Chamas da Traição – Capítulo 2

Disclaimer 1: Os personagens não são meus. São da JKR.

Disclaimer 2: Nem a história é minha. É da gentil marietsy. Só estou traduzindo. Ela é um amor e me deixou muito feliz.

A.N.: Pessoal, muito obrigada pelos reviews. Eu achei que ia ser apedrejada por colocar um Manipulative!Dumbledore após os acontecimentos de HBP, mas felizmente vocês gostaram do início. Divirtam-se:)


O jovem rapaz na cela tremia violentamente. Ele estava encolhido como uma bolinha tentando encontrar um pouco de calor naquele frio intenso. Seus pensamentos eram incoerentes; as imagens de sua mãe gritando e morrendo passavam repetidamente por sua cabeça. Ele se mexeu um pouco e enterrou sua cabeça debaixo dos braços, tentando bloquear os sons dos gritos vindos de sua mente e dos outros prisioneiros.

Vagarosamente ele se endireitou e se sentou, conforme as imagens iam desaparecendo. O feitiço fora desativado e seus pensamentos voltaram ao normal. Ele encostou-se à parede, se sentindo fraco. A comida não era muito boa e era dada uma quantidade aos prisioneiros apenas para se ter certeza que não morreriam de fome. Ele achou que havia tido sorte em ter sido sentenciado em Azkaban. Os dementadores haviam abandonado a prisão, quando se uniram a Voldemort. Ele imaginou que estaria livre dos efeitos, mas duas semanas após ter sido preso, o Feitiço Dementador, como era chamado, foi integrado às proteções da prisão. Ele imitava os efeitos dos dementadores, sugando todas as memórias felizes.

O feitiço era ativado por uma hora na primeira semana, e com o passar das semanas, o tempo de efeito foi aumentando. No fim do primeiro mês, os prisioneiros ficavam livres do efeito por quatro horas. Acho que eles não querem seus prisioneiros muito insanos, ele pensou com sarcasmo.

Ele deixou escapar um pequeno soluço, mas rapidamente se controlou para não deixar mais nenhum escapar. Ele não daria aos guardas o prazer de vê-lo chorar. Periodicamente eles apareciam lá para insultá-lo, para dar uma olhada em seu ex-salvador.

Ele imaginava como as coisas deveriam estar no Mundo Mágico agora. Voldemort estaria se aproximando de seus objetivos? Quantos estariam morrendo? Quantos poderiam ter sido salvos se ele pudesse ter dito a alguém sobre suas visões? Voldemort nunca mais tentou invadir sua mente, desde o dia do julgamento. Ele achou que provavelmente seria mais difícil entrar em sua mente pela ligação que eles tinham enquanto ele estivesse em Azkaban. Parecia mais do que possível ainda que Voldemort não achasse que valia a pena.

Claro, ele estaria tendo problemas para entrar em sua mente. Em seu décimo sétimo aniversário, ele adquiriu sua herança mágica e isto envolvia ganhar uma quantidade significante de poder. Ele ficou surpreso com a sensação de poder que ele sentiu quando acordou do coma mágico. Desde o influxo de poder, ele começou a treinar para usar mágica sem sua varinha. Ele não podia fazer muita coisa, já que seu corpo estava fraco, mas se ele estivesse fora da prisão, ele poderia fazer muito mais. Utilizar este tipo de mágica já era como uma segunda natureza para ele, mas infelizmente, não havia nenhuma utilidade em Azkaban. Ele apenas se auto-instruiu nisso para não enlouquecer.

Outra coisa maravilhosa que aconteceu foi que ele se tornou um animago. Ele ficou bastante surpreso porque pelo que ele sabia, era necessária uma poção para ajudar no processo. Ele conseguia se transformar em um enorme lobo prateado mas, mesmo sendo isso fantástico, não havia muita utilidade. Desde a fuga de Black, as defesas ao redor da prisão foram reforçadas para manter os animais lá dentro. Se houvesse algum outro animago não registrado ele não poderia escapar.

Ele não usava sua forma com muita freqüência. Ajudava algumas vezes quando os efeitos do feitiço se tornavam particularmente ruins. Ele podia se transformar e os efeitos seriam reduzidos, mas nada realmente ajudava a parar completamente os efeitos do Feitiço Dementador.

Ele teria amado partilhar esta informação com Ron, mas Ron o odiava. Ele abaixou sua cabeça e duas lágrimas escaparam de seus olhos. Ele sentia falta de Ron, seu melhor amigo, seu irmão. Ron sofreu junto com ele em tudo isso. Ele havia acreditado nele quando ninguém mais acreditou, quando todos viraram as costas para ele e nem se importaram em tentar encontrar o verdadeiro assassino. Ron lutou por ele e ficou do seu lado, firme na idéia de que Harry não era um assassino. Harry era muito grato por isso e sempre seria. Ele se lembrava do olhar de traição no rosto de Ron quando Voldemort o possuiu e o fez mentir. Ele também entendeu aquele olhar. Veritaserum era a única coisa sob a qual uma pessoa não podia mentir. Ele não teve chance de dizer a Ron o que havia acontecido.

Harry fechou os olhos e soluçou de novo, lembrando-se do olhar de angústia e descrença no rosto de Ron durante o julgamento. Ron nunca tentou visitar Harry, mas Harry não o culpava por isso. Ele esperava que Ron e sua família tivessem feito as pazes. Ele sentiu dor ao pensar no resto dos Weasleys. Ele apertou os dentes em fúria e dor à imagem deles lhe virando as costas e destruindo suas coisas. Molly Weasley parecia muito satisfeita quando lhe disse que havia destruído seu malão e tudo o que estava dentro dele. Ela riu ao ver sua expressão de dor. Os olhares de ódio e desprezo dos Weasleys adicionaram combustível às chamas de dor e fúria que queimavam dentro de Harry.

Hermione havia sido a primeira a virar as costas para ele. Isso o havia petrificado. Ele tinha imaginado que, com todos aqueles anos em que eles haviam sido amigos e tudo o que eles passaram juntos, ela teria ficado ao seu lado e permanecido fiel à amizade deles, mas ela não tinha. Ele podia se lembrar da expressão de traição que cruzou o rosto de Ron quando ela deu um tapa em Harry e lhe disse que ela desejava que ele queimasse no inferno. Ron nutria sentimentos por Hermione, mas quando ela se virou contra Harry, aquilo havia sido inaceitável e rapidamente todos aqueles sentimentos morreram.

Harry estava grato pelo fato de Sirius não estar mais vivo para ver o estado em que Harry se encontrava. Ele sabia de todo coração que Sirius teria acreditado nele, a despeito do que Remus Lupin gritou para ele no julgamento. Sirius sabia que nem todas as coisas são o que parecem, lembrando-se se sua própria prisão em Azkaban.

Harry começou a sentir o frio tomando conta dele novamente e choramingou. O feitiço havia sido ativado novamente. Ele podia sentir sua mente vagarosamente o deixando e os gritos recomeçaram. Ele começou a choramingar em dor, balançando-se para frente e para trás, tentando conseguir algumas coisa parecida com conforto. Vagarosamente ele se perdeu noção de onde estava. Ele apenas podia ouvir os gritos em sua mente.

.:oOo.oOo:.

Duas semanas mais tarde, Harry estava sentada, apoiada na parede, sua sobrancelha franzida em concentração. Ele estava em um momento de repouso e o Feitiço Dementador só voltaria a ser ativado dali a duas horas. Harry decidiu que ele iria praticar um pouco de magia sem varinha para aliviar o tédio.

Ele ficou sentado olhando para o copo sujo onde previamente havia água. Ele se concentrou e sentiu o poder fluir dentro dele e se direcionar para seu braço. Sua mão começou a brilhar suavemente e ele olhou para o copo imaginando que era um rato. Ele sentiu suas mãos se aquecerem e com um pequeno pop, o copo se transfigurou em um pequeno rato. Ele sentiu uma sensação de orgulho passar por ele. Ele se apoiou novamente na parede e ofegou. Ele estava tão cansado. Ele não podia fazer isto com muita freqüência, pois isso passava as limitações que corpo enfraquecido podia agüentar. Ele estava sorrindo e riu alto com satisfação. Ele esteve trabalhando em transfiguração nestes últimos dois meses. O copo sempre tinha um rabo, uma orelha ou parte de uma perna, mas hoje havia sido a primeira vez que ele havia transfigurado a coisa toda.

Ele pegou o rato transfigurado e o acariciou. Ele suspirou profundamente e fechou seus olhos cansados. E ficou sentado lá, enquanto mentalmente compartilhava com Ron o que havia acabado de fazer. Estes eram os momentos que ele desejava que seus amigos estivessem com ele. Toda vez que ele fazia um progresso em sua magia sem varinha ele sempre deixou mentalmente que Ron soubesse o que aconteceu. Ele podia imaginar o 'Diabos' que ele teria escutado e a expressão de assombro que se transformaria em um sorriso orgulhoso. Ele daria tapinhas no ombro de Harry, diria a ele o quanto estava orgulhoso e perguntaria se ele não gostaria de jogar Quadribol. Harry deixou escapar uma risada triste, sufocando um soluço que teimava em querer sair.

Ele ouviu um barulho e abriu os olhos. Ele olhou em direção à porta e apurou os ouvidos, para ver se escutava algo. Havia sons de passos pelo corredor da prisão. Harry suspirou; os guardas deviam estar vindo para insultá-lo novamente. Claro, se fosse Boric iria ser bem mais que insulto. Boric gostava de vir até a cela dele e espancar o ex-salvador. Grande, ele suspirou, lá se vai o pouco do bom humor que eu tinha hoje. Ele realmente estava tendo um bom dia mas parecia que o dia iria piorar.

Ele esperou até que as vozes estivessem próximas, então se mexeu e foi para um canto da cela. Ele se encolheu em uma bola e deixou seu olhar vidrado e distante. Ele não queria que os guardas soubessem que ele não estava louco. Isso os encheria de suspeita e ele não os queria observando-o mais de perto do que já o faziam.

Os guardas pararam em frente à sua porta e a abriram. Alguém entrou na cela e chamou com suavidade, "Potter?" A pessoa se aproximou dele e gentilmente o empurrou com o pé. "Potter? Harry? Pode me ouvir?" a pessoa se abaixou e pegou em sua mão com gentileza. "Harry, sou eu, Percy Weasley. Pode me entender?"

Harry congelou quando a pessoa pegou em sua mão. Ele se endureceu ainda mais de choque quando ouviu o nome da pessoa que estava falando com ele. Percy Weasley? Que diabos? O que ele está fazendo aqui nesta cela e conversando gentilmente com ele como se ele realmente se importasse?

Percy suspirou e se virou para olhar para os dois aurores que o haviam acompanhado. "Ele não parece saber o que se passa ao redor dele. Me ajudem a levantá-lo e tirá-lo desse lugar imundo. O diretor," Percy disse com um certo sarcasmo, "quer que o levemos para Hogwarts. O Ministério está tomando conta da absolvição, então não haverá nenhum problema."

Que diabos estava acontecendo? Ele estava sendo levado para Hogwarts? E o que é isso sobre a absolvição? Finalmente eles descobriram o que estava acontecendo? Eles finalmente descobriram o verdadeiro assassino? Harry tentou não reagir, tentou não alimentar esperanças. Por tudo o que ele sabia, Dumbledore podia estar removendo-o pela segurança do Mundo Mágico. Não gostaria que o traidor se juntasse ao terrível Lorde das Trevas, ele pensou, sarcasticamente.

Os dois aurores entraram na cela, o pegaram gentilmente por baixo dos braços, e o levantaram. Ele não estava muito pesado, graças àquela comida horrível. Eles seguiram adiante e o arrastaram um pouco. Eles saíram da cela e viraram para andar pelo corredor. Passaram por diversas portas antes de virar novamente. Caminharam mais alguns corredores até alcançarem as escadas. Eles começaram a subir os degraus, com os aurores segurando Harry e guiando-o gentilmente.

Eles terminaram de subir as escadas e entraram em um outro corredor, passando por mais diversas portas. Ele podia ouvir os prisioneiros choramingando atrás das portas e sentiu um estrecimento de pena por eles. Após varias voltas e quebradas, finalmente alcançaram as grandes portas de entrada da prisão. Eles saíram da prisão e pela primeira vez em quase dois anos, Harry viu o céu.

Eles continuaram seu caminho até que passaram todas as seguranças da prisão e então pararam. Percy pegou um pequeno pedaço de pergaminho e os aurores se certificaram que uma das mãos de Harry o estava tocando. Percy então disse "Enfermaria de Hogwarts" e Harry sentiu uma sensação estranha no umbigo. Quando viu, ele estava parado na enfermaria de Hogwarts. Ele começou a cambalear, para frente e para trás, se sentindo bastante tonto e com náuseas. Eu odeio chaves de portal ele pensou para si mesmo enquanto tudo ficava escuro.

.:oOo.oOo:.

Ele vagou no calor, não querendo acordar. Ele sabia que quando acordasse ele estaria de volta em Azkaban e a memória de ele ter sido levado de volta para Hogwarts não teria sido nada mais que um sonho.

Ele ouviu alguém se aproximar dele e congelou. Que diabos? Ele ouviu um hum-hum gentil de alguém cantando e barulho de vidro batendo contra vidro. Ele percebeu que não estava em Azkaban. Ele abriu os olhos vagarosamente e olhou ao redor discretamente. Ele ainda não sabia o que estava acontecendo e não queria se denunciar. Tudo estava borrado e ele percebeu que não tinha seus óculos. Discretamente, ele mudou seus olhos para os olhos de sua forma de lobo. Ele havia aprendido em Azkaban que podia modificar a visão de seus olhos trocando de um tipo para o outro. Isto o permitia ver em Azkaban sem seus óculos. Ele olhou ao redor e percebeu que estava na enfermaria de Hogwarts. Só Merlin sabe quantas vezes ele esteve lá enquanto freqüentara a escola, para saber como ela se parecia de cor.

Ele olhou na direção em que ouvira a musica e viu Madame Pomfrey. Ela estava selecionando algumas poções, os vidros fazendo barulho toda vez que batiam um no outro. Ele ouviu um barulho na porta da enfermaria e observou Dumbledore e Lupin entrarem. Ele rapidamente voltou seus olhos ao normal. Se Lupin não estivesse lá, ele teria rosnado à mera visão deles. Ele não queria que Lupin soubesse que ele estava na realidade consciente de seus arredores. Ele precisava saber o que estava acontecendo. Se ele havia sido libertado, ele não achava que matando aqueles dois iria ajudar sua situação. Ele tinha que ser paciente.

"Ah Poppy, como está seu paciente?" O diretor perguntou bondosamente.

"Ele vai muito bem, fisicamente. Com todas as poções nutrientes que eu o forcei a engolir ele está muito melhor. Eu dei a ele várias poções energéticas para ajudar seu corpo a se recuperar de sua extrema exaustão. Como eu disse, fisicamente ele está tão bem quanto poderia estar e com um pouco de comida, ele deverá estar melhor em umas duas semanas. Entretanto, mentalmente eu não tenho certeza. Nós temos que esperar e ver quando ele acordar." Disse Madame Pomfrey.

Lupin fungou e olhou em direção a Harry. Harry rapidamente deixou seus olhos fora de foco e ficou olhando para a parede. "Acho que ele já acordou, Poppy. Parece que seus olhos estão abertos."

Madame Pomfrey se virou na direção dele e se aproximou rapidamente. "Sr. Potter, como está se sentindo?" Harry continuou olhando para a parede, com o olhar sem registrar nada e ele pode ouvir quando Madame Pomfrey pegou a varinha e lançou nele dois feitiços de diagnóstico. Ela leu as informações do diagnóstico. "Sr. Potter, consegue me entender?" ela esperou alguns segundos, e então suspirou quando não obteve nenhuma resposta.

Madame Pomfrey olhou para os dois homens que se aproximaram de Harry. Ela sacudiu a cabeça; "Temo que ele não esteja ciente do que está acontecendo. Agora isso pode ser um simples caso de sua mente perceber que é seguro voltar ou pode ser que ele fique permanentemente catatônico. Eu não posso dizer ainda. A mente é uma coisa complicada e eu não posso me dar ao luxo de tentar adivinhar como vai se curar."

O diretor assentiu com a cabeça e olhou para o homem catatônico em sua frente. Ele suspirou com tristeza, se perguntando se algum dia Harry iria melhorar. Ele precisava de Harry em sua melhor forma para derrotar Voldemort. Olhando para Poppy ele perguntou, "É seguro movê-lo para seus aposentos? Dobby pediu para tomar conta dele e eu acho que se ele estiver em algum lugar seguro pode ajudar."

"Sim, não há problemas em movê-lo. Ele deve conseguir entender os comandos básicos, como sentar, ficar de pé, deitar e comer. Ele não deverá ter problemas em comer. Dobby precisará se certificar que ele coma," disse Madame Pomfrey com seriedade.

Dumbledore assentiu e olhou para Lupin. Ele olhou para o homem triste por um segundo."Você quer carregá-lo para seus aposentos?" Ele perguntou.

Lupin concordou e engoliu o grande nó que se formou em sua garganta. Ele se abaixou para pegar o homem catatônico. Ele o levantou com facilidade mesmo com sua força anormal de lobisomem. Harry estava muito leve e parecia pior que Sirius depois de 12 anos em Azkaban. Ele piscou as lágrimas que ameaçavam cair. Ele se virou e seguiu o diretor para fora da enfermaria.

Harry resmungou mentalmente ao pensamento de Lupin carregando-o para algum lugar. Ele percebeu que eles subiram diversas escadas e passaram por muitos corredores até que eles alcançaram o retrato de uma jovem dama de branco. Ela enrubesceu e deu uma risadinha à visão dos três homens. "Senha, por favor," a dama pediu.

"Perdão," o diretor respondeu e Harry escarneceu mentalmente por causa disso. A primeira coisa que faria seria mudar aquela senha estúpida; Como se ele fosse perdoá-lo tão cedo. Eles entraram no quarto e Lupin carregou Harry até a cama. Lupin o deitou com gentileza e o cobriu com os cobertores que aparentemente haviam sido puxados por um elfo-doméstico.

"Dobby," o diretor chamou.

O elfo-doméstico apareceu na frente do diretor. "Sim, senhor?"

"Nós trouxemos Harry para o quarto dele. Madame Pomfrey quer se certificar que você vai trazer para ele comida. Ele necessita comer e se fortalecer. Neste momento, ele não sabe o que está acontecendo ao seu redor, por isso você precisa tomar cuidados extras com ele. Nós temos uma reunião daqui a poucos minutos, então se você, por favor, pudesse tomar conta dele eu apreciaria." Disse o diretor.

O elfo-doméstico concordou, acenando com a cabeça vigorosamente. "Eu vou, Dumbledore, senhor. Harry Potter é um bom bruxo e Dobby vai tomar conta dele."

O diretor sorriu para o agitado elfo-doméstico. "Muito bem então. Voltaremos mais tarde."

Lupin lançou um ultimo olhar para Harry, suspirou e seguiu o diretor para fora. Harry zombou mentalmente do olhar patético que o homem havia lhe dado. Eu vou te perdoar no dia em que fizer frio no inferno, seu lobisomem traiçoeiro. A porta se fechou atrás dos dois homens e Dobby se virou e olhou para Harry.

Ele olhou com atenção para Harry por um segundo ou dois e abriu um sorriso largo. Ele se aproximou ansiosamente do jovem deitado na cama. "Dobby está tão feliz que Harry Potter está bem. Dobby estava com medo de nunca mais ver Harry Potter de novo. Harry Potter nunca foi um bruxo mau como eles diziam. Harry Potter é um bruxo bom e gentil. Harry Potter quer um pouco de comida?" Dobby perguntou e esperou por uma resposta. Após alguns minutos de silêncio Dobby olhou para Harry, jogando a cabeça para os lados. "Harry Potter está bravo com Dobby? Dobby sabe que Harry Potter está bem. Dobby pode sentir. Dobby não vai dizer pra ninguém se Harry Potter não quer que ninguém fique sabendo."

Harry olhou para o elfo-doméstico, assustado. "Como?" ele falou com a voz rouca. Ele tossiu duas vezes e tentou de novo. "Como você sabia que eu estava fingindo?" ele perguntou com a voz ainda rouca.

O elfo-doméstico balançou os ombros. "Dobby apenas sabe. Harry Potter quer comer alguma coisa?" ele perguntou.

Harry concordou com a cabeça. "Eu quero alguma coisa leve. Não comi nada sólido durante meses."

Dobby retornou para Hary um sorriso brilhante e desapareceu. Harry fez força para se sentar. Ele ainda estava fraco, mas nem tanto quanto estava. Ele encostou-se aos travesseiros e olhou ao redor do quarto. A porta do quarto estava aberta e ele olhou para além dela. Era uma suíte. Tinha uma sala principal com uma pequena cozinha de um lado e havia um banheiro. Havia uma porta no quarto que provavelmente levava a um closet.

O elfo-doméstico reapareceu com uma bandeja de comida. Ele se aproximou de Harry e apoiou a bandeja na cama. Ele subiu na cama, pegou a bandeja e a colocou ajeitou. "Dobby vai ficar com Harry Potter na cama. No caso de Dumbledore voltar, Dobby pode dar comida para Harry Potter. Dobby vai guardar o segredo," Dobby disse ardilosamente.

Harry olhou para o elfo-doméstico por um segundo e deu a ele um pequeno sorriso. "Obrigado Dobby." Ele olhou para a bandeja e viu um pouco de canja de galinha e algumas bolachas água e sal. Havia uma tigela de pêssegos também. Ele pegou a jarra, olhou dentro e encontrou suco de abóbora.

Harry começou a comer com cuidado. Ele não queria ficar doente por comer muito ou muito depressa. Ele olhou para Dobby com um olhar curioso. "Então me diga, Dobby. Quanto tempo eu fiquei preso?" ele perguntou.

"18 meses Harry Potter. Dobby estava muito triste quando ouviu. Dobby esperou e esperou até o diretor chamar ele hoje. O diretor disse para Dobby que Harry Potter foi libertado e que Harry Potter ia vir para Hogwarts. Dobby pediu para tomar conta de Harry Potter. Dobby não queria os maus amigos de Harry Potter tomando conta de Harry Potter," Dobby disse zangado.

"Que amigos?" Harry perguntou com curiosidade.

"A mãe de Wheezy," Dobby disse fazendo uma careta. "Dobby teve que silenciar ela quando ela descobriu que Dobby ia tomar conta de Harry Potter e não ela," disse o elfo-doméstico satisfeito. Harry sorriu para o elfo-doméstico. Ele sabia como a Sra. Weasley ficava quando não conseguia as coisas do jeito dela. Ele estava aliviado que não era ela quem estava tomando conta dele. Ele não teria gostado nem um pouco. Harry terminou de comer e se apoiou nos travesseiros. Ele fechou seus olhos de forma cansada, sentindo o sono chegar até ele. Ele olhou para Dobby e sorriu. "Obrigado, Dobby. Estou muito cansado. Acho que vou dormir um pouco."

Dobby concordou, pegou a bandeja e com um pop voltou para a cozinha. Harry permaneceu deitado na cama e aconchegado ao travesseiro. Ele deu um grande bocejo, fechou os olhos, e caiu no sono instantaneamente.

.:oOo.oOo:.

Harry acordou ouvindo o som de vozes baixas. Ele manteve seus olhos fechados, na esperança de tentar descobrir quem estava no quarto com ele. Ele ficou ouvindo e percebeu que de quem quer que fosse uma das vozes, estava sentado na cama com ele. Ele escutou com atenção a conversa que estava se desenrolando a sua frente.

"Eu não me importo com o que você pensa. Eu sou o seu guardião e se você tem alguma coisa a dizer, então diga. Eu não te dei permissão para movê-lo, Dumbledore. Você sabe tão bem quanto eu o que vai acontecer se você tentar passar por cima de mim. Vá em frente. Eu quero que você faça isso também. Eu adoraria ver sua mágica se dissolver e todo o Mundo Mágico entrar em pânico porque você foi estúpido o suficiente para tentar alguma coisa que você não deveria fazer," a voz disse com zombando.

O diretor soltou um grande suspiro e olhou para Ron com uma expressão benevolente. "Sr. Weasley..." ele começou.

"Não me chame assim," Ron sibilou, cheio de veneno na voz.

"Ron, ele estará mais seguro no lugar aonde eu vou levá-lo," o diretor disse com gentileza.

"Eu disse não diretor. Você queria que ele ficasse aqui quando você pensou que tinha poder sobre ele, mas agora que sabe que não tem está tentando removê-lo de Hogwarts e para longe de mim. Vou deixar você saber disso agora, você não pode movê-lo sem minha autorização expressa, nem pedir pra ninguém fazer isso. Se isso acontecer, vai quebrar o contrato que você assinou e irá perder sua mágica. Não estou nem aí se você gosta disso ou não. Você apenas vai ter que se conformar. Agora saia deste quarto antes que você o acorde," disse Ron com frieza.

Houve um momento de silêncio e então o diretor chiou em irritação. "Muito bem, Ron. Você sabe tão bem quanto eu que ele está catatônico. Ele não está ciente nem de você e nem de nada," disse Dumbledore.

"Eu não me importo. Eu preciso pedir desculpas para ele em particular. Por favor, saia. Agora," Ron disse com firmeza na voz.

Harry ouviu o diretor sair do quarto. Ele ouviu a porta da suíte bater. Seu coração começou a bater mais depressa. Ron estava aqui. Seu irmão veio encontrá-lo. Ele impediu que o diretor o levasse para outro lugar. Ele sorriu zombando internamente, imaginando o que o diretor pensava do contrato que assinou sem saber. Aposto que o deixei furioso quando ele percebeu que ele não poderia dar opinião em nada a meu respeito.

Ele ouviu Ron suspirar e se acomodar na cama. "Ei companheiro. Eu ouvi dizer que você está catatônico. Madame Pomfrey não sabe se você vai se recuperar ou não. Eu sei que provavelmente você não pode me ouvir, mas tudo bem. Eu preciso dizer isto pra você de qualquer maneira. Me desculpe, eu te decepcionei no final. Eu fiquei do seu lado, como eu deveria ter feito, até o julgamento. Quando você confessou que matou Ginny e os outros sob o efeito do Veritaserum, meu coração se partiu. Eu não podia acreditar. Eu ainda tinha duvidas sobre isso por muito tempo, mas eu me deixei ser levado pela opinião da minha ex-família. É isso mesmo, minha ex-família. Eu decidi passar pelo Ritus Emancipo. Eu sei que já que você não cresceu no Mundo Mágico você não deve saber o que isso significa, mas é o Rito de Emancipação. Eu decidi deixar a minha família e o nome da família para trás. Assim que ele for realizado, eu não serei mais um Weasley. Na verdade eu não vou ter um sobrenome, a não ser que alguém dê um para mim. Eu esperei por você porque ele queria que você estivesse presente. Mesmo catatônico," Ron disse com um soluço.

"Harry, eu sinto tanto. Por favor, acorde para que eu possa te contar isso. Você é meu irmão e meu melhor amigo. Eu senti tanto a sua falta. A culpa que eu estou sentindo está me matando."

Ele ouviu Ron soluçando baixinho e não pode mais ficar parado. Ele abriu os olhos e olhou para a figura soluçante do jovem em frente a ele. O cabelo de Ron estava comprido. Ele chegava até os ombros e parecia que ele havia crescido, Harry não sabia dizer o quanto. Ele parecia esquelético, como se ele não estivesse comendo o suficiente, o que era muito estranho, se tratando de Ron. Ele não podia ver seu rosto porque estava encoberto por suas mãos. Ele levantou sua mão e tirou as mãos de Ron do rosto dele. Havia círculos escuros em volta de seus olhos, que estavam vermelhos de chorar. Ele parecia pálido e suas sardas se sobressaíam.

Ron olhou para ele com esperança. "Harry?" Ele sussurrou com gentileza.

"E aí, Ron," ele disse com um sorriso gentil para seu amigo.

"Caramba!" Ele exclamou, com um sorriso largo. Ele se adiantou e apertou Harry em um abraço. Harry o abraçou também e suspirou com contentamento. Ele tinha seu amigo de volta e ninguém iria tirá-lo dele novamente.


A.N.:
No mar navega o barco,
No barco navega o vento,
Escreva o seu review,
Diga qual o seu pensamento