Retratação: como sempre, Saint Seiya e seus personagens não me pertencem. Porém, a idéia original desse fic sim e seus personagens originais. Portanto, se você resolver usar alguma coisa daqui, eu não me importo, contanto que os créditos sejam devidamente feitos.
Créditos: Saint Seiya pertence ao tio Kuramada, só uso os personagens pra me divertir.
Resumo: depois de sete anos longe do Santuário, Shaka volta à Grécia, onde pretende retomar a vida, mesmo que tudo tenha mudado à sua volta. Yaoi com flashback, lemon, um pouquinho de violência. Casais: Shaka/Mu; Miro/Kamus; Máscara da Morte/Afrodite
Aviso: esse fic vai ter cenas de flashback e sempre que uma ocorrer, o texto estará em itálico e negrito, só pra situar todo mundo.
Capítulo 10: Festa de Arromba!
A noite já ameaçava fazer sua entrada triunfal quando Mu chegou no Santuário. Notou que havia algo de errado no ambiente, estava tudo muito iluminado, feliz, animado. Estranhou, pois não se recordava de nenhum evento comemorativo naquele dia. Embora alguns cavaleiros, especialmente Miro, Afrodite e Saga, nunca precisassem daquele tipo de desculpa para comemorar. "É uma celebração à vida!", era o que eles costumavam usar como justificativa.
Deixou a sacola de viagem dentro do tempo de Áries e ao sentar-se no sofá da sala, notou o cosmo de um dos cavaleiros. Mesmo na penumbra, podia notar a presença do outro, que iluminava de maneira especial todo lugar que adentrava. Sorriu por antecipação. Sabia que ele com certeza viria com alguma frase, no mínimo, curiosa.
– Você! Seu carneiro inconseqüente! Da próxima vez que sumir, ou deixa um bilhete, ou manda uma fumaça avisando aonde você se encontra!
– E se eu não quiser ser encontrado? Já pensou que esse deva ser o propósito pelo qual eu simplesmente saí?
– Não me importa! Enquanto aquela menina estiver lá em cima dando ordens, você tem que deixar alguma coisa por escrito. Porque quando ela não te encontra, ela enlouquece, e quando ela enlouquece, simplesmente vira esse Santuário de pernas pro ar!
– Como se ele nunca tivesse nesse estado, Aioria. – Mu constatou, levantando-se do sofá e caminhando até o amigo, que estava na porta do templo. Notou que o leonino estava arrumado para uma quarta feira; aqueles trajes mais pareciam vestimentas de sábado à noite.
– O que você tá olhando? Nunca viu?
– Nossa, seu bom humor me anima, Aioria. – Mu respondeu, sarcástico. – Diga-me, por que está vestido desse jeito? – Ele completou, olhando para o amigo novamente, admirando a calça jeans ajustada e a camisa branca de linho.
– Lembra-me do motivo pelo qual eu vim até aqui. A Deusa requer sua presença urgente na festa que está acontecendo no templo do Mestre. – Aioria disse, tentando não demonstrar emoção, somente para causar raiva no ariano.
– Espera um minuto! De que festa está falando? – Mu forçou a mente novamente, tentando lembrar-se se por algum momento estaria esquecendo o aniversário de algum dos cavaleiros.
– Da festa do Eric, que você deveria ter organizado junto com Miro e Afrodite. Aliás, eles estão uma fera com você. Até mais, Mu... – Aioria disse, caminhando para fora do templo de Áries.
Mu ficara tão atordoado com a revelação de Aioria de que estava acontecendo uma festa para Eric, que nem ao menos tentou pergunta-lo quem seria esse rapaz. Estava fervilhando por dentro, uma súbita vontade de quebrar alguma coisa; os vasos da casa pareceram estranhamente tentadores. Mas respirou profundamente, controlando-se no instante seguinte. Sentiu raiva, ainda assim. Shaka não só levara um amante para o Santuário, como o esfregava nos rostos dos outros cavaleiros, promovendo uma festa para ele.
Bufou, irritado, jogando-se no sofá novamente. Ficou naquela mesma posição por incontáveis minutos, até que uma idéia sinistra e nada condizente com sua personalidade cruzou sua mente. Shaka queria mostrar seu amante a todos, não queria? Então teria que fazê-lo diante do cavaleiro de Áries também. Queria ter a certeza de que ele teria coragem de simplesmente ignorar o que acontecera entre eles e ficar com o outro.
Correu para o quarto, pensando em como deveria vestir-se. "No mínimo, irresistível", foi o que uma desconhecida voz interior respondeu-lhe.
– Não odeia festas de criança? – Saga perguntou a Aldebaran, que passava por ele.
– Desculpa, o que perguntou? – O brasileiro perguntou de volta, ao mesmo tempo em que sua atenção estava desviada para algumas crianças que corriam pelo templo. – Elas não são adoráveis? – Ele perguntou, finalmente olhando para Saga, que não estava mais ali. Havia saído de perto dele, resmungando.
– Ei, Saga, aonde está indo? – Shaka perguntou, olhando para o amigo, que tentava sair do templo.
– Eu? Ah... vou ali fora, já volto! A festa tá ótima... – Ele disse, receoso, não querendo expor seus motivos, especialmente para o pai do aniversariante.
"Mentiroso... você não engana ninguém, Saga...", Shaka pensou, enquanto procurava Eric com os olhos. Achou-o no segundo seguinte; o menino aparentava cansaço por estar correndo junto das crianças convidadas e Aldebaran. Sorriu longamente, percebendo que realmente havia sido uma ótima idéia que eles tivessem se mudado da Índia. O filho havia se adaptado rapidamente.
Ele só gostaria que Liz estivesse ali com eles. Ela, com certeza, adoraria o lugar.
Desviou a atenção da mãe de Eric por um segundo quando Aioria entrou no templo, acompanhado de Marin e Miro. Os três caminharam na direção do virginiano, cumprimentando-o pela festa. Iniciaram uma conversa sem muita importância, Shaka apenas agradecendo todo o trabalho que o escorpiano e Afrodite tiveram para organizar tudo em poucos dias.
O templo do Mestre estava todo decorado com bolas douradas, uma enorme mesa no canto com todos aqueles quitutes maravilhosos, típicos das festas infantis e, coroando, no centro da mesma, um bolo magnífico, em formato de escorpião, o signo do aniversariante. Nem precisavam dizer que o presente foi dado por Miro. As bebidas alcoólicas haviam sido proibidas, mesmo sob protestos de alguns cavaleiros (leia-se Máscara da Morte, Saga e Aldebaran), pelo menos até as crianças se retirarem da festa. E tudo parecia correr bem. Os cavaleiros até que estavam se comportando, à exceção de Seiya, que tentava chamar mais atenção do que o aniversariante, coisa que estava ficando impossível de se controlar naqueles dias.
– Vocês se superaram dessa vez, Miro. – Aioria disse, sentando-se em um dos sofás que haviam sido arrastados da sala de descanso até o salão.
– As idéias foram quase todas de Afrodite. Mas quem colocou tudo em prática fui eu mesmo. – Ele disse, estufando o peito, orgulhoso como um bom escorpiano.
– Eu agradeço mesmo. Só o sorriso do meu filho já é sinal de que tudo ficou perfeito. – Shaka disse, tocando o ombro do amigo com carinho. Sorrisos foram trocados.
– Que bom que gostou, Shaka. Achei que não sentiria falta das festinhas organizadas aqui no Santuário, mas estava enganado. Você sentiu falta!
– Não force a barra, Escorpião. – Shaka disse, tentando evitar um sorriso. – Comparada ao tipo de festas que vocês costumavam organizar, isso aqui parece mais uma cerimônia religiosa.
– Cerimônia religiosa ou não, eu e Afrodite formamos uma dupla espetacular. Nem precisamos daquele imprestável do Mu. – Miro comentou, desdenhando da presença do ariano, não percebendo que Shaka ficara um pouco pálido com a simples menção do nome do outro.
– Não comemoraria tão cedo, Miro. Encontrei com Mu no templo de Áries antes de vir pra cá. – Aioria disse, sem se importar muito com a implicação daquela frase.
Shaka sentiu o coração falhar uma batida. Mu estava no Santuário. Ali, tão perto dele. Deveria apenas levantar-se e ir até o templo do outro e explicar-lhe o que havia acontecido no outro dia, mas sua prudência impediu-o. Era o aniversário de seu filho, o primeiro que passavam juntos na nova casa. Não podia simplesmente abandonar todos ali e cuidar de um assunto tão mundano como aquele. Mu poderia esperar. Assim ele pensava.
– Ei, Shaka! Shaka! Estamos falando com você! – Aioria disse, passando a mão na frente do rosto do virginiano, que piscou várias vezes, finalmente saindo do transe em que se encontrava.
– O que foi? – Ele perguntou, ainda um pouquinho atordoado.
– Estava perguntando se havia algum problema do Mu vir até a festa. – Aioria repetiu o que havia falado anteriormente.
– Ele é cavaleiro, então, está convidado. – Shaka disse, tentando não mostrar muita emoção, mas ansiando pelo momento em que o ariano entrasse no salão mais do que poderia imaginar.
– Então tá... – O leonino disse, notando algo de errado na voz de Shaka, mas não comentando nada.
Logo a atenção dos quatro se dispersou para a porta do templo, onde Eric, todo orgulhoso, atendia mais um convidado que chegava. E dessa vez era Afrodite, vestido informalmente com um macacão jeans claro e uma blusa azul um pouco justa por dentro. Tênis brancos completavam o visual e todos sorriram, incluindo o menino. Mas ele logo ficou sério quando o sueco estendeu a ele um buquê de pequenas rosas multicoloridas.
– Meu pai disse que suas rosas são perigosas. – Ele disse, olhando Afrodite, procurando alguma mudança na expressão dele. O pisciano apenas sorriu, afagando os cabelos loiros do menino.
– Essas são inofensivas. Há muito tempo deixei de fazer rosas malignas. Você precisa saber mais das histórias do Santuário.
– Você me conta algumas? – Os olhos de Eric brilharam e Afrodite não teve como resistir.
– Claro.
– Pode ser agora? – Ele perguntou, levantando uma das sobrancelhas.
Afrodite retomou a posição original, escaneando o salão por alguns segundos. Logo notou Shaka, Miro, Aioria e Marin observando-o, com largos sorrisos nos rostos, como se nunca o tivessem visto com alguma criança. Realmente aquilo raramente acontecia, mas ele não podia deixar de gostar de Eric. Aquele garoto era realmente filho de Shaka, com o temperamento de um escorpiano. E extremamente inteligente para a idade.
Continuou olhando pelo salão; Kamus, Máscara da Morte e Shura conversavam animadamente. Lembrou-se do que havia acontecido entre ele e o italiano há alguns dias. Deixou sua mente vagar até lá, somente por tê-lo fitado por alguns instantes.
(FLASHBACK)
Afrodite foi o primeiro a descer da moto, assim que Máscara da Morte parou-a em frente aos primeiros degraus do templo de Áries. Quando tentou subi-los, foi seguro pelas firmes mãos do italiano. Por um segundo, havia se esquecido do quanto ele era rápido e forte. Não pôde deixar de sentir um leve tremor quando foi puxado para perto dele, os lábios do outro colando nos seus, procurando passagem. Por alguns segundos, ele deixou-se beijar, mas logo se afastou dele, ajeitando os cabelos.
– O que foi? Vai dizer que não gostou? – Máscara da Morte perguntou, aproximando-se de Afrodite. Este apenas deu um meio sorriso e virou-se, subindo os degraus que o levariam ao templo de Mu.
O italiano viu Afrodite se afastar lentamente, como se esperasse ser seguido e assim ele o fez, não se importando com a moto que ficara parada ali na frente nas escadarias, exposta para qualquer um ver que ele a havia tirado do 'santuário' de proteção de Aldebaran. Não que ele se importasse. Havia alguma coisa bem mais importante que ele queria resolver naquele instante.
Só alcançou-o de verdade quando estavam passando pela casa de Gêmeos. Máscara da Morte imprensou o sueco contra a parede do tempo, tentando beija-lo, mas Afrodite simplesmente esquivou-se. Em um movimento rápido, ele surpreendeu o italiano, soltando-se dele.
– Boa noite, Máscara da Morte.
– Aonde pensa que está indo? – O canceriano perguntou, com um tom de voz um tanto ameaçador, mas também curioso.
– Pro meu templo. Sozinho.
– O que quer dizer com isso?
– O que achou que iria acontecer?
Máscara da Morte sentiu-se acuado. Não esperava aquela pergunta de Afrodite. Na verdade, contava apenas com atos; afinal, as palavras às vezes eram pouco úteis, especialmente em situações como aquelas, onde ambos se desejavam tanto que poderiam cortar aquela sensação com uma faca cega facilmente.
– Eu... bem... – Ele começou gaguejando e odiou-se por aquilo.
Afrodite sorria por dentro, finalmente deixara o italiano, sempre tão seguro de si, desconcertado. Aquilo era puro deleite. Sabia que o próximo passo seria difícil, ainda mais depois de ter provado os lábios dele, que pareciam ter algum tipo de substância ilícita, proibida, e por isso mesmo, desejada.
– Eu acho melhor subir. Obrigado pela carona.
– Afrodite. Você não vai subir.
O tom na voz de Máscara da Morte era de ordem e Afrodite odiou aquilo. Parecia que o italiano realmente não mudava, sempre tentando ganhar as pessoas com sua imponência.
– Não torne tudo mais difícil. Foi uma noite agradável e eu não gostaria que você a estragasse com sua arrogância.
– E o que aconteceu aqui? Que palhaçada foi essa?
– Não me pergunte. Pergunte a você mesmo. – Afrodite voltou a subir os degraus e logo ouviu movimento atrás de si. – Por favor não me siga.
E, surpreendentemente, os passos de Máscara da Morte realmente pararam e Afrodite prosseguiu, respirando tão lentamente quanto seu caminhar, e apenas quando alcançou o templo de Shura, ele encostou-se na parede, suspirando profundamente, aliviado.
– Dessa vez eu consegui. Obrigado, minha Deusa... – Ele disse, baixinho, seguindo, então para sua casa.
(FIM DO FLASHBACK)
– Dite! – Eric disse, puxando o sueco pela mão, levando-o para um dos sofás do templo.
– Histórias, histórias... vamos lá! – Afrodite falou, sorrindo, passando pelos outros cavaleiros. Era melhor não pensar no que havia acontecido, pelo menos, não por enquanto.
Mu atou o final da enorme trança que havia feito nos cabelos lavanda com uma fita preta, e só então se olhou no espelho do quarto. Suspirou, não concordando muito com a imagem de si. Mas era uma questão de honra, não poderia aparecer na festa do tal Eric vestido com suas roupas simples. Aquela ocasião merecia algo... diferente. Algo arrebatador. Algo que fizesse Shaka hesitar.
– Desde quando eu penso desse jeito? O que aquele loiro fez comigo? – Ele perguntou ao seu próprio reflexo, logo desviando o olhar e saindo do quarto.
O tempo estava ameno do lado de fora do templo, corria um vento agradável, que murmurava. Se Mu parasse para reparar, parecia que ele tentava lhe dizer alguma coisa. Não preocupou-se com aquilo, subindo os degraus que levavam ao templo do Grande Mestre rapidamente. Realmente era revoltante ter o dom da telecinese e não poder teletransportar-se entre as casas. Pouparia-lhe muito trabalho.
Eric estava encantado ouvindo todas as histórias do Santuário. Afrodite de longe era o melhor narrador das histórias, superando até mesmo algumas que o pai lhe contara. O pisciano sempre exagerava as coisas, ele podia perceber, mas era divertido assim mesmo, especialmente quando ele resolvia contar o que Shaka fazia.
Eram situações divertidas, e num primeiro momento inimagináveis; na maioria das vezes o pai estava acompanhado do famoso cavaleiro de Áries. Eric sempre franzia a testa quando ouvia o nome de Mu. Passara algumas vezes pelo primeiro templo do Santuário, mas nunca entrara nele, não achava certo entrar em um lugar onde o dono não estava e também tinha o pedido do pai. Shaka havia conversado com ele sobre isso. Não lhe fizera realmente um pedido; fora mais um comentário, dizendo que era melhor que ele não entrasse no templo de Áries. Algo lhe dizia que o pai tinha problemas com aquele cavaleiro e não queria indispor-se com ele.
Pela quinta ou sexta vez naquele dia ele sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, que geralmente ocorria quando um cavaleiro de ouro estava se aproximando do templo. Ele confirmou isso depois que Afrodite juntou-se ao grupo de cavaleiros. Mas aquele arrepio era mais forte, mais intenso, ele não saberia explicar.
Levantou-se no meio de um dos contos de Afrodite, que estava tão empolgado, que pareceu não notar o que ele havia feito, especialmente porque as outras crianças presentes ainda lhe dispensavam atenção. Caminhou em passos largos e apressados até a entrada do templo, pronto para abrir a porta.
Não percebeu que Shaka acompanhara todos os passos do menino. Provavelmente o filho tinha o mesmo senso para notar a presença dos cavaleiros, um dom, na verdade. E, olhando a sua volta, o único cavaleiro de ouro que não estava presente era justamente aquele que ele lutava mentalmente em querer ou não a sua presença ali: Mu.
O ariano em questão achou estranho a porta do templo do Mestre estar fechada. Podia ver luzes lá dentro, assim como alguma decoração, mas mesmo assim aquilo não justificava as portas fechadas. Era mais uma coisa a reclamar. O templo sempre ficava aberto para quem quer que fosse. E agora aquele tal de Eric simplesmente aparecia e fechava as portas. Aquilo não estava certo. Se ele fosse o Mestre...
Um sorriso maligno surgiu no rosto bonito, ao mesmo tempo em que um vento um pouco mais forte quase bagunçou os fios da trança. "É uma idéia...", ele pensou, pronto para bater à porta do templo, mostrando toda a educação de um bom ariano.
Antes mesmo de bater à porta, a mesma foi aberta de uma só vez, fazendo Mu empalidecer. Sentiu o ar faltar-lhe nos pulmões, ao mesmo tempo em que parecia ser transportado para infinitos anos antes, onde era um menino e fitara o cavaleiro de Virgem pela primeira vez. Os olhos daquele, porém, não eram de um azul brilhante, com os quais se acostumara, mas sim um combinado intrigante de verde água e azul, mas os cabelos eram os mesmos. Mas não podia ser...
– Você é o cavaleiro de Áries? – O garoto perguntou, já sabendo a resposta. O homem à sua frente transmitia-lhe um sentimento diferente, um que só estava acostumado a sentir quando era bem pequeno, ele recordou com dificuldade.
– E você quem é? – Mu respondeu com outra pergunta, ríspido, desviando os olhos dos do garoto por ínfimos segundos e vendo Shaka no final do salão, aproximando-se deles, com Aioria em seu encalço.
– Eric. – Ele respondeu friamente, levantando uma das sobrancelhas.
Mu sentiu uma vertigem. Não, aquilo estava errado. Aquele garoto... Eric... não, era um engano. Tinha que ser um engano. Não queria acreditar, todo aquele tempo...
– Algum problema, filho? – Shaka perguntou, uma das mãos pousando nos ombros de Eric. Olhou para Mu no instante seguinte e pôde ver a confusão que pairava nos belos olhos verdes.
"Filho? Mas como isso é possível?", Mu pensou, enquanto tentava encontrar palavras. Detestava sentir-se impotente, não saber o que falar. Era como estar em uma situação de perigo e encontrar-se mudo, ou então estar em uma discussão calorosa e ver seu "oponente" supera-lo, deixando-o sem fala.
– Acho que ele está passando mal. – O menino disse, afastando-se um pouco. Percebeu Mu acompanha-lo com o olhar.
– Está se sentindo bem, Áries? – Shaka perguntou, tentando uma aproximação, mas o ariano simplesmente esquivou-se, dando um passo incerto para trás. O loiro sentiu uma ligeira pontada no coração.
– Entre, Mu, estamos comemorando o aniversário do Eric. – Aioria disse, notando o clima pesado entre os dois.
Shaka pegou Eric por uma das mãos e tirou-o do caminho, abrindo passagem para que o ariano pudesse entrar. Assim ele o fez, olhando de relance para os dois. A semelhança era tão palpável, que ele sentia-se tonto, perdido. Logo encontrou Afrodite, ainda sentado no chão, conversando com algumas crianças. Aquela imagem acalmou-o por alguns instantes. Resolveu aproximar-se.
– Ariano, finalmente você por aqui. Resolveu cumprimentar os pobres mortais? – Afrodite perguntou, ainda de costas, apenas sentindo o cosmo do amigo aproximar-se dele.
Mu sorriu, agachando ao lado do pisciano. No mesmo instante, algumas crianças, filhos de servos e guardas do Santuário, aproximaram-se dele. Apesar de recluso em alguns momentos, o ariano sempre fora o cavaleiro, juntamente com Aioria, que mais tinha contato com os outros moradores dali. Ambos procuravam sempre visitar o vilarejo próximo ao Santuário, manter o contato mais próximo o possível, não querendo fazer com que as pessoas os vissem como santidades ou algo parecido. Adoração a Athena sim, mas nunca aos seus protetores.
– Novidades por aqui? – Ele perguntou, tentando parecer não ter ficado aquelas semanas fora do Santuário.
– Você me diz, Mu. Sumiu na noite, como uma assombração assustada. – Afrodite disse, sem olhar para o amigo. Não sabia porque estava se sentindo tão chateado; talvez fosse pelo fato de Mu ter viajado sem contar-lhe. Desde que Shaka chegara, as coisas mudaram ligeiramente.
– Afrodite, você está chateado comigo, eu posso sentir. Vamos conversar.
– Estou ocupado com as crianças, não percebeu? – O pisciano disse, pronto para continuar contando suas histórias, quando sentiu a mão de Mu em seu braço.
– Eu insisto.
Afrodite suspirou afetadamente, levantando-se. Deu uma desculpa às crianças, que pareceram não se chatear com aquilo. Logo já estavam procurando outro cavaleiro para brincar. A 'vítima', como sempre, parecia ser Aldebaran.
Mu conduziu-o até um canto afastado da música infantil e dos olhares curiosos dos outros cavaleiros. Fitou Afrodite por alguns segundos, para só então começar a falar, um pouco incerto. Podia notar no cosmo dele, que o amigo estava contrariado, ele diria até, irritado.
– Desculpe não ter dito que iria sair. Aconteceu muito rápido.
– Posso imaginar, Mu. Eu estava tão longe que não poderia ser avisado, não é mesmo? Agora as coisas vão ser assim? – Afrodite perguntou, não conseguindo esconder a mágoa.
– Assim como? – Mu estava atordoado diante daquele ataque de palavras de Afrodite. Entendia que ele poderia estar chateado, mas não a ponto de falar daquele jeito, usando ironias típicas, daquelas que ele guardava apenas para os que não o conheciam tão bem.
– Foi só o Shaka chegar e o Afrodite aqui não serve mais, não é mesmo? – Era incrível como apesar de irritado, o sueco não aumentava o tom de voz. O único indício de que ele não estava em seu estado normal, era a coloração da pele, um pouco vermelha, tão diferente da brancura habitual.
– Está sendo por demais injusto. – Mu disse, subitamente cansado. Não iria agüentar ficar mal com Afrodite depois de ter caído no erro de ter interpretado coisas erradas a respeito de Shaka. Era bem verdade que o tal bilhete ainda queimava vivo em sua mente, mas de repente, tudo poderia ser um mal entendido.
– Será que estou mesmo? – Afrodite perguntou, levantando uma das sobrancelhas.
– Se você soubesse, Dite... ah, se você soubesse... – Ele disse, ainda mantendo o mesmo tom de voz, arrependido por ter, mesmo que inconscientemente, magoado o único que se mostrou realmente seu amigo desde que Shaka fora embora.
Aquela frase fez Afrodite voltar no tempo, quando ele, a caminho do vilarejo mais próximo, passou pela casa de Áries. Aquilo havia sido há quase oito anos atrás.
(FLASHBACK)
Afrodite acordara particularmente cedo. Prometera a si mesmo que iria ao vilarejo fazer compras. Não importava o quê. Arrumou-se e desceu as escadarias, cuidando sempre para não acordar nenhum cavaleiro. Todos pareciam dormir ainda, depois da festa do dia anterior, promovida por Aioria.
Todos, a exceção de um cavaleiro.
O templo de Áries estava fechado, mas Afrodite podia ouvir alguns ruídos muito semelhantes a choro. Preocupou-se, pois Mu não era de deixar suas emoções aflorarem tão publicamente. No instante seguinte sentiu-se um tolo, o cavaleiro estava em seu templo e se havia alguém ali era porque este era um intruso.
Forçou a porta de trás e a mesma abriu rapidamente. Ele esgueirou-se pelas pilastras, pensando em anunciar-se, mas achou que aquela não seria uma boa idéia.
Mu estava no centro do templo, coberto apenas por uma manta creme, os cabelos lavanda espalhados no tapete onde seu corpo descansava. Afrodite ajoelhou-se ao lado dele, só então percebendo que o choro era do cavaleiro e que ele não estava alucinando.
– Mu o que aconteceu?
– Afrodite, o que faz aqui? – O ariano perguntou, enxugando as lágrimas, tentando fazer com que o outro não percebesse nada. Porém, aquilo havia sido em vão.
– Não adianta esconder as lágrimas. Por que não me conta o que aconteceu? Brigou com Shaka de novo? – O pisciano chutou. Sabia que a única pessoa que capaz de desestabilizar o ariano era o cavaleiro de Virgem.
– Se você soubesse... ah, se você soubesse... – Mu disse, surpreendendo Afrodite, aproximando-se e colocando a cabeça em seu colo, desolado.
– Então me conte... temos todo o tempo do mundo. Sabia que ainda não são nem sete horas da manhã?
Mu sorriu pela primeira vez. Não existia tempo fechado para Afrodite. Seria bom conversar com ele.
E daquele dia em diante, no dia em que o cavaleiro de Virgem partira do Santuário, não mais existia Shaka e Mu, melhores amigos e sim Mu e Afrodite.
(FIM DO FLASHBACK)
– Me perdoa. Os dias não têm sido fáceis pra mim também. – O pisciano explicou, sentindo-se tolo por ter falado aquelas coisas para o amigo.
– Eu entendo, Dite... podemos conversar então? – Mu perguntou, uma das mãos no ombro do amigo.
– Como você consegue?
– Consigo o quê?
– Ser tão legal. Eu estava prestes a jogar nossa amizade ao vento e você simplesmente diz que entende.
– Até parece que você não me conhece, Dite. E tem mais: se eu brigasse com você, quem iria me ouvir, me entender?
– Humm... eu sei de uma pessoa. – Afrodite murmurou baixinho, deixando seus olhos procurar um certo loiro do outro lado do salão.
– Nem mencione-o, Dite. Não enquanto você não ouvir a história por completo.
– Credo, já vi que não vou gostar muito disso...
Shaka tentava a todo custo não olhar para o Mu, mas era inevitável. Desde o instante em que ele entrara no salão onde a festa de seu filho estava sendo realizada, não pôde deixar de acompanhar cada movimento dele.
Não era apenas a roupa que o tibetano usava. Aprendera, desde o encontro deles no hotel, que Mu havia requintado seus gostos para vestimentas. Naquele dia, optara por uma calça jeans bem escura e assentada no corpo e, contrariando qualquer comentário de exagero da parte dele, uma blusa de gola alta verde escura. Os cabelos lavanda, trançados perfeitamente até o fim, faziam sua aparência ainda mais bonita e madura. Estava impecável e Shaka notava aquilo. Mas a maneira com a qual ele se portava era o que mais chamava a atenção. Mu estava diferente, arredio e ele até arriscaria dizer, aborrecido. Só que não tinha a certeza de que aquilo era direcionado apenas a ele.
– Se você apertar esse copo com mais força, é capaz de quebrá-lo. – Eric disse, distraidamente.
Havia percebido uma certa tensão entre o pai e o cavaleiro que entrara em sua festa, e estava até curioso para saber o que aquilo significava. Mas aprendera, naquele pouco tempo em sua nova casa, que Shaka era uma espécie de mistério a ser desvendado a cada dia. Notara que havia uma aura de novidades no passado do pai, que ele descobriria aos poucos.
Shaka ouviu a voz firme do filho, porém despreocupada, e aquilo foi o que fez com que ele deixasse de pensar em Mu. Logo fitou o menino, agachando para ficar no mesmo nível que ele.
– Está gostando da festa?
– Muito, pai. Mas você não parece gostar.
– Não se importe com seu velho pai. Se está se divertindo, isso não importa.
– Mas...
– Vá brincar, Eric. – Ele levantou-se, subitamente. – Vou trocar algumas palavras com Kamus.
O tom de Shaka era taxativo e não restou a Eric outra opção que não deixar aquela conversa para uma outra hora. Logo se juntou ao grupo que brincava com Aldebaran, familiarizando-se com os cavaleiros a cada dia que passava.
O virginiano em questão decidiu procurar alguém para conversar. Ikki, sua primeira opção, ainda não havia chegado, e assim que o fizesse, provavelmente ficaria com a namorada. Kamus parecia tão deslocado, que aquilo o intrigou. Aproximou-se do francês, que observava as crianças, mas parecia não estar realmente olhando-as.
– Kamus... seria você mais um que não gosta de festas infantis?
Podia-se dizer que o francês assustou-se, o que era algo inédito. Shaka ficou ainda mais interessado naquilo.
– Bom, se me conhece, sabe que não sou adepto de nenhuma comemoração que envolva mais de duas pessoas.
– O mesmo anti-social de sempre... – Shaka comentou, sorrindo. Kamus acompanhou-o, por fim. – Mas conte-me, francês, o que aconteceu para que você estivesse com essa aparência deprimente?
– Pardon, Shaka. Mas minha aparência é impecável, como sempre. – Kamus disse, naquela imponência típica dos franceses, olhando-se por alguns segundos, admirando a própria beleza. Estava vestido com uma calça social em tom escuro, próxima do marrom, e blusa marfim em gola 'v'. Os cabelos estavam contidos em um rabo de cavalo firme, que caíam por seus ombros, ainda assim.
– Narcisista. Não estou falando das suas roupas de marca, estou falando do seu olhar, meu amigo. Ele diz tanto, apesar de você não admitir.
Kamus ficou estático, os olhos fugindo dos de Shaka e inconscientemente indo parar em um certo escorpiano no salão. Miro estava lindíssimo em jeans claro e camisa preta sem mangas, mas não era aquilo que fazia com que o francês quase perdesse a cabeça. Era o simples fato de ele parecer ter esquecido o que aconteceu com eles dias atrás.
(FLASHBACK)
Miro suspirou, desligando a TV. Não havia nada de bom sendo transmitido e ele estava entediado, especialmente por saber que os amigos naquele momento deveriam estar se divertindo no bar que ele tanto gostara. Olhou para o pé inchado e bufou. Não deveria ter chutado a porta do templo de Aquário.
Realmente não devia. Além de ver um amassado na estrutura, ele ainda machucara o pé, e unido à gripe que ainda persistia em persegui-lo, tornava tudo muito mais chato.
Estava a ponto de mandar a precaução de ficar em casa de repouso pra escanteio e sair do templo, quando uma batida em sua porta mudou seus planos. Caminhou lentamente, mancando até lá, ignorando a bolsa de gelo que ficara em cima do sofá.
– Kamus?
O francês estava com uma expressão indefinida e Miro perguntou-se mentalmente se aquilo de repente não seria sinal de que viria uma briga por ali. Talvez o aquariano estivesse ali para reclamar com ele. Miro nem cogitou que o outro provavelmente não sabia que ele era o responsável pelo estrago no templo.
Kamus estivera inquieto dentro de seu próprio templo. Já havia reorganizado os dvds e os livros, arrumara o enorme closet, mas nada lhe acalmava. As palavras de Saori na reunião, mais cedo, ainda o atormentavam. Faziam com que as lembranças viessem à tona, mas, acima de tudo, faziam com que ele tivesse vontade de procurar Miro.
E ali estava ele, contra sua vontade, olhando pro escorpiano em questão, percebendo logo no primeiro instante que ele estava machucado. Preocupou-se, um instinto natural desde que nutrira aquele sentimento pelo grego. Nem esperou o convite para entrar na casa e já foi adentrando, uma das mãos apoiadas no ombro de Miro.
– O que aconteceu com você?
– Eu, bem... machuquei a perna. - Miro disse, não querendo estender muito aquele assunto. Mas sabia que Kamus não aceitaria aquela resposta evasiva. Para o francês tudo deveria ficar muito explicadinho.
– Me explica isso direito.
– O que você veio fazer aqui? - Miro perguntou, antes de responder o que o francês havia lhe perguntado.
– Saber se você havia melhorado. Hoje pela manhã você ainda estava um pouco mal.
Miro sorriu. A preocupação de Kamus era uma das coisas que ele mais sentia falta. Não que depois que terminaram o francês não se preocupasse com ele, mas era que nos tempos do relacionamento deles ele demonstrava a preocupação com beijos, abraços, afagos. E agora essa possibilidade estava completamente fora de questão.
Para tristeza do grego.
– Eu vou indo, você sabe como detesto ficar gripado. Mas entra, senta aí no sofá. Estava a ponto de cortar meus pulsos de tanto tédio, foi bom você ter aparecido.
– Não mude de assunto. - Kamus começou, sentando-se no sofá preto do grego. - O que aconteceu com a sua perna?
– Bem, eu... - Miro disse, mordendo os lábios. - ...meio que chutei uma coisa.
– Devia ter sido algo grande pra machucar desse jeito.
– Foi... foi a sua porta. - Ele disse, baixinho.
– O quê? - Kamus perguntou, de sobressalto. Havia percebido a rachadura na porta de seu templo e estava querendo dar um esquife de presente pro delinqüente.
–
– Miro, eu não acredito que você fez isso. Por que, em nome de Zeus?
– Você deveria ter ficado com a sua Deusa querida, Kamus. - Ele disse, levantando-se do sofá. O braço de Kamus parou-no no meio do caminho, empurrando-o novamente para seu lado.
– Me solta.
– Você fez isso por ciúmes!
– É, só se fosse em outra encarnação, Aquário! - Miro disse, revoltado.
- Então por que você fez isso?
– Porque eu estava com vontade, isso responde a sua pergunta estúpida? Aliás, sai daqui, Kamus... eu não tô no espírito pra discutir com você.
– Discutir? Acha mesmo que eu vim até aqui pra isso? Porque, é claro, se eu soubesse que tinha sido você quem destruiu a minha porta, eu nem tinha aparecido.
– Ótimo, já que isso ficou explicado, pode ir embora! Ninguém te chamou aqui mesmo!
– Como ousa, Miro? Eu estava preocupado!
– É, com certeza! Provavelmente iria derramar em cima de mim que haviam rachado um pedaço da sua preciosa porta. Me poupe, Kamus... às vezes eu me pergunto como eu pude um dia me apaixonar por alguém como você, que está muito mais interessado em uma droga de porta. Eu poderia ter quebrado a perna, sabia? - Miro despejou toda sua raiva, atropelando as palavras, sem ao menos perceber o que havia falado.
Kamus sentiu o rosto esquentar, a garganta apertar, o coração acelerar. Sabia que Miro não havia dito aquela frase "como pude um dia me apaixonar" conscientemente, mas lhe doía ouvi-la. Especialmente quando as palavras de Saori ainda lhe pareciam tão nítidas, que ele nem precisava fazer esforço para ouvi-las novamente. Teve uma súbita vontade de magoar o grego, para que aquelas frases, aquelas palavras não mais o atormentassem. E ele o fez, sem pensar, assim como Miro.
– Pois deveria ter quebrado a perna. Da próxima vez, procure conhecer melhor seus amantes antes de se envolver com eles. Não queremos um escorpiano mal servido, não é mesmo?
E não esperou pela resposta de Miro. Virou as costas e saiu do templo, sabendo que suas palavras haviam ferido o outro muito mais do que o contrário.
Miro observou, ainda chocado, um Kamus mais frio do que nunca saindo de seu templo, sem ao menos falar nada. Também, depois daquela mini discussão, não precisavam trocar palavras por um bom tempo. Seria melhor daquele jeito.
(FIM DO FLASHBACK)
– Nem precisa falar nada... percebo o motivo dessa cara. – Shaka disse, não para Kamus, mas para si mesmo. A festa, que era pra ser uma comemoração agradável, estava se tornando monótona. No minuto em que pensou em acelerar o fim da mesma, Ikki entrou no salão, sozinho.
– Shaka! – O rapaz disse, caminhando em passos largos até ele. No meio do caminho foi parado quando Eric pulou em suas pernas. – Aniversariante! – Ele disse, ignorando o virginiano por um instante.
De longe, Shaka estava sorrindo. Ikki parecia realmente gostar de seu filho e aquilo o agradava. Nunca soubera que o rapaz levava aquele jeito com crianças. Deixou os dois por alguns instantes, o olhar indo pairar sobre Mu mais uma vez. Não gostou do que viu. O ariano fuzilava o cavaleiro de fênix ou seu Eric, ele ainda não chegara a uma conclusão, e mesmo assim, aquilo o irritava. Estava prestes a caminhar até ele, quando a voz de Kamus o alertou, sarcástico:
– Depois sou eu quem fica perdido em pensamentos, com uma aparência deprimente, não é mesmo?
– Kamus... faça-me um favor. – Ele disse, olhando o amigo de um jeito irritadiço. – Leve seu ar gelado para bem longe de mim.
E Shaka saiu de perto do francês, ainda ouvindo uma risada provocativa ao fundo. Alcançou Ikki e Eric rapidamente, no momento em que o amigo presenteava o menino com uma pequena caixinha.
– O que é isso?
– Seu presente, Eric. Espero que goste. – Ikki disse, todo orgulhoso, fitando Shaka assim que ele se aproximou.
O menino desfez a fita que amarrava a caixinha com cuidado, para só então abri-la. Arregalou os olhos com o conteúdo, virando-o para mostrar ao pai, que teve a mesma reação.
– Ikki...não precisava.
– Eu sei, mas eu queria assim mesmo. Gostou, Eric?
– Ela é... é linda. – Eric disse, olhando mais uma vez para a miniatura em ouro de uma ave fênix. Cada olho do bichano tinha uma pedra de coloração azul, que Shaka nem se atreveu a perguntar o que era.
– Fico feliz por ter gostado, garoto! – Ikki disse, embaraçando os cabelos de Eric com as mãos. O menino logo o abraçou, agradecido, e saiu de perto deles, deixando o pai e o cavaleiro de bronze a conversar.
– Você ainda vai mima-lo, Fênix.
– Esse é seu trabalho, Shaka. Ele é muito especial, merece todos os presentes que alguém pode dar.
– Concordo. Como meu amigo, você está saindo um ótimo padrinho para ele. Liz adoraria vê-lo assim.
– Se me permitir, eu serei esse padrinho sim. Com muito orgulho.
Shaka sorriu e abraçou Ikki carinhosamente. O rapaz de cabelos rebeldes logo sorriu, abrindo os olhos e deparando-se com o olhar de fúria de Mu em sua direção. Alargou o sorriso, apertando Shaka contra si de maneira possessiva. Adorava provocar o ariano, especialmente quando o alvo em questão era o amigo que nunca se relacionara romanticamente.
– Se eu fosse você iria até lá e resolvia logo isso tudo.
– Não é tão simples assim, Dite.
– É claro que é, Mu. Pela Deusa, vocês eram melhores amigos, deviam saber a cor da cueca um do outro. E agora simplesmente se ignoram, se anulam. Se quer a minha opinião...
– Eu não quero, meu amigo... – Mu interrompeu o pisciano, saindo de perto dele, caminhando na direção dos jardins do templo.
– Mal agradecido. – Afrodite bufou, virando-se, com a intenção de procurar alguém para conversar. Não contava ser praticamente fuzilado por um par de olhos azuis escuros, intensos, e tão conhecidos.
– Sueco.
– Italiano. –Afrodite devolveu no mesmo tom arrogante.
Ainda tentando ser o cupido?
– Essa nunca foi minha função. O que quer? –ele perguntou, ríspido.
– Estive pensando.
– Nossa, você consegue fazer isso?
– Não comece com ironias. Precisamos conversar.
– Eu acho que não, Máscara da Morte. – Afrodite disse, tentando dar por encerrada aquela conversa, mas o italiano segurou-o pelo braço, impedindo-o de sair de perto dele.
– Eu quero.
– É, querer coisas é sempre bom, mas isso não significa que você vai conseguir. E que tanto você tem pra conversar comigo?
– Aqui não. – Máscara da Morte disse, notando que alguns cavaleiros os olhavam discretamente.
– Por que eu tenho a ligeira impressão de que você não quer apenas conversar? –Afrodite perguntou displicente, pegando um docinho em cima da mesa.
– Isso seria ruim? – O italiano devolveu a pergunta, junto com um sorriso safado.
Afrodite ainda estava sério, mas por dentro sorria descontroladamente. Máscara da Morte tentando bancar o sedutor e o piadista bonzinho era tão típico quanto Kamus gostar do sol da Grécia. Mas era interessante vê-lo daquele jeito; parecia que as noites sem sua companhia estavam por fritar o pouco de cérebro que o italiano tinha.
– Inapropriado seria a palavra mais correta. – O sueco respondeu, olhando o canceriano mais uma vez, ainda assim, sem dispensar-lhe um sorriso.
– Vamos, Afrodite. Eu sei que quer conversar comigo também. – Máscara da Morte jogou sua última carta, nem sabendo mais o que estava fazendo.
A verdade é que a falta não declarada que sentia de Afrodite o estava consumindo e por mais que ele jogasse piadas e mantivesse a mesma postura condizente com sua personalidade, estava disposto a privar-se de alguma coisa para estar com aquele sueco provocador novamente.
– Vejo que está mesmo desesperado. Está até adivinhando coisas a meu respeito.
– Você vê demais, sueco. Se está mesmo com tanto medo de me encarar a sós, é só dizer.
Afrodite sorriu, então. Um sorriso de puro escárnio. Máscara da Morte estava realmente desesperado, ele podia perceber, sentir. Era tão maravilhoso ter aquele homem tão forte e seguro de si despedaçando-se aos poucos, que ele pensou em tortura-lo por mais algum tempo. Mas não podia negar a seu corpo que estava sentindo falta do toque mais quente, mais íntimo do italiano.
Seu rosto tomou uma postura mais séria antes de responder-lhe. Jogou os cabelos para trás, fazendo seu perfume de rosas espalhar-se até o homem à sua frente. Percebeu que, discretamente, Máscara da Morte inalara aquele cheiro delicioso profundamente. "Ah, como você é meu...", ele pensou.
– Encontre-me no meu templo. Depois da festa.
– Afrodite... – Máscara da Morte começou a falar, mas o sueco já estava partindo.
– Sem atrasos! – Ele completou, já chegando perto do grupo de crianças que Aldebaran tentava domar.
Kamus passeou ligeiramente entre os presentes na festa de Eric. Não dispensou olhares furtivos a nenhum em especial. Percebeu que Shaka caminhava para o mesmo lugar que Mu havia ido há algum tempo e sorriu discretamente, percebendo que entre aqueles dois existia mais do que eles mesmos queriam admitir.
Pensou em conversar com Hyoga assim que o loiro entrara no templo, há muito não trocava palavras com seu aprendiz. Mas quando ele segurou a mão de Shun, beijando-a carinhosamente, pôde perceber que sobraria naquela conversa.
Todos pareciam estar se acertando e apenas ele ia ficando naquela situação, onde ninguém o suportava por tanto tempo. Depois de Miro, ninguém mais o tolerou em um relacionamento por mais de algumas poucas semanas. Ele sempre se queixava que faltava algo, quando não era paixão, era compromisso, quando não isso, era entrega. Na verdade, ele não admitiria, nem por decreto, mas nada seria igual depois de um certo escorpiano.
Simplesmente porque ninguém nunca poderia se comparar a Miro.
Olhou de relance e muito rapidamente para o citado rapaz, que dançava alguma canção infantil com algumas crianças, em uma roda improvisada. Imaginou se um dia poderia perdoa-lo, apesar de em seu coração isso já ter acontecido. A cada dia que passava, seu sentimento ia se tornando cada vez mais parecido com o de anos antes.
Mas não podia negar que já haviam passado por muitas coisas. Crises, até. A amizade deles nem estava reconstruída firmemente e ele dispensava pensamentos desconexos a respeito de um futuro do lado do escorpiano. "É improvável, impensado, impulsivo. Nada parecido comigo. Tire isso da sua cabeça, Kamus!", ele conflitou consigo mesmo, dirigindo-se à mesa disposta para os aperitivos dos cavaleiros. Não percebeu que alguém vinha em seu encalce, pretendendo falar-lhe.
– Kamus.
Ele quase engasgou com o canapé que tentava engolir. Era a segunda vez naquela mesma noite que alguém o surpreendia. Anotou mentalmente que estava ficando por demais relapso, ignorando os treinamentos e por isso deixava-se ser pego daquela maneira.
Virou-se lentamente para fitar aquele que lhe chamara, os olhos azuis de Miro tão frios e parecidos com os seus que chegavam a assustar.
– Ainda está aborrecido comigo? – O grego perguntou, em tom infantil, o que fez com que Kamus tivesse a súbita vontade de pegá-lo no colo.
– Não estava aborrecido com você, Miro.
– Sua imitação de pessoa aborrecida é ótima, francês... – Ele disse, irônico e Kamus não pôde deixar de sorrir. De repente, tudo o que acontecera entre eles, a última briga, ficara em um lugar muito distante.
– Quer beber alguma coisa? – Kamus perguntou, mudando de assunto.
– Não... daqui a pouco meu organismo rejeita esse refrigerante todo. Vou esperar por algo mais interessante depois da festa.
– Incorrigível.
– Vai dizer que seu estômago francês provou do refrigerante mundano? Logo você, o grande mestre dos vinhos e dos espumantes? – Miro perguntou, sorridente, gostando daquele contato com Kamus novamente. Por mais que dissesse que a briga que tinham sempre seria a última e que eles nunca mais se falariam, sempre voltava atrás.
– Você não merece minha resposta. – O francês disse, não querendo estender-se naquele assunto.
– O que me deixa na mais absoluta certeza de que estava com a razão. – Miro completou, mostrando sinais de vitória.
– Não sei porque eu ainda te aturo... – Kamus murmurou, virando os olhos em desaprovação.
– Seria porque você não consegue viver sem esse grego aqui? Eu sei, Kamus... sou irresistível... pode admitir. – Ele disse, tentando arrancar alguma coisa que confirmasse algo, que lhe desse um fiozinho de esperança. Jurava que se o francês fizesse alguma coisa, ele pularia em seu pescoço.
"Se você soubesse, Miro...ah se soubesse. Mas não, Kamus mau, Kamus mau! Ele é apenas seu amigo! A M I G O e nada mais!", ele pensou, desligando-se por alguns segundos, para então, olhar para ele, recobrando a consciência, por fim.
– Você é um orgulhoso megalomaníaco e egocêntrico, isso sim. – Ele resmungou.
– Ahhh... – Miro disse, pulando no pescoço do francês. Adorava desestabiliza-lo. – Também te adoro, francês!
– Ah, as meninas de cabelos azuis fizeram as pazes por fim? Já não era sem tempo! – Shura disse, aproximando-se dos dois, fazendo piada como sempre.
Kamus e Miro se soltaram, ligeiramente envergonhados. Aquilo chamou ainda mais a atenção do espanhol, que continuou rindo das expressões dos amigos. Serviu-se de um copo de refrigerante e saiu de perto deles, balançando a cabeça e resmungando algo como "só eles dois não percebem...".
Olharam-se depois de alguns minutos, Miro passando as mãos pelos cabelos, para logo depois esconde-las nos bolsos da calça jeans. Kamus já olhava para outra direção, nenhum dos dois querendo se estender muito naquele assunto que não havia sido iniciado por nenhum deles.
– Bom, nos falamos então. – Kamus foi o primeiro a quebrar o silêncio incômodo.
– Sim, claro! – Miro logo respondeu, observando o francês sair de seu alcance.
Mais uma vez.
Se pudesse simplesmente apagar coisas da sua vida, seriam aquelas últimas semanas. Mu estava de pé, encostado em uma das pilastras do templo do Grande Mestre, contemplando o jardim bem cuidado diariamente por Afrodite. Tentava não pensar nos pequenos erros que cometera naqueles dias, mas era inevitável. Tudo sempre lhe remetia a Eric.
Shaka saiu do salão, notando que ninguém havia percebido que ele deixara a festa. Assim que viu Mu saindo para os jardins, decidiu que era o melhor momento para que conversassem sobre alguma coisa, ou coisa nenhuma, ainda não decidira.
– Muito bonito o seu filho. – Ele disse, sem olhar para Shaka.
– Como...
– Ouvi seus passos.
Shaka não disse mais nada, apenas aproximou-se mais, com passos incertos, indo de encontro a algo que queria há muito tempo. Pensou em tocar os cabelos presos naquela trança hipnotizante, mas não, seria melhor que não fizesse aquilo.
– Mu... eu queria...
– Por que não me disse que tinha um filho?
– Por que bloqueou minha tentativa de comunicação com você no outro dia? – Shaka perguntou ao mesmo tempo.
Ficaram a admirar-se por segundos, desafiando-se um ao outro para ver quem desviaria o olhar primeiro. Shaka resolveu dar-se por vencido, olhando para as flores, sem responder as perguntas do ariano.
– Por que foi embora no outro dia?
– Por que bloqueou minha comunicação com você no outro dia? – Shaka repetiu a pergunta.
– Por que? Por que? Por que? Será que nossos diálogos vão sempre se basear nas perguntas?
– Não, é claro que não. Só gostaria que você respondesse à minha pergunta.
– Depois que você responder à minha.
Shaka suspirou profundamente, tentando não perder o controle. Por que todas as coisas entre ele e Mu sempre pareciam distantes de serem resolvidas? Era como se andassem em círculos e nunca se encontrassem, por mais que aquele espaço os delimitasse.
– Você não me deu oportunidade. É uma história peculiar e particular.
– Tudo bem. – Mu entendia. Era estranho, mas ele entendia aquela explicação. "Devo estar enlouquecendo. Ou querendo desesperadamente fazer tudo dar certo...", ele pensou, tentando sorrir para o virginiano, mas não conseguia.
– Pode me responder agora?
– Sim. Você não me deu outra alternativa. – Ele disse, fazendo aquilo parecer o mais óbvio.
– Do que está falando?
– Você me deixou um bilhete, Shaka, um maldito bilhete. Na cama de um hotel barato! – Ele começou a elevar o tom de voz.
– Não era um hotel barato.
– Não me interrompa. –Mu estava furioso. Agora que havia começado, não tinha como para-lo. – Depois teve o Ikki e você conversando como se eu fosse uma coisa qualquer, um pedaço de carne, como se não tivesse significado nada.
– Você ouviu minha conversa com Ikki? – Shaka perguntou, abismado.
Como não havia notado a presença de Mu naquele dia? Não era possível. Mas ao mesmo tempo em que queria encontrar respostas àquelas perguntas, notou um certo ciúme, uma certa mágoa na voz do ariano, por mais que ele tentasse camuflar. Teve vontade de perguntar se aquilo era verdade, se ele estava mesmo com ciúmes, mas poderia acarretar mais uma briga, o que ele não estava disposto a aceitar.
– Não é importante. O que importa é que você está irreconhecível, não é mais o mesmo homem que eu...
– Que você... – Shaka disse, incitou, esperando que ele completasse a frase. Quando Mu não o fez, ele sorriu ligeiramente, encurtando o espaço entre eles.
– Shaka... – Mu disse, surpreso com aquela aproximação repentina. Só então percebeu como o loiro estava bonito, vestido com uma dhoti (1) estilizada, de cor grafite e blusa sem mangas, de cor bordô.
Shaka não deu tempo para que ele respondesse. Não podia. Não queria. A única coisa importante naquele minuto era aquele que estava a sua frente, com aquele ar desentendido e ansioso.
Beijou-o ligeiramente nos lábios, sentindo o familiar gosto da boca de Mu, perdendo-se por um minuto, ali, as mãos do ariano subindo para seus cabelos. Quando pensou em soltar-se dele, o outro prendeu-lhe, impedindo-o. Parecia que queria mais daquele beijo e ele não teve coragem de negar-lhe.
Quando se separaram, Mu e Shaka apenas trocaram olhares compreensivos. Shaka sorriu, passando os dedos pelas pintinhas na testa do ariano, que fechou os olhos, também sorrindo.
– Quando a festa terminar, me espere em seu templo. Eu responderei todas as suas perguntas.
E Shaka voltou para o salão, deixando um Mu visivelmente ansioso no belo jardim do templo do Grande Mestre.
Continua...
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Please, não me joguem pedras pela demora em postar o capítulo. Eu sei que não justifica, mas essa semana eu postei alguns one shots novos e ainda começaram as provas na faculdade e faculdade de Direito não se brinca. Mas vamos lá, um capítulo bem legal (segundo as minhas betas) pra vocês. Obrigada à todas as reviews e aqueles que têm lido mas não comentam.
Recadinhos, eu não sou de ferro!
Chibiusa-chan Minamino: como você é má...estava mesmo querendo que o Shakinha se vingasse do pobre Mu? Não, por mais que a oferta fosse tentadora para o loiro, ele gosta do ariano, e isso dificulta tudo. Bom, você disse tudo...a Harley realmente não combina com o Aldebaran, mas eu precisava de alguém que não estivesse no Santuário e que pudesse "emprestar" a moto pro Máscara da Morte. Foi o Deba mesmo...por mais que não combinasse. Bem, muito obrigada pelos comentários, fico muito feliz sempre que leio seus comentários. Estou bem curiosa quanto à sua fic também. Beijinhos!
Anne: sim, esse é um capítulo transitório, assim como esse aqui também. Devo dizer que Máscara da Morte em uma calça de couro me deixa muito feliz e quanto ao Shaka, ele se arrependeu, mas não para o ariano. Explicando uma coisa...as más línguas falavam de Saga e Saori, mas em momento algum ele realmente tem interesse na
Deusa. Quando disse no capítulo que ele ficara ao lado de Saori, era por todo o passado, o arrependimento por ter feito o que ele fez. Beijocas, espero que goste do capítulo!
Marin du Lion: oizinho...você resumiu bem a atitude do Mu, parecia mesmo uma crise a la Hulk...mas ele é bem mais bonito que aquele brutamontes verde. Bom, temos aí um pouco da reação do Shaka, acho que você vai gostar!
Calíope: minha beta número 2, linda, maravilhosa, que me orgulha absurdamente, pare de ficar falando essas coisinhas para mim. Você sabe como eu fico. Bem, que bom que o pessoal gostou do que a Saori disse, ela não deve ser tão sacaneada nessa fic...vamos, pelo menos, manter o posto da Deusa, não é mesmo? Bem, teve Miro e
Kamus pra você...eu sei o que você quer, mas, bem...acho que não vai ser dessa vez que eles se ajeitam. Como você costuma mesmo dizer, os gênios deles os impedem. Te adoro, deusa - amiga...muito obrigada por tudo!
Faye: mais um capítulo pra você sorrir. Acho que a parte de Máscara da Morte e Afrodite vai te deixar feliz, apesar de ainda não ser a parte boa. Te adoro, querida e posso afirmar a mesma coisa sobre você: vai escrever bem assim no inferno!
Ju: ma petit, ignore o site que não deixa as pessoas de bem postar reviews. O importante é que você conseguiu agora...o que dizer...minhas aulas extras com Máscara da Morte e Saga têm ajudado bastante na hora de fazer algumas poucas maldades com os leitores...mas eu sempre me redimo depois. Esse capítulo é especial pra todo mundo! credo, isso ficou brega
Lili: beta number one! Nem preciso dizer que ter você como beta e amiga também é extremamente vantajoso, porque você não apenas me auxilia, corrige etc e tal...você me mostra muitas das vezes, maneiras de deixar meu texto mais bonito, mais interessante. Nem sei mais o que dizer, você lê mesmo antes e todo mundo...te amo,
deusa!
Mo de Áries: a Saori tem, pelo menos uma vez na vida, ser digna de Athena, não é mesmo? Beijos e obrigada pela review!
Ia-chan: pois é, Ia...segundo uma amiga ariana, eles são um pouco ansiosos e o Mu se estressou logo no início, ele já não vai com a cara do Ikki e ouvindo aquilo tudo, resolveu ir embora mesmo. Mas bem, aqui está o 'próximo capítulo', espero que goste! Beijocas!
Persefone-San: oui...Afrodite não é uma biba afetada...isso fica pro Misty...lol...ele é um Cavaleiro de Ouro, como já mencionei, tem que manter sua postura altiva e orgulhosa. Obrigada pela review...realmente dá peninha deles, mas tudo se resolve...eu acho!
Bom, gente...até uma semana próxima...já estou começando o capítulo novo. Espero termina-lo antes do feriado!
Beijos em todos, que lêem e comentam...ou não! Tudo é muito importante para mim! Obrigada mais uma vez!
