Bolhas Ardentes – Capítulo 6
Disclaimer 1: Os personagens não são meus. São da JKR.
Disclaimer 2: Nem a história é minha. É da simpática SilverAngel99. Só estou traduzindo. Uma autora fantástica que eu tive a oportunidade de conhecer :).
As Asas e o Medo
Após dar aulas de poções para os alunos do terceiro ano naquela tarde, Severus Snape retornou a seus aposentos para checar a aluna dormindo, deitada em sua cama. Suas bochechas agora estavam vermelhas, sem novas bolhas, e vez ou outra ela se remexia, ou deixava escapar um pequeno suspiro.
Suspirando também, Snape percebeu a hora. Já haviam se passado quatro horas desde que a Srta. Granger tomou a primeira dose de sua poção, já era hora de outra. Ele colocou as poções em cima de sua mesinha de cabeceira de um mogno escuro, que combinava com sua cama de quatro postes também de mogno. Sobre sua mesa ele havia deixado as instruções para poder preparar mais da poção.
Incerto de como proceder para realizar a tarefa, Snape sentou-se na cama ao lado da jovem bruxa. Muito para seu desânimo, os olhos dela se abriram.
"Professor?" Ela perguntou, um tanto fraca. Uma de suas mãos saíram de baixo dos cobertores, e começaram a tatear o ar ao redor dele. "Onde estão suas asas?"
Chegando à conclusão que ela estava delirando, Snape falou para ela diretamente, torcendo para que ela entendesse. "Srta. Granger, você está bastante adoentada, você precisa beber esta poção." Ele disse, mostrando o frasco para ela.
"Sim, isto vai me ajudar a voar, como você." Ela soltou uma risadinha, e então sorriu para ele de uma maneira que ela nunca tinha feito antes.
Enrijecido, ele levou o frasco até os lábios dela, e o entornou, dando a ela a quantidade correta. Depois veio a parte mais temida. Pegando a outra poção, ele explicou à bruxa doente e risonha, exatamente o que ele teria que fazer. Se ela não estivesse tão doente, provavelmente ela não acharia isto tão divertido Snape pensou, enquanto tentava dar a explicação. Ele não precisava se preocupar. A Srta. Granger já estava dormindo profundamente quando ele retirou os cobertores de cima dela para aplicar a poção em suas bolhas.
Cerrando seus dentes, ele se forçou a verificar se não haviam aparecido bolhas em sua barriga. Ele não queria explorar mais que isso, então ele simplesmente esticou a camiseta dela, para ver se protuberâncias incomuns haviam aparecido em lugares que ele desejava do fundo do coração que não houvessem. Ele se permitiu um suspiro de alívio quando nada apareceu.
Cobrindo novamente sua forma adormecida, Snape se afastou da cama, tendo colocado as poções novamente na mesinha de cabeceira. Suspirando, ele saiu do quarto e retornou para seu escritório. De lá, ele pegou as instruções para o preparo das poções, e abriu a porta de seu laboratório particular, que era logo ao lado de seu escritório, ao mesmo tempo em que ficava de ouvidos atentos na Srta. Granger.
.:oOo.oOo:.
Hermione não estava completamente certa do por quê de estar voando, mas ela estava. Havia sido uma doce sensação no início, voando sobre a terra tão calmamente, mas depois de um tempo, ele começou a se cansar. Ela era forçada a admitir que não sabia onde estava, mas sabia que precisava voltar para onde ela supostamente deveria estar. Ela tinha outras coisas para fazer.
Lá na frente, o tempo não parecia tão agradável quanto o céu azul e quente onde ela estava flutuando. Nuvens cinzentas estavam se reunindo, e mesmo do lugar onde ela estava flutuando, ele podia ver os relâmpagos. Incerta, ela tentou voltar, mas se viu lentamente se abaixando nas árvores abaixo dela, impossibilitada de se virar.
Ela começou a entrar em pânico, e tentou contorcer seu corpo, assim ela poderia voar de volta para seja lá de onde ela veio. Uma árvore pareceu alcançá-la, e a copa encostou em seu pé. Gritando, ela sentiu como se seu pé tivesse sido cortado, mas ela não se atreveu a olhar. Ela lutou para subir ao céu, para voar mais alto. Enquanto se debatia, ela viu uma figura surgir em sua frente da cobertura das árvores. Ela observou, horrorizada, grandes asas negras se abrirem atrás do homem em sua frente.
Flutuando a metros do chão com muita tranqüilidade estava Severus Snape. Ela o havia visto mais cedo, junto com a professora McGonagall, mas de longe. Agora ele estava a centímetros dela, suas asas enormes, pretas e cheias de penas batendo levemente para mantê-lo no ar. Suas vestes ondulavam gentilmente pela brisa.
Quando ele se aproximou dela, Hermione ficou amedrontada. Ele fechou seus olhos, tentando voar para trás, torcendo para que ele fosse embora. Quando ela abriu os olhos novamente, ela não estava mais no céu aberto, mas em um quarto escuro, com o vulto de Snape aparecendo perto dela. Gritando, ela se debateu até voltar para o céu, com o Snape alado. Ele tinha parado, parecendo inseguro.
Exaustão tomou conta de Hermione subitamente, e em pleno ar, ela se deitou, cansada demais para fazer algo além de flutuar na brisa. Pelo canto do olho, ela viu Snape graciosamente afundar na copa das árvores.
Ela suspirou, sentindo-se segura. Mas quando seus olhos registraram a aproximação das nuvens, ela sabia que sua segurança não ia durar muito.
.:oOo.oOo:.
Voltando ao seu laboratório de poções, Snape xingou. Quando ele ouviu Hermione Granger gritando, ele saiu da sala com tamanha pressa que havia esquecido a poção. Sem nem ao menos olhar para a poção, ele sabia que ela estava arruinada. Ele precisava adicionar Artemísia esmagada na hora correta, e a hora havia passado.
Ele teve de lutar contra a vontade de atirar o caldeirão do outro lado da sala, mas não de raiva por causa poção. O que a Srta. Granger havia visto que a fez gritar tão violentamente, para despertar tanto medo? Ele ouviu dor no primeiro grito, o grito que o fez derrubar tudo e correr para seu quarto, mas logo a dor se transformou em medo.
Com um aceno de sua varinha ele fez desaparecer a poção destruída, e começou então a preparar uma nova, sentindo-se acalmar logo que começou. O que poderia tr acontecido? Ele tentou imaginar, conforme adicionava os ingredientes na ordem correta. Minerva havia lhe dito que os 'sonhos' não permaneceriam prazerosos por muito tempo, mas ele não esperava isto. Ele não queria isto, pelo amor de Merlin! Ele não queria cuidar de uma pirralha que vai gritar, se debater e perturbá-lo.
Após terminar de engarrafar as duas poções, ele percebeu que havia se esquecido completamente do jantar, e seu estômago roncou por causa disso. Ele lançou um olhar sarcástico para a porta de seu quarto, sabendo que isto era culpa da bruxa. Se ela não tivesse gritado, ele teria terminado a poção há muito tempo, e poderia ter ido jantar.
Snape sabia que estava sendo infantil. Ele odiava comparecer ao jantar de qualquer maneira, vendo todos os estudantes e professores na sua frente. Ele geralmente passava a refeição inteira se lembrando de como havia falhado com eles, como ele deixou tantas coisas horríveis acontecerem no ano passado. Mas isto não o impediu de manter aquele terrível jeito de ser de sempre. De que outra forma os estudantes fariam seus deveres de acordo, se eles não temessem o que poderia acontecer se falhassem?
Resmungando com frustração, ele retornou ao seu estúdio e começou a andar de um lado para outro, tentando se acalmar sem preparar uma poção, coisa que funcionava muito bem para o homem. Percebendo que isso não ia acontecer, ele sentou em sua mesa para corrigir as lições do segundo ano com a malevolência de sempre.
Quando ele acabou, seu estômago estava roncando tanto quanto ele para uma classe de alunos do primeiro ano. Ele não comia nada desde o café da manhã, e mesmo que houvera uma época em que ele deixava de comer por dias, aquilo fora há muitos anos, e seu estômago estava acostumado a ser alimentado. Felizmente já eram nove da noite, hora de dar para a Srta. Granger outra dose da poção.
Ele entrou em seu quarto silenciosamente, a estudante ainda estava dormindo, parecendo bastante apagada. Snape tentou imaginar novamente o que ela estava vendo, onde ela estava voando. Ele se lembrou que a condição da garota não era fatal, apenas inconfortável. Ele rapidamente começou a pensar se não havia nada que pudesse ser feito para a Grifinória, atém de colocá-la em um ambiente mais confortável. Sentindo-se na certeza de que não havia, seus lábios se curvaram quando ele gentilmente tirou os cobertores de cima dela.
Seus lábios permaneceram curvados enquanto aplicava a poção nas bolhas dela. Ele odiava tocar esta... fêmea. Ela não era mais uma menina, e também não era uma mulher. Ele tentou tocá-la o mínimo possível, mas cuidadosamente para permanecer gentil. Ele disse a si mesmo que era para não assustá-la quando não havia necessidade.
Ao tratar das bolhas em suas pernas, ele reparou no estado que seu pé esquerdo estava. A sola estava coberta de bolhas, uma ou duas vazando. Ele podia apenas imaginar o que teria feito este estrago. Foi por causa disto que a Srta. Granger estava gritando mais cedo? A expressão de seu rosto ficou carrancuda. Quem se importava, contanto que a bruxa se curasse e saísse de seus aposentos o mais depressa possível.
Cuidadosamente, ele cobriu suas pernas novamente; ele se mexeu para acordar a garota adormecida. "Srta. Granger," ele disse, sacudindo-lhe gentilmente. "Srta. Granger." Ele a sacudiu mais insistentemente, até que ela acordou.
"Não me machuque." Ela murmurou. Os olhos de Snape se arregalaram em choque, antes de se estreitarem rapidamente. Como ela se atrevia a pensar que ele iria! Não querendo acreditar em si mesmo, ele poderia entender os medos dela. E isto o abalou muito.
"Não vou machucá-la, Srta. Granger." Ele sussurrou. "Estou aqui para ajudá-la." Ele levou o frasco da poção até os lábios dela e ela bebeu.
.:oOo.oOo:.
De volta ao céu, Hermione ouviu a gentileza das palavras dele. "Estou aqui para ajudá-la."
Desta vez Snape estava flutuando atrás dela, estendendo sua mão. À frente dela, as nuvens cinzentas estavam se aproximando rapidamente.
Mesmo que nunca tivesse ouvido tamanha gentileza na voz de seu professor, a Grifinória dentro dela decidiu confiar nele. Dando as costas para as nuvens cinzentas, ela estendeu sua mão e pegou a dele, deixando-o levá-la de volta à segurança, ao menos um pouco.
E ele tinha razão... ele não a machucou... por enquanto.
A.N.:
Não vejo nada além
De um céu anuviado
Ao receber seu review
O dia deixa de ser nublado
