-Natan... talvez se eu tivesse.- parou de falar e voltou a janela.- Acredite Alissom a maior maldição é estar eternamente preso aos próprios fantasmas... aos próprios vicios...- balbuciou por último.- Aos próprios desejos impossíveis...
-Natan lhe levou de volta... como Draco o recebeu?
Um leve sorriso se espalhou em seu rosto.
-Mal... e muito bem.
A moto ia a uma velocidade muito lenta... parecia que Natan não tinha pressa em levá-lo embora... assim que chegaram ao portão da mansão de Draco, as grades se abriram sem precisarem chamar pelo intercomunicador...
-Parece que tem alguém te esperando fofo...- Natan disse.
-Imagino que sim.- respondeu breve.
A moto foi lentamente pela lateral até parar em frente a sala envidraçada, Draco estava aristocráticamente sentado no sofá com um copo na mão... impecável como sempre.
Alecssis estava sentado na escada... um sorriso cínico no rosto. Harry suspirou e desceu da moto... sentiu a mão grande em seu braço.
-Se cuida irmãozinho.
-Não se preocupe Nat...- sorriu.- Dá um abraço no André e na Carol por mim.
-A gente vai se ver... muito ainda.
Concordou com a cabeça entrando, sabendo que Natan ia ficar ali para ter certeza se tudo ficaria bem... encarou Draco.
-Veio buscar suas coisas não?- Draco se levantou e apontou com os olhos para uma mala feita.
Sorriu... ainda não sabia porquê... e no momento seguinte Natan se foi acelerando, Draco acompanhou a movimentação com o olhar enquanto Harry se aproximou, se divertindo com o ciúme que ia sendo substituído por alívio lá no fundo dos olhos azuis...
-Não... a companhia até foi boa... mas... acho que estou preso a você...
Draco que ainda acompanhava a movimentação de Natan desviou o olhar encarando-o e em seguida com a mão livre num gesto bruto agarrou o cabelo de Harry puxando-o para perto cobrindo sua boca... ainda sentindo o desejo do loiro, Harry escutou um grunhido de Alecssis no momento em que Draco deixou o copo cair para puxá-lo pela cintura... grudando os corpos.
-Você está fedendo a Antonius...- Draco disse assim que desgrudou a boca da sua.- Suba e vá tomar um banho...- disse com um olhar muito firme.
Draco não se virou quando Harry se afastou... pegando sua mala... e subindo as escadas... com um sorriso maldoso fez questão de acertar Alecssis, que apenas grunhiu e se levantou indo até Draco.
-Acho que os dois discutiram... falaram... sei lá... não me interessa.- Disse ainda da janela a noite estava totalmente instalada em um negro profundo, infelizmente as luzes da cidade impediam a luz das estrelas.
-Você e Malfoy... voltaram a se relacionar? E Alecssis?
-Sim... eu e Draco voltamos... e sabe, Draco se tornou... digamos, um pouco inseguro e possessivo, uma vez que voltei de Antonius.
-Ele achava que você cederia?
-Não. Ele sabia que eu iria voltar... mas achava que eu teria mais dificuldades.
-E? Como foi depois?
-Eu passei a dormir no quarto de Draco todas as manhãs... Alecssis estava se mordendo de ciúmes, mas parecia sob controle... parecia.
-Aconteceu algo?
-Sim... cerca de seis meses depois... sabe, depois disso passei a sair com todos, Draco, Alecssis, mas principalmente com André, Natan e Carol.
-Antonius?
-Nos evitávamos... mas nos encontrávamos... esporadicamente na boate dele. Nessas ocasiões Draco sempre parecia muito afetuoso comigo...- riu.-Parecia apaixonado e eu adorava.
-Era mentira? Draco?
-Ah... não... mas Draco nunca foi do tipo... que demonstrava muita coisa...
-O que houve... depois?
-Draco precisou viajar... não quis me levar, mas levaria Alecssis. Fiquei só.
-Porque eu não posso ir com você?- disse olhando o mar de seu quarto.- Que droga Draco!
-Não aja como uma criancinha mimada... por favor...- Draco disse encostado na parede.
-Então não me trate como uma criancinha... que fosse atrapalhar os negócios do papai... inferno.
-São... alguns negócios e não quero olhos sobre você!- disse o loiro irritadamente se pondo na sua frente.
-Você... pretende fazer o quê a longo prazo? Me enfiar em um quarto fechado só para seu prazer? Não sou uma coisa...
-Não... por isso não quero outro problema como o de Antonius... me obedeça... Harry.- Draco se abaixou e pôs as mãos sobre as suas no seus joelhos.- Você não quer outra encrenca daquelas quer?
-Claro que não... mas... - passou a mão nos cabelos loiros do outro impecáveis como sempre.- Eu não queria ficar tanto tempo longe.
-São só alguns dias... e os elfos cuidarão de suas necessidades... certo?
-Certo.- disse amuadamente.
-Eu tenho ótimos instintos...- disse baixo.- Sabe, eu devia ter prestado atenção neles... mas odeio solidão... me deprime... eu caí num torpor estranho naqueles dias... mal me alimentei... demorei para me preocupar... no segundo dia disse para um elfo suspender as refeições... eram prazerosas em companhia... mas sozinho... além de dispensáveis... eram deprimentes... mas uns cinco dias depois... meu cálice matinal falhou.
-Cálice?
-O sangue que Draco me providenciava... eu não sabia, nem queria, caçar... mas eu não me importei também... estava... chateado... e os dias viraram umas duas semanas... depois de tantos dias sem me alimentar... resolvi procurar os elfos... e um deles me disse que o estoque que havia era para apenas quatro dias... fiquei preocupado.
-Malfoy não havia pensado nisso?
-Havia... mas como eu disse...
-Alecssis?
Concordou com a cabeça.
-Dez dias sem repor o sangue sente-se sede e fraqueza. É o que se chama de limite... como eu nunca me alimentara, eu só me sentia doente. Avisei aos elfos que iria me recolher, ainda na esperança de que Draco voltasse com um belo pedido de desculpas... mas disse que se passasse o décimo segundo dia que me acordassem... e eu resolveria o que fazer.
-Você foi dormir?
-Sim... poupar minhas forças...
-E o que aconteceu?
-O maior susto da minha vida.
Estava adormecido pelo quarto dia... semi adormecido... deitado na cama de Draco, porque lá havia o cheiro do outro que lhe confortava... além do mais a cama com cortinas era mais escura... era o décimo primeiro dia e sentia-se dolorido e fraco... ainda meio aborrecido e meio preocupado com o loiro... então ainda achando que delirara, achou ter escutado um som próximo da cama.
-Quem está aí?
Silêncio... talvez não fosse nada... talvez um elfo conferindo se estava bem, na iminência do décimo segundo dia. Então escutou o som da cortina ás suas costas e um cheiro bom.
Perfume de favorito de Draco... sorriu e ergueu-se, virando-se.
-Drac...
Os olhos duros de Alecssis o recepcionaram... o outro havia aberto a cortina e apoiado um joelho no colchão.
-Onde está Draco?- perguntou sentindo um frio na espinha.
-Longe...
-Então o que está fazendo aqui?
-Você vai... saber...
-Não ouse...
Harry apenas suspirou...
-Eu não teria chance alguma... ele era muito mais forte.
Alecssis agarrou-o pela camisa amassada que vestia porque tentara se afastar... Harry tentou se debater... mas não tinha forças... Alecssis sorriu com presas á mostra... um olhar animalesco.
-Eu vou... brincar com você... e depois...
-Draco vai te matar!- Harry ofegou ao sentir as garras do outro atingir-lhe a pele ao arrancar-lhe a camisa.
-Draco precisará de mim... para te esquecer... seu viadinho fracote. Dói não dói? Fraco assim...
Alecssis segurava seus pulsos com uma da mãos... sentado sobre seu estômago, a outra mão arrancara a sua camisa, fazendo tiras do tecido e agora a garra negra afundava em sua pele... fazendo riscos fundos e sangrentos... perigoso... se sangrasse demais... morreria.
-Desgraçado! O que pensa...
Alecssis soltou sua mão... e Harry arregalou os olhos ao perceber o motivo e mal teve tempo de se proteger... Alecssis começou com patadas fortes até dar um ou dois socos... fazendo-o se encolher sob seu peso e arquejar... ferido.
-Manso agora viadinho?-Alecssis riu alto.
Aproveitando a distração atacou-o, ainda tinha muita garra e vontade de matar o outro... por aquela situação... mas que chance tinha? Que chance tinha um animal doméstico diante de uma fera selvagem... era essa a situação... acabou apanhando.
Alecssis o segurou pelo pescoço... Harry ofegava com o rosto ferido mas ainda mantendo o olhar furioso...
-Vai... querer apanhar mais? Fracote? Depois de dias... hum... fraco como você... não tem chance... eu me alimentei antes de vir... e bem... faz quantos dias mesmo? Onze?
-Foi você...- balbuciou.
-É bem...- sorriu Alecssis.- Foi sim... eu sumi com o estoque... só deixei... pra... quatro... dias... tempo suficiente para enganar os elfos... eles não conferem as coisas direito.- riu.- Agora... vamos... brincar.
-Não...- gemeu.
Ainda lutou... lutou mesmo se ferindo... lutou para manter a roupa no corpo por mais arranhões que sofresse... lutou para evitar o outro sobre si.
Lutou em vão.
-Lembra... daquele dia... eu disse que ia te comer e te matar...- disse Alecssis.
Sem nenhuma preparação, Alecssis o possuiu com violência... fazendo-o gemer de dor.
-Gosta disso?- Alecssis disse rosnando em sua orelha. - Você é uma vergonha... um fraco... eu sabia disso desde que pus meus olhos em você... Draco pode se deixar levar por essa sua cara... esse seu corpo... mas você é um fraco... sempre será.
Harry fechou os olhos cansado... machucado demais para protestar... desistiu de se debater para não se ferir ainda mais... deixou o outro ir em frente... e Alecssis fez o que prometera... o possuíra... se vingara... cravou garras em seu quadril abrindo rasgos em sua pele e mordera seus ombros no ápice.
-Você está... parecido com ela...- Alecssis sorriu.- Lembra...
A imagem da garota arrebentada como uma boneca de pano... lhe passou pela cabeça... mas estava com o pescoço ferido... doía demais para se atrever a falar... sentiu Alecssis o puxar pelo cabelo... tentou andar mais foi arrastado... nú e arrebentado para fora do quarto.
-Vamos acabar com isso logo... logo.- sorriu Alecssis... quero que veja um lugar... está vendo? já amanheceu...
E Alecssis o arremessou do segundo andar para a sala abaixo... Harry sentiu o impacto e tentou se mover... em vão... algo havia se quebrado... sentiu lágrimas afluírem... de dor... uma dor forte... tossiu afogado... tossiu sangue.
Sim... pensou ao olhar o teto envidraçado acima... havia amanhecido... Onde estava Draco?
Alecssis o puxou por um dos pés o arrastando... e assobiando uma música que não lhe era estranha, o levou pelo caminho externo para a masmorra... óbvio que o sádico preferia esfolar suas costas nas pedras do caminho... nos degraus de cimento do que os de mármore do caminho interno... sua cabeça batia degrau a degrau... o sol já estava firme... no céu... o calor começava a ser insuportável.
-Chegamos...- Disse ele largando seu pé e o olhando...- Bem... nas despedidas... a gente diz algo bonito, mas sabe... eu... só quero que você se foda e suma o mais rápido possível da minha vida... Não se preocupe... consolarei Draco.
E o agarrou pelo braço e jogou dentro do que parecia ser uma cela.
-A torre do sol.- disse num suspiro olhando a face surpresa do outro.- Ora Alissom... eu estou aqui não estou?
-Alecssis era um monstro... -Alissom balbuciou.
-Ele era só... um idiota ciumento... monstro? Sim... mas monstros somos todos em parte. Ele era um psicopata... mas sabe... Draco nunca fez nada para melhorá-lo.
-Ele estuprou você.
Deu de ombros.
-Antonius não fez diferente... nem Draco inicialmente.
-Isso não te... revolta?
-Revoltar?- Pensou.- Não... depois de tudo que passei... aquilo... era só mais uma das coisas... eu tive medo... sim... tive raiva... mas depois... a vida continua.
-A vida continua.- Alissom repetiu baixo.
Escutou o outro rindo... até a risada sumir... caído no chão... quebrado, não conseguia se mover... sentia o corpo todo doer... muito parecido com uma Cruciatus... e o sol forte... que começava a entrar na cela... era um poço... acima o céu azul o qual não podia olhar porque doía ver aquela luz.
Ia morrer. Engraçado.
Agora estava com medo de morrer... a luz chegava mais perto e sentia-se suar, sua pele ardia. Devia ser próximo das onze horas... ao meio dia morreria.
E tinha medo... porque... não sabia mais se ia encontrar o que planejara... antes, sabia que podia morrer como um herói e talvez achasse aqueles que amava... mas agora.
Não sabia o que alegaria se os achasse... se tivesse a chance de os achar... e também...
Não queria deixar Draco.
Então... tinha medo.
Um bom tempo depois... o sol chegou bem perto de onde estava... seu pé que estava mais a frente foi atingido... no início pareceu gelar... então... começou a queimar... gritou... um grito rouco e fraco.
Em menos de um minuto... a porta se abriu com força e Harry sentiu-se puxado... e a porta bateu.
Bendita escuridão... onde brilhavam olhos azuis acinzentados, como diamantes... Draco o olhou inteiro.
-Harry...- balbuciou.- Ah... me perdoe...
Apenas piscou os olhos cansados e magoados até perceber que o outro o olhava... com uma marca que ia do olho ao queixo.
Sangue... Draco chorava sangue... Vampiros só choram sangue... numa grande emoção... numa grande dor. Draco acariciou seus cabelos... e seu rosto machucado.
-Harry... diz algo... por favor... - Draco gemeu.
Harry só tentou sorrir... mas acabou explodindo em lágrimas.
-Porquê me abandonou! -gemeu agarrando o outro.- Porquê? Eu não quero ficar sozinho! Não me deixa sozinho nunca mais!
-Era a terceira vez... que eu chorava assim... a primeira foi pela morte de Lupin e a segunda quando voltei de Stmungus... porque eu me culpava... mas dessa vez... eu chorei... como uma criança... foi a primeira vez que chorei assim... assustado.- disse acendendo um cigarro.- Eu devia ter chorado mais em vida.
-Devia ter chorado mais?
-Um dia Alissom... chore. Faz bem. Chore algo que perdeu, que ganhou, uma coisa boa ou ruim... chore por si... e por outro, chorar é como rir. Só que mais íntimo.
-O que houve depois?
-Eu lembro muito pouco... estava muito debilitado... Draco me levou para cima... e fez algo, acho que com a varinha... e me tratou... me alimentou, me fez adormecer... só quando acordei... ele me disse.
Abriu os olhos com o som do mar e de gaivotas... era pôr-do-sol... dava para ver pela cortina leve de seu quarto... a luz avermelhada... sentou-se na cama, sentindo o corpo amortecido.
-Não se mova demais... seus ossos não se restabeleceram ainda...- disse Draco.
Olhou-o, ele tinha leves olheiras sob os olhos.
-O que houve?
-Ele partiu sua coluna... sua cabeça... e outros ossos... além... de ter...- Draco fechou os olhos e acariciou seu rosto.- Me perdoe... eu fui cego.
-O que aconteceu? Porquê... você demorou? Porque... ele... veio antes?
-Eu ia passar vinte dias fora Harry... não imaginei que ... aquele vagabundo maldito fosse sabotar seu estoque... ele veio sem minha permissão... Alecssis já rompeu o elo.
-Como me achou? -Perguntou vendo o outro se aproximar e aconchegá-lo no colo... fechou os olhos com prazer ao sentir o carinho nos cabelos.
-Eu vim atrás dele... sabia que ia aprontar quando sumiu... eu tive tanto medo de chegar tarde... quando cheguei... Só encontrei elfos assustados e marcas de sangue... então ouvi você gritar...
-Me ouviu?- abriu os olhos porque o loiro suspirou e lhe acariciou o rosto.
-Por um segundo... achei que era tarde demais... e que ia encontrar... suas cinzas... arrisquei abrir a porta.
-Que bom que arriscou.- disse baixo.
-Harry... você tem... que se alimentar... não pode... ficar fraco assim...
Harry apenas fechou os olhos.
-Não.- Draco disse sério.- Tem que aprender a caçar... que droga Harry! Acha que não virão atrás e você? Acha que Antonius é o único que vai tentar dominá-lo? Você é especial que merda! Sempre foi!
Olhou o outro, Draco o encarava. E disse por fim.
-Olha pra mim! Harry! Olha bem! Eu não sou nada mais que um vampiro... eu... amo você... mas não...
Calou o outro com a mão.
-Obrigado Draco.
-Eu não vou poder protegê-lo pra sempre.- Draco disse baixo entre seus dedos.
-Mas eu vou pertencer a você pra sempre...- disse e suspirou.
-Porque você não quer... se alimentar? Tem medo que mude algo? Harry ninguém perde a humanidade por se alimentar... certo? Não precisa matar ninguém... você sabe...
-Não tem nada com matar ou humanidade seu idiota.- Harry riu.- Eu matei e gostei de matar na guerra por mais que tenha dito o contrário.- disse segurando o rosto do sonserino.-Eu não tenho medo de caçar... seu burro.
Agora Draco o encarava surpreso.
-Deixar você... cuidar de mim...- sorriu.- Deixar... de pensar... deixar de decidir... deixar de ser... importante... só ser... abrir mão é tão mais fácil- disse.
-A confissão da minha vida.- disse cinicamente.
Alissom o encarou.
-Sempre achei... que você...
-Que eu.. era bonzinho? Que eu... "não queria morder ninguém pra não machucar ninguém?" Me poupe Alissom... não é preciso matar ninguém... temos meios de beber... sem matar...
Alissom apenas abriu e fechou a boca.
-Eu vi tantas mortes... matei tanto, eu matei sim... porque acha que estava... tão "enlouquecido" quando a guerra acabou... era só o que eu sabia fazer...
-Mas quando Malfoy te mordeu... achei que tinha odiado... que não queria.
-Eu não saberia mais viver... normalmente.Por isso queria morrer Alissom... eu demorei para entender... que não precisava viver NORMALMENTE.- sorriu.- Ora... com o tempo viver como um vampiro era agradável e com Draco... havia quem cuidasse de mim... era só o que eu queria... tão cômodo, sem decisões... sem mandar... sem responsabilidade. Decepcionado hein?
O rapaz se ajeitou na cadeira e Harry sentou-se o encarando.
-Por isso eu disse... que não queira uma elegia ao mito... eu não sou um herói.-Acendeu mais um cigarro e disse baixo pensativamente.- Muito pelo contrário.
Alissom deu um grande gole em sua taça de vinho, Harry encheu as duas novamente.
Draco o olhava... então pareceu farejar... e ergueu o rosto já com olhos totalmente azuis... eram como brilhantes... um azul cristal... frio... acinzentado... o rosto pálido e os caninos pontiagudos projetados... um ronco leve subiu dele.
-Draco...- disse baixo.
E o loiro o olhou.
Harry apenas estendeu a mão.
-Minha varinha...
-Você está fraco.
-Sim... como vampiro... sou muito fraco.- sorriu...- Como bruxo... não.
-Ele já está no quarto.- disse Draco.- farejando você...
-Então... se apresse.- Acariciou o rosto longo e branco.- Certo?
Draco pareceu ponderar por um segundo e então se levantou.
Harry seguiu-o a uma certa distância... não entrou no quarto... mas escutou as vozes.
-Onde está a puta?- rosnou Alecssis.
-Onde você o deixou?- Draco perguntou gravemente.
-Com certeza não está mais lá... sinto o fedor dele! Draco! Ele é um fraco! Uma vergonha!
-Porque acha que eu o fiz?- Draco disse.- Hein? Alecssis?Porque você acha que eu sempre disse... meus? Os dois? Porque você acha que não o pus pra fora? Meu primogênito? EU CONFIAVA EM VOCÊ!
-Você me abandonou quando o criou! Draco... éramos bons juntos! Éramos perfeitos... ele estragou tudo... Draco... olha pra mim. Onde vai?
-Você me desapontou...- Draco disse da porta.- E quebrou uma das regras... você sabe qual é a punição.- Draco disse da porta e olhou Harry entregando-lhe a varinha.
-Que seja!- rosnou o outro avançando... num pulo.
Harry ainda apoiado na parede viu o outro encará-lo e Draco puxou o banco no corredor... olhando.
-Vamos acertar contas... desgraçado.- Harry disse baixo.
-Entre minhas perícias estão incontáveis feitiços antigos contra criaturas das trevas... que obviamente não vou descrever... porque... hoje... poderiam ser facilmente usadas contra mim... mas das quais pouquíssima gente tem conhecimento... Digamos que Alecssis sentiu na pele... minha fúria...
-Você... o matou?
-Não. Mas ele nunca esqueceu a surra que levou posso garantir... Draco não permitiu que eu o "purificasse".
Alecssis recebera mais Cruciatus e maldições que poderia se lembrar a quantidade e ordem... despencara escada abaixo com o corpo coberto de cortes e queimaduras e agora parecia mais um animal prestes a ser abatido...
-Puri...- disse furiosamente para a figura estendida no chão mas que ainda tentava aprumar-se para atacar... Harry descia devagar a escada, escorado na parede, dado o fato de ainda não estar de todo recuperado...
A mão segurou com força seu punho.
-Não.- Draco disse sério.
-Mas...- Harry olhou o outro e se calou.
-Vá embora Alecssis... meu filho... vai... você já rompeu o elo e vai saber se cuidar... nunca mais volte... se aparecer na nossa frente... vai morrer... eu não impedirei Harry uma segunda vez... VÁ!-Draco rosnou.- Lembre-se que eu não o puni... só permiti que Harry acertasse as contas... vai.
-Vai se arrepender... Draco.- Alecssis disse baixo se arrastando.
-Pega o carro.- Disse Draco.- Onde estão tuas coisas... leva contigo... vai Alecssis... vai viver tua vida... e nos deixe em paz.- Draco soltara a mão de Harry e agora o segurava pela cintura.
Alecssis saiu rápido... pegou o carro no qual viera e se foi.
Draco puxou de leve a varinha.
-Tem medo que eu use... contra você?- Harry perguntou.
-Hum... não...- disse Draco devagar com a outra mão também na sua cintura.- Só quero ter o prazer de fazer você... pedir por ela...querido.
Harry sorriu.
-Hum... foi prudente deixá-lo ir?
-Alecssis foi meu primeiro Harry... isso significa algo... até pra mim.- Draco disse e se virou... subindo.
-Draco sempre foi mais sentimental do que gostaria...- disse com um suspiro.- E agora você está começando a concordar que todos somos monstros... Mudança rápida de opinião... não?
-Você o mataria? Ali?
-Hum... com o maior requinte de crueldade que eu pudesse.- disse pensativamente.- Sim... acho que estava suficientemente fulo com ele...
-E depois?
-Lua de mel...- sorriu fechando os olhos.- Dois meses... de paz... sexo e sangue... é foram bons...
-Sexo e sangue?
-Ora Alissom... eu disse que não tinha medo de caçar...
O rapaz estremeceu e Harry riu balançando a cabeça, voltando a encher as taças.
