Retratação: como sempre, Saint Seiya e seus personagens não me pertencem. Porém, a idéia original desse fic sim e seus personagens originais. Portanto, se você resolver usar alguma coisa daqui, eu não me importo, contanto que os créditos sejam devidamente feitos
Créditos: Saint Seiya pertence ao tio Kuramada, só uso os personagens pra me divertir. Em algum ponto do fic, usarei o nome Carlo di Angelis, e esse nome é totalmente creditado à Pipe.
Resumo: depois de sete anos longe do Santuário, Shaka volta à Grécia, onde pretende retomar a vida, mesmo que tudo tenha mudado à sua volta. Yaoi com flashback, lemon, um pouquinho de violência. Casais: Shaka/Mu; Miro/Kamus; Máscara da Morte/Afrodite
Aviso: esse fic vai ter cenas de flashback e sempre que uma ocorrer, o texto estará em itálico e negrito, só pra situar todo mundo.
Capítulo 8: O dia seguinte - é mais difícil do que se possa imaginar
Miro inspirou profundamente, tentado a não abrir os olhos. Fazia um friozinho não muito cômodo no quarto, mas mesmo assim ele estava sentindo–se confortável. Sentiu a respiração pesada da pessoa ao seu lado e congelou no mesmo instante. Fez uma recapitulação mental, tentando descobrir se havia levado alguém para sua casa na noite anterior. Não conseguiria se perdoar caso o fizesse, sua situação já era bem difícil sem ninguém envolvido romanticamente com ele.
Lembrou–se de estar entediado em seu templo.
Lembrou–se da garrafa de vinho.
Lembrou–se de sair do templo para conversar com Shura.
Lembrou–se da chuva que caiu.
Lembrou–se de ter batido à porta do templo de Aquário por algum tempo.
Estremeceu.
Estava no templo de Aquário. Quem estava ali ao seu lado era Kamus. "Droga...", ele pensou. Cogitou a possibilidade de fingir que não havia acordado, mas a voz do aquariano o impossibilitou daquela farsa.
– Bom dia, Miro.
Ele virou–se na cama e acabou por ficar frente a frente com o outro, que protetoramente colocou uma das mãos na testa do escorpiano, verificando se ele ainda estava com febre. O breve toque fez com que Miro se arrepiasse e o francês percebesse.
– Está se sentindo bem?
– O que aconteceu? Eu lembro de ter batido à sua porta ontem... – Miro divagou e Kamus desviou o olhar, virando–se para o lado oposto, levantando–se da cama.
Kamus sabia que Miro lhe lançava olhares curiosos, mas ainda assim não olhou para ele. Foi preciso que o escorpiano se sentasse na cama e o chamasse. Ele passou as mãos pelos cabelos, para só então olhar o rapaz.
– O que aconteceu? Melhor dizendo...o que eu fiz?
Kamus desviou o olhar mais uma vez, suspirando profundamente. Se Miro não se lembrava de nada, não seria melhor que as coisas ficassem daquele jeito? Ele poderia simplesmente dizer que não havia acontecido nada, que o escorpiano dormira a noite inteira como uma pedra.
Mas ele não sabia mentir.
E na verdade, alguma coisa dentro de si lhe dizia que ele não queria mentir para Miro.
– Você realmente não lembra de nada? – ele começou, encostando–se na cômoda baixa que tinha em frente à cama e cruzando os braços.
– Não, nada mesmo. – o tom de voz de Miro já parecia arrependido, como se ele já soubesse que havia feito alguma coisa de errado.
– Você não fez nada. Nada que tenha vergonha de saber, Miro. Você estava um pouco bêbado, isso é verdade, mas eu cuidei de você. Aliás, alguém já te disse que bebida e chuva não combinam pra você?
– Acho que não. – Miro disse, abaixando a cabeça, e Kamus sorriu ligeiramente.
– Você dormiu a noite toda, Escorpião. E agora que já respondi sua pergunta, vou preparar o café da manhã.
– Não é preciso. Já te dei muito trabalho, Kamus.
– Não fale besteiras. Amigo é pra essas coisas. – o francês disse, saindo do quarto, deixando Miro sozinho com seus pensamentos.
Quando alcançou a cozinha, Kamus apoiou–se na bancada de granito cinza, respirando profundamente. Não sabia como havia sido tão forte a ponto de agüentar não falar para Miro o que realmente havia acontecido em seu templo na noite anterior.
(FLASHBACK)
Miro, pela segunda vez na noite revirava–se no meio do sono. Kamus olhou para ele, não conseguindo pregar os olhos enquanto o rapaz não estivesse realmente adormecido. Colocou uma das mãos em sua testa e constatou que a febre havia voltado, um pouco mais amena.
Ao tirar a mão do rosto do escorpiano, este segurou–a, abrindo os olhos, levemente. Ele sorriu de uma maneira adorável, impossibilitando Kamus de não corresponder.
– Deixe–me pegar uma toalha gelada, você está queimando de febre.
– Não. Não quero... – o rapaz respondeu, a voz fraquinha, quase um sussurro.
– Oras, não discuta comigo, Escorpião. – Kamus parecia aborrecido com a teimosia de Miro.
– Você tem que me perdoar, Kamus... – ele disse, pegando a mão que estava sobre sua testa e colocando–a perto do coração. Rapidamente, o francês retirou sua mão, como se estar perto de Miro e ouvir aquelas palavras, ateasse fogo.
– Está delirando, Miro. – Kamus disse, tentando manter sua habitual frieza.
– Te amo tanto...ainda te amo...se você ao menos soubesse, francês burro... – Miro disse, caindo no sono novamente, a febre vencendo o tão forte escorpiano.
Kamus observou a respiração do outro acalmar e finalmente, depois de incontáveis minutos, conseguiu levantar–se da cama, caminhando até a cômoda que ficava em frente à cama, pegando a toalha gelada, para cuidar de Miro.
Tocou levemente o rosto do rapaz, traçando com a ponta dos dedos o contorno perfeito, parando nos lábios. Teve vontade de beijá–los, mas controlou–se fortemente.
O delírio de Miro parecia estar passando para ele, só podia ser isso, ele pensou.
Então, por que será que ele não conseguia parar de pensar no que o escorpiano havia lhe dito?
(FIM DO FLASHBACK)
– Kamus... Kamus tá me ouvindo? – Miro perguntou, parado à porta da cozinha, vestido com as roupas do francês.
– Humm? – o outro perguntou, esquecendo–se momentaneamente do passado não tão distante.
– Estava pensando no que?
– Em nada demais. Vamos comer então. O que você gostaria de café?
– Nada não, Kamus. Só você ter cuidado de mim já foi ótimo. – ele começou dizendo, aproximando–se do francês. – Eu vou voltar pro meu templo e tomar uns remédios. Essa gripe me pegou de jeito.
– Mas...
– Nada de 'mas'. Você já fez demais e eu sou eternamente grato, apesar de tudo. Desculpa qualquer coisa. – Miro fez menção de tocar o rosto do amigo, mas a carícia acabou como um toque amistoso no ombro do francês.
Kamus pensou em ir atrás de Miro, que já alcançava sua sala, mas nas condições em que se encontrava, com aquele turbilhão de pensamentos sobre o que acontecera, era melhor mesmo que o escorpiano fosse embora.
––––––––––––––––––––––––––
Shaka estava preparando o café para ele e Eric quando o menino entrou na cozinha, beijando o pai no rosto. O virginiano sorriu, ajeitando os cabelos do menino, estendendo a ele um bule com chá. Já sentados à mesa, ele indagou ao pai aonde havia ido na noite anterior.
– Resolver alguns assuntos pendentes. – Shaka respondeu, não querendo lembrar muito do que acontecera na noite anterior.
– E conseguiu?
– Sim, pode–se dizer que sim. – e a imagem de Mu, rendido às suas carícias, veio à sua mente. Ele escondeu um sorriso que cismou em aparecer.
– O que foi, pai?
– Como assim?
– Você ficou vermelho.
– Fiquei? – Shaka sentiu corar novamente. – Não é nada, não. Tome seu café direitinho que eu preciso ir a uma reunião daqui a pouco.
– Posso ir junto?
– Acho melhor não. As reuniões do Santuário são monótonas. E vamos discutir uma coisa que não quero que você saiba por enquanto.
– O que?
– Sua festa de aniversário.
O rosto de Eric se iluminou. Quase não havia comemorado seus aniversários com festas, era sempre um jantar para ele e alguns vizinhos que costumavam brincar com o menino. Porém, ele tinha um certo lampejo, nunca soube se era uma lembrança dele ou se algum aniversário de um amiguinho, mas lembrava–se de uma mulher de vastos cabelos loiros, sorrindo em sua direção, abraçando–o ternamente, enquanto ele via–se em meio a alguns balões de festa.
– Festa? Pra mim? Mas como?
– Eu vou propor isso à Deusa. Acho que você merece uma festa. Eu nunca fui muito fã dessas comemorações, mas não quero que você perca essas coisas boas e normais da vida. E em breve vamos procurar uma escola para você estudar.
O menino fez uma careta e Shaka notou.
– Sem aulas em casa?
– Isso mesmo. Quero que meu filho tenha tudo o que eu possa oferecer. Já está na hora. – Shaka disse, um tanto pensativo, as memórias levando–o até os planos que ele e Liz sempre fizeram para o futuro do filho.
– Está pensando na mamãe?
Shaka sorriu, afastando a cadeira. Prontamente, o filho sentou–se em seu colo, abraçando–o. Ficaram daquele jeito por algum tempo, o virginiano embalando o filho protetoramente.
– Estava sim. Mas não se incomode com seu velho pai.
– Não me incomodo. Sei que é bom lembrar das pessoas que a gente ama. Foi você mesmo quem me ensinou isso, lembra?
– Lembro, sim. E isso é a mais pura verdade. Nunca se esqueça dela. Apesar de ter passado pouco tempo com a gente, nós a amamos, não é mesmo?
– Pra sempre, pai...pra sempre...
Eles se abraçaram mais uma vez e Shaka soltou o menino algum tempo depois, levantando–se. Tirou a mesa com a ajuda do filho, colocando tudo dentro da pia. Percebeu que Eric queria lhe perguntar alguma coisa, mas não o fazia.
– Pode falar, filho. – Shaka disse, sem olhar para o menino, apenas lavando as xícaras que usaram.
– Posso brincar lá na vila hoje? – ele perguntou, aquela típica carinha de menino que queria aprontar alguma.
Shaka sorriu. O menino, cada dia que passava, parecia estar se adaptando da maneira que ele esperava. Isso era ótimo, não suportaria caso o filho se sentisse inseguro em um lugar que ele sempre considerara sua verdadeira casa.
– Claro que sim. Mas não fique lá o dia inteiro. Vou fazer alguma coisa interessante pro almoço. Pensei em chamar Ikki. O que acha?
– Ótima idéia...a namorada dele é bonita...precisa ver...
Shaka continuou rindo, observando o filho sair do templo, pronto para mais um dia de diversão. Lavou a louça rapidamente, sempre conferindo o horário no enorme relógio preso na parede da cozinha. Não queria perder a reunião matinal de Saori, especialmente porque pretendia falar com a deusa sobre o aniversário de Eric.
Enquanto saía do templo e subia as escadarias em direção ao Templo do Mestre, Shaka não pôde deixar de lembrar da noite que tivera com Mu. Na verdade, estava mais curioso para saber qual seria a reação do ariano quando acordasse e não o encontrasse ao seu lado. Por mais que um lado seu implorasse para que ele ficasse no hotel, envolto pelos braços receptivos do rapaz de cabelos lavanda, e aproveitasse a continuação da noite, ele sabia que deveria seguir. Prometera a si mesmo não mais se deixar levar por Mu.
Mesmo que isso o matasse lentamente.
Levantou a cabeça e resolveu não pensar mais naquilo. Aliás, seria melhor que quando Mu voltasse para o Santuário eles tivessem uma conversa. Ele tinha certeza de que o ariano iria querer esclarecimentos.
Afrodite acordou especialmente de bom humor e aquilo era algo novo naqueles dias, desde que ele e Máscara da Morte resolveram tomar rumos diferentes. Trocou–se depois de um banho demorado, cuidando sempre muito bem dos cabelos e da pele. Tomou um café da manhã caprichado e, ajeitando as roupas de tecido macio, saiu para enfrentar o sol ameno daquela manhã.
Não subiu os degraus até o Templo do Mestre, mas desceu–os, um pensamento fixo na cabeça, uma idéia que ficou lhe remoendo durante todo a noite anterior, desde que Máscara da Morte deixara seu templo.
Aioria, Marin, Shaka, Aldebaran e Saga já estavam em volta de uma das muitas mesas do templo do mestre, esperando por Athena, que estava surpreendentemente atrasada. Conversavam animadamente. Saga com Aldebaran, sobre algo que acontecera no fim de semana, enquanto Marin e Aioria elogiavam Shaka a respeito de Eric. O casal estava naquela fase típica de planejamento de bebês, então a mulher parecia mais que interessada e prestativa em cuidar do menino.
Alguns minutos depois, a Deusa apareceu, sempre vestida com seu tradicional vestido branco, acompanhada por Shiryu, o que deixou os outros cavaleiros curiosos: geralmente, ela sempre andava escoltada por Seiya.
– Bom dia, cavaleiros. Sinto muito começarmos essa reunião logo cedo, mas tenho alguns assuntos para resolver depois. Portanto, não vamos demorar, tudo bem? – ela disse, sentando–se em uma das extremidades da mesa, o cavaleiro de Dragão sempre ao lado dela.
Os cavaleiros se entreolharam e assentiram por fim. O dia estava agradável demais para contrariarem a Deusa problemática e ter que aturar o mau humor dela.
– Bom, Aioria e Marin me contaram ontem que seu filho, Shaka, vai fazer aniversário em breve. Eles gostariam de dar uma festa a ele. Isso está correto?
– Sim. Eric passou anos sem comemorar o aniversário dele de verdade e eu quero poder fazer isso por ele. Caso a senhorita não permita, farei a festa no meu templo mesmo.
– De forma alguma. Eric é um garoto mais do que agradável e todos vamos ficar imensamente contentes em fazer uma festa a ele. Só preciso comunicar a Mu a respeito da festa.
Shaka empalideceu ligeiramente ao ouvir o nome de Mu ser mencionado. Por que diabos Saori precisava falar com o ariano a respeito da festa de aniversário de seu filho?
– Perdão, senhorita. Mas qual o propósito do cavaleiro de Áries saber sobre isso?
– Por nada em especial. Apenas que Mu ficou responsável pela maioria das comemorações aqui no Santuário, junto com Miro e Afrodite. Portanto, gostaria que ele ficasse encarregado dessa festa. Claro, se isso não for problema pra você. – Saori disse, notando um certo desconforto no cosmo de Shaka. Ela desconfiava que havia alguma coisa entre os cavaleiros que mais lhe inspiravam confiança, mas não se sentia à vontade em pressionar nenhum dos dois a respeito.
– De maneira alguma. Não há problema algum. – Shaka recompôs–se rapidamente, percebendo que Saori o fitava intensamente, como se tentasse ler seus pensamentos.
– Sabendo que isso tudo está resolvido, então, vamos passar ao novo assunto. Gostaria muito de estar comunicando isso com todos os cavaleiros presentes, mas pedir que meus dez cavaleiros de ouro estejam aqui pela manhã cedo é algo impossível. – ela disse, mas surpreendentemente, Saori estava com um tom de voz divertido, como se aquela situação fosse corriqueira ali no Santuário.
– Qual o próximo assunto, senhorita? – Aldebaran perguntou, ansioso.
– O novo Mestre. – ela disse, percebendo o clima pesar no mesmo instante. – Tenham calma, cavaleiros, não vou obrigar ninguém a ser o novo Mestre. Aliás, é por isso mesmo que gostaria que soubessem que pedi a Mu, minha primeira opção, que ficasse encarregado dessa escolha.
– Como assim? – Shaka e Saga perguntaram ao mesmo tempo. O geminiano por não gostar daquela idéia e o virginiano pelo simples fato de seu instinto de amizade ter falado mais alto. Podia imaginar que Mu deveria estar revoltado com aquela tarefa.
– Não precisam ficar nervosos. Ele vai apenas escolher um cavaleiro que ele considere ter as qualidades que um Mestre deva ter, já que ele mesmo não quer assumir o cargo que o Mestre dele, Shion, assumiu um dia.
– Mas senhorita...essa tarefa é por demais injusta com Mu. – Aioria protestou. O amigo nunca aceitaria aquilo, era como trair todos os outros cavaleiros, pois ele sabia bem que ninguém gostaria de ser o novo Mestre, nem mesmo Saga.
– Está me chamando de injusta, Aioria? – Saori perguntou, levantando a voz.
– Ele não quis dizer dessa maneira, Athena. – Marin veio em defesa do marido. – É que Mu terá trabalho para escolher o Mestre e provavelmente não deve saber por onde começar.
– Pois bem, vocês que são amigos dele. Se ele aceitar o cargo, não vai precisar indicar ninguém. É simples assim.
– Isso não está certo... – Aldebaran resmungou baixinho.
– Disse alguma coisa, Touro?
– Não, senhorita. Estava apenas pensando alto. – ele disse, conhecendo bem o temperamento da garota.
– Bom, se não temos mais nada a falar, vamos dar essa reunião por encerrada. Se alguém encontrar Kamus, por favor, diga–lhe que quero lhe falar mais tarde. – Saori finalizou, acenando com a cabeça na direção de cada um dos cavaleiros, saindo da sala de reuniões logo em seguida.
– Alguém entendeu alguma coisa? – Aldebaran perguntou, olhando para cada um dos amigos.
– Nem uma palavra. Esse Santuário é uma piada. – Saga comentou, levantando–se, disposto a retirar–se também.
– Pelo menos resolvemos a história da festa, Shaka. – Marin disse, tocando o braço do virginiano levemente. O loiro sorriu em sua direção, imitando os passos de Saga.
– Ainda bem. Bom, eu vou procurar o Miro pra começarmos a agitar as coisas. Alguém viu Mu por aí? – Aioria perguntou e Shaka disfarçou, balançando a cabeça negativamente.
Saíram todos do templo, cada um pensando em seus afazeres e nem um pouco preocupados com Saori ou qualquer coisa que não fosse a festa de Eric. Aliás, aquele havia sido eleito, naquele momento, como o evento mais importante dos próximos dias.
Os cabelos lavanda espalhados pela cama, mexendo–se levemente entre os travesseiros, davam a indicação de que o rapaz que ali dormia estava acordando. E de um sonho muito bom, Mu constatou.
Aliás, a primeira coisa que notou era que estava sozinho no quarto e que aquele não lhe pertencia. Abriu os olhos com alguma dificuldade. O silêncio, apenas quebrado por sua respiração, naquele lugar que até a noite anterior estranho para ele, indicavam realmente que seu companheiro não estava ali.
Sentou–se na cama de supetão, imaginando que poderia ter acontecido alguma coisa com Shaka. Aquele pensamento logo o assustou e ele olhou em sua volta, tentando achar alguma coisa que pudesse indicar que algo sério acontecera. Mas só encontrou resquícios da noite anterior.
A garrafa de vinho tinto caída no chão, manchando o tapete branco.
As roupas dele jogadas espalhadas pelo quarto.
O vaso de flores, uma vez em cima da mesa, agora estava em cima de uma das cadeiras, que obviamente estava fora do lugar.
Mu pegou–se sorrindo, lembrando–se de cada um dos momentos que passara com Shaka. Não podia negar que havia sido uma noite mágica, onde ambos revelaram–se mais que puros amantes, mas pessoas sedentas pelo corpo um do outro, como se a pura existência deles dependesse daqueles toques breves e quentes, dos beijos longos e macios.
Saiu da cama, ainda nu, deixando que a temperatura ambiente arrepiasse seu corpo por completo. Pegou–se olhando no espelho que ficava de frente para a cama. As marcas vermelhas em seu pescoço, dos dentes de Shaka, causaram um novo sorriso em seus lábios.
Sorriso esse que se dissipou quando ele fitou o pequeno pedaço de papel que jazia em um dos travesseiros.
Atravessou o curto espaço, pulando em cima da cama, que rangeu. Ironicamente, durante a noite anterior, ela não parecia ter reclamado de toda a ação que testemunhou. "Zeus, eu preciso parar de pensar nisso...", Mu pensou, enquanto pegava o papel, e deparava–se com a letra redonda e bem caprichada de Shaka.
Mu. Tinha alguns assuntos a resolver no Santuário. A noite passada foi realmente interessante. Acho que você irá concordar comigo, mas eu sempre lhe disse que nós seríamos ótimos juntos, ainda se lembra disso?
De qualquer maneira, nos falamos depois e não tenha pressa em sair do hotel, deixei tudo pago.
Shaka.
Ps: aproveite o café da manhã, me disseram que é ótimo.
Mu releu o bilhete mais uma vez, ainda atônito. Perguntava–se mentalmente onde estava o homem quente, carinhoso e impetuoso da noite anterior, que em nada se parecia com o que havia escrito aquele bilhete. Porque não era possível que a pessoa que escrevera aquele bilhete, dirigindo–se a ele como se ele fosse um qualquer, poderia ser Shaka. Não o Shaka que ele conhecia. Ou pelo menos achava que conhecia.
De repente, algo lhe veio à mente. E se Shaka apenas estivesse interessado em aproveitar–se dele e depois abandoná–lo, para vingar–se por ele não ter correspondido aos sentimentos do virginiano quando este os declarou, sete anos atrás? Arrepiou–se ao pensar naquilo, Shaka não seria tão frio e maldoso aquele ponto. Preferiu pensar que alguma coisa importante acontecera e ele teve que deixar o hotel. Mas aquele bilhete...
Amassou o dito cujo e pegou as roupas no chão, vestindo–se rapidamente. Antes de martirizar–se com qualquer coisa, voltaria ao Santuário e teria uma conversa com Shaka, esclarecendo tudo de uma vez.
––––––––––––––
– Ah, finalmente, Ikki. Não te vejo há um tempo. Eric me contou sobre sua namorada. Ainda é a mesma? – Shaka perguntou, enquanto recebia o amigo na porta de seu templo. Havia pedido a Shun que encontrasse o cavaleiro de Fênix e o avisasse do almoço.
– É, como se um dia fosse muito tempo! Me poupe, Virgem. Pra quem ficou sete anos longe de mim, você anda muito grudento. E sim, a namorada ainda é a mesma. Até parece que você não sabe. – Ikki respondeu, entrando no templo sem cerimônias, já se sentando no sofá.
– Não é isso, seu imprestável. É que nunca esperava que você pudesse se relacionar com alguém que não fosse uma amazona.
Ikki revirou os olhos, sorrindo. Realmente, nem ele mesmo entendia como conseguira manter um relacionamento com alguém que não tivesse qualquer vínculo com o Santuário ou seus amigos. Mas Petra havia sido uma grata surpresa em sua vida e ele estava muito feliz com ela, depois de relacionamentos tumultuados com Mino e June.
– T�, vamos mudar de assunto. Qual o motivo do almoço?
– Nada demais. Apenas comunicar uma coisa, contar outra. – Shaka respondeu, com um ar misterioso que Ikki conhecia tão bem.
– Ih, já vi que vem fofoca. Pode me contando agora.
– Não, vamos deixar pra depois do almoço. Não quero que Eric nos ouça.
Ikki ficou sério, percebendo que Shaka também o fizera. Não era sempre que o virginiano guardava segredos, e ele até estava sentindo falta daquilo. Parecia que finalmente o loiro havia encontrado algo para manter em segredo, algo importante que acontecera.
– Tudo bem, mas é bom que seja alguma coisa realmente interessante, porque se for alguma baboseira do tipo, "coisas que o Shura faz quando está entediado", eu juro que te deserdo como amigo.
Shaka começou a rir, batendo de leve no ombro do amigo e caminhando até a cozinha. Se Ikki queria alguma coisa interessante, ele realmente teria. O que ele tinha para contar era algo, digamos, fenomenal.
––––––––––––––––––
Máscara da Morte nem precisou de muito tempo para identificar o aroma diferente que sentiu adentrar em sem templo. Mesmo do segundo andar, o cheiro adocicado e particular de rosas que exalava de Afrodite era inigualável, inimitável. Respirou profundamente, o coração involuntariamente acelerando ao sentir aquele cheiro invadir–lhe pelas narinas. Odiava parecer fraco e deixar–se levar por um simples cheiro, mas o pisciano parecia, estranhamente, conseguir produzir aquilo nele.
Desceu as escadas lentamente, como se para retardar aquele encontro. Nem se incomodou de colocar algo por cima do peito nu, vestia apenas um short de seda preto e bem confortável. Não esperava visitantes àquela hora e não conseguia imaginar o que Afrodite podia querer com ele, depois da conversa que tiveram na noite anterior. Aliás, o sueco havia deixado bem claro que eles deveriam tomar rumos diferentes, que não tinham sequer um envolvimento, por mais ínfimo que ele fosse.
Parou aos pés da escada, a visão do homem à sua porta, refletido pelos raios do sol era por demais perfeita. Ele sentiu uma sensação estranha, que não conseguia definir muito bem quando Afrodite aproximou–se dele, lentamente, balançando os quadris, um movimento típico dele quando queria pedir alguma coisa.
– Bom dia. – Máscara da Morte disse, olhando curiosamente para o rapaz, que estava com um embrulho em uma das mãos.
– Na verdade, boa tarde. – Afrodite respondeu, com um meio sorriso.
Máscara da Morte cruzou os braços, impaciente. Se Afrodite não queria envolvimento, deveria ficar afastado, não aparecer ali, como se nada tivesse acontecido. Aquele sueco era realmente inexplicavelmente surpreendente. Todos os outros cavaleiros tinham razão, quando se menos esperava, o sueco surgia com alguma coisa diferente, alguma reação que os deixava boquiabertos. Talvez isso fosse parte do charme dele. "Que diabos!", o italiano pensou, achando–se um louco.
– O que quer aqui? – ele perguntou, seco, ainda com os braços cruzados, um misto de proteção e incômodo.
– Te atrapalho? – Afrodite perguntou, levantando uma das sobrancelhas. Não esperava aquela reação de Máscara da Morte. Aliás, esperava que o italiano fosse reagir da maneira que havia feito em seu templo na noite anterior. Mas não esperava toda aquela frieza.
– Me intriga. – o canceriano respondeu, descendo os últimos degraus que o separava de Afrodite, aproximando–se do outro, que, instintivamente, deu um passo para trás. Máscara da Morte sorriu,ironicamente com aquela reação do pisciano. – Não vou lhe machucar, Afrodite. – ele disse, um pouco desapontado.
– Eu sei, é que...
– É o costume, eu entendo. – Máscara da Morte interrompeu Afrodite de dizer qualquer outra coisa. Não precisava ouvir aquelas palavras que ele sabia que viriam.
Afrodite estava oficialmente chocado com a reação de Máscara da Morte. Não apenas pela frieza, mas principalmente por ele estar se contendo para não falar muito. Isso tudo, aliado à expressão indefinida que o italiano mantinha, como se quisesse ocultar de todos, principalmente dele, o que estava sentindo.
Mas Afrodite conhecia Máscara da Morte. O amor fazia daquelas coisas. Você estuda as pessoas, acaba aprendendo com os hábitos delas, decorando cada mínimo detalhe que pode não fazer muita diferença aos olhos alheios, mas àqueles que conhecem, são indispensáveis. E naquele momento, o sueco percebia que o italiano sofria.
Sofria sem saber o por quê. Não que ele quisesse admitir que era por sua causa, mas uma chama lhe fazia acreditar que os dois tinham alguma chance e que, de repente, numa inédita decisão, numa mudança da lua, Máscara da Morte pudesse ter adquirido um coração que batia e tinha os mesmos sentimentos dos seres humanos normais.
– Eu trouxe isso pra você. Deixou no meu templo. – Afrodite disse, estendendo o pacote de papel de seda branco, finíssimo, onde Máscara da Morte podia ver que continha a camisa que deixara no templo de Peixes na noite em que fizera uma das maiores besteiras de sua vida. Não que a maioria das coisas não houvessem sido erros, tanto de julgamento como de caráter, mas, definitivamente, forçar o sueco a fazer algo contra sua vontade, havia sido baixo demais, até mesmo para alguém como ele.
– Obrigado. – o italiano respondeu no mesmo tom sem emoção, pegando o embrulho. Estava prestes a subir as escadas novamente. A presença de Afrodite fazia–o pensar em coisas que ele não queria perder tempo analisando. Seria melhor para ambos que realmente não se encontrassem daquele jeito.
– Câncer! – Afrodite disse, a constelação de Máscara da Morte soando estranha em seus lábios, mas sendo o suficiente para atrair a atenção do italiano.
– O que foi? – ele perguntou, virando–se novamente para Afrodite.
– Pro inferno. – Afrodite disse, não dando margem de tempo para que Máscara da Morte pudesse falar alguma coisa. Colou seus lábios nos dele, os braços envolvendo o pescoço do italiano. Assim que o fez, o perfume característico dele adentrou suas narinas, excitando–o de maneira familiar. Teve vontade de sorrir, mas não conseguia, a língua do canceriano buscava a sua com a mesma impetuosidade de sempre. Ainda abraçados, acabaram por cair aos pés da escada, o sueco por cima do italiano, beijando agora o pescoço dele, a pele morena roçando na camisa de seda que o pisciano usava, deixando–o arrepiado.
Máscara da Morte podia dizer que aquela atitude havia sido a mais surpreendente de todas que Afrodite poderia tomar. Mas, obviamente, ele não estava ali para reclamar, não quando ao provar novamente daqueles lábios chegara a conclusão de que eram os melhores que já havia beijado. Aproveitou o máximo que pôde, suas mãos viajando por baixo da camisa do sueco, tocando a pele alva com ardor.
Afrodite sentiu as mãos de Máscara da Morte descerem perigosamente para o fim de suas costas, os dedos procurando passagem por dentro da calça jeans clara e larguinha que ele usava. Aquilo foi uma dica para que ele parasse tudo, obrigando–se a soltar–se dos lábios do italiano, que não protestou com palavras, mas gemeu baixinho.
O sueco saiu de cima do italiano, ajeitando as roupas, um pouco amassadas agora. Máscara da Morte apenas sentou no primeiro degrau da escada, as pernas ligeiramente abertas, mostrando o quão excitado ele ficara com aquela pequena demonstração de "afeto" por parte do pisciano.
Afrodite sorriu, maroto, sabendo exatamente o que estava passando pela cabeça do italiano. Balançou a cabeça negativamente, colocando as mãos nos bolsos da calça.
– Isso ainda não quer dizer que eu te perdoei, Câncer. – ele disse, caminhando para a saída do templo.
Máscara da Morte sorriu. Afrodite era realmente imprevisível. E por demais adorável.
– Mas já é um começo! – ele resmungou, em voz alta.
Afrodite olhou para trás. Máscara da Morte com os cabelos revoltos, um pouco maiores do que de costume, espalhados pelo rosto, uma moldura rústica e perfeita, os lábios inchados dos beijos trocados, a respiração dele um pouco ofegante. Cruzou olhares com eles, azuis claríssimos nos azuis escuros, e sorriu. Um sorriso límpido e sem pretensões.
Sim, era realmente um começo.
Um novo começo.
Pelo menos ambos secretamente esperavam que sim.
–––––––––––––––
– Eric, almoço! – Shaka gritou, já no cômodo anexo à cozinha, levando os últimos pratos para a mesa, dispondo–os com a característica perfeição dos virginianos. – Você também, Ikki! – ele completou, já se sentando à mesa.
Ikki apareceu uns segundos depois, apostando corrida com Eric, que estava com as roupas um pouco sujas. O cavaleiro de bronze esperava que o virginiano reclamasse daquilo, mas, pelo contrário, ele sorriu e passou a mão pela cabeça do filho.
– Me lembrem se de repente eu estiver em um universo paralelo, mas o que é isso tudo? – Ikki perguntou, olhando abismado para a mesa do almoço.
– Ué, comida, Ikki. Não conhece? –E ric perguntou, autoritário, olhando para o outro como se ele tivesse três cabeças.
– Acredite, Eric, meu querido, mas o Shaka que eu conheço não comeria isso. – ele respondeu, mostrando a enorme travessa de batatas fritas (1) que o virginiano havia colocado no centro da mesa.
– Batatinhas são gostosas. Aliás, você deveria aproveitar mais as delícias da vida. – Shaka disse, pegando algumas das dita cujas e colocando na boca.
– Esse não é você, definitivamente. – Ikki finalizou, sentando–se e não mais tocando naquele assunto.
O almoço constava de pequenas delícias como as batatas fritas e também um peixe grelhado e legumes diversos. Ikki estava abismado com a desenvoltura do loiro na cozinha, especialmente porque ele fazia aquilo tudo parecer natural, como se tivesse passado a vida inteira fazendo aquilo.
– Isso tudo é... – Ikki tentou achar palavras, mas era difícil encontrá–las.
– Sim? – Shaka perguntou, divertido, levantando as sobrancelhas.
– Espantoso. – ele concluiu, por fim.
– É só comida. – Eric completou, olhando para o prato, procurando algo de diferente. Logo em seguida, serviu–se de mais batatas fritas. Shaka gargalhou.
– Eric, você não conhece seu pai tão bem...
– Claro, ele é mais velho que eu. – e uma nova onda de risos foi ouvida.
– Esperto. É mesmo seu filho, Shaka.
Shaka virou os olhos, meio que concordando. Aquele temperamento não era, na verdade, parecido com o dele, mas sim com o de Liz. Se Ikki pensava que Eric que era semelhante a ele, deveria presenciar o temperamento explosivo da mãe do menino. Ela sim era um vulcão prestes a entrar em erupção, sempre com uma resposta perspicaz na ponta da língua.
– Eric, vai com calma. – Shaka pediu, vendo o filho colocar cada vez mais batatas no prato. Ikki apenas riu daquela cena.
O almoço correu tranqüilo. Eric comemorando histericamente, correndo pelo templo ao ser avisado que iam fazer uma festa para seu aniversário. Depois de algum tempo, o menino acalmou, logo se retirando para o quarto, onde pretendia dormir um pouco. Assim, Ikki e Shaka ficaram a sós, podendo, por fim, conversar sobre a coisa importante que Shaka tinha pra lhe contar.
––––––––
Mu subiu as escadarias que levavam à casa de Virgem sem ao menos passar pelo seu templo primeiro. Estava furioso, quando soube por Aldebaran e Saga (não antes de ser questionado pelo geminiano o porquê de estar com a mesma roupa da noite anterior) que não havia acontecido nada de errado no Santuário. Mas uma parte de si ainda esperava que Shaka pudesse explicar convincentemente o porquê de deixá–lo sozinho no hotel depois do que acontecera.
– Vai cuidar da sua vida, Saga. – Mu resmungou, passando pelos dois cavaleiros, que começaram a rir.
Passou por Câncer e tudo estava muito quieto, surpreendendo–o. O ambiente estava com um cheiro diferente, que ele não conseguia identificar. Não cruzou com Máscara da Morte, o que ele agradeceu, caminhando rapidamente para a saída do templo. Assim que colocou os pés fora dali, chegou à conclusão de que era de Afrodite o cheiro que sentia. Como não havia percebido antes? Por um segundo pensou em ir direto ao templo de Peixes e saber o que aconteceu, mas a voz de Shaka veio na mesma hora, falando naquele tom desaprovador: "Você sempre pensa mais nos problemas dos outros do que nos seus."
Suspirou profundamente, esquecendo–se de Afrodite e de qualquer outra coisa que pudesse lhe atrapalhar. Por mais que detestasse admitir, Shaka tinha razão. Estava na hora de ele pensar mais em si do que nos outros. E definitivamente aquele assunto Mu e Shaka era mais importante do que qualquer outra coisa.
Já perto da casa de Virgem (a casa de Leão também estava vazia e provavelmente, como sempre acontecia, Aioria e Marin deviam estar treinando), Mu percebeu que havia movimento lá dentro, pessoas conversando. Camuflou o cosmo, a curiosidade aparecendo ele bem nem sabia de onde, a vontade de saber se o virginiano, de repente, falava dele.
Dentro do templo, Shaka já havia tirado as sapatilhas que usava e sentado confortávelente no sofá. Estava conversando com Ikki, este deitado, esparramado no assento de três lugares, ouvindo o virginiano resmungar e enrolar em vários assuntos que não faziam o mínimo sentido, ao invés de ir direto ao ponto, que era contar a ele o que havia acontecido para ele estar com uma aparência mais divertida que o normal.
– T�, pára tudo, Shaka... – Ikki começou, interrompendo o virginiano no meio de uma frase.
– Alguém já te disse que é falta de educação interromper as pessoas?
– Me poupe. Você tá enrolando há mais de meia hora. Onde você estava na noite passada e por que voltou com esse sorriso, de quem dormiu com um cabide na boca?
Shaka fingiu ficar sério, mas sorriu novamente, aquele sorriso límpido raramente visto, de alguém que tinha um segredo precioso guardado. Ikki virou os olhos, sabia que o amigo ia lhe contar algo realmente bom.
– Fala logo, Virgem...
– Não tão virgem assim... – Shaka disse, em tom brincalhão.
– T�, pode me contando. O que você aprontou?
– Hum, digamos que eu tenha sido um menino mau e fiz algo com alguém. Alguém que eu queria há muito tempo.
Do lado de fora do templo, Mu congelou. Shaka estava realmente falando dele, mas não de uma maneira agradável. Era frio, chegava a ser...desdenhoso. E o ariano gelou ao pensar naquela palavra.
– Não creio! Você dormiu com o Mu!
– Shhhh...baixo! O Eric está lá em cima, não quero que ele nos ouça!
"Eric? Quem diabos seria Eric? Shaka seu desgraçado!", Mu pensou, enquanto lutava para não invadir o templo e partir pra briga com o loiro. Quem ele pensava que era pra contar as intimidades deles logo pra Ikki, aquele cavaleiro de bronze, metido a cavaleiro de ouro?
– Me conte tudo.
– Pare de falar como uma vizinha fofoqueira, Fênix. – e Shaka corou absurdamente. –Você sabe...
– Não, não sei... primeiro porque não sou gay, segundo porque nunca dormi com o Mu. – ele disse e foi tão espontâneo que Shaka não pôde evitar a gargalhada.
Mu estava retorcendo a camisa de tanta raiva. Não sabia de onde estava tirando tanto autocontrole.
– Foi...bom.
– Bom? – Ikki estava incrédulo.
"Bom? Idiota!", Mu pensou.
– Ah, Ikki...foi educativo e ponto final.
Mu sentiu alguma coisa dentro de si quebrar ao ouvir um tom taxativo na voz de Shaka. Não havia emoção, era como se não tivesse significado nada. Fechou os olhos, que teimavam em produzir lágrimas, tentando evitá–las de cair. E conseguiu, não soube como. Afastou–se da porta lentamente, olhando para a escadaria que levava ao topo do Santuário. Afrodite era a sua primeira opção, mas ele não tinha vontade de ir até lá. Aquele era um problema que teria que teria de resolver sozinho. Mas antes precisava pensar.
E pensar bem longe dali.
Chegou em seu templo sem nem bem saber como, havia ignorado todas as pessoas no caminho. Pegou a já conhecida sacola de viagem, colocando apenas o essencial ali dentro e saiu pela porta da frente, sem ser notado. Somente quando estava no limiar do Santuário com a parte freqüentada pelos turistas, é que ele escondeu–se atrás de uma pedra e simplesmente se teletransportou para seu refúgio.
Jamiel.
Referências:
(1) Shaka e seu amor por batatas fritas é referência completa ao fic Missão Complicada da Belier.
Lá se vai mais um espaço dedicado aos comentários. Não posso negar que adoro isso...a cada capítulo vocês me surpreendem. Obrigada mesmo por estarem gostando da história e das reviravoltas. O apoio de vocês, sendo através das reviews ou dos comentários via email ou msn me impulsionam a continuar!
A Celly aqui continua atrasada com os capítulos. Já tenho um esquema mais ou menos de como quero os próximos e o 9 está em fase final. Tinha que postar esse aqui pra não deixar todo mundo morrendo de curiosidade e também para evitar as ameaças de morte. Antes de fazê-las, meninas, não se esqueçam...eu morro e vocês ficam sem um final (nem falo se vai ser feliz ou não!).
Mas vamos comentar as reviews celly pulando, feliz, batendo palminhas
Caliope: beta número 2 e lá vou eu com o saco de papel na cabeça...que situação essa que vocês me colocam, sinceramente. Bom já disse que Kamus e Miro é meu casal carro-chefe, mesmo o fic sendo centralizado em Mu e Shaka. Não consigo simplesmente fazer tudo ficar numa boa tão rápido entre eles, mas aguarde que algumas coisinhas legais vêm por aí. E nesse capítulo também! Beijos e obrigada por todo o apoio nessas últimas semanas, especialmente por ter tornado as madrugadas no msn tão engraçadas!
Mo de Aries: o plano do Shaka eu não revelo mesmo...nem sob ameaça de ser mandada pra um dos seis mundos...e que bom que você gostou do lemon, vem muito mais por aí! Obrigada pela review, beijão!
Lili: beta número 1, você tem que mandar essa de já ter lido esse lemon em primeira mão, né? Ai, senhor, o que eu faço com você? Bom, já disse que não consigo escrever o Mu seme, especialmente nesse fic, com o Shaka todo "eu sou o dono do mundo, vocês têm que rastejar aos meus pés". Mas eu prometo que um dia escrevo alguma coisa fluffy (não nessa fic!) com o Mu sendo o seme na relação...ai, eu e meus desafios! Mas sim...nem preciso dizer o quanto te agradeço pelas últimas semanas, não é mesmo? 1000 beijos!
Dark Faye: pô, fofa...depois dessa chamada e daquele desafio do casamento da Sukhi com o Shura, você me empresta ela pra colocar nos meus fics como personagem sempre que eu quiser colocar uma moça com o Shura? Eu simplesmente não consigo deixar o espanhol sozinho e a Shina é a única que sobra...melhor a coitada pegar um cavaleiro de ouro do que o torto do Seiya! ha ha ha Beijocas!
Chibiusa-chan Minamino: primeiramente, obrigada por todos os elogios! Escrever sobre algo que a gente gosta é realmente maravilhoso e eu me sinto mesmo em casa escrevendo sobre esses casais. O lemon de Shaka e Mu é um dos meus preferidos e o melhor que eu escrevi até agora, mesmo eles dois não sendo o par que eu mais goste. Quanto à Kamus e Miro, algumas surpresas vêm por aí, espero que goste. E o bilhete do Shaka...bom, vamos ver se você acertou! Aí está ele nesse capítulo! Beijos!
Ia-Chan: Olá diretamente do fórum! Bom, aí está a resposta pra pergunta do bilhete do Shaka. O lemon, mais uma vez, como já expliquei aí em cima, é bem diferente da maioria das coisas que eu leio, especialmente porque eu não consigo fazer o Shaka uke. E claro, com a personalidade que eu o retrato, nem combina muito, não é mesmo? E quanto à frieza do Mu...já diziam que "cada ação corresponde a uma reação" ou algo parecido...lol...beijos!
Anne: obrigada pela review. E sim...o povo ainda vai levar algum tempo pra se acertar. Mas que coisa é essa de não querer Shaka e Mu juntos? Ai senhor...que mosntro eu criei? Infelizmente, eu sou um serzinho que gosta de finais felizes, embora esteja trabalhando meu lado maldoso! Beijos!
Bela Youkai: sabia que ia aparecer uma fã fervorosa do Mu...lol...bom, pode matar o Shaka não, algo me diz que o ariano, acima de tudo não iria gostar disso! Mas consolar o Mu...deixa pensar...também não...eu cheguei primeiro! E nem te conto a fila que tem depois de mim...tô pensando até em distrubuir senha! Beijos e obrigada pela review!
Afe, acho que por hoje é só. Espero que tenham gostado da leitura! Nos falamos nos msns da vida. Qualquer coisa é só me procurar ou mandar uma linha por email! Beijocas em todas que revisam o fic ou não!
