Demorou, mais esse capítulo foi um parto por causa dos diálogos e a cena da cama... me deu dor de barriga literalmente por que eu perdi no desastre de fim de ano... refazer foi horrível, mas acho que ficou até melhor do que o original... agora finalmente apreciaremos o que Antonius aprontou.(que não é nada anormal...)
Existem coisas que parecem tão banais no momento, e no entanto... depois.- disse sério.- Eu não pesei os sinais dados por Antonius, mas imagino que não estava preparado, amanheci com Nati e de alguma forma me arrastei para aquele quarto.
E ele estava lá.
-Creio que você se divertiu.- ele disse sentado na cama.
-Na verdade sim...- disse passando ao lado da cama, o cortinado apenas servindo de pretexto para não encarar o vampiro que o paralisava só de olhar...
-Natan é uma criatura fascinante... mas romântico... frágil.
-É uma boa pessoa... gostei dele.
-Como gostou de Gathe?
-Não gostei de Gathe... ela é falsa.
Ele estava na cama, no segundo seguinte estava a suas costas... lhe segurando o queixo... dizendo firme em seu ouvido.
-Falsa? Não saem mentiras daquela boca.
Sentiu o arrepio, ele sabia... ele sabia e não gostara nem um pouco! HAHAHA e que se danasse, deu dois passos a frente e se virou.
Antonius não estava mais lá e sim sentado na cama, como se nunca tivesse se movido. Abaixou-se e encarou-o.
-Não é preciso mentir... só distorcer a verdade.
Antonius riu.
-Deuses... você é mesmo impressionante... não se abala mesmo?- O olhou e se levantou.- Adormeça em paz... essa noite seguirá o que eu mandar... sera uma noite... "especial". Até... umas duas horas... descanse.
Se levantou e saiu imperioso, por um segundo lhe lembrou o próprio Draco.
Que diabos que consegui dormir!-Disse acendendo outro cigarro.- Ás vezes eu mesmo me impressiono com meu descaso com o que poderia me acontecer... mas de outra forma... preocupação prévia nunca resolveu problema algum...
E a noite "especial" de Antonius.
Por Deuses que eu odeio até lembrar, e sabe, não foi desagradável...
Então porque você odeia...
Porque eu me toquei... eu entendi.
Espreguiçou-se com algo lhe chamando... um elfo muito feio e magro lhe estendeu um papel.
"banhe-se, vista-se e siga o elfo."
-Mas óbvio impossível.- retorquiu.
-O banho está pronto senhor...- disse o elfo.
Banhou-se, vestiu-se e pensou porque Antonius não o embrulhava logo numa fita como se fosse um auto-presente... ja que era realmente óbvia sua intenção...
A roupa novamente não era o que escolheria... um pouco justa demais... não era o que vestiria. pelo menos o sapato era confortável. Olhou-se no espelho e suspirou sabendo que mais cedo ou mais tarde teria que sair do banheiro...
-Vamos elfo... estou pronto.- disse seco ao sair do banheiro.
-Iremos ao terceiro andar senhor, os aposentos exclusivos do senhor Antonius... o jantar será servido lá.
Seguiu o elfo com a mesma calma com que esperava um duelo, olhando detalhes... nem havia percebido que a casa parecia vazia. Entrou no que parecia ser uma sala, a janelona de vidro aberta deixava ver o mar infinito a frente. Aproximou-se dela sentindo a brisa.
-Impressionante não?- sentiu a voz em sua orelha a mão em sua cintura.
-Sim... é bonito.- disse baixo.
-Hum...hum...bonito... maravilhoso se olhar bem...- disse Antonius com a outra mão em seu pescoço.
-E você já se cansou de olhar?- perguntou.
-Geralmente eu tenho outras coisas para olhar junto... se vire...
Virou-se, Antonius já estava sentado numa poltrona a frente, mãos juntas nas quais apoiava o queixo com um sorriso satisfeito.
-Em uma vida milenar como a minha... tenho a chance de ver coisas assim.- disse como se observasse uma obra de arte.- Algo tão cheio de magia pura... vida. Tão belo.
Não podia dizer que ser descrito daquela forma não fazia bem ao ego... mas ao mesmo tempo, era óbvio que estava sendo visto como objeto.
-Harry Potter... eu sei quem você é...foi. Sei quem enfrentou e como viveu... é por isso que eu ainda me surpreendo que você, tenha essa vibração a sua volta...
Antonius se levantou e Harry não conseguia se mover... talvez nem quisesse se mover... o homem estendeu a mão e lhe tocou o rosto de leve... subiu devagar e afastou seu cabelo, passou o dedo pela cicatriz.
-Malfoy fez um serviço primoroso em você... escolheu a aparência ideal... ele é bom nisso, mas essa sua vida... transbordante... essa magia.- disse bem baixo quase em sua orelha, passando o dedo em seu lábio.- Isso ninguém pode controlar... de todo.-forçou de leve o dedo entre seus lábios.- Você é diferente... vivo.
-Isso é impressão...- disse virando o rosto.
-A vida é só uma impressão no tempo e no espaço... nada mais.- disse o homem lhe segurando a cintura... a outra mão lhe segurou o queixo com força, obrigando-o a olhar.-Vida é a impressão que se deixa nos outros.
Antonius forçou novamente um beijo, mas desta vez mais forte, até um pouco violento, Harry tentou afastar-se mas seguro, atordoado, sentiu o nada ás suas costas.
-Você resiste bem para alguém que não teve um batismo de sangue...
Antonius o soltou e Harry passou a mão no queixo magoado e deu alguns passos á frente para longe daquela janela que lhe dava arrepios. Sentiu Antonius segurar sua mão com força e puxá-lo até a mesa no outro lado da sala longa.
-Vamos jantar e falar um pouco.- disse o fazendo sentar á mesa.
Harry sentia-se um pouco atordoado com a presença do homem, que sorrindo e lhe servindo o vinho, lhe contou um pouco sobre a colonização espanhola na região e como ele prosperou no submundo...
Antonius em si é cativante... uma criatura com dois milênios de vida para contar... apreciei o relato.
Porque então parece quase odiá-lo?
Ele achou que poderia me "ter". Não sou um adorno de prateleira... ah, isso você vai entender... ele foi sensualmente cavalheiro a noite toda... foi uma ótima noite, teria adorado, se não fosse o fato de ele me querer... como uma coisa.
-Beba mais.- disse Antonius com a mão na sua e voltando a encher as taças, agora era champagne.
-Está tentando embebedar a pessoa errada.- disse baixo.
Antonius riu, se pondo de pé e o puxando.
-Que pena... imagino o quanto mais cativante você fica um pouco embriagado.
-O que está fazendo?- perguntou.
-Dançando seu tolo.
-Sou péssimo dançarino... para dançar junto, você vai se arrepender.
-Oh... eu sobrevivo...- disse girando com Harry no mesmo lugar... de leve abrindo os botões de sua camisa.
-Isso não é dançar...
-Não...- sorriu Antonius contra seu rosto.-Mas você disse que não dança... mas tenho certeza que sabe fazer outra coisa.
-Imaginei o quanto iria demorar para chegarmos nisto.- disse fugindo a um beijo.
-Hum... deve convir que fui muito paciente... não o tomei de Draco só para irritá-lo.- segurou sua cintura com força puxando-o para perto.
-Pelo menos admite que desejava irritá-lo.- disse encarando o sorriso malicioso do vampiro.
-Há várias formas de irritar Draco Malfoy... Mas só uma forma de possuir Harry Potter.
Antonius o forçou contra a mesa, arqueando-o para trás, beijando-o novamente com violência, uma das mãos subiu até seu pescoço.
-Você não me possui... Draco não me possui.- disse encarando Antonius.
-Você o obedece... e pode vir a me obedecer...
-Se eu assim desejar...
-Você sabe o que é diablerie, Harry?- ele perguntou sugando seu pescoço de leve.
Diablerie... o ato de beber de outro vampiro... pode criar um elo sobre o elo de maestria... pode ser um ato que signifique posse ou união... levado até o fim... é a morte de um vampiro. Proibido. Na verdade é o pecado para os vampiros... eles tem um pudor afinal.
Achei que não se podia beber dos mortos.
Não se bebe dos mortos... os mortos são a morte... beber de um morto é apodrecer por dentro... mas... beber de um vampiro... é tomar a essência dele... subjulgá-la ou uni-la a sua...
Você já?
Humpf... claro. Mas nessa época... eu nem sabia o que era.
Antonius o olhava, preso sobre a mesa por seu corpo maior, mais forte, mais poderoso, no entanto o pequeno abaixo, era mil vezes mais, vivo e mágico... tentador...
-Diablerie...- disse abrindo a camisa de Harry passando a mão pela pele branca.- Pode romper seu elo com Draco... pode lhe dar poderes maiores que os dele...
-Deixe-me adivinhar...- sorriu olhando o teto.- Se eu me unir a você...
-Hum, não é uma proposta criativa eu sei...- disse passando o dedo longo pela garganta de Harry.- Mas... você tem muito a ganhar...
-Porque acha que isso me atrai? Ouvi essa ladainha minha juventude inteira... "Una-se a mim..." Se me conhecesse de verdade... saberia que nada de poder me atrai.
Antonius sorriu. Se afastou, Harry esperou uma reação violenta, mas não o vampiro o olhou inteiro, sentando-se na mesa...
-Me siga.- disse Antonius que saiu andando, o longo cabelo negro ás costas, O seguiu.
O corredor estava escuro, mas os vampiros não precisavam de muita luz para ver... era um corredor limpo com uma e outra pintura na parede, Antonius entrou por uma porta... o seguiu devagar, o lugar estava mesmo escuro, demorou para perceber onde estava, ou talvez o fato de Antonius ser muito rápido...
Sentiu a mão do outro vampiro em sua cabeça... entre seu cabelo... a outra em suas costas... sentiu a falta de peso... o impacto contra a massa fofa... uma cama...
-Seu quarto?- perguntou calmamente permanecendo como ficou após ter sido jogado ali.
-Os elfos me irritam... tem a péssima mania de andarem pelos cantos da sala, eu os sinto... mesmo não os vendo...- disse o vampiro subindo na cama, enfiando sua mão por entre a camisa e suas costas.- Tinha planejado continuar lá mesmo... mas acho que você merece conhecer meu ninho...
-Quanta honra.- disse baixo.
-Sim... nem Gathe dividiu essa cama comigo.- disse Antonius tirando a camisa de Harry finalmente, passando a mão devagar pela estensão da coluna dele.- Você disse que poder não lhe atrai... eu sei.- Antonius com um gesto o virou, encarando-o.- Eu posso lhe dar muitas coisas... - disse abrindo-lhe o cinto.- Uma grande família unida... não um psicopata.- disse e beijou-o de leve.- Não é algo que sempre quis?.-Antonius aprofundou o beijo, mãos em sua calça.
Harry fechou os olhos, seu ponto fraco... gente. Além do mais os lábios do outro pareciam carregados de magia, energia, que lhe deixavam entorpecido... ou era a bebida? Não... era efeito do poder de Antonius... que ia devagar lhe penetrando o corpo... aquela aura quase paralisante.
-Família?- O vampiro disse sentado em suas pernas tirando sua própria camisa.
Sentia-se totalmente apreendido naquele olhar... na forma dele se mover... Antonius era poderoso e seu poder pedia, instigava...
-Você gosta de Caroline, André e Natan... serão seus irmãos... amigos, amantes...- Antonius ficou nú, terminou de despir Harry... olhando-o como um animal sobre a presa.
E Harry suspirou ao sentir o corpo frio sobre o seu... não era só o corpo que sentia e sim algo antigo, forte, poderoso...
-Posso lhe dar amor.- disse Antonius, a mão que procurou suas coxas, afastando-as, somente deixando os corpos se tocarem...- Eu leio sua alma Potter... eu sei o seu mais profundo desejo.
Ao mesmo tempo que Antonius tomou seu corpo, sentiu-se totalmente desperto, totalmente livre daquele entorpecimento...
O mais profundo e desesperado desejo de sua alma.
-Você nada sabe de mim Antonius.- disse segurando o outro pelo cabelo e erguendo a face do vampiro.- Você lê a superfície, você vê minha aparência...
Antonius nada disse... o segurou pelo pescoço e lhe penetrou mais fundo... disse num tom lânguido.
-Você será infinitamente poderoso após seu batismo de sangue... mas até lá... você é desprotegido...
-Sou... você pode me destruir agora... mas...
A boca do outro voltou forte, da mesma forma que o movimento do corpo dele... Harry nada sentia... estava acima disso... o prazer e a indiferença o cobriam... como sempre... fechou os olhos.
Era diferente com Draco.- disse apagando o cigarro.- Draco era desejo... o resto era vazio... era só corpo... Antonius foi prazer... mas eu não sou tão fácil de subornar... Antonius perdeu tudo quando me possuiu... ele não tinha mais poderes sobre mim.
Arqueou-se... nada o impediu de sentir... Antonius se deixou cair sobre seu corpo... enfiou a mão por entre o cabelo negro.
-Você poderia me destruir e tomar meu poder... mas não deseja isso.
Antonius riu em seu ombro, mão explorando sua pele preguiçosamente.
-Eu posso destruir Draco.
-Mas não deseja isso... o deseja também... o deseja tanto que usou Gathe e esta tentando me usar...
-Você é o que chamam de legilimente...
-No seu caso... não é necessário...
Antonius ergueu o rosto, olhos frios nos seus... Harry disse baixo:
-Esse é o seu desejo mais desesperado... mais profundo... ter o que é livre... mas quando você tem... deixa de ser livre... você tem que parar de prender as pessoas á você.
O olhar de Antonius tremeu, por um segundo o menino que havia sido escravo... que havia sido posto a ferros num canto desconhecido do mundo e vendido para divertimento de ricos passou pelos olhos dele... o desejo total de liberdade ainda estava lá... Harry teve pena, o abraçou e puxou para seu peito.
-Ninguém é livre Antonius... carregamos nossa prisão em nós.
-Qual é o seu desejo Harry? Eu posso dá-lo a você? Eu lhe daria o mundo.
-Eu?- disse olhando o teto do quarto escuro.- Não há desejo pra mim...
-Todos desejam algo.
-Mas há diferença entre desejar e ter esperança de realizar seus desejos... e... saber que o que deseja é impossível... eu tenho consciência de que meus desejos são todos impossíveis.
-Eu ainda lhe quero comigo.- disse Antonius beijando seu pescoço, tocando seu corpo.- Fique comigo e farei tudo que possa lhe agradar...
-No momento... eu quero ficar com Malfoy...- disse distribuindo carícias no corpo do outro.- Por enquanto é tudo que eu quero.
Houve um fungar e o outro sentou-se na cama, olhando-o.
-É isso? Malfoy ainda é um menino arrogante que acha que pode enganar o mundo... arrastando seu erro na forma daquela coisa que chama de cria...
-Você ofereceu a Draco o que me ofereceu?- perguntou aninhando-se ao lado do outro.
-Eu ofereci poder a ele... Mas ele acha que pode dominar o mundo sozinho...- Antonius disse em tom de zombaria e lhe puxou pelo cabelo mordendo-lhe de leve os lábios, o queixo...ombro...
-Você cometeu um erro...- disse baixo na orelha dele.- Devia ter oferecido o que ofereceu a mim...
-Família?- Antonius perguntou voltando a deitar-se por cima de Harry.
-Não...- deixou-se tomar novamente fechando os olhos.- Amor... Antonius... amor... Draco ainda é o menino que não sabe ser amado...
-É isso que quer fazer? Amá-lo?- Antonius disse em sua orelha.
-Me leve de volta... me devolva a Draco...- disse olhando o outro.
-É isso que quer? Porque acha que eu faria isso?
-Porque você não é mentiroso... e se disse que me daria o mundo... me enfiar em um carro e mandar de volta... é muito mais fácil...
-Você negocia como o Malfoy... mas não é ele.- disse Antonius dessa vez rudemente.-Eu quero os dois.
-Querer não é poder... todos sabem disso e se enganam dizendo o contrário...
Antonius o calou com a mão pesada em sua boca... voltou a toma-lo, desta vez mais a beira da raiva, que do desejo... Não resistiu, não temeu, não fingiu.
Deixou o vampiro cair novamente sobre seu corpo.
-Posso esperar... tenho aternidade.- disse Antonius.
-Me leve de volta.- disse baixo.
-Vá!- Antonius o empurrou para fora da cama.- Pegue sua roupa e saia por aquela porta como uma prostitutazinha, se é isso que quer... volte para o seu gigolô... ele vai te receber bem... mas ponha em sua cabeça... nem tudo em mim é gentileza e paciência.
-Estou indo.- disse saindo do quarto.- Adeus Antonius.
Escutou apenas um som e algo espatifar-se contra a porta. A frente havia um banheiro, entrou pensando em pegar uma toalha... encontrou um roupão... vestiou-o e desceu... foi rápido... chegou ao quarto e trocou de roupa. Saiu e procurou sinal de vida... encontrou no jardim
-Natan?
-O que faz aqui?- perguntou ele.- Não devia estar com Antonius?
-Ele disse que posso ir... me leva?
Natan lhe olhou e olhou para cima como se esperasse ver o outro.
-Ele te liberou mesmo?
-Eu não mentiria para você...
-Vou pegar a moto.- disse Natan.
