7. - Um beijo inesperado
No dia seguinte, eu acordei relativamente cedo, e de bom-humor. Nenhum sinal de Evans na sala, então subi até a torre para encontrar os marotos. Peter já havia descido (eu já comentei o quanto ele anda sumido?) e Remus estava colocando os sapatos. Sirius, pra variar, estava ainda dormindo, o ronco abafado pelo travesseiro na cara. Eu me espreguicei, apontei a varinha para ele e murmurei um feitiço. Um jato de água saiu da ponta da varinha, acertando Sirius em cheio no rosto. Ele levantou num pulo.
- Aaaah, Prongs, droga! Você muda de quarto e continua me perturbando! - ele resmungou, me jogando o travesseiro, que pegou de raspão no meu braço e derrubou o despertador de Remus. Eu respondi com a almofada da cama mais perto, a de Peter. Padfoot, então, saltou em cima de mim e começou a me dar socos "gentis".
- Então chega, né crianças? - Remus murmurou, balançando a cabeça. - Francamente, vocês tem certeza de que estão no ano certo?
- Mas é claro! Diga: você iria nos repetir, Moony? E nos agüentar mais um ano? Dumbledore é um homem sábio. - Sirius riu se levantando e balançando o cabelo pra frente, fazendo a água respingar no rosto de Remus. Eu não pude deixar de rir da cara que ele fez.
- Alguém precisa visitar um cabeleireiro aqui, não? - ele segurou o riso. - Bom, acho melhor a gente descer logo. Agora é poções, e a Biggins vai usar nossa pele para fazer poção rejuvenescedora se chegarmos atrasados.
- Espera aí! - eu me virei para Sirius e cruzei os braços. - Eu fiquei esperando você me chamar no espelho a noite toda. Você não tem nada pra contar, não?
- Não. - ele sorriu, maroto.
- Então o "nada" te deixou acordado até às duas da manhã? - Remus deu uma risadinha. Eu olhei para Sirius como se dissesse "Ah, eu sabia!".
- Vocês são duas velhas fofoqueiras, sabia? - Padfoot sorriu ainda mais. - Bem, digamos que, mais uma vez, foi comprovado que as mulheres não resistem ao cachorrão aqui.
- Esse é meu Pads! - eu gargalhei, e dei um tapinha em suas costas.
- Observe e aprenda, jovem James. Observe e aprenda. - ele retribuiu o tapa. - E você também, senhor Lupin. Não acha que está sozinho há muito tempo já?
O rosto de Remus parecia que ia explodir em chamas a qualquer segundo, de tão corado. Suas pupilas se dilataram.
- Er...bem...hmm... - ele balbuciou.
- Você está bem, Moonyzinho? Quer que eu chamo a Madame Pomfrey? - Sirius exclamou, imitando uma voz muito parecida com a da minha mãe.
- Vá para o inferno, Sirius. - ele bufou, saindo do quarto. Sirius balançou de ombros.
- É, vai chegando a Lua Cheia, Reminho vai ficando estressado.
Mas Sirius sabia que não era isso, e eu também. Remus sempre se esquivou do assunto "garota" - o que é, digamos, bem difícil para alguém que convive comigo e com Padfoot. Ele sempre nos disse que "era complicado se relacionar com uma pessoa quando se tem um segredo tão importante para guardar", e essa era a única resposta que obtivemos até hoje. E eu sei que ele já gostou de alguém, há muito tempo, mas a identidade dela eu tenho certeza de que eu nunca vou saber.
Nós descemos e encontramos Arista na sala comunal.
- Olá, vocês. O Remus acabou de passar por aqui, e mal me disse bom dia... - ela nos olhou, confusa.
- Você conhece o Remus. - Sirius se limitou a dizer, abraçando Arista. - Então?
- Então o quê?
- Não se faça de desentendida, Arista Skyler! - eu exclamei, firme.
- Vocês são duas pragas. - ela suspirou fundo. - Eu acho que correu tudo bem. - ela, então, sorriu. Por que isso não me cheira bem?
- Isso quer dizer o quê, especificamente? - eu indaguei, curioso.
- Ai, eu não sei, James! - ela abaixou os olhos, corando. - Isso depende dele, ué.
- Quer que a gente dá um jeito na situação? É só dizer o nome. - Sirius sussurrou, batendo a mão fechada na palma da outra mão.
- Ajudaria muito se vocês parassem de me perseguir.
Ela saiu da sala com pressa, e nós a seguimos até o Salão. Eu avistei Remus e Lily conversando e rindo animadamente, então eles haviam feito as pazes. E agora eu tô me sentindo culpado por não gostar um pouco disso.
- Então, sobre o que estamos falando? - eu me sentei ao lado de Remus e à frente de Lily. Sirius sentou-se do outro lado de Moony.
- Nós, isto é Remus e eu, estávamos discutindo assuntos particulares. Obrigada pela preocupação, Potter. - Lily me jogou um sorriso do tipo "eu-não-me-importo-com-o-que-você-diz".
- Tssssssss...um a zero, Prongs. E "assuntos particulares", é? Você devia se preocupar mesmo. - Sirius riu. Eu torci o nariz. Ele sabe mesmo como fazer você se sentir melhor nessas horas, não?
- Muito engraçado, Sirius. - Evans murmurou, franzindo a testa. - De qualquer maneira, - ela balançou a mão no ar, como se estivesse afastando um mosquito invisível - vocês dois estão planejando ir nesse negócio de festinha de aniversário?
- Claro. Quer dizer, não nos resta muita opção, resta? - eu dei de ombros. Ela piscou os olhos diversas vezes, como se estivesse pensando em mil razões distintas. - Algum problema, Evans?
- Não, é que... bem, festas não são permitidas dentro de salas de aulas e...
- Ah, vá Evans! Você não vai reportar isso ao diretor, vai? - eu reclamei. Às vezes ela leva o senso de responsabilidade dela longe demais, não acham?
- Nem é uma festa de verdade, Lily. É só desejar um feliz aniversário pra menina, ela podia usar um pouco de animação. - Remus, a voz da razão marota, disse, calmamente.
Ela cruzou os braços, teimosa como só ela pode ser.
- Lily, a garota tem 13 anos, está chocada, você realmente acha...
- Tá bom, tá bom! - ela jogou os braços pra cima, irritadiça. - Se é tão importante assim, está bem, vamos à bendita da festa. - ela bufou. - Eu estou indo pra aula.
Ela saiu batendo o pé firme pelo Salão Principal. Ok, essa eu não entendi. Não entendi mesmo. Não era ela Lily Evans, a defensora dos fracos e oprimidos? A Lily Evans que era simpática, gentil e carinhosa com qualquer um que não usasse óculos, gostasse de quadribol, se transformasse num cervo e atendesse pelo nome de James Potter (ou, às vezes, até com ele)? Eu imaginaria que ela explodiria com qualquer pessoa que não quisesse ir na festa da pobre garotinha, reclamando que aquela pessoa tem merda de trasgo no lugar de um coração. Então por que era ela que estava agindo como se não se importasse? Será que tudo isso é trauma de festas de aniversário?
Eu olhei para a pessoa que estava sentada ao meu lado. Ele devia saber o que tinha acontecido.
- Não olhe pra mim, Prongs. - ele balançou os ombros. - Eu entendi tanto quanto você.
- Lilica está pirando. - Sirius sacudiu a cabeça, melodramático. Ele deu em tapa nas costas de Remus, então. - Desculpe por te perturbar antes, Moony.
- Sem problemas, cara. - ele sorriu. Ele não precisou dizer que não queria mais que tocássemos no assunto. E nós não precisamos responder que, dessa vez, iríamos obedecer.
Nós caminhamos para a saída do Salão, vários alunos fazendo o mesmo à nossa frente. Nós avistamos Anne vindo da mesa da Corvinal, conversando com outras duas meninas, bem mais novas que ela. Anne não era lá muito amiga das meninas de sua casa - e o fator Sirius Black contava muito para essa implicância, já que as únicas garotas que não haviam estado com ele da casa (eu acho que podemos dizer uns 30 delas), ou haviam estado comigo ou eram novas demais para nós dois.
Padfoot, ao ver a loirinha se aproximar, estufou o peito e acenou.
- Ei, Annie!
Ela sorriu de volta e ele caminhou até ela, devagar e pomposo. Eu balancei a cabeça, rindo. Esse Sirius... Ele jogou os braços em volta dela e sussurrou algo no seu ouvido. Anne sorriu para ele; disse algo, batendo a mão suavemente no ombro dele e saiu andando. Por um instante eu acreditei ter visto o queixo de Sirius cair, mas quando eu pisquei ele já estava voltando para nós, sorrindo divertidamente.
- Er...amigão?
- Ela está jogando comigo. - ele cruzou os braços e riu(!).
- Como assim? - Remus indagou.
- Ela disse que estava ocupada, que não podia me ver hoje. Ela está me ignorando, se fazendo de difícil, sabe? Ela acha que eu vou sentir falta se ela começar a me tratar como...
- Você trata garotas em geral? - Remus arriscou, disfarçando uma risada.
- É, basicamente isso. Bom, ela está errada. Sirius Black não foi feito para ser enganado, domesticado, ensinado, amarrado e menos ainda, ignorado. Tem centenas de garotas nessa porcaria de escola, e mais milhares nesse mundo. Eu não vou rastejar atrás dela, eu não sou o Pr...
- Cuidado com o que você vai dizer! - eu exclamei, meu sangue inflamando. Ele riu e nós continuamos caminhando, até outra voz, esganiçada e familiar, nos interromper.
- Ei, caras, esperem! - Peter vinha correndo ofegante atrás de nós.
- Onde diabos estava você? - eu me virei e perguntei a ele, surpreso de verdade. Eu não o tinha visto toda a manhã.
- Mesa da Lufa-Lufa. - ele sorriu, maroto.
- Oh, senhor. A vida amorosa do Wormtail está melhor que a nossa.
Sirius balançou a cabeça para trás, gargalhando e nós fizemos o mesmo, enquanto Wormtail franzia a testa e fazia biquinho.
A aula de Poções era praticamente toda formada por grifinórios e sonserinos - havia apenas uns três corvinais e uma lufa-lufa perdida - então era, basicamente, nós e os verdinhos. A masmorra estava quieta, e isso era estranho; como se o silêncio fosse um alerta de que algo iria acontecer. Evans e Arista estavam sentadas em uma mesa na frente da sala, com Anne e a menina Lufa-lufa. Eu, Remus, Peter e Sirius estávamos no fundo, como era usual. Biggins, a professora rechonchuda e mal-humorada de Poções, mandara a sala produzir o Elixir Animorfo, mas Sirius não estava com vontade nenhuma de cumprir a tarefa. Aliás, nem com vontade de respirar ele parecia. Ele estava apenas se balançando na cadeira, os braços atrás do pescoço, um olhar meio ausente. Eu conhecia Padfoot o suficiente para saber que ele estava furioso pelo que tinha acontecido com Anne e não queria dar o braço a torcer. Remus picava uma raiz que eu não sabia qual era enquanto Peter o observava como uma criança observa a mãe fazer torta de abóbora. Eu ainda não sei como ele conseguiu passar nos N.O.M's! Ah, sim, claro. Ele colou.
- Vocês podiam ajudar, não acham? - Moony resmungou, olhando feio para nós. Eu levantei a cabeça, minha pena em minhas mãos.
- Moony, eu estou criando! - eu apontei para o meu pergaminho, com um esboço de um estudo da parte de trás da cabeça de Lily. - Artistas são tão incompreendidos...
- Desculpe, Van Gogh. - ele revirou os olhos. Eu franzi a testa, já tinha ouvido o nome em algum lugar.
- É o da orelha? - eu perguntei, coçando o meu queixo. Ele ignorou minha observação e virou-se para Sirius.
- Padfoot?
- Ok, que seja, o que você quer que eu faça? - ele piscou e balançou a cabeça, saindo do "transe". Eu ri. - Ah, já sei...
Ele apertou os olhos e sorriu, algo que deu a impressão de que eu estava olhando para um cão prestes a atacar um passarinho, apontou sua varinha para alguém que estava sentado à cadeira em frente e sussurrou alguma coisa. Não preciso dizer quem estava sentado naquela cadeira, e que no próximo segundo o caldeirão dessa pessoa virou em cima do colo dela e a poção, gosmenta e alaranjada, se espalhou por todo o chão da masmorra, e que eu, Sirius e Peter soltamos uma bela de uma gargalhada, e que a Biggins começou a espumar de ódio gritando "Todos dispensados! Vinte pontos a menos para a Sonserina!".
- Não o que eu tinha em mente, Padfoot. - Remus murmurou, contrariado.
- Relaxa, Moony. Pelo menos você não vai ter que terminar a poção. E eu estou me sentindo bem melhor agora. - ele respirou fundo e espreguiçou. Nós nos levantamos para sair da sala e passamos por Ranhoso, que estava recolhendo suas coisas enquanto a voz da Biggins ecoava "Eu quero tudo brilhando em cinco minutos, senhor Snape! Olha só essa sujeira!"
- Eu ainda acabo com você. - Ele disse, entre dentes, quando eu me aproximei da mesa dele. Por que ele cisma que sou eu quem tira uma com a cara dele todas as vezes? Inexplicável, não? Então, acidentalmente, já que ele estava no chão, recolhendo as coisas, eu chutei a mochila dele, fazendo os livros dele caírem no chão e se mancharem de poção animorfa. Praticamente sem querer, sabem. Algumas folhas dos livros se transformaram em pequenas formigas e saíram correndo.
- Opa, foi mal, Ranhosinho. - Eu gargalhando, o que também foi puramente acidental, sabe.
- Vá se foder, Potter.
- Isso não é uma maneira correta de se falar com um monitor-chefe, Sevie. Que tal menos vinte pontos...
- Que tal nada. Vem. - Eu senti uma mão me puxar pra frente e me levar pra fora da masmorra. Biggins ainda estava bufando. Sorri quando olhei para baixo e vi que era Evans que me arrastava.
- O que você pensa que está fazendo, hein Potter? Você não pode simplesmente tirar pontos dele por xingar você, merecidamente aliás.
- Merecidamente? - minhas sobrancelhas se ergueram, e eu fingi assombramento. - Evans, eu sou uma autoridade dentro dessa escola, ele não pode falar daquele jeito comigo.
- Você ouviu essa? - Sirius, que nos esperava do lado de fora da sala com os outros, exclamou, falsamente assustado. - Ele disse auto...auto...oh, eu não posso nem repetir. Blasfêmia!
Remus disfarçou uma risada, Arista não escondeu a dela.
- Eu estou a utilizando convenientemente, amigão. - eu pisquei.
- Dá pra vocês pararem de brincar? - Lily cruzou os braços (vocês perceberam o quanto ela faz isso, e como ela fica adorável quando o faz?), bufando de uma maneira bem próxima à da Biggins. - Eu estou falando sério! Quem de vocês fez aquilo?
Sirius e eu começamos a assobiar. Remus levantou os braços e chacoalhou, murmurando "eu não sei de nada".
- Potter, você é um monitor-chefe! Você precisa crescer! - ela disse, quase suplicando.
- Evans, você nem cogita a idéia de que Snape talvez possa ter derrubado o caldeirão por livre e espontânea falta de coordenação motora? - eu respondi, com a voz firme. - E de que eu posso não ter nada a ver com isso?
Ok, a primeira era mentira, mas a segunda era a mais pura verdade.
- Há uma possibilidade, mas considerando quem estava sentado atrás dele, ela é bem remota e insignificante. - ela me fuzilou com o olhar. - Eu não quero mais ver vocês provocando o Snape, compreenderam? Senão eu vou ter que usar o meu poder de monitora-chefe, e sim, Potter, eu posso usá-lo com você também. - ela ajuntou quando eu comecei a sorrir marotamente.
- Está bem. Mas se ele me provocar, eu não respondo por mim.
- Ei, Senhor Autoridade, você vai me sentenciar a quantos anos de prisão? - Sirius sussurrou quando ela estava há alguns passos à frente de nós.
- Absolvido, Black. - eu tossi e endireitei minha postura, imitando um professor qualquer. - Você agiu em legítima defesa, afinal, é uma afronta à humanidade Snape ter ousado nascer.
A gargalhada dele ecoou no corredor.
- Então, até mais, garotos. - Arista acenou quando chegamos às escadas.
- Onde a senhorita pensa que vai?
- Desculpa, Jamie, eu sei que nós devíamos ir nessa "festa" por consideração à menininha, mas eu estou, digamos, ocupada. - ela deu um risadinha e desceu as escadas correndo.
- É sério. - Padfoot balançou a cabeça. Eu resmunguei algo que não me recordo, mas que devia ter algo a ver com eu não ter idéia de quem era esse cara com quem Arista estava se encontrando o tempo todo. Se ela estava o escondendo, boa coisa não era. E eu tinha certeza de que ficaria furioso quando descobrisse.
Nós chegamos à sala da McGonagall, onde o terceiro ano dos lufos e dos corvinais tinham acabado de ter aula e Arandella teria sua pequena reunião de aniversário, e havia apenas seis pessoas na sala, incluindo a própria professora, a aniversariante e sua irmã, que nos recebeu sorrindo bastante.
- Vocês vieram, que legal! Obrigada! - ela me abraçou. - Todos vocês. Della vai ficar tão feliz de vê-los!
Nós caminhamos pela sala e a professora Minerva veio conversar conosco. O rosto de Evans se iluminou.
- Olá, professora! - ela exclamou, sorridente.
- Senhorita Evans, como vai você? - ela respondeu num ar de simpatia, mas dava pra perceber que ela estava melancólica.
- A professora foi muito legal por deixar eu reunir os amigos da Della no final de sua aula. - Miranda comentou, visivelmente agradecida.
- Bem, como Albus diria, doces vão bem em qualquer ocasião. - ela apontou com a cabeça para a sua mesa no fundo da sala, que agora estava coberta com uma toalha branca e onde descansavam diversos pratinhos com bolo de chocolate com pequenas colheres de cores diversas. Peter correu para perto dos doces. - Os elfos-domésticos foram muito gentis.
- Ah, muito gentis mesmo, professora. - Lily ajuntou, distraída. E eu não podia perder a oportunidade.
- Verdade, professora. Sabe, eu e Evans estávamos discutindo se era permitido ou não fazer festas de aniversário nas...
- Potter! - Evans virou-se pra mim, a raiva crescendo nos olhos dela.
- Exceções podem ser feitas, senhor Potter. - McGonagall replicou, séria, e voltou seu olhar para as quatro garotinhas que, sentadas em círculo, comiam o bolo em silêncio. A última delas era Arandella Jones.
- Você ouviu, Evans? Exceções podem ser feitas. - eu repeti.
- Me deixa, Potter. - ela resmungou e caminhou até as garotas. Eu vi ela dizer algo para Della, passando as mãos pelos cabelos loiros da menina. Vê? Ela pode ser realmente bem simpática quando quer.
- Hey...parabéns! - eu me juntei a ela e murmurei para Arandella, meio desengonçado. Eu não sei mesmo como agir em situações como essa.
- Obrigada. - ela levantou os olhos para mim e deu um sorriso breve, voltando para o doce em suas mãos depois. Talvez essa "festa" não fosse uma boa idéia. Eu senti uma mão no meu ombro: Sirius. Ele ajoelhou-se ao meu lado para ficar da altura da menina sentada. Se ele achava que teria mais sorte...
- Ei, pequena. Isso é pra você.
Ele brandiu a varinha e conjurou uma pequena flor de pétalas redondas que pareciam pequenos espinhos macios. Ela podia, na verdade, ser facilmente confundida com uma bola de neve se não fosse por sua cor azul.
- No norte da Rússia, - ele continuou - durante a fria primavera, uma árvore alta e elegante, chamada "Kalina", inunda a floresta gelada com pequenas flores como essa, mas elas são brancas, tão brancas que as pessoas as chamam de "bolas de neve". Os bruxos russos, porém, cultivam pequenas mudas dessa árvore com adubos e fertilizantes especiais, que as fazem ficar azuis.
- Elas são mais bonitas assim. - Della sorriu.
- Mas isso não é tudo. Dizem que, se você assopra as pétalas dela, elas voam pelo ar e o enchem de conforto e esperança, como uma chama que aquece o frio das casas russas. É claro que isso é uma lenda... - Sirius sorriu, maroto. Della arrumou-se na cadeira e assoprou a flor com delicadeza, e meu suéter e o de Sirius ficaram forrados de um pó prateado e brilhante.
- Então?
- Eu me sinto...muito melhor. - a menina respondeu, e seu sorriso se aumentou.
- Veja só...talvez eles não estivessem viajando tanto na maionese, não? - Sirius riu.
- Obrigada, Sirius Black.
- Nah. Seu aniversário, minha obrigação. - ele piscou e nós caminhamos pra longe delas. Eu olhava para Padfoot de boca aberta: de onde é que aquilo tinha vindo? Alguém roubou meu amigo e o substituiu por alguém com pura e singela sentimentalidade, não é possível.
- O que foi aquilo, Pads? - eu perguntei, não segurando o riso.
- Bom, a Anne recebeu um cartão postal um dia, e tinha uma foto dessa árvore. Ela só me disse o nome dela em russo, o resto, bem, veio daqui. - ele tocou a própria testa com o dedo indicador. - Eu não tinha muita certeza se o feitiço ia funcionar, mas acho que ficou bom, não?
- Ficou ótimo. - eu me arrisquei dizer.
- É. Bom, ela merece depois de tudo, não?
- Uau. Sirius Black com um bom coração.
- Não me subestime, Prongs, eu sempre tive um. - ele riu, jogando os braços por cima de meu ombro e agora diminuindo a voz, como se imitasse uma criancinha, e apertando minha bochecha. - Como eu poderia gostar de um sujeito como você se eu não tivesse? Um sujeitinho assim tão fofinho e lindinho e legalzinho como o Jamesinho Potter?
- Ok, eu preciso ter uma conversa com Marianne Krakowsky. Essa coisa dela te evitar está te afetando demais. - eu bati na mão dele, afastando-a de me rosto.
Vinte minutos depois, McGonagall ordenou que nós deveríamos voltar para as nossas Salas Comunais (e eu suspirei aliviado, admito, a festa estava muito chata). Lily Evans, que estivera o tempo todo conversando ou com o Moony ou com a professora, virou-se e andou até a mesa da Minerva.
- Deixa eu ajudar você com isso. - ela disse a Miranda, que recolhia os copos e colheres e tudo o mais.
- Ah, precisa não, Lily. - Miranda balançou as mãos. - Você ter aparecido já foi o suficiente.
O rosto de Lily se tornou levemente avermelhado, eu notei. Estranho. E a voz dela estava um pouco rouca quando ela respondeu:
- Imagine, Miranda, não foi nada.
- Foi muito para nós. - a menina replicou, a voz meio falhando. - Della e eu passamos por muito esses últimos dias, e ela é tão novinha, é muito triste. E mamãe está tão acabada que nem...mandou...
Então, de repente, Miranda se jogou nos braços de Lily e começou a chorar. Evans deu tapinhas encorajadores nas costas da menina enquanto olhava para Remus, pedindo socorro. Hiper-estranho. Ela sempre foi uma perita nessas situações de consolar pessoas e auxiliar e ser bondosa e tal.
- Eu cuido disso. - McGonagall sussurrou, e quando ela traçou um círculo no ar com a varinha, os talheres desapareceram. Arandella e suas amigas, alheias ao ataque de choro da Miranda, passaram por mim, Padfoot e Moony. Ela sorriu significativamente para Sirius e continuou andando. Miranda soltou-se de Lily, limpando as lágrimas com os nós dos dedos.
- Bem, passou. - ela deu um sorriso sincero. Ela se despediu dos outros, agradecendo-os mais uma vez por ter aparecido, e os outros saíram da sala, com McGonagall. Eu e ela ficamos por últimos, e eu a segurei mais uns instantes. Bem, talvez eu devesse tentar ser um pouco legal e bondoso e consolador e tal de vez em quando, não?
- Miranda. O que você precisar, se você quiser conversar, ou quiser bater em alguém, o que seja... me chame, ok? - Bem, eu tentei!
Os olhos dela se encheram de lágrimas de novo, mas ela manteve o sorriso. Talvez minha tentativa tivesse funcionado! Afinal nós tínhamos algo em comum; ou talvez teríamos um dia, e isso me fazia se sentir próximo dela. Ela jogou os braços em volta do meu pescoço.
- Você é um cara legal, James Potter.
- E você é uma garota adorável, Mia. E eu sei que as condições não foram das melhores, mas bem, eu adorei conhecer vocês.
Ela piscou diversas vezes e, nas pontas dos pés, se inclinou para...epa. Não era preciso ser um perito em garotas pra saber o que a portadora daqueles olhos cintilantes estava pensando em fazer. E fez, milisegundos depois.
Eu senti um gosto salgado (provavelmente das lágrimas de antes) e um pouco cítrico em minha boca. Os lábios dela eram macios e, por mais que eu estivesse surpreso, eu logo percebi que tinha gostado - muito - do beijo. E isso era um problema, um grande problema.
Lembre-se da Arista, James. Lembre-se de que o que seja lá o que você esteja pensando em fazer é errado.
Mas como é que eu ia dar um fora numa menina linda como a Miranda, e que tinha acabado de perder o pai, e parecia gostar de mim?
Eu a encarei enquanto ela saiu correndo pelo corredor, e me virei para ver uma cena muito engraçada, eu teria rido se não estivesse ainda abobado: Remus e Peter me encaravam com seus queixos quase tocando o chão; Sirius tinha uma sobrancelha erguida e um sorriso nascendo nos lábios e Lily Evans... Lily Evans estava quase que literalmente soltando fogo pelo nariz. E eu não conseguia distinguir se aquilo era muito bom ou muito mal.
Por que, Merlin, oh por que essas coisas tem que acontecer comigo?
N/A: Ok, eu sinto que tenho MUITAS desculpas a pedir a vocês. Mas eu tenho justificativas legais e reconhecidas em cartório para esse tempo gigantesco sem atualização, hehe
Finalmente, minhas aulas na faculdade terminaram, o que significa sem trabalhos, sem aulas, sem pesquisas até uma hora da manhã e escrever Prongs até não dar mais!
O capítulo 10 já está digitado, o onze está parcialmente escrito e o doze, idealizado. Vejam que eu não perdi tempo. Isso não é maravilhoso? Er...ah, digam que é, vá, só pra eu ficar feliz!
E eu sei que são apenas sempre as mesmas meia dúzia de pessoas que tem coragem de ler essa fic, mesmo com essa autora tão relapsa, mas por favor, não esqueçam de deixar review! Agora que eu estou com tempo de escrever, esnobarei e direi que só postarei o próximo capítulo depois que esse alcançar dez reviews! Camys torturadora E vocês querem o próximo capítulo, não querem? Er...ah, finjam que querem, pelo menos. XD
Thata Radcliffe: Dessa vez eu demorei muito hehe E o aniversário da Della não foi tão legal assim, né? Com quem Arista vai se encontrar? Aaaaah, vocês e eles vão demorar muito pra saber, mwuauauauauauá! - Isso foi uma risada maligna... Beijos!
Jules (Lily "Evans" Lied): Eu não disse que postaria, flor? Férias - tempo - monotonia - Prongs II! Beijinhos...
Pikena: Sirius e Anne finalmen-er, será que isso é uma reconciliação de verdade? Hmmmm, sei lá, hein...XD E se Lily ficou com ciúmes da Miranda? Beeeeeeem, acho que podemos deduzir algo desse capítulo, não? ;) Beijos.
Titinha Potter: A música de aleluia me soa muito mais forte agora...eu nunca desistiria de Prongs. Essa é minha fic xodó, e eu não me chamo Camila se não terminá-la! Nem que seja a última coisa que eu faça! - bate no peito inflado com espírito grifinório - Obrigada por todos os elogios, eu fico muito feliz de ouví-los, ainda que não os mereça...beijos!
A Kellynha Potter: Obrigada, obrigada! Garanto que os próximos capítulos não demorarão mais tanto assim...
Naty (MrsLilyGirl): Hey, mate! Tenho que te mandar o capítulo pra você betar... obrigada por ter ido ao Pottercon comigo, obrigada por tudo que você faz e esse capítulo é dedicado a você. Sirius/Anne e... James/Mia! Hahaha! -Camys sai correndo-
TatyEvans: Minha nora querida! Como anda minha filhota? Obrigada por ler minha fic, querida. Você é uma fofa, sabia? DL tem um ótimo gosto ;) Mamãe aprova. Hahahahaha. Beijos!
Leka Evanssss: Atualizei! Obrigada! Beijos!
Nhaaa, obrigada a todas vocês. Ver seus comentários sobre a Prongs me fazem querer escrever mais e mais. É uma motivação, de verdade. Valeu mesmo.
Ah, e é claro... UM FELIZ NATAL A VOCÊS
TODOS!
Que Papai Noel presenteiem todo mundo com tudo que
vocês desejam pra essa data! (Lily mandou avisar que azara num
piscar de olhos quem desejar um James Potter com uma fitinha para
presente...)
E feliz Ano Novo! Divirtam-se!
Até a próxima atualização! (que será em breve, graças a Merlin!)
