Esta é uma fic que há muito tempo estou te devendo, Akane-chan.
E agora ela esta sendo paga! (Uma mini-fic, mas tá valendo, ok? XD).
(Ainda voltarei... ù.ú Me aguardem! risada maligna).

NIRAYA
Petit Ange

Prólogo.

Seus olhos azuis apenas viam chamas naquela casa tão conhecida.
Ele ouviu seu grito desesperado. As pernas pareciam desabar no chão seco.
Porem, ele corria em direção a casa, desesperado, querendo trocar sua vida pela dela.
As chamas a consumiam com vagar.
Um morador das redondezas o segurou, impedindo-o de continuar.
Os cabelos loiros esvoaçaram, prenderam-se na nuca suada.
Os gritos dela cessaram.
Os dele iniciaram.
As cinzas e a tranqüilidade dominaram tudo em poucos instantes.
Aquelas esmeraldas haviam se fechado para sempre.
E seu coração também...

Um lugar escuro. Aquele era seu coração. Silencioso, um abismo gelado e negro, o qual tal criatura forçava todos ao seu redor a enxergar.
– Eu quero... Não, eu desejo... Quero tudo aquilo novamente. Eu preciso... Eu quero de novo... – suas mãos retorciam-se de forma insana. Os olhos brilhavam de loucura na escuridão. – Mas, desta vez... Eu não estou mais sozinha... Há aqueles que quebraram as leis e retornaram a mim... Anagami...
Ao pronunciar tal nome, quatro silhuetas vestidas em armaduras de metal reluzente em tonalidades de preto aparecem de repente, do nada, atendendo ao chamado da criatura.
– Anagami... Os quatro guerreiros da dor... Aqueles que me ajudarão a retomar aquilo que desejo... Vocês, aqueles que abandonaram tudo e todos por mim... – levantou-se do trono escuro e passou a andar em passos languidos entre eles. – Aqueles que jamais retornarão ao mundo de luz... Que estão aqui só por mim... – aproximou-se de um deles e lhe arranhou o rosto. – Meus ajudantes de sombra...
Mantendo uma pose e olhar impassíveis, o rapaz que teve seu rosto arranhado fez uma reverência.
– Kamadeva de Chanda, senhora. Anagami do Desejo... Um desejo ardente e latente de qualquer coisa. – o rapaz era alto, possuía frios e belos olhos dourados e cabelos lilases, caindo sobre o rosto, que iam até os ombros largos. – No meu caso, de sangue e caos. Ao seu dispor.
– Odara de Dosa, minha caríssima dama da escuridão e do caos. Anagami do Ódio... O mais perfeito e sublime de todos os sentimentos humanos. – outro rapaz, desta vez com os cabelos perfeitamente alinhados e belos, uma franja discreta, os cabelos eram prateados, e os olhos, quase sempre fechados, eram castanho-escuros e fatais. Falava calmamente e num vocabulário polido. – Ao seu completo dispor, minha dama de negro. – tomou delicadamente a mão da criatura nas suas e depositou-lhe um beijo cortês.
– Kalidsa de Moha, ó minha senhora. Sou a Anagami da Desilusão, aquele sentimento que desperta a força mais poderosa de todas... A proveniente da vingança e desejo de mal ao próximo. O sublime sentimento que corrói aos poucos a existência. – desta vez era uma bela jovem de cabelos café-avermelhados e os olhos laranjas. Era alta e esbelta, possuía os cabelos presos em um rabo de cavalo baixo.
A criatura feminina dirigiu-se ate o último cavaleiro, que permaneceu em silêncio, com a cabeça baixa e os pensamentos um tanto distantes.
– E você? Quem é você, guerreira corajosa? – a voz era fria e incitante.
– Akane de Bhaya, senhora. Anagami do Medo, o mais básico e fluente sentimento que domina o corpo terreno e qualquer pensamento. Ao seu inteiro dispor, a todos os seus desejos... – a bela jovem, de longe a mais pequena de todos, possuia os cabelos negros e os olhos perdidos e verdes, como duas esmeraldas. As madeixas negras iam ate a cintura, soltos.
Sentiu as mãos da criatura segurarem firmemente seu rosto, as unhas dela passeavam pelos lábios e queixo da Anagami do Medo. Esta segurou a saliva firme na garganta, olhando sem vontade para aquela a quem devia lealdade.
– Meus guerreiros... Vocês retornaram... É muito bom... Esse dia é perfeito... Agora, finalmente, nós poderemos dominar aquele lugar juntos, felizes e para sempre.

O clima daquele lugar não mudou nada desde a ultima vez que esteve ali.
Sua cidade sempre continuou a mesma. Só ele havia mudado muito. Ou ele ainda não havia mudado, e estava apenas enganando até a si próprio?
O sol era escaldante e o solo era sempre e sempre foi cheio de pedregulhos e muito seco.
Uma pequena plaquinha com os dizeres praticamente apagados lembrava que aquele lugar era o lugar onde pessoas descansavam o corpo debaixo da terra e a alma acima dela.
Um frio e solitário cemitério.
A última vez que entrara naquele lugar, ele era ainda um garoto inexperiente. Andou com os olhos secos e traumatizados ate aquela lápide. Ler aquele nome lhe causou mais sofrimento do que todo e qualquer golpe que já recebera em sua vida de Cavaleiro Dourado de Atena.
Akane Shyo.
Um nome oriental simples e rápido. Porem lê-lo foi-lhe o maior e mais demorado golpe de todos. Os joelhos falharam, a garganta secou e os olhos azulados arderam. Gotas salgadas caíram no chão seco, não ajudando em nada. Apenas deixaram a tensão que percorria o corpo do pequeno mais leve. Soluços, berros... Ele não sabia o que fazer para fazer a dor passar.
O corpo carbonizado da amiga e única que amou jazia naquele lugar. O lugar que ele nunca mais teve coragem de visitar.
Porém, hoje era um cavaleiro de Atena, forte e auto-suficiente. Não sabia direito porque foi ate ali. Sentiu uma presença estranha nos arredores, mas a cada passo que dava naquele lugar tão conhecido, o arrastavam ao cemitério. Ao lugar que queria esquecer a existência.
Caminhou por entre os túmulos, pequenos fragmentos de lembranças voltando a pipocar sua mente. A concentração, ainda sim aumentada, sua guarda também. Havia muita energia negativa naquele lugar. Até demais. Era aquilo que o preocupava.
De repente, aquele mesmo túmulo de suas lembranças apareceu do nada.
Do mesmo jeito que estava. Parecia que ninguém mais o visitou depois daquilo. Estava empoeirado e velho. O nome estava meio velhinho, já haviam rachuras em alguns lugares da lápide.
– Este lugar... – murmurou, absorto em lembranças antigas.
– Que bom que jamais o esqueceu. – uma voz penetrante fez-se presente.
Shaka estancou e olhou ao redor. Nada. Porém, não aparecia nada. Ninguém. Ele sentia, porem, a direção do cosmo inimigo. Seria tolice usar seu poder naquele momento, já que o cosmo inimigo não parecia que iria ataca-lo agora.
– Sei onde está, criatura... Apareça. – aponta para uma direção qualquer. Ao lado do túmulo.
Dali, uma intensa luz negra faz-se presente, e então, uma sombra com uma vaga forma de mulher senta-se na lapide, olhando com os olhos vermelho-vivos fixamente para o virgiano.
– Cavaleiro... Que bom que chegou... Pensei que demoraria mais... – suspira.
– Quem é você? – perguntou calmamente.
– Não importa isso agora... Não será relevante neste momento. Me dê... A sua árvore... Me dê aquelas árvores... Eu quero as Twin Sals... Agora... – declara, sibilante.
– O que...?
– Me dê aquelas árvores, ou então...
O vulto estalou os dedos. Um silêncio sepulcral tomou conta do recinto. O cavaleiro de Virgem preparava-se para atacar a qualquer momento, os olhos fechados e todos os outros sentidos acordados.
Quatro raios em tonalidades negras descem ao solo seco.
E quatro jovens guerreiros surgem das luzes negras.
– Meus guerreiros... Anagamis... Este é aquele homem... O mais próximo de Deus... Aquele que possui o segredo que queremos... – murmurava, ainda sentada na lápide.
– Anagamis? Como podem haver Anagamis aqui? – o cavaleiro pergunta, confuso.
– Nada e impossível para mim, Shaka de Virgem... E alem do mais... Deveria me agradecer... Eu trouxe algo que seu coração almejava... Chamava sofregamente... Abra teus olhos, cavaleiro... – tomou a mão de um dos guerreiros, ainda envoltos por tênues sombras, e a puxou para perto dela. – Não reconhece este rosto...? Não lhe é familiar essa feição...? – fez o rosto da guerreira ficar sob o fraco pôr-do-sol.
Shaka sentiu uma presença que pensou que jamais voltaria a sentir.
Abriu os olhos descrente no que iria ver. E um choque tomou sua mente quando olhou aquelas piscinas de esmeraldas mortas na sua frente.
A dona do túmulo onde tal inimigo estava sentado.
Akane Shyo. Aquela Akane.

Continua...

Prólogo curto, apenas explicando o pequeno encontro que desencadeará todo o resto. E os inimigos que compõe tal história.
É a partir daqui que a historia começa.

Até a próxima.

Niraya - Lugar de uma dor física e mental extrema e contínua.
Chanda – Desejo (primeiro agatigamana).
Dosa – Ódio (segundo agatigamana).
Moha – Desilusão (terceiro agatigamana).
Bhaya – Medo (quarto agatigamana).
Anagami - Não-retornante. Uma pessoa que abandonou as cinco correntes inferiores que prendem a mente ao cíclo de renascimento e que depois da morte irá aparecer em um dos mundos de Brahma para obter o nibbana e nunca mais retornar à este mundo, ao mundo das esferas sensoriais. Aquele que alcançou o Terceiro Magga.