Retratação: como sempre, Saint Seiya e seus personagens não me pertencem. Porém, a idéia original desse fic sim e seus personagens originais. Portanto, se você resolver usar alguma coisa daqui, eu não me importo, contanto que os créditos sejam devidamente feitos.

Créditos: Saint Seiya pertence ao tio Kuramada, só uso os personagens pra me divertir

Resumo: depois de sete anos longe do Santuário, Shaka volta à Grécia, onde pretende retomar a vida, mesmo que tudo tenha mudado à sua volta. Yaoi com flashback, lemon, um pouquinho de violência. Casais: Shaka/Mu; Miro/Kamus; Máscara da Morte/Afrodite.


Capítulo 11: After Party – já ouviram dizer que é melhor que a festa em si?

O Santuário nunca esteve tão calmo como naquela noite. Alguns poucos cavaleiros, estavam acordados, mas não de volta das noitadas costumeiras, tentando esgueirar-se pelos templos alheios, tentando não ser vistos pelos donos dos mesmos. Eles simplesmente procuravam o melhor horário para sair. Quem escaneasse aquele pequeno pedaço da Grécia, iria notar a movimentação intensa nas casas de Peixes, Câncer, Virgem e Áries.

A festa de Eric havia acabado há muito tempo, o garoto, assim como as outras crianças, sendo levadas para suas casas. Ikki ficara responsável pelo menino, enquanto os outros cavaleiros se preocupavam em fazer uma comemoração à parte. Curiosamente, notou-se a ausência de alguns deles, um com uma desculpa pior que a do outro. Por fim, apenas os cavaleiros de bronze e Saga, Aldebaran, Miro, Kamus e Aioria ficaram por lá. Até mesmo Shaka recolheu-se, dizendo-se cansado demais para continuar comemorando.

Mu estava terminando o banho. Desde que tivera a breve conversa com Shaka nos jardins do templo do Grande Mestre, não conseguia parar de pensar naquele loiro misterioso, tão melhor e ao mesmo tempo tão diferente daquele que conhecera anos antes. Um lado seu, o infantil, inocente e sonhador, esperava encontrar o mesmo amigo prestativo de sempre. Mas algo lhe dizia, secretamente, que o Shaka de agora era bem mais interessante, selvagem, misterioso, o que ele realmente precisava. "Não preciso de alguém misterioso e selvagem, preciso de alguém que goste de mim...", ele pensou, censurando-se logo em seguida.

Saiu da banheira, a água antes morna, agora já quase fria, arrepiando-o quando entrou em contato com o ambiente. Enrolou-se em uma toalha felpuda, os cabelos longos, ainda mais lisos, molhando o chão enquanto ele caminhava até o quarto, disposto a trocar de roupa. Tentava não deixar a mente vagar ao loiro que iria visitá-lo mais tarde, mas era inevitável.

Estava preste a entrar no cômodo quando ouviu um barulho estranho. Não teve tempo de virar e conferir o que causara o estrondo. A voz já dizia tudo.

— Fica bem vestido desse jeito. — Shaka comentou, entrando no templo, ainda com as mesmas roupas da festa.

Mu engoliu em seco, sentindo-se praticamente devorado pelos olhos de Shaka, aqueles azuis intensos analisando-o dos pés a cabeça, parando em seu peito desnudo. Arrepiou-se involuntariamente e odiou-se por mostrar-se tão fraco. Sentia estar corando diante daquilo e mentalmente xingou-se.

— Veio cedo. Por favor, me espere na sala, vou trocar de roupa, não me demoro. — Mu disse, solenemente, não reparando que Shaka escondia um sorriso.

— Por quê? Você está bem assim.

— Shaka, primeiro a conversa, depois... — ele censurou-se por ter começado a falar aquilo.

— Sim? — agora o virginiano realmente abrira um sorriso. Malicioso, Mu podia perceber nitidamente.

— Nada. Já volto. — ele virou-se, não dando margem para Shaka falar mais nada. Em seguida, a porta do quarto fechou-se em um estrondo.

Shaka caminhou até a sala simples, sentando-se em um dos sofás. Sorria ainda.

— Ah, Mu...meu doce Mu. Como você é adorável... — ele disse para si mesmo.

Afrodite consultara pela oitava vez em alguns minutoso relógio branco que ficava preso na parede da sala. Curiosamente, os ponteiros pareciam não quererem sair do lugar. Logo depois de terminada a festa de Eric, ele, o cavaleiro cujo templo estava mais perto do templo do Grande Mestre, questionou-se quanto tempo levaria para que Máscara da Morte aparecesse.

Ele não havia confirmado a presença, o que fazia Afrodite ansiar ainda mais por aquele momento. Não sabia como reagir. Por fora, era todo seguro de si, altivo e orgulhoso, mantendo sempre a pose de não deixar baixar a guarda por nenhum instante. Mas seu interior, aquele que era conhecido por um seleto grupo de pessoas, mostrava-se inseguro, apreensivo e acima de tudo, apaixonado.

Atou mais uma vez o nó do robe de seda preto que usava, olhando em volta da sala, verificando se nada estava fora do lugar, se não estava esquecendo de qualquer coisa. Caminhava até a sala mais uma vez quando sentiu a aproximação de Máscara da Morte. O italiano não parecia querer camuflar o cosmo como das outras vezes que aparecia no templo de Peixes.

— Estou aqui, Afrodite. — o canceriano falou logo que entrou no templo, percebendo Afrodite parado perto da escadaria que levava aos quartos, no segundo andar.

— Pude perceber. Acho que todo Santuário também o fez, já que não camuflou seu cosmo. — o pisciano parecia contrariado com aquela demonstração do outro, de não se importar com o que poderiam pensar.

— Desde quando se preocupa com o que os outros pensam, Afrodite? Será que não posso ao menos visitar um amigo?

— Amigo? — Afrodite perguntou, levantando as sobrancelhas, em um gesto adorável, concluiu Máscara da Morte. — Não sabia que éramos tão amigos assim. E costuma visitar amigos a essa hora da madrugada?

Máscara da Morte se aproximou rapidamente, como um felino ao localizar sua presa, quase tocando Afrodite, mas refreou seus impulsos. Sorriu ligeiramente ao perceber que o sueco não se afastara como ocorrera algumas vezes.

— Somente aqueles que merecem minha presença numa hora dessas. — ele finalizou, a voz rouca denotando a sedução que pretendia usar durante toda a noite. Tentou beijar o rapaz, mas este foi mais rápido que ele.

— Sinto-me lisonjeado pela preferência, Câncer. — ele concluiu, caminhando lentamente até a sala de estar, sentindo-se ser observado pelo outro.

Máscara da Morte virou os olhos, não acreditando no que Afrodite acabara de dizer, de fazer. Tinha vontade de jogar toda a compostura pela janela e agarrar o outro. Ele fazia para provocar, não era possível: o robe preto, os cabelos presos, com poucos cachos por cair, cobrindo a pintinha discreta, o perfume suave, mas ao mesmo tempo tão presente.

Caminhou logo depois dele, percebendo que Afrodite já se encontrava sentado confortavelmente no sofá da sala, as longas pernas cruzadas, enrolando alguns fios de cabelo nos dedos.

— Sobre o que quer conversar? — o sueco perguntou, percebendo que o italiano ainda o fitava, como se estivesse hipnotizado.

— Sobre o que você quer conversar? — o outro devolveu a pergunta, sentando-se não muito longe de Afrodite, que sorriu longamente.

— Se tem algo a falar, fale logo. Afinal, você me procurou para falar, não o contrário.

— Por que a pressa? Tem algum compromisso?

— E se tiver?

— Com quem seria?

— Por que o interesse?

Afrodite adorava aqueles joguinhos de palavras, pois sempre arrancava algo das pessoas. Poucos sabiam levar um diálogo cheio de perguntas sem resposta. Se ele parasse para pensar, somente Mu havia rivalizado com ele. Era bem verdade que o ariano quase o esganara, mas soube levar nos primeiros dez minutos a "conversa" muito bem.

Não contava com a nova aproximação de Máscara da Morte, que se sentou ao lado dele. Tomou o tufo de cabelos azuis claríssimos que estavam nas mãos de Afrodite nas suas e cheirou-o por alguns segundos. Puxou-o por aqueles fios, até que os rostos estivessem quase colados.

— Porque isso me interessa.

Afrodite sorriu, passando uma das mãos por baixo do braço de Máscara da Morte, sentindo a pele do outro se arrepiar com o breve contato de suas unhas. Delicadamente tirou seus cabelos das mãos do outro, voltando à posição original no sofá. Fitou o italiano por alguns segundos com um sorriso no rosto bonito, esperando por alguma reação da parte dele, algo que lhe pusesse a ponto de colocar seu plano em prática.

Levou menos tempo do que Afrodite previra.

Máscara da Morte jogou-se, um tanto desajeitado, por cima de Afrodite, que se surpreendeu por um ínfimo segundo, mas logo se acostumou. Teve seus lábios beijados com tanta intensidade que pôde sentir o gosto metálico do sangue. Deixou a língua quente do italiano massagear a sua enquanto tentava ajeitar-se o mais confortável o possível no sofá. Quando conseguiu, correspondeu ao beijo, as mãos já acariciando as costas do italiano, ouvindo, por entre o encontro de lábios, os sons de contentamento do outro, sempre tão presentes. Eram naqueles pequenos instantes, que Afrodite se convencia que, apesar de não existir entre eles um comprometimento verbalizado, existia algo mais intenso, mais forte, mais poderoso, do que uma simples atração.

O italiano estava tão inebriado por aquela sensação de proximidade, da qual sentia falta mesmo sem admitir, que não notou quando era erguido, acompanhando os movimentos de Afrodite, um mero títere à mercê de seu manipulador. Somente quando estava recostado nas almofadas rubras do sofá do sueco, é que percebeu que o outro estava por cima de si.

— Vamos lá pra cima. — Afrodite disse, ofegando um pouco, sentando-se sobre as pernas do italiano, que só abriu os olhos depois que ouviu a voz do outro.

— O quê? Por quê? — Máscara da Morte perguntou, surpreso e extasiado ao mesmo tempo. Afrodite o olhava de maneira decidida, os olhos azuis lindíssimos, brilhando de maneira diferente. Diabólica até.

— Você não quis conversar. Agora é a minha vez. — ele disse, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— O que pretende? — o italiano estava mais do que interessado, naquele momento, no que Afrodite tinha a lhe responder.

O sueco saiu de cima de Máscara da Morte, ajeitando o robe mais uma vez. Caminhou displicente até as escadas, para só então olhar para trás, vendo como o outro ficara diante de tão simples gestos.

— Fazer coisas mais interessantes. As palavras talvez não traduzam exatamente o que irá acontecer. — ele disse e começou a subir as escadas, não esperando pela reação do italiano.

A prudência, que Máscara da Morte nem sabia que ainda lhe acompanhava, fez com que ele parasse por alguns segundos para pensar e não corresse atrás do sueco, como seu corpo lhe pedia que fosse feito. O outro havia lhe dito que seria algo interessante, pelas palavras e o jeito que pronunciara, algo realmente novo e interessante. As noites com Afrodite sempre eram extraordinárias, mas um bichinho o inquietava, perseguia, intrigando-o.

Resolveu ignorar aquilo tudo, nunca fora do tipo precavido mesmo. E sempre poderia contar, em última instância, com sua força física. Levantou-se apressado, do sofá, não ouvindo quando a porta do templo de Peixes lacrou-se sozinha.

Ao entrar no último cômodo do longo corredor que levava aos aposentos de Afrodite, encontrou-o deitado na enorme cama, em meio aos lençóis brancos e travesseiros macios. Teve que admitir mentalmente que aquela cena era de tirar o fôlego.

— Tira a roupa. — Afrodite ordenou, sentando-se na cama, ainda vestido.

Máscara da Morte assim o fez, a voz autoritária do outro funcionando como gatilho para que sua excitação tomasse vida, dessa vez, com mais força do que quando estavam se beijando no andar de baixo do templo de Peixes.

Começou com a camisa, que rapidamente foi descartada e parou no chão. Agradeceu pelas semanas de treinamento com Shura e por não ter bebido na festa de Eric, a barriga lisinha mostrava os contornos delineados e perfeitos, talhados horas a finco. Percebeu que Afrodite sorrira, seduzido por aquela visão. A calça jeans foi a próxima peça a ser removida, também indo parar no mesmo lugar que a camisa. Ficou apenas de cueca, caminhando na direção da cama, quando a voz do sueco parou-o.

— Isso aí também. — ele disse, apontando para o único item de roupa que Máscara da Morte vestia.

— Não prefere tirar você mesmo? — o italiano perguntou, deliciado com a mudança na expressão do sueco.

— Tire, Máscara da Morte. — ele ordenou novamente, não se importando se iria ser ouvido ou não.

O italiano sorriu abertamente, porém, dessa vez não obedeceu àquela ordem. Continuou andando pelo quarto, até parar ao lado da cama de Afrodite. Olhando-o nos olhos, por fim, retirou aquela peça, estendendo-a para o sueco, que a segurou, uma gargalhada cristalina ecoando pelo quarto.

Afrodite sorriu para si mesmo enquanto guardava o 'presente' de Máscara da Morte em uma das gavetas da cômoda, ao lado da cama. Voltou logo em seguida, segurando um objeto atrás das costas. Fez um gesto com a mão livre, indicando que o italiano deveria deitar-se na cama.

Assim ele o fez, observando Afrodite, que se deitava ao lado dele. Fitaram-se por alguns segundos, até que o sueco se aproximou, ficando por cima dele novamente. Sorriu quando ele passou os dedos por seu rosto, afastando-lhe alguns fios de cabelo. Foi beijado com uma suavidade incrível, apenas pequenos toques em seus lábios. Fechou os olhos, perdido naquelas sensações, sentindo seus braços serem levantados aos poucos.

Quando se soltaram, Máscara da Morte percebeu que Afrodite atava o último nó de uma enorme echarpe azul, de um tom tão claro quanto o de seus cabelos. Sorriu mais uma vez, então era aquela a surpresa que o sueco tinha para si?

— Você sabe, não é mesmo, Afrodite? — ele perguntou, em um tom um pouco ameaçador.

— Do que está falando, Máscara da Morte?

— Se eu quiser, me solto com facilidade.

Afrodite então gargalhou, como fazia sempre que alguém o desafiava ou quando lhe contavam uma piada realmente interessante. Aproximou-se lentamente do italiano, sussurrando-lhe nos ouvidos, mais do que sedutor:

— Gostaria de ver você tentar.

Máscara da Morte puxou ligeiramente as mãos, surpreendendo-se quando o nó automaticamente apertou-lhe mais o pulso. Afrodite sorriu, sarcasticamente, como se estivesse esperando aquele resultado. Beijou-o novamente, impedindo-o de protestar contra alguma coisa. O beijo foi correspondido com calor, ao mesmo tempo em que ele abria seu robe, revelando não usar nada por baixo também, ficando no mesmo estado que o italiano.

Soltou-se dos lábios dele para somente beijar-lhe o pescoço, marcando-lhe firmemente com os dentes, arrancando gemidos altos do outro. Fez o caminho já conhecido, do pescoço para a junção do ombro com o mesmo, passando, então, para o peito. Sorriu, satisfeito quando ouviu o coração do italiano bater em disparado, adorando, mesmo que seu dono não assim se expressasse.

As unhas finas e um pouco crescidas do sueco deslizavam em um movimento contínuo de subida e descida pela barriga de Máscara da Morte, cada vez indo alguns milímetros mais baixo até que, por fim, encontraram o membro já ereto e pulsante do outro. Tocou-o com reverência e cuidado, delicadamente, contrastando com seus lábios, que agora estavam em uma descida vertiginosa e aflita para alcançar o que seus dedos tocavam tão gentilmente.

Máscara da Morte se sentia perdido em todas aquelas sensações. Sempre tivera o sueco como o melhor amante que havia deitado em seus lençóis, mas tinha que admitir que daquela vez, talvez pelo tempo que ficaram longe um do outro, tudo parecia ser mais intenso, cada pequeno gesto, cada pequeno toque.

Gemeu em alto e bom som quando a língua quente e tão conhecida acariciou de leve a ponta de seu membro. Se aquele toque não tivesse sido tão íntimo, ele poderia confundir até com um mero aperto de mão. Estranhou. Afrodite nunca fora controlado, não quando estavam entre quatro paredes. Ele sempre se mostrou voraz, incansável. O italiano costumava brincar que caso estivesse nu, o sueco seria capaz de perder toda a compostura e agarra-lo em qualquer lugar, em público ou não.

­­— Estava com saudades disso? — Afrodite perguntou, abruptamente, tirando a cabeça do colo de Máscara da Morte, que apenas gemeu baixinho, sentindo falta daquele contato, por mais breve que havia sido.

O italiano nada respondeu, como o sueco já havia previsto. Aquele homem era por demais orgulhoso para admitir qualquer coisa, por menor que fosse. Especialmente algo relacionado a algum sentimento.

— Estava? — Afrodite tornou a repetir a pergunta e mais uma vez recebeu o meio silêncio, entrecortado pela sonora e excitada respiração do italiano, como resposta.

Máscara da Morte nada respondeu, um italiano como ele não poderia, não deveria falar algo como aquilo, admitir que gostava daquele toque, por menor que fosse. Era não apenas uma admissão, mas também assumir verbalmente que sentia algo por aquele enlouquecedor sueco.

— Preste atenção em mim...não divague... — Afrodite falou, suavemente e quando percebeu que o homem sob si não o ouvira, ele pressionou a ponta do membro dele entre os dedos, colhendo uma gota de sêmem e colocando-a em seus lábios. Aquele gesto pareceu acordar o canceriano, que o olhou-o como se o estivesse vendo pela primeira vez.

— O que disse? — ele perguntou, o simples ato de respirar tornando-se cada vez mais difícil a cada segundo que passava.

— Me responda que tudo isso acaba. Sabe que podemos ficar aqui por horas. — Afrodite disse, divertindo-se com a mudança na fisionomia do outro.

— Não ousaria. Você não agüentaria. — Máscara da Morte disse, decidido, tentando impor alguma soberania naquele instante.

— Não sou eu quem está com os braços atados.

A voz de Afrodite soou tão comum e ao mesmo tempo ameaçadora que pela primeira vez Máscara da Morte temeu que o outro seguisse com suas promessas, que geralmente não eram levadas adiante. Engoliu em seco, olhando aquele sueco intrigante, estudando-o, tentando achar uma maneira de responder ao que ele perguntava sem entregar-se tanto

— Você sabe a resposta a essa pergunta. Não sei por que me questiona... — ele disse, por fim.

— Não sabe mesmo? –Afrodite devolveu a pergunta, levantando uma das sobrancelhas. — Porque é divertido ouvir a sua resposta. — ele finalizou, esfregando-se em cima do italiano, fazendo com que os belos olhos azuis do outro se fechassem, um tanto nublados por aquele toque gostoso.

Estava atado, literalmente. Se não o respondesse, pensou Máscara da Morte, provavelmente ficaria ali por algum tempo, até que o outro se cansasse. Como ele mesmo havia lhe dito, ele estava livre, poderia sair da cama, andar pelo templo. Mas ainda assim, não sabia se era uma boa opção assumir que sentiu falta do outro. Por fim, em uma decisão surpreendente, ele simplesmente bufou.

— Você sabe que sim.

O sorriso de triunfo de Afrodite iluminou o lugar. Pegando o italiano de surpresa, o sueco simplesmente caiu por sobre ele, beijando-o calorosamente. Era difícil conter-se diante de uma admissão daquele tipo, especialmente quando não esperava nada em troca.

Mas logo aquele beijo, correspondido tão avidamente pelo italiano foi interrompido abruptamente. De olhos fechados, ainda, ele foi empurrado de volta na cama, somente para presenciar a descida rápida de Afrodite por seu peito, retomando a posição original de antes.

Afrodite estava mais do que ansioso para continuar aquele joguinho. Por mais delicioso que ele fosse, não podia negar que torturar o italiano era torturar-se também, porque não negava que queria tê-lo ali com ele novamente, sentir os braços fortes segurando-o, o cheiro tão característico dele, que misturava-se à suas rosas, criando uma fragrância totalmente estimulante.

Decidiu acabar logo com aquilo, já tendo ouvido o que queria. Colocou de uma só vez e habilmente, o membro do italiano em sua boca, não se importando que ele quase se revirou na cama ao sentir aquele contato. Deixou que a língua passeasse pela ponta, saboreando-o lentamente, para então engoli-lo novamente, deliciado com os gemidos do italiano. Sabia que ele não iria durar por muito tempo e por isso mesmo, resolveu intensificar os movimentos, levando, ao mesmo tempo, uma das mãos aos lábios de Máscara de Morte, que tomou os dedos com paixão, imitando as ações do sueco. Aquele simples gesto parecia uma prova de sintonia entre eles e Afrodite achou-a tão importante que gemeu com o membro do outro dentro de sua boca, apaixonado.

Aquela pequena vibração, aliada a tudo que o sueco estava fazendo e havia feito previamente, foi demais para Máscara da Morte. Segurando a echarpe, mesmo com as mãos atadas, ele fechou os olhos, sentindo-se elevar da cama, um gemido ensurdecedor sendo ouvido e finalmente seu prazer vindo à tona. Na mesma hora sentiu-se cansado, mas não teve paz mesmo assim.

Afrodite veio subindo por sua barriga, os lábios vermelhos, tendo aquela cor ainda mais intensificada e brilhante por conta de seu sêmem, que o outro não fingia estar engolindo, com um sorriso maroto e satisfeito. Beijos eram distribuídos por todo o caminho e ele viu-s tentado a corresponder desesperadamente cada um daqueles gestos.

— Você ainda continua gostoso. — o sueco disse, beijando a bochecha do italiano, vendo-o estufar o peito, como se gostasse do elogio.

— Não quer me soltar agora? Para que eu possa retribuir o que fez? — Máscara da Morte perguntou, sentindo a ereção latente de Afrodite roçar sensualmente na sua, agora, satisfeita.

Afrodite sorriu tão abertamente que o canceriano pensou por um momento ter dito algo engraçado. Mas o que ele não suspeitava era que aquela frase parecia ser algo que o sueco esperava ouvir durante toda a noite.

— Querido, não preciso te soltar para me satisfazer. E você vai saber disso em um minuto...

Máscara da Morte percebeu naquele instante o que estava para acontecer. Para bom entendedor, meia palavra bastava, como Shura sempre costumava lhe dizer. Era a primeira vez que não sabia o que fazer e aquilo o assustava. Afrodite estava sobre ele, tentando distrai-lo, esfregando-se sensualmente em seu corpo, como um felino em busca de carinho, abrindo suas pernas, um pouco desajeitado.

— Acredite...vai ser bom. — o sueco murmurou, afastando algumas mechas do cabelo do italiano, que caíam sobre seus olhos.

O canceriano calou-se. Falar algo naquele momento seria morte súbita, seria para pedir que o outro não fizesse aquilo. Mas não podia. Pareceria fraco demais. A impotência do momento o cegava de raiva.

Afrodite, percebendo o conflito interno do homem sob si, penalizou-se por alguns segundos, mas logo resolveu que aquilo não importava. Sabia que seria uma prova de fogo, submeter o italiano a tudo o que estava planejando, mas, por fim, se parasse para analisar, era apenas ele e Máscara da Morte em uma cama. E não havia nada de extraordinário naquilo.

— Você vai gostar... eu serei gentil. — Afrodite disse, as mãos viajando para as pernas bronzeadas de Máscara da Morte, tentando levantá-las.

— Não ouse, Peixes. Isso já foi longe demais. — ele grunhiu, forçando-se para cima, querendo levantar-se.

— Chegou a minha hora de brincar com você, Câncer. Não pode me negar isso. — o outro replicou, tornando a repetir suas ações.

E então Máscara da Morte entendeu. Aquilo era uma espécie de vingança contra tudo que haviam feito naqueles anos, culminando com a noite em que ele tentara agarrar o sueco à força. A realidade, juntamente com aquela constatação, funcionava não somente como uma punição que ele aceitava de bom grado, assim como uma maneira, estranha sim, desculpar-se pelo ocorrido. Bizarramente, aquilo o confortou.

— Me solte. — ele pediu timidamente.

Afrodite arregalou os olhos, surpreso com aquele pedido. Esperava elevação do cosmo, xingamentos, brigas, mas nunca aquele pedido desprovido de qualquer ordem, em tom embargado e baixo por parte do italiano.

— Isso não está passível de discussão. — ele respondeu, mantendo a firmeza na voz, mas visivelmente movido com aquela declaração.

— Me solte. E eu... — Máscara da Morte hesitou, suspirando, convencido, por fim. —...e eu sou seu.

Afrodite não podia surpreender-se mais, era impossível. Máscara da Morte, com aquelas simples quatro palavras, conseguira desarmá-lo, ao mesmo tempo em que o enchia de esperanças.

Sentiu a determinação deixar seu corpo, quando levou as mãos aos nós que prendiam os pulsos do italiano. Passou os dedos lentamente por eles, que rapidamente foram soltos, caindo, involuntariamente na cama, descansados. Fitou o canceriano, esperando qualquer reação dele, que, agora solto, poderia simplesmente levantar-se da cama.

Máscara da Morte tinha vontade de sorrir, ver Afrodite soltando-o com apenas um pedido seu era mais do que uma simples vitória. Era um sinal de confiança, confiança essa que ele não pretendia perder jamais. Acariciou os cabelos do sueco, que saiu do transe que se encontrava, para somente focalizá-lo. Era como se ele o olhasse, mas não o enxergasse.

O italiano, ainda receoso, tocou de leve os quadris de Afrodite com as mãos, levantando-o ligeiramente e colocando-o sentado ao seu lado. Percebeu que o pisciano pretendia reclamar, mas ele calou qualquer pretensão, virando-se de costas para ele, segurando nas grades desenhadas do encosto da cama do sueco. Só então o rapaz percebeu o que Máscara da Morte estava querendo dizer com aquilo tudo. Sorriu.

— Vire-se. Quero ver seus olhos, Máscara da Morte. — ele disse, suavemente.

— Mas eu...

— Por favor. Eu disse que não lhe machucaria.

Máscara da Morte calou-se, virando-se para ter seus lábios beijados com suavidade e cadência, a língua de Afrodite movimentando-se dentro de sua boca com quentura nunca antes por ele sentida. Sentiu-se ser deitado novamente e o sueco por cima de si.

Afrodite sorriu ao deixar os lábios de Máscara da Morte, percebendo que ele permanecera com os olhos fechados. Abriu a gaveta de onde tirara a echarpe e tirou um vidrinho ali de dentro, algo bem conhecido para ambos. Respirou profundamente, descendo o corpo um pouco, alinhando-se com a barriga do italiano. Permaneceu ali por alguns instantes, reparando em como a respiração do outro se alterava a cada segundo.

Ajoelhou-se, então no meio das pernas de Máscara da Morte, agora abertas, voluntariamente, para seu deleite. Abriu o vidro, espalhando seu conteúdo por seu membro, enquanto observava atentamente cada reação do italiano. Ele o fitava assombrado, como se nunca o tivesse visto. Mas além daquela reação, Afrodite podia perceber que havia um certo desejo queimando nos olhos do outro, como se aquilo o excitasse ainda mais. Sua suspeita estava correta, ainda mais quando as mãos fortes dele vieram em seu auxílio, tocando-o familiarmente.

— Quer ajuda? — ele perguntou, em tom safado.

— Não. Ou não sairemos daqui hoje. — Afrodite respondeu na mesma moeda, gargalhando, aquilo servindo para quebrar um pouco da tensão entre eles.

Máscara da Morte então se deitou novamente, deliciado com aquela visão de Afrodite se tocando bem à sua frente. Mas toda sua calma esvaiu-se no instante em que o pisciano, com a mão besuntada naquele óleo aproximou-se de sua entrada. Ele contraiu-se involuntariamente, não querendo que um dos dedos do sueco se aproximasse mais.

Afrodite entendia perfeitamente aquelas reações, o mesmo acontecendo com ele há tanto tempo atrás. Esperava não ter que fazer o italiano passar pelo mesmo que ele, quando um amante desajeitado simplesmente não preparou-o. Ele queria que tudo saísse de maneira senão perfeita, pelo menos proveitosa para ambos. Tentou mais uma vez e desta, não teve resistência, ambos pareciam entender-se apenas por gestos, nunca por palavras.

Máscara da Morte fechou os olhos, apertando-os, tentando pensar em qualquer coisa que não a invasão que sofria, por menor que estivesse sendo. Na verdade, aquilo não doía, Afrodite parecia ter experiência o suficiente para ser cuidadoso, mas era incômodo, ele teria que admitir, especialmente por nunca ter estado naquela posição. Quando o primeiro dos dedos do sueco estava dentro de si, ele relaxou por alguns segundos para só então perceber que o outro movimentava-se, lentamente. Seu mundo parou de girar por um segundo quando Afrodite tocou-lhe em um ponto especial, causando-lhe um tremor involuntário, seguido por um gemido alto. No instante seguinte, fitou o rapaz, que ainda lhe sorria. "Esse desgraçado deve estar se divertindo com a minha cara...", ele pensou por um segundo.

Afrodite estava satisfeito em ver que o outro parecia estar se acostumando com aquela nova realidade que os assolava. Retirou-se de dentro dele, para recolocar-se, seguindo de mais um dedo. Dessa vez, a penetração não foi tão fácil, Máscara da Morte mordendo os lábios para provavelmente não gritar e ele penalizou-se, mas prosseguiu. Sabia que quanto mais relaxado o outro estivesse, mais as coisas poderiam ser facilitadas. Repetiu os movimentos anteriores, dessa vez os dois dedos alargando o italiano em seu máximo. O ponto alto foi o grito desferido pelo canceriano, um grito rouco, porém deliciado, parecido com a primeira reação que ele tivera.

— Termine logo com isso, Afrodite! — Máscara da Morte gritou mais uma vez, não agüentando ser manipulado daquela maneira íntima e enlouquecedora.

— Está com pressa? — o sueco perguntou, remexendo-se novamente dentro do italiano, que fechou os olhos, evitando falar mais alguma coisa.

— Droga... Afrodite...

— Apressado. Se eu soubesse...bom, deixa pra lá... –Afrodite começou a falar, mas refreou seus impulsos.

Máscara da Morte fez menção de perguntar sobre aquilo, mas calou-se quando Afrodite retirou-se de vez de dentro dele, aproximando o membro de sua entrada. No momento em que ele estava a ponto de unir-se finalmente, ele colocou a mão por sobre a do sueco. Olharam-se por alguns instantes, o pisciano então fazendo algo impensado: não deixou que a mão do italiano se soltasse da dele, ajudando-o a penetra-lo, em seu próprio ritmo, não se importando se aquilo pudesse demorar uma eternidade.

Estavam absortos, respirando a respiração do outro, analisando as atitudes e expressões que cada um tinha, que quando deram por si, Afrodite já havia encurtado a pequena distância entre ele e o italiano, estando, então, dentro dele por completo. Máscara da Morte sentia-se estranho, os braços delicados do pisciano lhe envolviam com uma força tremenda, os lábios procuravam os seus para um beijo urgente e decidido.

Afrodite, claro, foi o primeiro a fazer alguma coisa. Não estava mais agüentando ficar dentro do italiano sem movimentar-se. Aquela sensação era por demais devastadora e nova, especialmente por ser com o homem que amava e que parecia ter confiado nele para que deixasse ser possuído daquela maneira. Movimentou-se com calma, mesmo contra sua própria libido, que exigia dele mais impulsividade. O italiano remexia-se, tentando se acostumar com aquilo, não o ajudando em nada, apenas testando seu autocontrole.

Máscara da Morte estava transtornado pela calma de Afrodite. Se fosse o oposto e ele estivesse na situação do sueco, não estaria esperando-o por tanto tempo, já havia terminado tudo muito antes. E era isso que os diferenciava, Afrodite saboreava cada coisa como se estivesse degustando um prato de iguarias raras enquanto ele não importava em perder aqueles preciosos minutos. Era impetuoso e gostava daquilo. Quanto mais cedo terminassem, mais vezes poderiam repetir a dose, era esse o seu pensamento. Puxou o pisciano para um beijo sôfrego quando sentiu-se ser tocado no mesmo ponto de antes, querendo logo chegar ao ápice daquela noite.

— Vamos lá, Peixinho... — ele murmurou, incoerente, aos ouvidos do sueco, que se arrepiou com aquele apelido carinhoso.

Eu quero ir com calma... –resmungou, olhando-o.

— Dane-se a calma... como você ainda não explodiu? — ele disse, perdendo o controle, percebendo que sua ereção já tomara vida novamente e estava apertada, entre os corpos de ambos, incomodando-o.

Afrodite deu uma gargalhada cristalina, não conseguindo evitar. Máscara da Morte era adorável às vezes, especialmente com ele, o que era raro. Precisava aproveitar aqueles momentos, e a melhor coisa que tinha a fazer era realmente seguir o que o outro lhe pedira. Afastou-se do corpo do outro e levantou as pernas do italiano, colocando-as por sobre seus ombros.

— Não me olhe com essa cara. Não sou uma bonequinha de porcelana. Agüento muito bem o seu peso... — Afrodite disse, lendo nos olhos de Máscara da Morte toda a confusão que aqueles belos olhos azuis ficaram quando ele o segurou tão firmemente.

Calou-se, deixando que as sensações de ser possuído por Afrodite o consumissem de vez. Não agüentaria mesmo por muito tempo, cada vez que o sueco o estocava aproximava-se do orgasmo que não explodia, mesmo que ele já estivesse com a mão em seu membro, estimulando-o no mesmo ritmo que os movimentos do pisciano.

Com os olhos fechados, não percebeu quando Afrodite tocou sua mão, querendo ajudá-lo com os toques, cada vez mais rápidos. O sueco também estava a ponto de perder qualquer resquício de sanidade que tinha, sentindo as paredes internas do italiano se fecharem cada vez mais, querendo que ele gozasse naquele instante.

E assim aconteceu, surpreendendo a ambos. Ao mesmo tempo, gritaram o nome um do outro, o orgasmo atingindo-lhes fenomenalmente, como se tivessem planejado aquilo. Afrodite caiu por cima de Máscara da Morte, não se importando em sujar-se com o sêmen do outro, que lhe molhava-lhe a barriga. Beijou o pescoço dele, inspirando o perfume do italiano, que, misturado ao suor de ambos, o excitava novamente. Retirou-se de dentro dele, não se responsabilizando caso continuasse ali.

Máscara da Morte estava sem palavras. Os olhos semicerrados eram apenas um pequeno resquício e indício do que havia acontecido ali. Não queria olhar para o sueco e encontrar aquelas belas pedras azuis, cheias de sentimento. Deveria levantar-se. Colocar a roupa e voltar para seu templo, como sempre acontecia.

Mas aquela noite era uma noite atípica. Ele pegou-se alcançando a manta branca e fofa que Afrodite costumava usar como coberta e jogou por cima dos dois. No mesmo instante, o sueco olhou-o, surpreso. Trocaram breves olhares e o pisciano foi o primeiro a desviar daquela visão. Aconchegou-se embaixo da coberta, encostando no italiano, que estava com os braços abertos, esperando aquele contato. Em silêncio, ele o fez, não demorando a cochilar, forçando-se a não pensar no que havia acabado de acontecer.

— Boa noite pra você também, Dite... — Máscara da Morte murmurou, passando as mãos pelos cabelos do pisciano, só então relaxando e tentando dormir também.


Petra estava sentada em um dos sofás do templo de Virgem, com a cabeça de Ikki em seu colo. Havia perdido a festa de Eric e quando chegara ao templo do Grande Mestre, o namorado pediu-lhe para acompanha-lo até a casa de Shaka para que tomasse conta do menino enquanto ele não dormia.

Algum tempo, depois de uma conversa divertida, onde ele lhes contou um pouco sobre o pouco que sabia sobre sua mãe, Eric dormia tranqüilamente em seu quarto e o casal conversava sobre algo que incomodava a garota desde que começaram a se relacionar.

— Ikki, uma coisa me intriga. Fico pensando se você e o Shaka...

— O quê? Pergunte. — ele disse, se levantando do sofá.

— Você e ele são tão próximos. E esse Santuário...

— Resumindo... — Ikki constatou, já não conseguindo esconder o sorriso. — Você quer saber se eu sinto algo a mais do que amizade pelo Shaka, já que o Santuário está cheio de casais não convencionais.

Petra enrubesceu, baixando a cabeça. Ikki havia colocado exatamente o que ela queria ter dito, mas estava envergonhada demais para questionar aquela hipótese. As mãos fortes do namorado alcançaram seu queixo, levantando-o. Ele estava sorrindo e aquilo era uma boa coisa.

— A resposta é não. É verdade que Shaka é um homem maravilhoso, a beleza dele é inigualável e o fato de sermos tão amigos é algo que agradeço todos os dias. Já estivemos em lados opostos e quase morremos por isso. Mas não. Não vejo Shaka como um amante, só como um amigo estupendo. Você não precisa se preocupar.

— É que nós...nós somos tão parecidos.

— Verdade. Como se você não soubesse que tenho queda por meninas loiras. — ele disse, enfatizando o 'meninas'. — June era loira. Acredite, não tem nada a ver com o Shaka!

— Tudo bem, eu acredito... é que esse lugar é cheio de homens lindos.

— Ei! Eu sou ciumento, hein? E outra coisa...por mais que eu gostasse do Shaka, seria impossível que ficássemos juntos. Ele ama outro homem. São destinados, nunca me meteria nisso.

— Mas ele tem um filho...e quem é esse homem?

— Mu. — Ikki disse, em tom baixo, porém, sem fazer rodeios.

Petra calou-se, ouvindo aquela resposta. Seria melhor que não aprofundassem mais naquele assunto. Shaka tinha um filho com uma mulher e era apaixonado por outro homem. É, aquele Santuário, a cada dia que passava se mostrava cada vez mais cheio de surpresas.


Shaka folheava uma revista que estava em cima da mesa de centro da sala do templo de Áries quando foi surpreso pela voz de Mu, que o chamou por sua constelação. Ele levantou a cabeça encontrando os olhos verdes cheios de uma expressão que ele não conseguia definir. Não era desejo, nem raiva... era algo realmente indefinido. E aquilo o intrigou.

— Você disse que responderia às minhas perguntas. Por que não disse que tinha um filho? — Mu perguntou, sentando-se à frente do virginiano, que colocou a revista no lugar original e suspirou profundamente, antes de respondê-lo.

— Porque você não perguntou.

— Como assim? Como poderia adivinhar?

— Estava escondido ouvindo minha conversa com o Ikki, por que simplesmente não me perguntou?

Mu desviou o olhar, não sabendo o que responder por um segundo. Tinha ficado tão irritado que nem ao menos pensou que Eric poderia ser alguém além de um mero amante de Shaka. Mas ele nunca iria admitir aquilo ao outro.

— Bom...

— Não precisa dizer. Isso não é importante. — Shaka respondeu, com um meio sorriso, como se pudesse ter lido os pensamentos do ariano. — Mais alguma pergunta?

— Onde está a mãe do Eric?

— Por que isso é importante? — Shaka devolveu a pergunta, se armando. Liz não era assunto para ser tratado entre eles.

— Porque você disse que responderia às minhas perguntas e eu quero saber. — Mu replicou, num tom desafiador.

— Não quero conversar sobre isso. — Shaka disse, seco.

— Por que não?

— Porque não, Mu. — Shaka estava ficando impaciente.

— Que droga, Shaka! — Mu disse, sentindo-se derrotado. — Uma única coisa que eu quero saber e você não quer me contar. Por quê?

Shaka então explodiu e nem sabia o porquê. Talvez pela confusão de ouvir Mu querendo saber sobre Liz, um assunto que ele discutia com poucos, talvez pelos dois, junto com Eric serem as coisas mais preciosas em sua vida. Algo funcionou de maneira errada dentro de si para que ele apenas perdesse o controle.

— Porque isso não é da sua conta! — ele respondeu, gritando, levantando-se do sofá, encarando o ariano.

Mu balançou a cabeleira lavanda, ainda molhada, uma expressão assustada no rosto. Tinha um motivo bem plausível para querer saber sobre aquela mulher e o fato de Shaka não querer contar-lhe, o intrigava ainda mais, fazia o sentimento de posse dentro de si aflorar e ele odiava aquilo.

Shaka, por outro lado, estava visivelmente arrependido por ter perdido o controle. As coisas deveriam ser acertadas ali naquele encontro e ele não conseguira se conter. Era um idiota, por deixar-se levar por qualquer coisa que Mu lhe dizia, lutava contra si mesmo, um lado deu queria deixar-se mostrar para o ariano, enquanto outro, mais precavido, o dizia que deveria analisar metodicamente aquele terreno antes de explorá-lo.

— Viu o que me faz fazer? Me faz perder o controle, Mu. Entenda, eu não quero falar sobre isso. Não agora. Por que você faz isso parecer tão importante? Por que isso é tão importante pra você?

Mu levantou-se do sofá onde estava, sentindo o cosmo de Shaka ressentido por sua pergunta. Imediatamente, sentiu-se um tolo por forçar aquele assunto, talvez a mãe de Eric estivesse morta e o virginiano não queria tocar naquele assunto. Era inútil e ele resolveu simplesmente ignorá-lo.

Sentou-se ao lado dele, tomando uma das mãos de Shaka para si. Só então o olhou nos profundos olhos azuis, que analisavam, como sempre, cada um de seus movimentos.

— Bem, porque essa mulher sabe mais da sua vida do que eu. Eu sinto isso. E isso me incomoda.

Shaka arrepiou-se com aquela admissão. Mu estava sendo... possessivo? Aquilo era realmente interessante e ele viu-se ignorando qualquer explicação que poderia querer dar ao outro. Passou a mão por cima da mão que segurava a sua, acariciando cada um dos dedos, como se nunca os tivesse visto. Levou-os até seus lábios e os beijou carinhosamente. Pôde ouvir um ronronado do ariano e ele sorriu, contente por não ter sido repelido.

Mu jogou qualquer questionamento para bem longe quando Shaka beijou sua mão. Não podia negar que queria aquele homem do seu lado, não mais. Puxou a mão para baixo, encurtando a distância deles no sofá e beijou o virginiano, que, mesmo surpreso, cedeu àquele beijo, um capricho dos deuses oferecido a ele.

Shaka sorria, mesmo quando os avanços do ariano para cima de si tentavam impedi-lo. Já era esperado que ele fizesse aquilo, passar as mãos pelos cabelos do outro, sentindo o perfume gostoso, embaraçando os fios, cobrindo-os com eles. Não deixou que o outro tivesse o comando por muito tempo, forçando-se para cima de Mu, quase deitando-o no sofá. Beijou-o com mais intensidade, a vontade de comandar funcionando como um ingrediente a mais para ele.

Mu afastou-se de Shaka assim que suas costas se apoiaram nas almofadas. Não queria fazer as coisas ali, no sofá. Shaka parecia ter uma estranha obsessão por lugares inusitados para começar o ato sexual. E aquilo não estava certo em sua cabeça. Parou de pensar naquelas besteiras quando o loiro mordeu seu pescoço, revelado através da blusa de mangas compridas caramelo que ele usava.

— Seu quarto ainda fica no mesmo lugar, não é mesmo? — Shaka perguntou, olhando Mu, que parecia perdido em algum pensamento.

— O quê?

Shaka sorriu, decidido a não prolongar mais os diálogos. Levantou-se do sofá e estendeu a mão para Mu. Assim que o ariano segurou-a, ele puxou-o para cima, pegando-o no colo. Surpreendeu-se, o rapaz era leve como uma pluma e ele teve vontade de estar com o outro daquele jeito por mais tempo. Beijou-o suavemente, caminhando pela sala, na direção do quarto do ariano.

A arrumação do quarto de Mu era tão simples quanto ele próprio. Além da cama em madeira rústica, apenas uma cômoda com oito gavetas, duas prateleiras do mesmo material da cama, com muitos livros, e um enorme espelho que refletia toda uma pessoa que se postasse na frente dele, completavam a decoração. Shaka sorriu, reconhecendo que as coisas não haviam mudado tanto.

Colocou Mu deitado delicadamente na cama, sentindo-a ceder com o peso dele, aliado ao seu, já que ele apoiava-se com os joelhos. O ariano não parecia estar disposto a conversar, pois mal havia sido depositado ali, puxara o loiro para um beijo, correspondido avidamente por ele. Beijaram-se por alguns segundos, até que o ariano separou-os, olhando para Shaka, que também o observava.

— Sua cama está tão confortável quanto da última vez que me deitei aqui. Algumas coisas nunca mudam realmente.

— Contrastando com você, que mudou muito. — Mu devolveu, no mesmo instante.

— Isso te incomoda? — o loiro questionou, sentando-se na cama.

— Não disse isso. Não mesmo.

Mu parecia resoluto quando empurrou Shaka de volta no colchão fofo. O loiro sorriu ao ter o peso do ariano sobre si novamente, as mãos dele subindo por sua cintura, tentando levantar sua blusa, ao mesmo tempo em que acariciava sua pele com os dedos finos. Tentou ajudar o rapaz, levantando o corpo da cama, mas o outro o empurrou novamente.

Adorou quando Mu alcançou a amarra central de sua dhoti e tentou soltá-la, falhando maravilhosamente. Shaka sorriu, procurando o zíper escondido, que ajudaria consideravelmente o ariano. Gargalhou quando este torceu o nariz, visivelmente incomodado com a modernidade em uma vestimenta tão tradicional.

O loiro teve a calça aberta, então, por um único puxão forte, revelando a barriga alva, com alguns pelinhos loiros, que se arrepiaram com o brusco contato com a temperatura ambiente. Mu no mesmo instante colou os lábios naquela região, um pouco acima do umbigo de Shaka, reverenciando-a com seus breves toques. O virginiano arqueou as costas, aquelas carícias sendo por demais bem-vindas e necessárias para ele naquele momento. Teve vontade de puxar aquela cabeleira lavanda e jogá-lo de volta na cama, encurtando o momento, e possuindo-o de uma só vez, mas não tinha forças. Não quando Mu lambeu seu umbigo, enquanto usava a mão livre para baixar mais suas calças.

"Modernidades", ele ouviu o ariano murmurar entre suspiros ao reparar que apenas um mero zíper prendera todo aquele tecido negro, que já era descartado de uma vez, e jogado num canto da cama. Shaka teve vontade de indicar ao ariano o que gostaria que ele fizesse, mas ficou momentaneamente petrificado por este, que tirou a blusa que usava, aquele gesto sendo tão displicente como um mero aperto de mão ou cumprimento. De peito desnudo, ele voltou a beijar o virginiano nos lábios, ao mesmo tempo em que acariciava o membro já excitado sem ao menos ter sido tocado previamente.

Shaka cerrou os olhos, deleitado com o que Mu estava lhe fazendo, que nem percebeu quando este retirava a própria bermuda de linho cru com uma das mãos livres. Totalmente nu, o ariano desgrudou-se do corpo dele, esperando que seu companheiro saísse do transe que ele mesmo lhe impusera.

Não demorou muito para que Shaka fitasse com uma expressão curiosa o ariano que fazia o mesmo. Ajeitou-se na cama confortavelmente, esperando qualquer coisa que o outro pudesse lhe fazer. E essa qualquer coisa o surpreendeu da maneira mais positiva que poderia imaginar.

Mu postou-se acima dele, beijando-lhe os lábios, pela centésima vez naquela noite. Esperou que ambos estivessem perdidos naquelas carícias para subir a blusa brodô que o loiro usava. Descartada a peça, ele desceu mais uma vez pelo peito, agora nu, despejando ali lambidas e beijos displicentes. Shaka estava com os braços para trás da cabeça, apenas deixando-se ser devorado pelo outro.

Ao deparar-se com o membro de Shaka, Mu não lhe tocou a princípio. Virou-se na cama, ainda fitando-o, mas com as costas para o rosto do virginiano, só então entendendo o que o outro pretendia. Viu, extasiado, quando ele ajeitava-se, cada uma das pernas parando ao lado de sua própria cabeça, o membro dele, aproximando-se tentadoramente de seus lábios.

— Por Buda, Mu... — Shaka murmurou, ao sentir os lábios aveludados engolirem seu membro de uma só vez, não o deixando fazer mais nada a não ser imitar as ações do ariano.

O ariano em questão já estava perdido em um mundo particular, onde tudo se resumia em Shaka. Ele acariciava o membro do virginiano com sua língua, tentando provar o máximo que podia, querendo gravar aquele sabor em sua mente com todas as forças, com receio de não mais prova-lo um dia. Parou com os movimentos por uma fração de segundo, arrepiando-se quando Shaka engoliu-o também, até a base de seu membro. "Ele é bom nisso...", foi o único pensamento que veio à sua mente, já nublada pelo desejo àquelas alturas.

Shaka parecia estar na mesma situação de Mu. Dar e receber prazer ao mesmo tempo, fazendo a mesma coisa, parecia estar minando suas forças, especialmente por aquela vontade ter partido do ariano, que lhe sorvia com tanta impetuosidade que ele pensou em pedir que ele se acalmasse um pouco. Tentou acompanhar o ritmo dele, mas não conseguiu, mantendo o seu próprio e procurando algo para deixar aquela experiência ainda mais excitante.

Com o membro de Mu ainda em sua boca, ele subiu as mãos lentamente pelas nádegas do outro, tateando-as, massageando-as. Percebeu que Mu diminuíra o ritmo de suas ações, mas não parara por completo. Encontrou o que estava procurando e, lentamente introduziu um de seus dedos na entrada do ariano, que gemeu com aquele contato repentino.

— Zeus... Shaka... — ele murmurou, deixando o membro de Shaka sem suas carícias por alguns segundos, suas mãos fazendo o trabalho de seus lábios.

Shaka ignorou o que ele falara e continuou a tocar o ariano com seus dedos, a língua enquanto isso circulando-o em busca de proporcionar um prazer ainda maior. Quando percebeu que apenas um de seus dedos não satisfazia o outro, introduziu um segundo, em movimentos ainda mais intensos.

Mu resolveu não ficar para trás, deixando Shaka comandá-lo. Mas estava sendo difícil, toda vez que o outro o estimulava, ora com os dedos, ora com a língua, era uma parte de sua sanidade que ia se esvaindo. Ritmado pelo virginiano, ele continuou a sugar o outro, alternando momentos de rapidez e lentidão, gostando quando a cada mudança de velocidade, a pele do loiro se arrepiava.

Para ambos, era uma disputa em silêncio, para saber quem conseguiria resistir por mais tempo, quem conseguiria levar o outro ao êxtase em menos tempo. Parecia que eles estavam falhando a cada segundo que passava, pois nem mesmo o que Shaka fazia nem o que Mu executava era suficiente para que um tivesse vantagem sobre o outro. E a prova daquilo foi a explosão, quase ao mesmo tempo, dos orgasmos de ambos. Fora tudo rápido demais, uma simples vibração dos lábios de Mu e um toque mais profundo de Shaka e ambos viam-se igualmente com o resultado de todo aquele estímulo em seus lábios.

Mu foi o primeiro a mexer-se, voltando a uma posição mais confortável, deitando ao lado de Shaka, que permanecia no final da cama, de olhos fechados, as pernas abertas, o peito subindo e descendo fora de compasso, tentando acalmar a respiração. O ariano encostou, um pouco desconfortável e arisco, no ombro do virginiano, esperando que este o acolhesse. O que foi feito, Shaka tateando a cabeça de Mu, encontrando os cabelos lavanda ainda úmidos, e puxando-o para cima de seu peito.

Ficaram naquela posição por um tempo, em silêncio, apenas aquietando os cosmos, sentindo a familiaridade de qualquer toque que era trocado entre eles. Mu sentia-se tolo, forçando-se a não dormir, receoso do que poderia acontecer na manhã seguinte. Continuou com aquele pensamento mesmo quando olhou para Shaka, que tinha os olhos azuis quase fechados, visivelmente cansado por tudo o que acontecera naquele dia.

— Posso te perguntar mais uma coisa? — Mu disse, encostando a cabeça novamente no peito de Shaka, não querendo olhá-lo.

— Mu... — o tom de Shaka era repreensivo.

— Prometo que não é nada sobre seu filho ou a mãe dele. — ele murmurou baixinho, circulando o espaço entre os mamilos de Shaka com a ponta dos dedos.

Shaka suspirou com aquele toque e também, aliviado por não ser questionado mais uma vez sobre Liz ou Eric. "Alguém consegue negar algo a esse ariano?", ele questionou-se mentalmente.

— Pergunte.

— Por que foi embora naquele dia, no hotel?

Shaka sentiu que podia responder mil perguntas sobre Liz ao invés de responder aquela. Ficou em silêncio, talvez Mu desse a questão por encerrada.

— Shaka, me responda.

— Eu... — ele pareceu querer escolher as palavras, mas não havia como responder aquilo sem ser, no mínimo, verdadeiro. — ... eu queria te magoar.

Mu poderia esperar qualquer resposta, menos aquela. Algo dentro de si quebrou em vários pedaços e ele questionou-se se um dia poderia recuperá-los. Abruptamente sentou-se na cama, fitando Shaka, que já parecia esperar aquela reação.

— O que quer dizer com isso?

— Queria que você soubesse que poderíamos ser bons juntos. — Shaka respondeu, tentando responder a tudo com o máximo de sinceridade.

— Nós somos. Não precisava ter feito aquilo. — Mu ainda estava magoado. Nada parecia lhe convencer.

— Você me rejeitou. — Shaka disse, aquela frase soando extremamente infantil e nada condizente com a personalidade forte que ele apresentava desde que chegara no Santuário.

— Sim, há sete anos! Qual o seu problema? —Mu perguntou, visivelmente irritado.

Quando Shaka não respondeu nada, ele balançou a cabeça negativamente. Estava a ponto de levantar-se da cama quando a mão do virginiano segurou-o pelo pulso, impedindo-o de prosseguir.

— Só agora percebi que o tempo não importa. Nunca importou. — ele disse, suavemente.

— O que quer dizer com isso? — a pergunta, idêntica à outra, demonstrava quão confuso Mu estava com tudo aquilo.

— Nada. Só que tudo sempre depende de você, a decisão está sempre nas suas mãos. Então, Mu, o que vai ser?

A pergunta ficou no ar, ecoando por alguns preciosos segundos e Shaka teve os lábios beijados por Mu. Não quis pensar em como sua pergunta, decisiva para ele, não havia sido respondida. "Será que ele fugiu de mim? Mais uma vez?", ele pensou, correspondendo ao beijo, por fim.

Continua...


Hey, pessoal, como estão? Um capítulo bem quente, em homenagem a todos que estão lendo, aguardando essa escritora atolada e relapsa às vezes. Muito obrigada mesmo por não esquecerem desse bebê aqui.

Parece que está acontecendo algo, mais fics deletadas pelo site por conta de partes de músicas ou comentários demais depois dos capítulos. De qualquer maneira, agradeço mesmo à todas as reviews e aos que lêem e não comentam, mas o fazem via MSN ou email. Um beijo especial às queridíssimas Elfa Ju Bloom, Calíope (obrigada pela betagem, amiga! Te adoro!), Pipe (sim, queria, eu sei que você está lendo tudo, apesar de não comentar, isso é o que vale!), Dark Faye, Ia-Chan, Chibiusa-chan, Lili (no comments pra você...te amo, mana!), Perséfone-san, Anne. Sem o apoio de muitas de vocês, já teria desistido.

Até o próximo capítulo!