuavam tão escassas quanto as que tinham trocado no dia em que ela abrira os olhos pela primeira vez. Ele trazia-lhe comida nos devidos horários, não ficava ao lado dela para conversar ou apenas fazer companhia, vinha e voltava tão rápido quanto antes. As feridas dela estavam cicatrizando aos poucos, com o passar de alguns dias, semanas, ela já não sentia mais dores, conseguia mover-se melhor, mas não tanto para que o ferimento não tornasse a abrir. Recebera a visita de um médico já conhecido por Sesshoumaru, Myouga. Ele tratava de seus ferimentos periodicamente e lhe dizia o quão rápido ela ficaria melhor.
A presença dela ainda afetava-lhe… já fazia tempo que estava ali, sob seus cuidados, demorava a curar-se… pelo menos para ele, o tempo parecia infinitamente longo. Aos poucos ela começava a movimentar-se melhor, com a mesma destreza e agilidade de antes, os ferimentos por fim estavam curados.
Em parte, isso era um bom sinal… recuperara a força de antes… por outro lado, estar totalmente curada, significava retomar o seu caminho para perder-se entre a sociedade na qual não se encaixava, significava afastar-se definitivamente de Sesshoumaru. Ele não falara nada, mas ela sabia que aquele silêncio só poderia significar uma coisa… a melhor escolha era partir sem deixar rastros, como fizera anteriormente, partir sem ter que olhá-lo nos olhos mais uma vez.
O sol sequer tinha aparecido por completo no horizonte, e ela já se preparava para sair daquele local que tantas lembranças lhe valeram. Pegou desta vez a única coisa que lhe pertencia verdadeiramente… a roupa do corpo e a katana com a qual aparecera ao encontrar com Sesshoumaru. Abriu a porta do quarto silenciosamente, percebendo que o mesmo silêncio prevalecia dentro da casa… ele deveria estar dormindo ainda, ultimamente ele dormia mais que o normal, ou pelo menos assim ela achava. Deixara o quarto já devidamente arrumado, sem deixar sombras de que alguém estivera ali durante alguns dias.
Saiu pela porta dos fundos, mais uma vez seu destino era a floresta e o que a aguardava depois de seus limites. Quando deu apenas dois passos na direção desta, escutou uma voz pronunciar-se atrás de si, uma voz muito bem conhecida.
– Onde pensa que vai? – aquele tom tipicamente sério e neutro era inconfundível.
– Nani? – ela voltou-se para o homem que estava ajoelhado sobre o piso de madeira da varanda.
– Sua vida me pertence… – ele disse simplesmente. – Está em dívida comigo, não pode ir sem livrar-se dela. Ou você já esqueceu o que é ter honra?
– I-iie… – ela estava simplesmente incrédula… o que ele pretendia com aquilo? Que ela permanecesse com ele no papel de escrava? Aquilo era um absurdo! Mas como ele ressaltara… ela ainda tinha honra, e a dívida era válida. – O que pretende com isso Sesshoumaru-sama? – sabia que ele não era o tipo de pessoa que fazia algo do estilo… tinha que ter algo mais em mente.
– Você tem a sua honra, eu quero a minha de volta. – disse ele levantando-se lentamente, foi quando ela percebeu que ele carregava a sua katana ao lado do corpo e estava com roupa de combate. – Acho que não preciso entrar em detalhes… – ele percebera como ela olhava fixamente para a sua katana.
– Uma… disputa samurai… – ela rapidamente associou, ele não consentiu de maneira nenhuma, mas ela sabia qual era a resposta dele. – Você está me propondo uma disputa pela honra…? Pela sua honra…
– E pela sua liberdade. – ele completou.
Rin entendeu muito bem o que ele queria dizer… seria uma disputa samurai, uma disputa até a morte, perdendo ou ganhando ela se veria livre de sua dívida, ao mesmo tempo em que ele perdendo ou ganhando, também recuperaria a sua honra. Ela algo justo ao considerar que ele salvara a sua vida e que cuidara de si… não poderia matá-lo depois de tudo aquilo, não queria matá-lo, e não poderia lutar de brincadeira diante do desafio que ele estava lhe propondo. Sesshoumaru fora um dos samurais que serviram ao imperador, tinha grande habilidade e técnica impecáveis, ele não admitira ganhar uma luta em que ela não lutasse, e ela não pretendia manchar mais a honra dele do que fizera, passando-se por uma simples mulher sem família quando na verdade era uma assassina. Agora, duas vidas estavam em jogo… ela não queria tirar a vida dele… ele não queria tirar a vida dela… mas a disputa assim requeria, e que assim fosse.
Sesshoumaru desceu o pequeno lance de escadas da varanda e seguiu diante de Rin, estavam num espaço amplo o suficiente para sua luta… não tinha para onde fugir, e entre os dois… ninguém fugiria.
Rin permaneceu no lugar que estava, segurou a katana ainda embainhada, com a mão esquerda, preparando-se para desembainhá-la com a outra mão. Sesshoumaru parou a não mais que quatro metros de distância dela, também se preparando para sacar a espada. Ficaram apenas se encarando por alguns minutos, e quando a luz do sol alcançou-os sobre as copas das árvores, os movimentos seriam simplesmente invisíveis àqueles inexperientes na arte samurais.
Os barulhos das lâminas se batendo eram ouvidos por toda a floresta, os sons ecoavam ao longe, os movimentos eram de se esperar de dois grandes samurais e duas grandes espadas. A seqüência de ataques e defesas se fazia de maneira incomparável, a precisão de cada golpe era inquestionável para os dois ali presentes, e um mínimo erro sequer seria fatal… as lâminas estavam afiadas e refletiam os raios de sol, cegando brevemente seus adversários, mas isso não era motivo para parar. Sesshoumaru começou a perceber que os movimentos de Rin estavam ficando diferentes… mais precisamente, estavam ficando falhos, ela não era o tipo de pessoa que falhava em seus movimentos, tinha algo de errado ali. Foi quando percebeu que volta e meia ela fechava os olhos, forçando-os… a luz do sol, refletida pela sua lâmina parecia estar afetando-a. Defendeu um dos golpes da garota, usando o choque entre as espadas para afastar-se dela.
– O que aconteceu? – ela perguntou, pressionando os olhos uma vez para poder enxergar melhor. – Por que recua?
– Você não está conseguindo enxergar direito… não vou ganhar em vantagem. – ele disse fincando a espada no chão de terra e arrancando um pedaço da manga de seu kimono para em seguida amarrar sobre os olhos. Pegou a espada mais uma vez e colocou-a na sua devida posição de ataque.
– Tudo bem então. – ela concordou fazendo o mesmo que ele, fincando a espada no chão e cobrindo os olhos com um retalho de seu kimono. – Pronto…
O silêncio pairou repentinamente sobre o local e entre os dois, o sol parecia ter parado para presenciar o que aconteceria, como os dois se moveriam sem ver onde seu oponente estava. Lentamente Rin foi dando pequenos passos para frente, com a espada na posição de ataque, Sesshoumaru também se movia lentamente para frente, passos cuidadosamente calculados. Depois de um certo tempo, finalmente os dois tinham alcançado um ao outro. As lâminas das espadas se tocaram num som quase inaudível e eles pararam, com as lâminas cerradas levemente. Dois segundos apenas se passaram antes que a luta recomeçasse, agora de maneira mais cautelosa, mas com a mesma destreza e habilidade iniciais… eles não podiam ver um ao outro, ou ao menos podiam ver suas lâminas movendo-se em busca de sangue. As espadas continuavam a chocar-se produzindo altos sons que se sobrepunham aos sons da floresta ao redor deles.
Sesshoumaru avançara sobre Rin, mas acabara cortando a madeira do tronco de uma árvore, quando ela desviara-se, voltando-se para atacá-lo desta vez… e assim seguiam, ataques, defesas, desvios, a disputa parecia não ter fim… quando numa falha de Sesshoumaru, ele desequilibrou-se, recuperando o equilíbrio logo em seguida, mas não tão rápido para proteger-se do ataque iminente. Os dois pararam de repente, as vendas que cobriam seus olhos caíram depois de terem sido fatiadas em grande velocidade, antes que parassem seus movimentos. Agora podiam ver… Rin tinha a sua espada apontada para a garganta de Sesshoumaru, pronto para atravessá-la. A disputa tinha chegado ao fim. Sesshoumaru estava parado, mas em seu rosto não tinha o sentimento de raiva, decepção ou derrota… tinha um brilho diferente, satisfação. O que significava? A posição mostrava claramente que ela tinha ganhado a luta, que a vida dele estava por um fio… e ele tinha satisfação em seus olhos. Percebeu apenas quando ele baixou a lâmina de sua espada lentamente, não prestando atenção para onde ela estivera apontada minutos antes. Ela ganhara a disputa, e ele morreria.
– Você venceu… – ele disse. – Agora posso dizer que me sinto honrado em ter sido derrotado pelo Fantasma.
– Uma vida por outra… – Rin disse baixando a espada e saindo da posição de ataque. – Minha dívida está paga.
Rin embainhou a espada dela mais uma vez e permaneceu de frente para Sesshoumaru enquanto ele fazia o mesmo, sem deixar de fitá-la nos olhos.
– Acho que nos despedimos aqui. – ela disse dando um passo para trás. – Garanto que não mais ouvirá falar sobre mim. Adeus Sesshoumaru-sama, e arigatou.
Ela curvou-se levemente em sinal de respeito e virou-se para sair, antes que desse mais um passo, ele voltou a falar.
– A função das mulheres é cuidar da casa e dos filhos, não de uma katana e de assassinatos. – ele disse ao que ela simplesmente estarreceu, o que ele queria dizer com aquilo?
Sem que ela percebesse, ele aproximou-se, ficando centímetros atrás dela, estava tão perto que ela podia senti-lo.
– Eu quero que fique… – ele disse quase num sussurro. – Não como uma dívida… não como uma escrava… como minha mulher.
– N-nani! – não podia acreditar numa mísera palavra do que ele estava dizendo, será que estaria sonhando? Não podia ser verdade…
– É o que ouviu… – ele confirmou tudo o que dissera.
O coração da mulher batera tão acelerado que ela jurava que ele podia escutar as batidas, mas mesmo assim não podia ficar com ele… ela não era digna daquilo… ela era uma assassina, não uma mulher de família, como quisera ser. Mas o destino fora cruel e traçara tudo às avessas.
– Eu não posso aceitar… – ela disse baixando a cabeça. – Não posso me dar ao luxo de manchar mais a sua honra… sou uma assassina e isso não mudará… eu sou Fantasma.
– Eu não estou pedindo para o Fantasma ficar, e sim a Rin. – Sesshoumaru disse ao que ela espantou-se com isso. – No momento, a honra é o que menos importa para mim.
Ficou sem palavras e sentiu a mão de Sesshoumaru pousar sobre a sua, que segurava a bainha da espada, ele tomou a espada de sua mão, sem receio por parte dela.
– O Fantasma morreu há mais de três meses atrás. – ele disse pegando a espada para si. – E fico feliz em saber disso, pois eu quero a Rin e não o Fantasma.
Rin sorriu com o comentário dele, ela queria ser apenas a Rin, não o Fantasma, queria ser mais uma mulher com uma família e filhos dos quais se orgulhar… e ele estava lhe propondo isto, como negar tal proposta irrecusável?
– Hai… – ela concordou com tudo o que ele dissera. – O Fantasma morreu.
Finalmente virou-se para encará-lo, e descobriu o quão perto ele realmente estava de si. Viu-o aproximar-se mais e inclinar-se na direção de seu rosto, conseguiu sentir suas respirações tornarem-se uma só, momentos antes de provar de seus lábios mais uma vez em tanto tempo. Como desejara aquilo… sentir-se querida mais uma vez… amar alguém mais do que simples amor fraterno… desejar a alguém assim como no momento desejava Sesshoumaru.
Sentiu seus lábios se separarem depois de um tempo simplesmente incontável… aqueles olhos dourados fitavam-na intensamente, e ela pôde apreciar um simples meio-sorriso satisfeito no rosto dele.
– Venha, vamos entrar… você ainda precisa alimentar-se bem. – disse ele seguindo para a entrada da casa, passando por ela, com as duas katana's embainhadas em mãos.
Rin viu-o passar por ela e seguir para dentro de casa chamando-a, não conseguia conter-se de felicidades, seu coração quase pulava para fora da boca. Levou ambas as mãos ao peito, sentindo as batidas constantes e fortes do coração, mas além disso, seus dedos perceberam um outro pequeno detalhe que não notara antes, tinha um pequeno corte no seu quimono, exatamente no ponto onde se situava o coração, um corte preciso, um corte provocado por uma lâmina… ficou confusa por um segundo tentando lembrar-se se falhara na sua defesa e aquele corte passara por um fio, durante sua disputa com Sesshoumaru, foi quando se lembrou finalmente dos movimentos finais entre os dois, mais precisamente, do último movimento dele ao abaixar a katana sem que ela notasse onde ele estava mirando… parece que tinha acabado de descobrir onde a lâmina dele apontara durante a disputa, então aquilo queria dizer que… havia mais um vencedor.
Ela sorriu largamente ao perceber como fora tola de achar que o venceria tão fácil… se os dois estivessem com desejos de morte, nenhum sobreviveria diante das ameaças finais, mas como sempre, ele fora calmo e paciente, e inteligente. Fora cavalheiro… mesmo em meio a uma disputa. Agora se lembrava do pequeno detalhe de que o filho dele morrera em meio a uma dessas disputas… ele certamente não iria querer ver o mesmo destino, principalmente partindo de suas mãos. Ele simplesmente achara a melhor solução para tudo… ele finalmente recuperara sua honra, apenas para si… e agora… Rin sabia que ele não poderia ter recuperado-a de outra forma, provando que um pode viver enquanto o outro sobreviver, pelo menos enquanto esta for Uma Disputa Pela Honra.
Fim
E finalmente el grand finalle! Não confiem que eu não sei como se escreve... u.u
Well... estou publicando como prometi o final da minha three-short no dia do níver da minha amiga, Mitsuki Nakao, para quem o fic foi dedicado, espero que ela tenha gostado desse final, e MEUS PARABÉNS, FELIZ ANINHOS! n.n/
Espero que os outros leitores tenham gostado também desse final tosco que eu inventei, mas foi o melhor q eu consegui achar… bom... pelo menos foi feliz... então dá um desconto... u.u
Agradeço a todos os q acompanharam e continuaram acompanhando até o final... e se acham q eu aqui ser merecedora de um review por esse final... ficarei imensamente feliz em receber e responder a todos...
Agora... kissus, kissus e mais kissus para todos vocês e Ja ne!
Mais uma vez, CONGRATULATIONS Mitsuki Nakao!
E agora, a nota da revisora, Pyoko-chan:
Ohhh, que fofa! -
Eu gostei demais de ler e betar essa fic, ela é muito, muito, muito fofinha! O Sesshoumaru está tão lindo... o
Você acredita que eu imaginei no meio da historia, uma fic sobre Rin/Hashi? XDDDDDDD Huhauihaeiuheaiuheiuha... só minha mente insana mesmo... XD
Bem, eu gostei demais da fic, você está ficando a cada dia que passa, melhor o/
Estou ansiosa pelas próximas fics o/
Kissus, Ja matta ne da sua amiga e betawritter oficial,
Pyoko-chan.
Enton, isso é tudo... kissus pra tds vcs e até a próx... Ja Ne
