CAPÍTULO III
"Ótimo!" exclamou Lois falando ao telefone celular, na biblioteca.
Ao se virar, viu Clark aproximando-se.
"Liga pra mim assim que descobrir alguma coisa" continuou, ignorando-o. "Ah, outra coisa... Conseguiu as reservas?"
Clark arqueou as sobrancelhas, desconfiado.
E Lois continuou:
"Perfeito. Falamos mais tarde"
"Reservas?" indagou ele, assim que ela desligou o telefone.
Lois checou as ligações do seu celular, e nada respondeu.
"E então?" insistiu Clark. "Não vai me dizer nada?"
"Onde estão Bruce e Alfred?" perguntou ela.
Clark suspirou e sorriu, desconcertado.
Lois era mesmo incrível. Será que existia alguém tão capaz quanto ela de responder a várias perguntas com tantas outras? pensou ele.
"Parece que a tal Rachel chegou. Está na cozinha com o seu amigo Bruce. Não sei do Alfred" respondeu, com cinismo, e ainda não se dando por satisfeito.
Lois o encarou.
"O que a Chloe disse? E que reservas são essas das quais estava falando?" insistiu ele.
"Ela vai tentar descobrir tudo o que puder sobre os Lucchesi e os contatos deles em Gotham" respondeu Lois.
"E o quê fazemos enquanto isso?" perguntou Clark.
"Não sei, Smallville. Temos que fingir que está tudo bem"
E isso incluiria mais alguns flertes com o playboy, pensou ele.
"Fingir?" perguntou ele.
"É. Fingir" repetiu ela. "Além do mais, temo que a essa altura dos acontecimentos já devem ter descoberto que eu não sou a tal Condessa e um outro assassino pode estar espreitando por ai apenas esperando o momento ideal -" continuou Lois, pensativa, com as mãos na cintura, lembrando daquela noite, em Suicide Slum...
FLASHBACK
Duas Noites Atrás - Metrópolis - Suicide Slum
"Esperem um instante! Esperem um instante!" disse um homenzinho com cabelos escorridos que emergiu entre cerca de vinte homens bem vestidos e armados num depósito em Suicide Slum que apontavam suas armas para Lois e Clark que acabaram que entrar no lugar na esperança de escaparem de uma gangue. "Você é a Condessa?" perguntou o sujeito, olhando para Lois.
Lois e Clark se entreolharam, confusos.
"Huh... bem eu -" disse ela, apreensiva, com um sorriso nervoso no canto dos lábios. Não sabia se era bom ou não ser a tal Condessa naquela situação. Clark a encarou com um olhar, na esperança que ela não dissesse nada impensado.
O sujeito sorriu e gesticulou para que todos abaixassem as armas.
"Claro que é!" exclamou ele, abrindo um grande sorriso de satisfação. "Que bom que você conseguiu vir antes!" continuou ele. "Eu sou Vincent"
Lois aceitou o aperto de mão, sem saber o quê dizer.
"E ele?" perguntou Vincent, olhando para Clark.
"Ele?" indagou Lois, virando-se para Clark, que lhe lançou um olhar apreensivo. "Huh, bem..."
"Já sei" interrompeu Vincent. "Seu guarda-costas!"
Lois o encarou com surpresa.
"Isso!" confirmou ela, aliviada.
"Só podia... com esse tamanho!" disse ele, encarando Clark de cima a baixo. "Tudo bem. Vamos ao trabalho!"
Vincent se virou e caminhou até a mesa.
Lois e Clark trocaram olhares.
"Quero ver você sair dessa agora" murmurou ele.
Lois sorriu.
"Fica frio, Smallville"
"Algum problema?" perguntou Vincent se virando para vê-los.
"Não" respondeu ela, prontamente.
"Achei que você fosse inglesa" disse ele, curioso.
"Ah, sim! Sou mesmo" disse ela, forçando um sotaque britânico.
Vincent levantou as sobrancelhas. Agora parecia convencido de que ela era mesmo inglesa.
"Cheguem aqui!" chamou ele.
Lois e Clark caminharam apreensivos até a mesa, sob o olhar atento dos homens armados naquele galpão.
Ao se aproximarem, Vincent pegou um envelope amarelo, tirou de dentro dele algumas fotos e entregou a Lois:
"Esse é o cara!" disse ele.
Clark se inclinou para ver. Eram fotografias tiradas às escondidas em frente a restaurantes e hotéis de um sujeito que nunca viu antes na vida. Era bem vestido e estava sempre próximo de uma limusine.
"Bruce Wayne?" indagou Lois, tentando não demonstrar a surpresa.
Vincent sorriu.
"Quando o Vito disse que você era a melhor, resolvemos chamá-la" disse ele, sorrindo.
"Não acha que estamos nos precipitando demais?" perguntou ele.
"Como assim?"
"Talvez nunca tenham descoberto que você não é a tal Condessa -"
"Não sei, Clark. Esses caras têm olhos por todas as partes" disse ela.
"Esses caras?" repetiu Clark. "Lois, nem sabemos quem está por trás disso tudo"
"Tem razão, não sabemos. Por isso a Chloe vai investigar"
"E esse tal de Joe Chill?"
"O quê tem ele?"
"Não acha que tem alguma coisa a ver?" sugeriu ele.
"Ele é peixe pequeno, Smallville -"
"E as empresas Wayne?" continuou Clark, cada vez mais disposto a solucionar de uma vez aquele caso e deixar imediatamente Gotham. "Será que não existe alguém na administração que queira se livrar do seu amigo?"
"Quem está administrando o império é um sujeito que sempre foi da diretoria... Um tal de Earle, que trabalhou por muitos anos com o pai de Bruce. Nunca incomodou ninguém" respondeu Lois. "Além do mais, não creio que seja isso. Afinal, o Bruce não tem mesmo interesse na companhia"
O que reforça o fato de que ele não quer nada com nada na vida, pensava Clark, que ainda não confiava em Bruce Wayne.
"Então voltamos à estaca zero: o tal Joe Chill" disse ele.
Lois o encarou.
"Não podemos esquecer que ele está para ser solto amanhã" continuou Clark. "E tem esse tal acordo que o Bruce mencionou -"
"Sabe que, pensando bem, isso até que faz sentido" disse ela, então, pensativa.
Clark enrugou a testa.
"Talvez as pessoas que estão querendo matar o Bruce sabiam que ele viria para a audiência de Chill" continuou ela.
"Pode ser" respondeu ele.
"E, nesse caso, se sabiam mesmo que ele viria a Gotham, e chegaram a cogitar que eu não sou a tal Condessa e voltaram a contatá-la ou qualquer outro assassino para cumprir a missão -"
"Então vai ser amanhã, no Tribunal, com várias pessoas por perto" completou Clark, acompanhando o raciocínio de Lois.
"E ninguém vai sequer imaginar quem pode ter sido o mandante" concluiu ela, encarando-o.
"Precisamos avisar a polícia então" disse ele, preocupado.
"Sem chance, Smallville!" exclamou ela.
E Clark a encarou.
"Será que você não lê os jornais? Gotham é uma cidade vendida, repleta de corruptos! Enquanto não soubermos quem está querendo ver o Bruce morto, não podemos confiar em ninguém -"
Clark enrugou a testa.
"Tudo bem. Então o quê você sugere?" arriscou ele, temendo o pior.
"Vamos tentar resolver por nossa própria conta" respondeu ela.
E o que Clark mais temia, estava para acontecer. Como se já não bastasse Chloe, agora Lois também o colocava em situações extremas.
"Venha, Smallville" disse ela, atravessando a biblioteca. "Vamos ver a Rachel e tentar descobrir mais alguma coisa -"
"Espero que Chloe tenha mais sorte -" resmungou ele, indo atrás dela.
"Ah, sim!" exclamou Lois, dissimulada. "Antes que eu me esqueça, vamos passar a noite em Gotham"
Clark arqueou as sobrancelhas.
"Vamos?" indagou.
"É. Se alguma coisa está para acontecer amanhã, vamos ter que estar por perto. A Chloe já fez as reservas num hotel, então, não adianta chiar!"
"Lois, eu realmente não posso... E não foi isso que tínhamos combinado -"
"Smallville, o quê achou que viemos fazer aqui?"
"Pensei que bastava descobrirmos quem está por trás dessa sujeira toda, e só -" respondeu ele.
Lois o encarou. Seria Clark Kent tão inocente assim? pensou ela.
"Bom, Smallville, sinto muito" disse ela. "Mas isso não é uma opção"
Clark a encarou, perplexo.
"Como assim ´isso não é uma opção´?" perguntou ele, enquanto ela lhe dava as costas, deixando-o sozinho em meio à biblioteca.
Mas Lois o ignorou completamente.
"Lois, espere! Temos que conversar!" chamou ele, indo atrás dela.
Continua...
