Let's walk together.

Socava uma árvore qualquer do lado de fora da casa... grunhindo antes de cada pancada, acabando por machucar todos seus dedos. – desliza até o chão, com as costas encostadas na árvore. Abaixando a cabeça e apoiando os cotovelos no joelho.

"Só não queria ter feito isso... queria não ter me apegado... inferno!"

Soca a própria perna, abraçando as duas em seguida, tentando controlar a própria fúria. Mas talvez fosse melhor assim mesmo. Não teria que se esforçar para mudar. Não teria que ter crises em relação a toda essa história... e em tão pouco tempo. Um dia... bastou um dia para que descobrisse... o porque da "história".

"Não tem história nenhuma... gato burro." – se corrige. – "Não aja como se tivesse acontecido alguma coisa... não há nada mais patético do que sofrer por alguém. É só aquele rato estúpido. Nada de especial."

Se levanta voltando para a sala, vendo-o lá... virando o rosto e indo até o telefone. Era domingo e ainda tinha o dia inteiro para fazer alguma coisa.

Yuki o olha atentamente, por mais que preferisse esquecer tudo, estava mortalmente curioso, queria saber pra quem Kyo estava ligando... mesmo sabendo que não tinha esse direito. Estava tão difícil... de controlar.

- Tudo bem. – sorri meio estranho, ouvindo algo ao telefone – Lá mesmo então. Ta bom. Beijo.

"Beijo! Ele disse beijo! Será uma menina? Ah... seja lá o que for. Que seja." – desde quando Kyo havia feito amigos? Desde quando Kyo mandava beijo por telefone? Desde quando... Kyo fingia que não notava sua presença? Mesmo que apenas para brigar... onde estava a sua importância na vida do gato?

E o menino de cabelos alaranjados deixa a sala, logo deixando a casa... andando apressadamente para algum lugar. Yuki finge não notar... sentindo um enorme arrependimento... uma dor incrivelmente forte dessa vez. Seus próprios pensamentos o assustavam... pela única vez em sua vida, havia perdido completamente o controle do que imaginava.

"Honda-san..." – pensa – Onde está Honda-san! – sentia que precisava da companhia dela... só a tranqüilidade dela fazia seus conflitos irem embora.

- Souma-kun? Me chamou? – sorri, alegremente – Estou aqui. Você está bem?

- Eu... – sabia que ia se arrepender do que fazia, fazendo a menina e ele próprio terem conhecimento de um lado que, apesar de tudo, não admitia que tinha... era pressão demais dele próprio sobre ele. Mas não agüentava mais... estava ficando sem ar. Respirava pesado.

-Souma-kun! Você está bem! – o segura, quando Yuki desmaia. Chamando Hatori, este examina Yuki, aplica uma injeção em sua veia e diz para Tohru que este devia descansar.

A menina fica ao lado dele até que este acorda, olhando a face assustada da menina, logo vendo-a sorrir quando abre completamente os olhos.

- Souma-kun! Como está se sentindo! – Tohru senta-se a beira da cama do rato, pegando sua mão e o olhando com preocupação.

- Estou bem... Desculpe-me por desmaiar, senhorita Honda, não queria te assustar. – senta-se na cama.

- Me conte... o que te preocupa? Hatori disse que o desmaio teve a ver com seu problema respiratório, e que o teve agora porque estava nervoso. Se eu puder fazer qualquer coisa pra te deixar mais calmo... quer conversar comigo?

Aqueles olhos, tão encantadores e preocupados... pareciam ter como único objetivo de vida ajuda-lo. Parece que não ia conseguir deixar de continuar a frase que ia falar na sala. – Honda-san... você sabe do Kyo?

- Neko-kun voltou faz uns 15 minutos! Está em seu quarto! -

- Ah sim... ele... chegou a me ver desmaiado?

- Ele chegou com um menino... não falou com ninguém... acho que nem deve ter reparado... só soube que ele chegou porque ouvi as vozes, e como estava com visita, não quis atrapalhar. Ele parecia estar muito animado! Fico feliz... Kyo andava tão tristinho. – e essa era uma coisa que Tohru realmente não precisava ter dito.

- Ahn... – sente a maldita dor no peito, parecia ser a pior dor do mundo.

- Está se sentindo bem, Souma-kun!

- Sim... – sorri – foi só uma pontada, nada físico, talvez pelo susto do desmaio, não se preocupe.

- Yuki-kun... – sente doçura nas palavras da menina – Esse desmaio... a pontada... tem a ver com o Kyo, não é?

O menino sente seu coração bater muito rápido... era tão difícil ouvir esse nome. – Por que me diz isso?

- Só você... só você não percebe... que... não é mistério nenhum, Yuki-kun... você o ama. E sabe bem disso.

- N-não! Não diga tolices! Nunca amaria aquele gato idiota! Ele... não tem nada pra ser amado... – impressionava-se com o modo que estas palavras se tornavam hipócritas saindo de sua boca e com como Tohru tinha facilidade para entender destes assuntos...

- Des-desculpe, Souma-kun! Não queria te deixar zangado!

- Me desculpe você... – sorri, conformado – sabe, tohru... você entende mesmo as coisas, não? – suspira triste.

- Me conta... o que houve... – acaricia seus cabelos.

- Não sei dizer... mas... machuca muito, Tohru. Eu tentei ao máximo esquecer, achava loucura ir a frente com aquilo. Não... eu não queria. – imagina como a menina devia estar o vendo nesse exato momento – Ah! Não! Você deve me achar um pervertido! Nojento... desculpe-me, não deveria falar dessas coisas com você! Eu...

- Yuki... você deixou Kyo quando ele estava começando a entender o quanto você é importante para ele. Kyo está extremamente machucado... mas ele não demonstra.

- C-como você sabe essas coisas!

- Eu vivo a mais de um ano nessa casa, com vocês... Kyo é imprevisível no modo de agir, mas seus sentimentos, são facilmente notáveis, não é preciso nenhum esforço. Desde que Kyo veio para cá, tudo que ele tem feito foi brigar com você. Brigava de dia, sorria a noite, olhando para você... carinhosamente. Não ficava observando, mas um dia, reparei Neko-chan indo até a porta de seu quarto, achei muito estranho, com medo de haver uma briga, não sei. Foi quando vi seu rosto. É um sorriso lindo Yuki, que talvez, nem você tenha visto. É um sorriso que a gente não mostra para a pessoa que nós... amamos... sem ter certeza de que elas vão retribuí-lo.

Estava bobo. Isso só o fazia se apegar mais a Tohru, e se, o problema que tivesse não fosse relacionado a Kyo, com certeza, estaria se declarando para Tohru. Mas é aquela velha história, quanto mais se fala de seus problemas, mais eles te assombram. E mesmo que dissesse amar Honda-san, se unisse a ela e fingisse esquecer Kyo, ia viver, para sempre, com aquela maldita dor no peito, que parece que crescia cada vez que via Kyo. Era vício. Era algo fora de seu controle, e não tinha nada que o assustasse mais do que isso.

Na verdade, Yuki não odiava Kyo quando este chegou á casa. Ele apenas seguia o gato no joguinho dele... afinal, não trataria bem alguém que o olhava com tanta fúria. As vezes, o menino de olhos violetas, tinha vontade de abraçar o gato, e e dizer o quanto gostaria de protegê-lo, de tirá-lo desse pesadelo. Não via isso como nada demais... relevava esse tipo de pensamento quando o tinha. Era cada vez mais movido pelo imenso desejo de conquistar aquele difícil menino. Isso o motivava a ter raiva de Kyo... Não entendia, como podia alguém, odiar tanto outra pessoa, sem nexo. Não agüentava mais ter que bater em Kyo todo dia. Mas... pelo menos assim, fazia parte da vida dele de algum jeito, isso era o que o aliviava um pouco. Mas... agora descobrir que Kyo sentia o mesmo, apenas lhe dava vontade invadir o quarto do outro, expulsar o tal menino e cair em seus braços, se declarando de um jeito avassalador e passar o resto de seus dias com ele. Mas era mais um desses pensamentos que iria ignorar completamente. Por mais que já estivesse sufocando por causa deles.

Olha para Tohru – Ele... fazia isso mesmo? – sorri triste.

- Sim... Yuki. Quando eu fui passar esse fim de semana na casa de Uo-chan, Shigure havia me dito que vocês estavam estranhos, até quando me contou que havia visto vocês dois juntos, no telhado. No dia seguinte eu viajei, muito feliz! Afinal, achei que vocês estivessem felizes, que tivessem se declarado, algo assim.

- NÃO HÁ NADA PARA SER DECLARADO! EU PREFIRO A MORTE DO QUE FICAR COM AQUELE ESTÚPIDO! – não entendia a si mesmo, se ela já sabia... por que continuava negando! Medo? Insegurança? Ciúmes...?

Neste momento Kyo entra no quarto, havia ouvido tudo do lado de fora, uma vez que o menino já havia ido embora.

Yuki o olha, respirando pesado, assustado pela aparição repentina.

- Foi mal interromper, Tohru. Tô passando pra avisar que vô passar a noite fora. – olhava pra baixo, a sombra sobre seus olhos e sobre seu rosto por um inteiro não permitia que os outros vissem sua expressão.

- Tudo bem, Kyo-kun! - - Mas aonde vai passar a noite?

- Por aí. Na casa de um amigo. – olha para Yuki, seus olhos estavam vermelhos, sua expressão, derrotada.

- T-tá... – a menina estava triste pela situação dos dois, ela sabia de seus sentimentos desde o primeiro momento em que viu seus olhos.
Precisava pensar em algo. – Oh não! Kyo-kun! Vou precisar passar a noite fora! Você poderia ficar por aqui? O Yuki desmaiou lá embaixo, ele parecia estar muito mal! Não queria deixá-lo sozinho!

- Mas... ele parecia estar ótimo inda agora. Quando berrou aquelas coisas... – voltou a olhar para baixo. – Não tenho outra escolha, não tenho porque deixar um menino doente sozinho aqui. Faço isso por você Tohru. – sorri para a menina, olhando, de relance, para a cara do outro, que parecia chocado.

Tohru corre até Kyo, sorrindo para ele, dizendo algo baixo em seu ouvido e saindo, arruma suas coisas e liga para Uo-chan, parece que teria que deixar os dois sozinhos, Shigure entenderia.

Kyo entra no quarto do garoto. Senta-se, formalmente à cadeira ao lado da cama,
mirando-o imparcialmente. – Como você se sente? – pergunta friamente, olhando para o lado.

- M-melhor. Obrigado por ficar. – o olhava, um olhar triste.

- Não fiz isso por você. – mira o teto.

- Eu sei... não precisa dizer. – sua voz era baixa e calma. Desanimada. Olhava para suas pernas, cobertas pelo lençol. Encontrava-se sentado na cama... ao mesmo tempo que seus dedos de batiam freneticamente, em um gesto de nervosismo.

- Não acredito que estou aqui com você. Rá.

- ... Eu... sei... – a voz estava meio abalada.

- É o cúmulo.

- Já entendi... – tremia, sobrecarregado.

- Não merecia nem que eu cuspisse em você. Não sei porque acha que tem esse direito sobre as pessoas, tem duas caras, falso. Maldito.

- CHEGA! – seu rosto estava rosado e lágrimas já desciam, enquanto mirava Kyo, com um olhar de pura decepção. – EU NÃO SOU OBRIGADO A ATURAR SUA IGNORÂNCIA! VOCÊ ME TRATAVA COMO UM VERME! EU NUNCA QUIS, NUNCA QUIS BATER EM VOCÊ! LUTAR COM VOCÊ! NÃO FAZIA SENTIDO! VOCÊ ME INDUZIA A ISSO! NÃO ME IMPORTA O QUANTO VOCÊ ESTEJA SE ESFORÇANDO AGORA, NÃO É O SUFICIENTE! PORQUE... PORQUE... – desarma - Porque... você não está comigo... quando... eu... gostaria que estivesse... e... – respirava pesado – o que mais me irrita... é eu não ter o direito de cobrar nada de você... kyo-kun. Eu só queria poder te beijar quando eu bem entendesse, queria saber o que você faz e quando você faz. Não tenho... importância nenhuma na sua vida, meu coração dói absurdamente, toda vez que... – puxa o ar muito forte, os nervos a flor da pele – penso... que... você... quer me ver morto. E a única coisa que tenho vontade de fazer, é realizar seu desejo, pra ver se você... fica feliz... pra ver se você gosta mais... do que eu te passo, ou passei, como pessoa. – sorri, desmaiando em seguida. Os olhos arregalados de Kyo focam o rosto do garoto, e seus braços automaticamente, envolvem o corpo, quase do mesmo tamanho que o seu, deitando ao seu lado na cama, alisando seus fios, com todo o carinho possível. Passa a mão de leve em seu braço, quase sem encostar, tentando acorda-lo, encosta seus lábios nos de Yuki. Pega na cabeceira, uma colher com sal, sua pressão estava baixa, abre a boca do rato, delicadamente, colocando uma porção embaixo de sua língua. Pega também, a compressa de água fria, apoiando-a em sua testa, enquanto mirava-o alucinado. Como conseguia ser tão perfeito?

Longos 30 minutos de passam, então Yuki acorda. – Tohru? Hatori? – olha para os olhos rubi, que o miravam, só então nota os braços de Kyo envolvidos em sua cintura, e a maldita mão dentro de sua maldita camisa. Fica o olhando com o olhar mais doce que conseguira. Sente os dedos do outro acariciarem seu rosto e sua barriga ao mesmo tempo. Fecha os olhos violeta, aproveitando o momento.

- Eu te concedo... todos esses direitos... Yuki-kun...

- an!

- Não suportaria a dor da sua morte, nunca admiti, que independentemente do motivo... sem você tudo ficaria mais vazio. Não entendo muito bem como isso tudo aconteceu... mas um dos grandes motivos de te tratar tão mal... era por não entender que eu sempre tive você em minha cabeça, mais ninguém. Espero que possa me perdoar. Eu não agüento mais te ver triste. Não agüento mais te ver desanimado, frio, indiferente. Cada olhar seu era como uma facada... precisava te dizer tantas coisas... mas simplesmente não saia. Como fui egoísta.

- O pior tipo de egoísmo, é aquele que te faz apodrecer por dentro, ao não aceitar que não precisava ter agido de modo tão rude... o arrependimento... é um tipo de egoísmo. O que nos prova... que egoísmo não é tão ruim assim... porque quando percebemos o que fizemos, sempre tentamos voltar atrás, se for de grande importância para nós consertar o erro. – sorri – Não me importa o que passou... já me acostumei a esse casulo onde sempre vivi. Não sofra mais, Kyo-kun. Faça o que quiser.

- A única coisa que quero no momento, é esquecer as inúmeras vezes que não tinha vontade de levantar da cama, por não querer parar de sonhar com seu rosto... Como é difícil aceitar... argh... muito difícil entender.

- Eu sei...

- Você deveria me odiar, Yuki.

- Eu sei disso também. – gargalha baixo.

- Por que não o faz?

- É impossível odiar alguém como você... eu juro que tentei... já até me enganei achando que o fazia... mas... nunca te odiei de fato.

Ficam calados por alguns segundos.

- Será que é tão fácil quanto parece?

- Não me interesso por coisas fáceis. – o beija, o máximo de afeto que poderia demonstrar, demonstra nesse momento.

A noite cai, e o céu estava sem estrelas. Todo o brilho dos olhos dos dois ofuscava qualquer outro tipo de fenômeno. E, independentemente do que aconteceria depois desse acontecimento... uma onda negra sai da casa neste momento. Estariam eles, finalmente, livres?

fim.(?)

xx eu odeio terminar fic! Ahhh :

mas foi o que consegui imaginar u.u

me xinguem, critiquem, qualquer coisa, mas mandem reviews o.ó

I:

ps: não sei porque teria uma continuação, acabaria desgastando... mas quem sabe né? U.ú