Back at One

Music by McKnight Brian

É inegável que nós devemos ficar juntos

É inacreditável, mas eu dizia que jamais me apaixonaria

Hermione sentou-se em frente a TV, tomando mais um gole de chocolate, ainda envolta no roupão.

A sua frente o cartão que Harry deixara mais cedo no mesmo dia. Estava, desde àquela hora travando uma batalha interna com ela mesma, não sabia o que fazer.

Talvez fosse melhor fazer a única coisa da qual ela sabia que não iria se machucar, trabalhar.

Levantando-se da confortável poltrona, e olhou mais uma última vez para o cartão, por um momento pensou em levá-lo com ela, mas não iria trabalhar para afastar aqueles pensamentos? Se era realmente isso que faria então, não precisava levá-lo...

Entrou no escritório, fechando a porta atrás de si, hoje ela não parecia ter efeito pois continuava atordoada sem saber que decisão tomar. Era assim todos as vezes que tinha um problema, trancava-se no escritório fazendo como se os problemas não pudessem perturbá-la ali, como se ficassem protegida entre aquelas quatro paredes, os problemas do lado de fora e ela ali, no ambiente de trabalho que tinha construído dentro de sua casa, sua mente tão ocupada com todas aquelas pilhas de papeis não a deixavam direcionar sua concentração para algo que não fosse o trabalho.

Puxando a cadeira de trás da grande mesa de marfim, sentou-se, a caneca de chocolate ainda em sua mão.

Ela ficou ali, olhando para o chocolate no copo, concentrada, seu dedo indicador passeando pela borda da caneca.

'...se você quiser me dar uma chance estou te esperando no mesmo lugar de sempre...'

Mas ela já o dera tantas chances, e em todas não conseguira nada além de seu coração em dois, mais uma? Não era demais...

- Vamos, Hermione! Você está aqui para trabalhar e não para deixar-se levar por essas besteiras. - Ela disse tentando se convencer disso.

Prendeu o cabelo com uma caneta e depositou a caneca perto de algumas pastas. Arrumando os papéis, os puxou mais pra perto e começou a lê-los em voz alta, quase gritando para tentar não ouvir o que seu coração a dizia.

Você precisa saber se já não sabe como eu me sinto

Deixe-me mostrar agora que eu sou sincero

Se todas as coisas que o tempo revelará

Cansada de tentar entender o que aquele parágrafo dizia, Hermione jogou os papéis na primeira pasta que viu e os colocou na gaveta da mesa.

Iria se arrepender do que ia fazer, mas todos tem que fazer escolhas e era isso que faria, se estava certa ou errada ela não sabia, e se não tentasse nunca iria saber.

Uma vez, tinha imposto para si mesma que jamais iria deixar de apostar em uma coisa, mesmo que depois desistisse, mas assim teria a certeza de que não era o certo a se fazer, e assim não iria precisar viver com aquelas dúvidas que tiram o sono das pessoas e as fazem viver sempre em uma incerteza. Não iria se encher de perguntas como "Será que se eu tivesse...'' ou então, "como seria se...'' e para isso teria que se arriscar agora, depois, caso se machucasse, tentar encontrar a cura para seu coração, mas nunca, se arrepender pelo o que não fez...

Um - você é como um sonho que se tornou verdade

Dois - só quero estar com você

Três - pois é evidente que você é a única para mim

Quatro - repita os passos de um a três

Cinco - e você se apaixonar por mim

se algum dia eu achar que meu trabalho está terminado

voltarei para o primeiro passo

Levantando-se com certa brutalidade correu em direção ao quarto, Bichento assustando-se com a pressa da dona.

Ela jogou o roupão sobre a cama e abriu as portas do guarda-roupa, deu alguns passos para trás tentando achar uma roupa, mordendo os lábios com força.

Não sabia que roupa usar, não sabia nem ao menos o porque daquela preocupação.

- Calma, você não vai para um casamento nem nada. Uma roupa qualquer deve servir. - Ela disse, pegando uma blusa de manga branca e um conjunto de casaco e calça comprida de moletom.

Ajoelhando-se perto da cama, puxou um tênis branco e a meia dentro desse e começou a calçá-los.

Minha varinha, ela pensou, olhando para o quarto desesperada, os olhos lacrimejando. Como se uma luz acendesse no fim do túnel ela a palavra 'cozinha' se formou em sua mente, e Hermione voou para lá.

O fogo, ela disse, desligando-o e pegando a varinha sobre o balcão.

Ok, pensou tateando os bolsos, estava tudo certo, a varinha já estava ali, e... Ela olhou-se no vidro da janela, ajeitou-o cabelo e esticou a roupa sobre o corpo.

Foi até a porta do apartamento e a abriu, tirando a chave da fechadura, ia bater a porta e trancá-la quando gritou, quase sem voz:

- O cartão. - Voltando para pegá-lo, Bichento que desistira de tentar dormir, olhava Hermione, deitado no sofá, como se ela fosse uma estranha correndo pela casa, arrumando-se e esquecendo de suas coisas.

Acreditar em si mesma. Saiu repetindo enquanto descia as escadas.

- Senhorita Granger, correspondência. - Disse o porteiro, estendendo algumas cartas para ela.

- Deixe no meu apartamento, por favor, depois eu pego. - Ela pediu, já na portaria.

- A senhorita vai sair assim? Ele perguntou, abrindo a porta.

- Assim como, Paulo? - Hermione perguntou apressada, então, olhando para onde ele indicava viu que começara a chover. - Não tem problema, eu me viro. - Ela disse, colocando o capuz sobre a cabeça e saindo na rua, correndo.

Hermione parou perto do ponto de táxi, toda encharcada. O que estava fazendo ali? Ela não era uma bruxa? - Perguntou-se, xingando-se ao pensar o quanto era burra. Como é que Harry ainda conseguia a deixar assim depois de meses?

Um táxi parou a sua frente, abrindo a porta para que ela entrasse.

- Não, obrigada! Eu não vou! Eu não preciso de um táxi, eu posso aparatar! - Ela disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

- A senhora pode o que? - Ele perguntou, Hermione já atravessando a rua, um carro passou milímetros de distancia dela, xingando-a, mas ela estava muito longe dali para tentar ouvir, para querer ouvir.

Ela entrou no primeiro beco escuro que viu. As paredes pichadas com coisas ilegíveis, um cheiro desagradável invadindo suas narinas, era álcool misturado com urina, esse cheiro se devia ao bar vagabundo próximo dali, mas agora ele estava fechado pra sua sorte, só abria as noites quando pessoas se refugiavam ali.

Andando apressada, pisando de vez em quando em algumas poças de lama, ela chegou até o fim do beco, onde a iluminação era precária. Olhou para os dois lados, nervosa, verificando se não havia algum trouxa e então, como em um passe de mágica, aparatou longe dali.

É incrível como as coisas acontecem

É tudo emocional quando você descobre do que se trata

E indesejável que nós fiquemos separados

Não pensou tão cedo que voltaria ali, somente quando sentiu seus pés tocarem no chão, percebeu como sentia saudade daquele lugar, do seu único e verdadeiro lar.

Não estava nem tão mudado, continuava a mesma coisa, tudo como deixara.

Queria que tivesse um pouco mais de tempo para poder visitar seu dormitório, a biblioteca, os professores, mas agora tinha um outro assunto a resolver.

- Campo de quadribol. - Ela disse, correndo em volta do lago.

A chuva tinha apertado um pouco, a roupa molhada não a deixava correr muito rapidamente, sem falar que, seus pés pareciam amarrados a uma angorá por causa das poças com lama, que a sujavam cada vez mais.

Que isso valha a pena. - Pediu, abraçando a si mesma, no inicio do campo. Ela olhou para os lados, o campo parecia maior do que o normal, talvez fosse porque não estava lotado com alunos das quatro casas, gritando, alguns chorando já temendo a derrota.

Onde estava Harry? - Ela perguntou, olhando para o céu. Se conhecia alguém que tinha idéias doidas entre elas, voar na chuva, era ele. Por um momento sentiu inveja de Gina, a ruiva como gostava de Quadribol conseguiria, sem muita dificuldade encontrar Harry ali, mas Hermione que não tinha os olhos tão apurados não o conseguiria, principalmente porque Harry no meio daquela chuva seria somente um veloz borrão preto.

Ele foi embora, ela disse, ainda procurando-o no céu chuvoso.

Também ela demorara demais! Reconheceu colocando a mão na cabeça e começando a subir as arquibancadas. Não iria para casa, sentaria ali mesmo e choraria por deixar a sua última oportunidade ir por água abaixo.

Ela sentou, e abraçou os joelhos, suas lágrimas sendo lavadas pela chuva fria. Como pudera ser tão burra? Porque sempre tinham que acontecer coisas como aquela com ela?

Hermione levantou a cabeça, olhando para um vulto que lhe chamara atenção, seu coração enchendo-se novamente com esperança.

Com uma vassoura sobre os ombros, um homem com uma capa preta e óculos tava círculos pela quadra, a cabeça baixa, ele parecia estar resmungando alguma coisa, Hermione chegou a pensar não muito certa por causa da distancia.

Hermione secou os olhos, para que ele não notasse que estava minutos antes chorando, e começou a descer as arquibancadas.

- Harry? - Ela chamou, quase rindo ainda não acreditando que ele não tinha ido embora.

- ótimo idiota! Agora já está até mesmo ouvindo a voz dela...

- Eu te bateria se não estivesse congelando, eu juro. - Ela disse, com um sorriso tímido, observando Harry aos poucos virar-se para encará-la.

- Você veio. - Ele murmurou.

- É. - Hermione não sabia ao certo o que falar, queria abraçá-lo, mas suas pernas tremiam mais do que o normal. - E então? Eu trouxe o...er...cartão... - Ela disse tateando os bolso. - Acho que está uma pouco ensopado. - Comentou os olhos fixos no pedaço de papel em suas mãos. - Er...então?

- Fico feliz que tenha vindo, eu preciso de você... - Harry disse tanto alguns passos até ela.

- E no que você precisa de ajuda? - Ela perguntou, a voz rouca.

- Não é no que eu preciso de ajuda mas sim de quem eu preciso...

- Ah sim, e bem desde quando você descobriu isso? - Hermione perguntou curiosa.

- Pra ser sincero, eu prefiro quando eu estou fazendo as perguntas e você as respondendo, você sempre foi boa nisso. Como eu descobri? - Ele perguntou, segurando o queixo de Hermione fazendo-a encará-lo, ela assentiu. O rosto pegando fogo. - Depois que você, bem, me beijou... - ambos coraram - eu fiquei pensando o porque disso, sabe, sempre pensei que você quisesse alguém que não te deixasse tão exposta a perigos, que te deixasse feliz...

- Não é você que tem que escolher qual é o perfil de homem que eu gosto. - Ela murmurou indignada.

- É, eu sei, mas foi algo como involuntário. Acho que cada vez mais que montava esse perfil do homem perfeito para você, tentava me conformar de que Hermione Granger não era pra mim, que você merece alguém melhor do que o menino-que-sobreviveu. Mas mesmo assim, com todos os tópicos que eu criei para me conscientizar de que era impossível - ele tirou, gentilmente, uma mecha de cabelo que caia sobre os olhos de Hermione - acho que fui me apaixonando mais, e a vontade de me encaixar nesse padrão também. Mesmo que isso significasse mudar.

- Mas eu não quero que você mude, Harry Potter! Pra mim você é perfeito. - Ela disse quebrando o contato com os olhos dele, e abraçando-o, sua cabeça sobre o peito dele. - Tem certeza de que você quer isso? Eu sou muito chata, principalmente quando acordo. Vou ficar pegando no seu pé, não que seja muito diferente do que eu já fazia... e também sou obcecada pelo trabalho, e não sei cozinhar, juro que tentei, mas parece que nunca sai certo e eu tenho uma mania desagradável de ligar o abajur e ficar lendo a noite, então provavelmente você vai querer me matar por não te deixar dormir e... - Hermione foi impedida de continuar falando qualquer outra coisa pois Harry colocou seu dedo sobre a boca dela, olhando-a nos olhos. Hermione nem tinha mais certeza do que estava dizendo, ela mordeu os lábios, estes estavam com um gosto salgado por causa de suas lágrimas.

Eu jamais teria ido muito longe

Pois você sabe que tem as chaves do meu coração

Diga adeus à escuridão da noite

Eu vejo o raiar do sol

Sinto-me como uma criança cuja vida está começando

Você chegou e trouxe uma vida nova

Para este coração solitário

Você me salvou bem na hora exata

Harry foi se aproximando cada vez mais dela, uma de suas mãos deslizou até a cintura de Hermione, e a outra acariciava o rosto gelado. Os olhos verdes encarando-a como jamais tinham feito, Hermione se sentia exposta, como se ele pudesse ver, somente olhando-a nos olhos o quanto o amava, e como desejava que aquilo não fosse somente mais de um de seus sonhos.

Hermione estava se rendendo ao amor, parara de lutar contra ele que agora se mostrara seu amigo, pela primeira vez depois de tanto sofrimento, sentia como se Harry a estivesse resgatando-a do poço sem fim dominado pela escuridão onde um dia ela se encontrava, deixando-a respirar novamente, andando ao seu lado.

Ela fechou os olhos, sentindo a respiração dele próxima a seu rosto, os corpos agora grudados não a deixavam sentir frio, ela nem mesmo sentia a chuva, esta parecia acolhedora e quente. Passou os braços pelo pescoço dele, acabando com qualquer distancia que poderia haver entre eles, os lábios se encontrando em uma explosão de sentimentos. Ambos queriam demonstrar o quão importante era estar ali, com a pessoa amada.

Era como se fosse o seu primeiro e último beijo de uma grande história que começava...

Um - você é como um sonho que se tornou verdade

Dois - só quero estar com você

Três - pois é evidente que você é a única para mim

Quatro - repita os passos de um a três

Cinco - e você se apaixonar por mim

se algum dia eu achar que meu trabalho está terminado

voltarei para o primeiro passo

Hagrid passou a mão sobre o vidro embaçado da janela para que sua visão do casal de "hipogrifos apaixonados" melhorasse, tirou um lenço do bolso e começou a enxugar as lágrimas e retirando uma foto do bolso, onde via-se claramente um antigo e também mais badalado casal de Hogwarts que tinha começado um romance da mesma forma daqueles dois jovens, no Campo de Quadribol.

O guarda-caças guardou a foto de Tiago e Lílian Potter no bolso, desejando que Harry e Hermione tivessem um final diferente porém um amor tão bonito ou mais.

N/A: Muito obrigada ao Henry Potter que betou a shortfic pra mim! Thank you!

Sabe, esse "hipogrifos apaixonados" não liguem, é que bem, Hagrid sempre será Hagrid e foi somente uma brincadeira com os "pombinhos apaixonados..."

Espero que vocês tenham gostado do final… Ai, nem acredito que consegui escrevê-lo! Então eu mereço alguma coisa, né? Por isso, comentem, please!

Essa fic foi "reeditada" (entre aspas porque foi só o capítulo I) em 9/Abril/2006 e sim, essa autora preguiçosa sabe que não se pode aparatar em Hogwarts, mas para o bem de sua tendinite e tão esperadas horas de sono, vai ignorar o fato descaradamnte. Obrigada.