2.- Várias Surpresas

- SURPRESA!

Eu olhei em volta da sala. Era realmente surpreendente que eles tivessem conseguido reunir tanta gente durante as férias! Estavam lá minha mãe (essa não ia perder por nada), Arista, a Krakowsky, Wormtail, Bessie, Tristan, Kenji e Noah Travis do time, Frank Longbottom e sua namorada Alice Southwood (e essa foi uma surpresa e tanto) e além de Moony e Padfoot, claro... Lily Evans.

-Putz, essa foi a melhor surpresa da História! - eu exclamei, sorrindo bastante.

-Feliz aniversário, Jamie! - Arista pulou no meu pescoço (me lembrando ligeiramente da Amelia Vance) e beijando minha bochecha.

-'Brigado, Arista! Putz, obrigado todo mundo mesmo! - eu ri, olhando pra cima e vendo uma faixa que brilhava em diversas cores um "Parabéns, James Henry Potter!".

- Foi idéia dele. - Remus apontou para Padfoot com a cabeça.

- Na verdade, foi idéia da sua mãe, mas ela pediu minha ajuda. - ele piscou. - Nossa missão era tirar você de casa, enquanto as garotas preparavam tudo.

Wormtail tossiu.

-As garotas e o Pete. - Sirius se corrigiu.

- Eu ainda não sei porque eu não fui com vocês. - ele murmurou, emburrado.

- Ah vamos, nós precisávamos de um homem, Pete. Quem ia cuidar da gente? - Arista passou a mão pela cabeça dele, maternalmente.

- É, bem...vendo por esse lado... - ele estufou o peito, orgulhoso. Nós caímos na risada.

- Gostou, filhinho? - minha mãe me abraçou, me deu um beijo estalado na bochecha e foi a vez deles rirem de mim. - A srta. Lily Evans foi quem fez o bolo. Ótimo talento pra cozinha o dela! Uma menina adorável, mesmo. - Ela sorriu para Lily e piscou para mim.

-Er...obrigada, Sra. Potter. - ela escolheu olhar para os pés. O resto do pessoal veio me cumprimentar depois disso - Tristan e Kenji elogiaram empolgados o ponche da minha mãe, Bessie me entregou uma lista de nomes de goleiros em potencial para a substituir - "Eu tenho certeza que você será o novo capitão, Potter!" - e Longbottom e a namorada se aproximaram. Evans chegou mais perto.

- Potter! Eu convidei a Alice e o Frank, se você não se importa...

- Claro que não, que isso! Quanto mais gente, melhor! - eu sorri, apertando a mão dele. - E os amigos da Evans são meus amigos! E aí, Longbottom...como vai a vida? - eu perguntei. Tá, muito patético isso, mas como eu ia engatar uma conversa com o sujeito?

- Eu fui aceito no treinamento para Auror e, enquanto isso, vou estagiar no Ministério! - ele exclamou, orgulhoso. - Aliás, eu vou estar trabalhando no mesmo departamento de seu pai, como assistente dele. Que coincidência, não é? Seu pai é um homem fantástico, James, ele foi muito simpático no dia da minha entrevista!

-Ah, é. - eu dei um sorriso amarelo. Assunto entediante a 100 metros. - Meu pai. Ele é um cara e tanto mesmo.

- E eu também fui aceita no treinamento! - Alice complementou, com o mesmo olhar de vitória. - Herbologia me ajudou muito... Não vou ter problemas na parte de venenos e antídotos, plantas são minha especialidade!

- Puxa, muito bom, Southwood. Bom mesmo. - Ok, eu confesso. Essas conversas de futuro e carreira me assustam muito! Eu não consigo me imaginar fora de Hogwarts, e eu não queria pensar nisso ainda. Pelo menos não nos próximos...13 meses. Ou mais. Diabos, o treinamento só termina daqui uns três anos, quem se importa?

- E você pretende fazer o quê quando deixar Hogwarts, James?

- Adivinhem? Pelo visto, vamos ser colegas. - eu respondi de imediato. Dá pra pensar em ser outra coisa a não ser um auror? Fazer da vida dos ex-verdinhos um inferno e ainda ganhar por isso, é mais do que alguém pode desejar, né?

- Alice! - Krakowsky se aproximou, exclamando feliz. - Você ainda não me mostrou o anel...

- Ah sim. - Southwood sorriu ainda mais do que antes (se isso era possível, ela é uma garota muito sorridente mesmo!) e esticou o braço para Marianne.

- Anel? - Você não espera que eu fosse adivinhar assim de primeira, né? Eu sou um garoto, por Merlin!

- Frank e Alice estão noivos! - Lily respondeu, os olhinhos brilhando.

- Mas já? - eu exclamei, sincero, os olhos arregalados. - Mas vocês acabaram de sair da escola! Qual é o problema com essas pessoas? - eu ri. Longbottom, a namorada, Krakowsky e Evans não perceberam a graça. Oras, convenhamos!

- Licença. - Evans deu uma risadinha nervosa e me puxou para um canto. - Qual é o seu problema?

- Eu não disse nada!

- Como não? Eles tão felizes e você simplesmente vem e diz...

- Eu só estava dizendo que tem muita gente resolvendo casar agora. Eu pessoalmente acho que todo mundo foi envenenado por alguma poção do amor por aí. - eu dei uma gargalhada. Ela continuava me olhando irritada. - Quer dizer...a Narcisa vai casar também, sabia? A prima do Padfoot, a Andromeda, que nos contou. Não que seja uma surpresa, sabe, os Black e os Malfoy deviam estar esperando por isso desde que ela nasceu.

- Que seja. - ela balançou a cabeça e olhou para o longe. Então ela virou-se pra mim de novo e deu um sorriso tímido. - Nossa, eu até esqueci...feliz aniversário, Potter.

-Obrigado. - eu afirmei com a cabeça. Eu tinha ouvido várias vezes aquilo naquele dia, mas quando ela disse, foi diferente. Muito diferente. Como se tivesse importância de verdade. - E obrigado por vir.

- De nada. - ela respondeu, automaticamente.

- Não, sério. Obrigado mesmo. - eu peguei no braço dela, sem apertar.

- Er...hmmm...eu te trouxe algo. - ela olhou pra baixo. - Um presente, quero dizer. Está lá em cima, com todos os outros. Sua mãe os levou lá pra cima. Ela é um amor de pessoa, sabia? - ela disse tudo isso muito rápido, como se tivesse evitando o silêncio constrangedor.

-Aham. Eu peguei isso dela. - eu dei meu famoso sorriso confiante e passei a mão pelos meus cabelos. Ela não fez uma careta como sempre, apesar de morder os lábios inferiores.

- Há controvérsias, mas se é o que você pensa... - ela riu, me olhando desafiadora. - Ela me mostrou fotos.

- NÃO! - eu quase gritei. Eusabia que a senhora Meredith Potter ia arranjar um jeito de fazer algo bem maternal e constrangedor com a Lily aproveitando que eu não estava em casa para me defender! - Por favor, não aquelas de bebê...

- Você ainda tem o mesmo sorriso, sabe? - ela estava sufocando risadinhas maliciosas.

- Eu preciso me livrar dessas coisas! - eu revirei meus olhos.

- Ah, Potter! Bebês são umas gracinhas!

- Minha mãe mostra elas pra todo mundo! Padfoot, quando nós brigamos uma vez, ameaçou colar uma delas no quadro de avisos da sala comunal com um feitiço de cola permanente.

- Seria um belo de um show, né? - ela riu mais ainda. - O campeão de quadribol, o galã da Grifinória, James Potter... - ela fez uma voz solene - ...espalhando água pra todo lado na sua banheirinha verde. - ela já estava vermelha de tanto rir.

- É... - eu desisti de ficar bravo. - Com suas nádegas rosadinhas para todo o mundo ver! Mas olhemos pelo lado bom...você pode dizer pra todo mundo que já viu meu traseiro, Evans.

Ela parou de rir, ficando vermelha de vergonha dessa vez. Ahá!

- Que foi? Visualizando a imagem na sua cabeça agora?

- Aaaaaah, não é engraçado, Potter! - ela cruzou os braços.

- Bom, melhor que ver a do Snape, eu garanto. Isso sim é uma visão perturbadora.

- Ah, por favor, eu vou vomitar em cima de você. - ela deu um sorrisinho.

Eu continuei rindo por mais um tempinho. Então... o silêncio embaraçoso.

- Eu sei que já faz quase dois anos, mas...você não é nada como ele.

- Eu sei disso.

- Você até que é engraçado, Potter.

- Eu sei disso também.

- Você não me dá nojo, sabe. Quer dizer, não mais. Na maioria das vezes, pelo menos. - ela disse, mexendo as mãos.

- Puxa, que bom saber, Evans. - eu ri, dando um passo à frente.

- É...é bem divertido ficar perto de você, às vezes. - ela olhou para os pés, gaguejando.

- É sempre muito, muito divertido estar perto de você.

- Bem, você sabe que eu só estou dizendo isso porque é seu aniversário, e a gente tende a ser gentil no aniversário dos outros... - ela deu outro sorrisinho.

- Bem, eu tendo a ser sincero.

Ela deu um gole na copo que estava segurando há séculos nas mãos, nervosa.

- Er, Evans...

- Ei vocês dois!

POR MERLIN! É MEU ANIVERSÁRIO! POR QUE NÃO ME DÃO UM DESCONTO?

- O. Quê. Sirius. - eu murmurei, entre dentes.

- Hmmmmmm... estou interrompendo alguma coisa? - ele pôs os braços em volta do meu pescoço e de Lily. Será que meus olhos ameaçadoramente homicidas diziam algo?

- Olá, Sirius. - Evans disse bem baixinho.

- Vocês estão perdendo o melhor da festa! O Wormtail e o Travis estão fazendo um concurso de quem come a torta de abóbora mais rápido!

- Que interessante, não? - eu estava pronto pra fazer ele comer a maldita torta pelo nariz.

- É. Digo o mesmo. Então, sobre o que vocês estavam falando?

- Livros!

- Quadribol! - eu e Evans dissemos ao mesmo tempo.

- Hmmmmmmmm. - Sirius piscou.

- Er... é sobre um livro que fala sobre quadribol.

- Hmmmmmmmmmmmmmmmmmmm. - ele fez de novo.

- Er...eu acho que a Anne está me chamando, licença. - Evans tirou o braço dele do pescoço dela.

- Fugindo, Evans? HMMMMMMMMMMMMMMMM!

- Ah, vá pro inferno, Sirius! - ela saiu, batendo o pé.

- Você tem noção de que eu podia te assassinar aqui, agora, a sangue-frio?

- Mas você não vai, Prongs. Até parece que eu não te conheço, cara. - ele mexeu as sobrancelhas. - E, se você parar pra pensar, eu acabei de te ajudar.

- Ah é? Como, eu posso saber?

- Você ia provavelmente dizer algo estúpido que ia fazer a Lily te dar um tapa e sair correndo toda nervosinha. Mas não... eu cheguei e interrompi a conversa. E agora, ela vai ficar imaginando como seria se eu não tivesse chegado...vai ficar imaginando o rosto vermelho e envergonhado de vocês dois enquanto você se aproximava dos lábios dela, e no beijo puro e inocente que vocês dividiram... - ele levou a mão ao peito, suspirando. - Bem, isso na visão feminina e romantizada da cabeça complicada dela.

- Eu que estou ficando louco ou isso faz muito sentido? - eu franzi a testa. Ele me deu um tapinha nas costas e empurrou de volta à festa.


Eu, Sirius, Pedro, Tristan, Kenji e Bessie estávamos numa conversa animada sobre quadribol quando Arista pegou no meu braço.

- Desculpe. - ela murmurou para o pessoal. - James, acho melhor você vir comigo.

Eu balancei a cabeça para eles e levantei-me da poltrona, seguindo Arista. Passei por Frank e Alice, que explicavam para Noah como se escolhia uma música para tocar no canciômetro do meu pai, e cheguei à cozinha.

- Mãe? - eu exclamei, assustado, quando a vi com a cabeça enterrada nas mãos, Moony ajoelhado ao lado dela segurando um lenço. Ela ergueu a cabeça com rapidez, os olhos vermelhos.

- Ah, querido, não é nada, nada... - ela se levantou, enxugando os olhos com as mãos delicadamente. Remus me olhou compreensivo. Eu caminhei até ela. - Eu estava terminando de decorar o bolo, e lembrei que seu pai tinha que trazer as cerejas, e daí...

- Você está inundando a cozinha por causa de cerejas? - eu sorri, ela deu uma risada tímida. - Vamos, mãe, você sabe que pode contar comigo.

- Seu pai... - ela soluçou. - Ele disse que ia chegar mais cedo hoje para a festa, mas já são quase quatro horas e...

- Ele deve estar atolado no trabalho, mãe, não faz mal. - eu a abracei. - Eu sei que ele é ocupado e...

- Mas ele disse que estaria aqui! - ela exclamou, a voz aguda. - Ele prometeu que viria e...

- Mãe, não faz mal. - eu afirmei novamente. Então me ocorreu que talvez não era exatamente disso que ela estava falando.

- Eu...eu fico preocupada quando ele se atrasa. - ela soluçou de novo. - Essas coisas que vem acontecendo...e agora... - ela começou a chorar de novo. - Você não pode se tornar um Auror, James!

Eu a abracei novamente, um aperto na minha garganta.

- Mãe. Não se preocupe, ele vai chegar logo, e quanto a mim... bem, eu não tenho muita escolha, você me vê fazendo outra coisa? - eu sorri de novo. Arista e Remus trocaram olhares compassivos.

- Eu não posso nem imaginar não ter um de vocês dois por perto. - ela murmurou, apenas para eu ouvir.

- Isso nunca vai acontecer, dona Meredith. Eu garanto a você que o pai vai entrar por aquela porta a qualquer minuto. - eu apontei para a porta de carvalho da sala. Então, minha voz saiu um pouco mais grave. - E que eu sempre tomarei o máximo de cuidado. Eu tenho que fazer isso, mãe. É o que eu quero para mim.

- Olhe só pra você. 17 anos. Você está tão crescido, tomando suas próprias decisões. Eu tenho muito orgulho de você.

-Obrigado, mãe... - eu abaixei os olhos, sentindo meu rosto queimar. - Eu nunca vou te desapontar. Agora... e aquele bolo que você disse que a Evans fez, hein?

- Ah, mas então teríamos que cantar "parabéns a"...

- Não mesmo! - eu cruzei meus braços, emburrado. Eu odeio festas de aniversário por causa disso. "Parabéns a você" é a música mais patética do mundo.

- Eu ajudo a senhora a cortar o bolo. - Arista sorriu, se adiantando. - E você parece muito crescido com esse bico, James.

- Muito engraçadinha você. Vamos, Moony. - eu o chamei e ele me seguiu de volta para a sala. - Eu sabia que ela ia entrar em crise por causa disso. - eu sussurrei pra ele quando estávamos longe da cozinha.

- Compreensível, James. Seu pai é um homem muito influente, grande defensor dos direitos dos trouxas, e sua mãe também é uma bruxa muito talentosa e agora o filho deles vai se tornar um Auror. E com esse tal de Voldemort agora...vocês estão, digamos, no topo da lista deles.

Eu balancei minha cabeça, confirmando. De novo, eu senti aquele frio na barriga, que me incomoda muito. Eu segurei o ar e confessei a Remus algo que estava me perturbando o verão todo.

- Er...Moony... eu tenho tido esses sonhos, sabe? Pesadelos na verdade. Eles não são nítidos, meus pesadelos sempre são confusos, mas eu sei exatamente do que eles tratam. - eu enfiei as mãos nos meus bolsos, franzindo a testa. - Aposto como eles ficariam orgulhosos de estarem metendo medo em James Potter.

- Não fica assim, Prongs. Você tem razão para estar assustado, nós nem sabemos o que está acontecendo. Mas olha, sua mãe não está sendo parcial quando diz que tem orgulho de você. - ele pôs a mão no meu ombro. - Você vai ser um grande Auror amigo, tenho certeza, e você vai chutar a bunda de todos esses comensais idiotas.

- Isso se não tiverem feito isso antes de mim. - eu sorri, recuperando o bom-humor de novo. - Espero que eles deixem um pra mim...só por diversão, sabe?

- Ah, agora sim temos o James de volta. - ele exclamou, contente. Eu percebi, quando realmente olhei em volta da sala, que o pessoal estava dividido em dois grupos. Eles ficaram divididos a festa inteira, era a verdade, mas agora estava gritante a diferença. Eu fiquei tentando entender o porquê da separação até notar que em um canto estavam todos os garotos (menos Longbottom) e Bessie e, do outro lado, as garotas com Frank. De um lado, o grupo do Sirius, do outro, o de Krakowsky.

Os dois não haviam nem trocado um olhar a festa inteira. Por que será que ela veio, eu me pergunto. Nós não somos grandes amigos, na verdade, nós acabamos ficando mais próximos depois que ela passou a namorar com o meu melhor amigo, e agora que ela estava odiando ele com todas as suas forças, eu achei mesmo que ela ignorar a nossa existência completamente. Tirando o fato que ela é a melhor amiga da Evans, e muito próxima da Riz, ela não tinha muitos vínculos com a gente, né?

- Hora do bolo, gentarada! - Arista apareceu da cozinha com uma bandeja nas mãos. Ela pareceu ter percebido o que a gente notou. - Bem...vamos todo mundo sentar aqui na mesa e comer. Juntos. - ela abriu um sorriso, colocando a bandeja em cima da mesa da sala de jantar.

- Acho que vamos precisar de mais cadeiras. - minha mãe estava atrás dela. Ela sacudiu a varinha e meia dúzia de cadeiras apareceram, se espremendo entre as que já estavam lá. A mesa tinha ficado mais comprida também. Todos vieram para perto da mesa, conversando alto, e eu me sentei entre Remus e Arista. Evans sentou-se ao lado de Moony.

- Espero que vocês gostem. - ela sorriu, tímida. - Bem, é de limão com marshmellow. Sua mãe disse que você gosta. - ela virou-se para mim.

- Sério? Eu sou doido por marshmellow! - eu ataquei o pedaço que Arista já estava cortando e coloquei no meu prato.

- Que menino educado! - ela franziu a testa e todos riram.

- Francamente, Jimmy. - minha mãe ergueu a sobrancelha para mim. Ela e essa mania de me chamar de Jimmy quando quer me fazer achar que tenho 3 anos...

- Dissfulpe. - eu comentei de boca cheia. Mais risadas. As pessoas ainda estavam se sentando quando Anne e Sirius se aproximaram da mesa ao mesmo tempo. As únicas duas cadeiras sobrando eram uma do lado da outra.

- Vixe, lá vem. - Arista murmurou baixinho.

Os dois se olharam por instantes, enquanto todo mundo ficou em silêncio, segurando a respiração. Então, Anne se sentou e deu uma garfada no bolo.

- Ficou uma delícia, Lily, parabéns. - ela sorriu e continuou comendo. Sirius deu de ombros e sentou e tudo voltou ao normal.

- Bom. Isso foi bom. Não foi? - Arista comentou baixinho.

- É, bem...depende do ponto de vista. - eu respondi, rindo.


- Valeu mesmo, cara. - eu apertei a mão de Tristan antes dele desaparecer pela lareira. Kendricks, Takahashi, Longbottom...todos tinham ido. Arista foi embora cedo também, porque a mãe dela queria que ela a acompanhasse para fazer compras. Só ficamos nós, os marotos, Evans e Krakowsky. Evans e Krakowsky estavam com a minha mãe na cozinha, ajudando a arrumar tudo, enquanto eu, Sirius, Remus e Peter jogávamos snap explosivo no chão da sala. Eu ouvi a porta abrir devagar e logo a cabeça de meu pai apareceu. Ele pendurou o casaco atrás dela.

- Onde estão todos?

- Já foram embora, pai. - eu olhei para cima. Ele parecia muito cansado.

- Desculpe, James. - ele deu um sorriso sem graça.

-Que isso, pai. - eu sorri, me levantando do chão. Ele me deu um abraço. - Isso é para você! Feliz aniversário, filho.

- Ingressos para o jogo dos Arrows contra os Cannons? - eu arregalei meus olhos quando abri a pequena caixinha que ele tinha me entregado e vi os quatro tickets amarelo brilhante para o jogo que aconteceria em quatro dias. - Puxa, demais, pai!

Moony e Padfoot se levantaram, animados, e me cercaram, pegando dois dos tickets nas mãos.

- Isso é nosso? - Padfoot sorriu sugestivamente.

- Lógico. - eu pisquei. - Ei, Pete?

- Eu não posso ir. - ele suspirou. - Eu vou viajar amanhã para Belfast com a minha mãe. Ela vai visitar meus avós.

- Bem, a Arista vai gostar então. - eu dei de ombros.

- Er...onde está sua mãe, James?

- Lá dentro. Ela estava preocupada com você...por que você se atrasou, falando nisso? - eu indaguei, curioso.

- Um animago não-autorizado está nos dando trabalho, como sempre. - ele respirou fundo, não olhando nos meus olhos. - E esse ainda mais que os outros. Tente capturar um corvo no meio de um parque. Bem, eu vou falar com ela. Licença, garotos.

Peter estava branco feito neve. O rosto de Remus ficou levemente vermelho.

- Você viu a cara dele? Parece até que ele sabe... - Wormtail sussurrou na sua voz esganiçada tradicional.

- Claro que ele não sabe. - eu respondi, confiante. Ou tentando parecer confiante... - ele é meu pai! Se ele soubesse, eu estaria de castigo até os noventa anos.

- O sr. P é como um pai pra mim. Eu não quero nem pensar o que ele ia achar de mim se descobrisse. - Sirius murmurou, a cara fechada. Ela se suavizou quando ele ajuntou, num sorriso sarcástico. - Eu gosto de ter minhas roupas passadas e comida quentinha quando acordo.

Anne e Lily caminharam para fora da cozinha.

- Bem, eu acho melhor nós irmos. Tchau, Potter, e parabéns de novo! - ela me cumprimentou, tímida. - Tchau Lupin, Pettigrew. - ela acenou para eles e se adiantou para a lareira.

- Tchau, Krakowsky. - Sirius sorriu.

- O que seja. - ela disse, displicente, o olhar concentrado em abotoar o casaco.

- Ei, nós podíamos marcar de se encontrar no Beco Diagonal para as compras, não? - ele exclamou, olhando diretamente para Anne.

- É, vamos ver. - ela pegou um pouco de pó-de-Flu. - Vejo você depois, Li! St. Mungos.

- O que ela vai fazer lá? - Peter perguntou.

- Encontrar com a mãe dela no serviço. - Evans cutucou Sirius. - Hmmmmm.

- Ha. Muito engraçado, Lily. - Sirius rebateu, irritado.

- Hmmmmmmmmmmm. - ela repetiu. Eu entendi o que ela estava fazendo e comecei a rir.

- Não é igual quando você faz, Evans. - ele franziu a testa.

- Ah não. É melhor. - ela deu uma risadinha. Eu podia beijá-la agora!

- Tchau, Evans. - ele revirou os olhos e se sentou de novo no chão, onde estávamos jogando.

- Até mais, Lils. - Remus a abraçou.

- Até. Tchau, Pete! - ela acenou para Wormtail, que havia se juntado à Sirius. Ela fez um sinal com a cabeça para Moony e ele se afastou. - Bem, vejo você depois, Potter.

- É. Depois. - eu murmurei.

- Treine bastante. Eu quero ouvir depois. - ela se inclinou e sussurrou no meu ouvido. Eu não pude deixar de sorrir muito, mesmo sem ter idéia nenhuma do que ela estava dizendo.

- Ah, claro!

Ela recolheu um pouco de pó-de-Flu nas mãos. Eu não consegui deixar de notar como elas eram bonitas, delicadas.

- Espero que você tenha gostado da surpresa. - ela se virou para mim novamente. Então, sem conseguir me conter (você sabe, esses impulsos são incontroláveis), eu uni meus lábios com o dela. Eu senti um gostinho doce de marshmellow. Como não tinha acontecido das outras vezes, ela relaxou os músculos do rosto e demorou uns instantes para que nos separássemos.

- Igualmente. - eu murmurei. O rosto dela estava corado, e os olhos dela pareciam muito mais verdes.

- Er...é...bem...tchau. - ela piscou diversas vezes, atrapalhada, atirando o pó na lareira. - Hmmm...er...ah sim. Largo das Orquídeas.

Eu poderia... cantar! Era como... capturar o pomo na final da Copa de Quadribol! Multiplicado por dez! E quebrando o nariz do Snape no processo! Era bom demais, era melhor que isso, era sensacional! Lily Evans não tinha negado meu beijo, e dessa vez, ela o retribuiu! Isso sim é que é presente de aniversário decente!

Moony, Padfoot e Wormtail me olhavam extremamente surpresos e curiosos enquanto eu dava socos e chutes no ar.

- Wormtail, me belisque. Não de verdade, seu trasgo! - sirius deu um tapa na cabeça de Peter. - Isso aconteceu mesmo, Moony?

- É. Acho que sim. - ele deu de ombros. - Mas nós poderíamos estar sonhando, sabe.

- Eu estou sonhando! - eu gritei. - Peraí. Volto em um segundo. - eu exclamei e subi as escadas para os quartos de dois em dois degraus. Em cima da minha cama tinha vários embrulhos. Eu peguei um embrulhado em um papel de cor bege, com um discreto laço prateado, contrastando muito com as caixas multicoloridas e piscantes que estavam sobre a cama. Era um papel de presente trouxa, com certeza. Eu abri com muito cuidado para não rasgar o papel, e observei que eram partituras. Eu li o alto da página. Think of Me - The Phantom of the Opera.

- Lily Evans, Lily Evans... - eu disse a mim mesmo, rindo muito. - Simplesmente não dá para não se apaixonar por você.


N/A: Ééééé...mais um capítulo! Isso significa, sim, que eu terminei de escrever o capítulo 6. E eu terminei de ler HBP. Ooooh!

: pausa para momento "Menina, eu tô passada!" :

Esse livro mexeu intensamente comigo de diversas formas, então se a partir do capítulo 6 em diante vocês perceberem alguma coisa, sim, é influência dele. XD

Aaaah, o Sirius, a Lily e seus respectivos "hmmmm" são referência a uma certa pessoa que beta minhas fics e consegue encarnar os dois no MSN, mas eu não direi quem é. : pisca o olho :

E eu AMO Fantasma da Ópera, sim sim. Não creio que o musical já tenha sido lançado em 1977, mas vocês entendem a licença poética, não? Eu precisava de uma música de piano que combinasse com eles...

E meu Deus, eu estou surpresa com essas reviews! Vocês são tão fofas! Eu quase chorei aqui, verdade!

Muitos abraços profundamente agradecidos para Tainah (você passou a noite inteira lendo? desmaia) Pikena, Tathi, KeKa Black (claro que lembro de você!), Dani Potter (você é a autora de Inocentemente Plástico e Eu Aceito e está berrando escandalosamente por Prongs? Eu não acredito! ), Lisa Black, Nath Mansur (eu adoro Remus/Tonks! ;D ), Bzalunga, Mylla Evans, Mah Clarinha, e minha querida ex-Natalia Potter e agora Mrs LilyGirl!

Gente, vocês são loucas de gostar dessa fic! Sério, se internam... Mas não deixem de continuar lendo! XD

Muito obrigada MESMO!

Até a próxima atualização!