CAPÍTULO XI
Dois dias depois, no Planeta Diário...
Chloe lia a manchete do dia do Gotham Globe pela Internet quando Clark surgiu à sua frente.
"Queria falar comigo?" perguntou ele.
"Ficou sabendo que Regina Doomsdale vai ficar sob custódia da Polícia Federal?" perguntou ele.
"Como assim?" indagou Clark, confuso. "E a tentativa de assassinato contra Bruce Wayne? Isso não vai ser investigado pelas autoridades de Gotham?"
"Por incrível que pareça, não há provas suficientes do que ela fazia naquele quarto de hotel, apesar da sofisticada arma que estava com ela--" explicou Chloe, observando a reação de Clark, que se sentou à sua frente, pensativo.
"Então eu estraguei tudo. Se tivesse entrado lá com um policial--"
"Não ia fazer muita diferença, pois o FBI e a Interpol estão atrás dela há muito tempo, e não iriam mesmo deixar ela ser processada pelas autoridades estaduais por um mero crime de porte de arma quando ela pode sofrer penas ainda maiores na seara federal e internacional" interrompeu ela.
"Bom, ainda temos a ligação de Maxwell Jensen" lembrou Clark. "Ainda é alguma coisa, não é? E quem sabe a polícia de Metropolis pode colocar as mãos em Mannheim ao descobrir que ele está por trás da tentativa de assassinato de Bruce ao fazer o acordo com Joe Chill--"
"Dessa vez, Mannheim foi mais rápido. A polícia de Metrópolis concluiu que Maxwell Jensen estava em Suicide Slum para comprar drogas e foi supostamente morto e jogado na Baía Hobb por seu traficante. Os capangas de Mannheim até arrumaram um laranja para se passar pelo tal traficante, o qual, aliás, também foi morto hoje cedo numa briga na prisão. Logo, não há nada que evidencie a ligação de Regina 'Condessa' Doomsdale com Bruno 'Ugly' Mannheim exceto seus apelidos extravagantes--" disse Chloe, enrugando a testa ao terminar a frase.
"Não dá pra acreditar" disse Clark, com o olhar perdido. "Quer dizer que ninguém quer saber o que uma assassina profissional fazia na janela do prédio em frente ao Tribunal de Justiça de Gotham City com um rifle com mira de longo alcance?"
"Parece que os assassinatos cometidos pela Condessa em outros três estados são muito mais importantes" disse Chloe, e ao ver o quanto Clark estava indignado, completou: "Talvez isso não seja totalmente ruim, já que de um jeito ou de outro ela vai acabar atrás das grades... Tudo bem que agora ela vai receber um tratamento 'digno de seu nobre título de Condessa' sendo transferida para a carcerária federal, mas vai pagar pelo que fez"
Clark nada disse, e Chloe continuou:
"Veja pelo lado bom, você conseguiu impedi-la de matar Bruce Wayne"
"E Mannheim vai continuar solto" disse ele.
"A menos que Regina resolva entregá-lo, o que acho pouco provável, já que ela tem a reputação de não entregar o nome dos seus contatos--"
"Se Mannheim é como Falcone, e do pouco que eu vi do que ele é capaz de fazer em Gotham, acho que ele vai continuar impune" discordou Clark.
Chloe enrugou a testa, confusa.
"Puxa Clark, não sabia que Gotham City iria afetá-lo tanto assim"
Clark a encarou nos olhos. Ela não fazia idéia de como a cidade das sombras o havia afetado.
"Não devíamos deixar homens como Mannheim fazer com Metrópolis e com o resto do mundo o que Falcone faz com Gotham" comentou ele, ainda lembrando da conversa de Falcone com Bruce no clube.
Chloe ficou silento por um tempo, sem saber o que dizer. Imaginava apenas que o amigo havia passado por maus bocados, até que finalmente disse, tentando confortá-lo:
"Por ora não podemos fazer nada, Cark. Mas tenho certeza de que um dia eles ainda serão pegos... Enquanto existirem pessoas boas e decentes dispostas a fazer alguma coisa para mudar"
Silente, Clark esperava que a amiga estivesse certa, afinal, nunca imaginou a que nível a criminalidade e a corrupção poderiam corromper uma cidade inteira, tal como viu acontecer em Gotham.
Felizmente, Chloe estava certa, pensava ele, e lembrando do gesto de Bruce ao jogar a arma na Baía em Gotham, e ficar face a face com a realidade de sua cidade, acreditava que ele ainda seria um dos bons.
"Sabe, tem uma coisa que você ainda não me contou--" disse Chloe, subitamente, enquanto o examinava do outro lado da sua mesa de trabalho, e Clark levantou os olhos para vê-la. "Como foram as coisas com o 'sinistro' Bruce Wayne?"
"Como assim?" perguntou ele, arqueando as sobrancelhas.
Chloe sorriu.
"Qual é, Clark" disse ela. "Não me venha com essa. Ninguém tem notícias dele há mais de dois dias, e depois do incidente no Tribunal você sumiu o dia todo. Alguma coisa me diz que você sabe onde ele está"
Pensativo, e com o olhar perdido, Clark apenas respondeu:
"Digamos que ele está descobrindo a si mesmo"
Confusa, Chloe sorriu, e resolveu que não adiantava perguntar o que o amigo queria dizer com aquilo, apenas imaginando se voltaria a ouvir falar no jovem bilionário.
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Enquanto isso, na Penitenciária de Blackgate, em Gotham City...
Regina Doomsdale, vestida num uniforme laranja, com algemas nas mãos e nos pés, era escoltada por dois guardas em direção ao helicóptero da polícia federal, enquanto a Procuradora do Estado assinava os papéis para sua transferência com o Promotor Distrital Larry Finch.
Sem que ninguém percebesse, porém, enquanto Regina era conduzida para o interior do transporte, um dos guardas de vigilância do concentrado prisional, discretamente, colocava um dispositivo por debaixo da cauda do helicóptero.
Assim que a transferência da Condessa estava acertada entre as autoridades local e federal, o helicóptero levantou vôo, e quando já estava há alguns quilômetros da ilha Blackgate, houve uma grande explosão, e o transporte prisional foi completamente consumido numa enorme bola de fogo antes que seus estilhaços caíssem sobre as águas da Baía.
Horrorizado, e com o olhar perdido, o Promotor Finch apenas balbucionou:
"Ah, meu Deus!"
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Em Metrópolis...
Bruno Mannheim almoçava animadamente com alguns sócios em um dos seus restaurantes, quando um dos seus capangas se inclinou e sussurrou próximo de sua orelha:
"Está feito, chefe"
O mafioso sorriu, satisfeito, e levantando a taça com vinho, disse:
"Vamos brindar aos nossos novos negócios em Gotham City!"
Continua...
