-Mas houve uma complicação, na verdade uma constatação sobre tudo isso.
-Que Malfoy possuía humanidade ainda?
-Eu nunca duvidei da humanidade de Draco!-olhou Alissom.- Alissom escute o que eu falo! Não viaje em seus sonhos, Malfoy não perdeu a humanidade, era frio... sim era, cínico, egoísta... mas nunca deixou de ser um ser humano... eu sentia isso... nunca ficaria com ele se não sentisse o mínimo de calor humano naqueles olhos... seria impossível...- fechou os olhos.- seria impossível amá-lo sem saber que havia algo humano nele...
-Amá-lo?
-Alissom...- disse baixo.- Você terá algum tempo para reler o que essa pena está repetindo... releia... talvez você entenda... mas naquela hora eu percebi algo que me assustou... e que sim, começou a me fazer temer por mim mesmo, que me fez aceitar a proximidade com Draco... aceitar o que ele me mostrou naquela mesma noite...
-Alecssis?
-Sim... eu vi... Alecssis sim não era mais humano... um poço de ciúme e desejo...
-Desejo?
-De sangue... e naquele momento... em cima de mim eu percebi que ele só iria sossegar quando tivesse arrancado meu coração... eu vi minha morte naqueles olhos... e só então percebi a natureza dele... pude pensar muito no tempo em que fiquei incomunicável em meu quarto... punição leve... proteção na verdade... Alecssis passou o mês preso no calabouço... sem nada...
-Ele a amava não? Aline?
-Eu sempre achei... mas ele nunca confirmou... que ele pretendia traze-la para nós... acho que estava me usando para seduzi-la...
-Mordê-la?
-Talvez... cansei de levar Cruciatus ao perguntar... desisti de saber... eu gostava dela... doía pensar no que vi... vi mortes demais Alissom... com o tempo tudo que se quer é esquecer... amortecer... fingir que não é real...- suspirou.
-Você falou que ele prendeu Alecssis um mês no calabouço... então a casa era projetada...
-Como a mansão Malfoy... sim era... enorme, mas clara... sem toda a afetação centenária da casa de Draco... como ele mesmo disse um vampiro vive eternamente o presente... se quer relembrar algo visita um museu... não faz de seu ninho um museu... havia sim um calabouço... e até uma cela projetada para torturar um vampiro...
-Como?
-Um poço... de paredes lisas e teto de vidro blindado... uma vez... ele prendeu um desafeto lá dentro... acho que posso contar como foi isso... na verdade, deixe-me continuar... foi por minha causa que o infeliz morreu...-riu.- Belford era louco... de pedra... coitado.
Alissom correu os olhos pelo pergaminho e perguntou.
-Malfoy o levou para dentro e prendeu Alecssis...
-Me deixando de castigo... por ser um menino mau...- sorriu.
Entrou na casa atrás de Malfoy, sujo de sangue e vestindo apenas o roupão... viu Draco pegar o telefone... sentar-se irritado passando a mão no rosto.
-Antonius por favor.
Antonius devia ser poderoso ou potencialmente perigoso para Draco pedir "por favor" mas não estava realmente prestando atenção enquanto Draco confirmava rindo nervosamente que seus dois "protegidos... suas crias" haviam brigado e por isso tinha um cadáver indesejado... agradecendo mil vezes pelo favor... o que pra ele devia ser uma humilhação em tanto... estremeci quando ele bateu o telefone com um palavrão e sinceramente fiquei apavarado quando ele espatifou o telefone na parede atrás de mim achei que ele tinha me errado... e quando avançou pra mim fiquei paralisado...
-Ah... eu gosto de me lembrar disso... como fui sonso...- riu.
Alissom o olhou espantado.
Draco parou colado em Harry... segurou-lhe o rosto... suspirou olhando-o.
-Graças a Merlim eu cheguei a tempo...- e puxou com força beijando-o.
Agarrando-o... mãos segurando com força na nuca e na cintura...
-Não... Draco não estava de todo aliviado... sabia que Aline morrera por que eu estava com ela... mas acima de tudo minha punição serviu para me afastar dos que viriam... ele ficou com muita raiva de Alecssis, mas não podia negar que estava aliviado em me ver inteiro...
-Ele te amava?
-Se quiser considerar assim... nossa relação foi passional as vezes... maldita outras.. ah... mas aquele beijo foi doce Alissom... eu disse que Draco ainda tinha humanidade...
Alecssis escancarou a porta do jardim parecia novamente pronto para pular em Harry, principalmente porque flexionava as mãos sujas de sangue... Draco ainda estava segurando o rapaz pela cintura quando o olhou friamente... então voltou-se para Harry.
-Vá... lave-se e não saia do seu quarto por nada... entendeu?
Concordou com a cabeça.
Draco o apertou mais.
-Entendeu?! Não saia daquele quarto... não pense em fu...
-Não saio... –disse baixo.
Draco o soltou.
-Vá!
-Não precisei chegar ao corredor para escutar os berros furiosos de Alecssis, se não fosse a ênfase de Draco na ordem de me manter em meu quarto eu teria voltado... porque ambos estavam lutando...
-Draco o levou ao calabouço...
-Sim...- sorriu.- levou...
-E você?
-Eu me preparei...
Alissom não compreendeu.
-Me preparei para recebe-lo bem... eu precisaria mais que nunca da proteção dele.
Com os cabelos úmidos ficou em frente a porta da sacada aberta... o ar do mar entrava tomando o quarto encostou-se o silêncio pairou após o som dos dois vampiros terem sido abafados pelo banho... e agora as motos que escutou virem já tinham ido e as vozes estranhas e animadas não eram mais ouvidas... sentiu Draco se aproximar... não se moveu... escutou o som da porta e Draco entrou...
Cansado, mas aparentemente impecável... o olhando tirou o paletó... as mangas da camisa estavam em retalhos... única coisa que denunciava a briga.
Nem um arranhão...
Draco o olhou longamente e entrou no banheiro... não o seguiu de imediato... escutou o outro ligar o chuveiro... parou na porta o olhando... ele estava parado deixando a água escorrer pelas costas, acompanhou com os olhos o caminho da água na pele pálida dele, continuou olhando-o mesmo enquanto se lavava... Draco não se importara em fechar o boxe... nem Harry se importava com isso, o loiro desligou o chuveiro e estendeu a mão, Harry pegou a toalha e se aproximou entregando a ele, Draco passou a mão no rosto afastando o cabelo dos olhos olhou-o de cima abaixo, jogou a toalha na pia e saiu do boxe o agarrando com força, literalmente mordendo seu pescoço.
-Quem disse que queria a droga da toalha?- disse contra sua orelha.
-Ah... erro meu... você não foi específico...- disse languidamente.
Draco o empurrou até a cama com violência, mas Harry já o conhecia... aprendera há muito a sentir prazer com a situação, vê-lo tão desesperado em possuí-lo dessa vez o aqueceu ainda mais... sim Draco se importava... embora demostrasse daquela maneira.
Sentiu a camisa do pijama ser arrebentada... gemeu... era antecipação... Draco o mordia... era assim quando se animava... bruto.
-Drac...- sentiu a mão forte em sua boca.
Draco já estava pronto, ereto... arrancou suas calças e o penetrou sem esperar... Harry soltou um grito... não se importava com isso, excitava Draco... era por isso que Draco o fizera... sempre jovem... sempre menor...
Só pelo prazer de possuí-lo assim.
Quando lhe foi permitido correspondeu os beijos que machucavam seus lábios, mordendo o pescoço de Draco segurando-o com força nos cabelos finos, gemendo languidamente em sua orelha...
Os gemidos que se estenderam pela madrugada até desfalecerem na cama úmida... o vento do mar balançando as cortinas finas da cama pequena de Harry...
-Gosto do seu quarto...- Draco disse baixo olhando para o mar da porta aberta ainda deitado por cima de Harry.
-Também gosto...
-Isso é estranho...- Draco o olhou- nenhum deles gosta porque dá para ver o amanhecer...
-Mas é por isso que eu gosto...
-Eu também...- Draco sorriu e o beijou.
-Ele o manteve preso ao quarto porquê?
-Por causa dos outros... foram seis semanas... uma vez que Draco tivera que pedir um favor daqueles, e pense bem... encobrir um assassinato de uma pessoa famosa é um grande favor feito de muitos pequenos... ele teve que fazer muitos favores a Antonius que eu não conhecia... Quem dera nunca ter conhecido.- disse sombriamente.
-Conheceu-o então?
-Culpa do Alecssis.- disse com raiva.- Ele ficou um mês no isolamento frio do calabouço sem sequer se alimentar... o vi pela fresta da porta, um cadáver... mas se recuperou rápido, eu sempre espiava... por mais que tenha começado a apreciar os dias com Draco e ele passara todos comigo, estava me cansando de ficar isolado escutando Alecssis falar alto no meu corredor pra me irritar...
-Porque Draco o deixou sair antes de você?
-Porque Draco sabia que ele não chamava tanta atenção... ele sabia o que tinha criado... precisava dele para pagar Antonius e acima de tudo não queria que Antonius me visse.
-Porquê?
-Porque?!- Está ficando cego Alissom... ah... você ainda não compreendeu não é?
Estava sentado no quarto lendo um livro... então escutou passos, levantou depressa... se fosse Draco queria falar com ele, por mais dolorido que estivesse pelas Cruciatus que levara por insistir em falar de Aline, abriu a porta e deu de cara com Alecssis que sorriu torto, falou pela primeira vez com ele depois de tudo... ele o encarando.
-Onde está Draco?
Alecssis abriu um imenso sorriso e se endireitou, olhou-o de cima, o que não era difícil pela óbvia diferença de altura....
-Oh..- riu cinicamente.- Você não sabe?
-Que se dane você Alecssis! Posso muito bem esperar até mais tarde... ele vai vir mesmo...- disse para provoca-lo.
Um erro.
Alecssis urrou e o agarrando pelo cabelo o fez voar pelo vidro do corredor até o andar inferior... Harry parou estatelado no chão cobrindo o rosto para não se ferir com o vidro e então o olhou, Olhos vermelhos e dentes afiados, as unhas longas, curvas e enegrecidas, Alecssis pulou pelo vidro quebrado caindo como um grande predador, mas desta vez mais bem alimentado e fortalecido, embora sem ter ainda mordido ninguém, Harry se pôs de pé também com presas a mostra... longas unhas levemente recuvardas e semi tranasparentes como de um gato.
Se encararam... se atracaram... exatamente como cão e gato...
-Você deve... ter levado a pior...- disse Alissom.
-Até que não... estava aborrecido e precisava descarregar a tensão... por ser menor era mais ágil... e não se engane, apesar de magrela e pequeno sempre fui forte.- sorriu.- Embora tenho que admitir que não estava com a vantagem nessa briga...
Alecssis pressionava sua cabeça contra os cacos do vaso sobre o balcão... se cedesse seria um corte em tanto... apesar de não morrer ainda sentia a dor... mas se continuasse acabaria tendo o pescoço partido... recuperar esse tipo de ferimento demorava... e o deixaria idefeso...
-O que é isso?!- disse Draco entrando... então furioso disse alto.- SOLTE-O Alecssis!!!
Alecsssis rosnou mas obedeceu... Harry se ergueu devagar ainda massageando o pescoço, ouvindo as risadas agudas de um terceiro homem, mas por ser menor e ter ficado por trás de Alecsssis não o podia ver.
-Essas suas crias são encrencas... uh, Malfoy?- riu o outro.
Draco estava furioso, apesar de manter-se aparentemente sereno.
-Infelizmente Antonius... Me dão muita dor de cabeça...
"Antonius?" a curiosidade venceu e então discretamente saiu de trás do outro vampiro, fingindo limpar a roupa dos cacos...
Segundo erro.
O riso de Antonius parou e Draco ficou levemente mais branco, Harry desceu a mão que ajeitava o cabelo arrepiado... sabia que tinha feito merda da forma como o vampiro o olhou.
-Ah...- disse gravemente o vampiro de olhos e longos cabelos negros.- Agora entendo o motivo do ciúme...
Alecssis fechou a mão com força, Draco conteve a respiração, Harry o olhava, porque sabia que tinha feito realmente uma grande merda... o outro o devorava com os olhos... e se aproximou.
-Ah... Draco Malfoy! Como ousas esconder isso em casa?- disse o olhando.
Sentiu-se preso... um frio lhe percorreu a espinha... ele era poderoso... muito... e forte...
-Ora Antonius... como ousa me dizer isso? Você que tem seu harém particular?- Draco tentou aparentar calma.
-É verdade... é verdade...- disse o vampiro sem tirar os olhos de Harry.- Certas criaturas são como bons vinhos e alguns de nós temos o luxo de possuir uma boa adega...
-Uma grande adega...- Draco se aproximou, podia vê-lo amaldiçoar o outro pelas costas.
-Ou... alguns tem a sorte de possuir um único vinho raro que valha realmente a pena.- tocou o rosto de Harry de leve.
Sentiu um enorme frio de pânico... como se tivesse realmente sido tocado por um dementador... Além do mais Alecssis tremia de raiva o que deixava o vampiro ainda mais satisfeito e Draco muito mais nervoso. Antonius de súbito se virou quase assustando Draco, se ele não fosse uma criatura controlada é claro... porque Harry teve que fazer todo o esforço do mundo para não cair de joelhos...
-Ora Draco... isso é maravilhoso, agora podemos finalmente entrar em acordo sobre o último favor que me deve!
Aí sim a cor sumiu do rosto já pálido de Draco.
-Como Antonius?
O bruxo o abraçou fraternalmente.
-Deixe-os arrumando essa bagunça e vamos conversar... sobre... um empréstimo.
