13. Um primeiro encontro

-Comensais? Aqui? Não pode ser! – eu sacudi a cabeça, incrédulo. Mas o pavor nos olhos de Miranda denunciavam que ela não estava de brincadeira. Crianças, adolescentes e até adultos do vilarejo, passavam correndo de um lado pro outro.

-Nós temos que voltar para o Castelo. – Mia disse, a voz tremendo. Eu balancei a cabeça, concordando, mas mudei de idéia segundos depois.

-Pads! Moony! Eles estão todos por aí!

-E a Arista, a Anne... oh meu Deus! – Lily levou a mão dela à boca. – Eles devem estar procurando abrigo.

Eu abaixei a cabeça e levei a mão fechada à testa, batendo nela repetidamente.

-O que foi? – Lily exclamou, assustada.

-Sirius não iria procurar abrigo. – minha voz saiu estranhamente grave.

-Ele vai atrás deles. – Lily compreendeu minha preocupação.

-Leve a Mia de volta ao Castelo, eu irei...

-Você não vai sozinho! – ela gritou, mas o barulho da multidão desesperada quase a abafou.

-Lily, você não entende!

-Eu posso voltar ao Castelo sozinha! – Mia argumentou.

-Não! – eu me virei pra ela, exclamando. As duas me olhavam com um ponto de interrogação em seus rostos. Eu tinha que tomar uma decisão rápida.

-Você é um aluno do sétimo ano como eu, James. Você não é um herói, você não pode com eles sozinho. Nem tente negar minha ajuda. – Lily estava irredutível.

-Mia... – eu me virei pra ela, segurando seus ombros com as duas mãos. – Eu preciso que você faça um favor pra mim. Junte quantas pessoas você encontrar pelo caminho, e corra em direção da Dedosdemel. No fundo da loja, na parte do estoque, você vai encontrar um alçapão. Se precisar de ajuda, diga ao senhor Honeydukes que eu a mandei. Nesse alçapão terá um túnel para dentro da escola. Você vai dar em um corredor, você vai reconhecer quando chegar lá. Se for possível, leve o senhor e a senhora Honeydukes e o neto deles junto, eles vão precisar de ajuda. Você está entendendo tudo que eu estou dizendo? – eu murmurei tudo isso rapidamente.

-Sim. – ela respirou fundo. – Dedosdemel, estoque, alçapão, túnel, Castelo. Beleza. Eu consigo. – ela sorriu.

-Vá com cuidado, Mia. – eu supliquei. Ela me abraçou forte.

-Vocês também. – ela olhou para Lily de uma maneira arrependida.

-Vá! Você tem que tirar as crianças daqui! – Lily exclamou. Ela tinha os olhos marejados. Assim que Mia saiu correndo, ela pegou minha mão e apertou. Eu a puxei e começamos a apressar o passo na direção contrária em que a grande maioria das pessoas estavam correndo. Aos poucos, podíamos ver as belas e coloridas decorações de Hogsmeade destruídas e rasgadas. Uma barraca de suco de abóbora estava revirada no meio da rua de paralelepípedo. Copos, papéis, embalagens, tudo espalhado pelo chão. Algumas lojas tinham suas vitrines quebradas. Ao longe, podíamos ver luzes: eles estavam soltando feitiços! Quando estávamos prestes a cruzar uma rua, um feitiço acertou uma velha bruxa em cheio no peito e ela caiu aos nossos pés.

- Ah, meu senhor! Ela está morta? – Lily se ajoelhou. – Não, ela foi estuporada. – ela respondeu a si mesma, o rosto cheio de alívio.

-Lily, nós não temos tempo pra isso. – eu a puxei e recomecei a corrida. Ela me lançou um olhar desaprovador, mas segundos depois, compreendeu. Melhor do que tentar salvar uma mulher estuporada – que provavelmente teria socorro rápido - era evitar que Sirius saísse morto dali. E apenas a idéia disso acontecer fazia com que meus joelhos reclamassem dos passos rápidos.

-Onde nós estamos indo? – ela exclamou, e logo a compreensão a atingiu. – A Casa dos Gritos? Por quê?

-Seria o lugar ideal para Remus e os outros se esconderem. – eu exclamei. E eu não me enganei. De longe, pude divisar a silhueta de um grupo de pessoas passando por baixo de placas de madeira pregadas na frente da porta da casa, que agora estava aberta. Esperei que me aproximasse o suficiente para identificar quem estava entrando na casa e então, gritei.

-Moony! Moony, sou eu!

A última pessoa da fila a entrar na Mansão, que era Remus, virou-se pra trás. Ele fez sinal para que eu e Lily andássemos mais rápido. Conforme eu o alcancei, pude ver que Moony trazia medo e apreensão no olhar.

-Que bom que vocês estão aqui! – Remus abraçou Lily, que tremia.

-Quem está com você? – perguntei, apressado.

-Anne, Arista, uns dois ou três Lufa-Lufas, Cooper, Travis e duas quartanistas da Corvinal.

-E Sirius? – eu exclamei, aflito. Remus engoliu seco e franziu a testa. – Idiota! – eu chutei o batente da porta.

-Ele disse que ia matar Regulus. Que sabia que isso ia acontecer. Marianne fez de tudo pra impedi-lo, mas...

-Ele me fez procurar Regulus ontem. Nós o encontramos mandando corujas no meio da noite. Com certeza, ele acha... merda! Eu vou achar ele.

-Eu vou com você.

-Vocês não precisam sair. – Moony disse, e seu olhar comparava-se ao de Lily ao descobrir que a bruxa estuporada não estava morta. – Ele está te chamando.

Ele apontou para dentro de minha capa, de onde vinha uma luz azul-clara. Enfiei a mão no bolso e peguei meu espelho de duas faces. Agora, já podia ouvir uma voz gritar meu nome desesperadamente.

-Prongs! James! Pegue a porcaria do...

-Padfoot, onde você está? – eu gritei, nervoso.

-Onde você está? – ele me perguntou, ansioso.

Mas que diabos! Ele perdido no meio de uma vila sendo atacada, nós aqui esperando por ele e Sirius ainda acha que dá tempo pra ficar bancando o esperto.

-Eu estou na Casa dos Gritos com o Moony, ora! E você, volta já pra cá, esquece o Regulus!

-James, você não entende! Eu estou com o Takahashi ferido aqui! Os Comensais pegaram a Lisa Hamilton! Eles estão indo para aí!

Senti como se algo gélido e cortante estivesse descendo pela minha espinha. Remus e Lily se olharam, e prenderam a respiração com um ruído.

-Nós temos que sair daqui. – Lily murmurou, pegando em meu braço.

-Mas...eles vão mata-la. – eu olhei pra ela, com medo do que poderia vir.

-Eles são bruxos formados, James. Especialistas em Artes das Trevas e...

-Vão matar uma garota inocente. – eu completei.

-James, você já deu o fora daí? – Sirius gritou do espelho, e a voz dele soou estranhamente paternal.

-Nós vamos fazer uma emboscada, Padfoot. Nós vamos resgatar a Lisa.

Eu fechei o espelho a tempo de ouvir Sirius soltar uma exclamação não muito simpática. Moony e Lily me olharam de uma maneira significativa e entramos na Casa dos Gritos, encontrando os outros. Anne andava de um lado pro outro, Arista roia as unhas, Noah Travis estava encolhido em uma parede, ao lado de Tristan Cooper, que segurava a varinha, apontando para um lado e outro da casa. Um dos Lufas estava abraçado a Arista, e eu o reconheci como o apanhador da casa. Os outros dois estavam ao lado dele, de braços cruzados e batendo os pés no chão. As garotas corvinais estavam abraçadas uma a outra, cochichando coisas. Todos pararam o que faziam para nos observar, inquisitoriamente.

-Os Comensais estão vindo pra cá.

As garotas gritaram quando Remus deu a notícia. Outros passaram as mãos pelos cabelos. Outros remexeram-se no seu lugar.

-Você disse que tem uma saída pro Castelo. O que estamos esperando? – um dos Lufas exclamou para Remus.

-Eles estão trazendo alguém. Lisa Hamilton. – eu me adiantei.

-Oh, Merlin! O que eles vão fazer com a Lisa? – uma das meninas da Corvinal deu um passo em minha direção. Eu a olhei, desconfortável, e balancei a cabeça. – Oh, não...

As duas garotas começaram a chorar.

-E o que isso tem a ver com nós saindo daqui? – o garoto da Lufa falou de novo.

-O que tem a ver é que nós não sairemos sem ela! – eu exclamei, mais alto que ele. Todos começaram a falar ao mesmo tempo.

-James, nós não podemos enfrenta-los! – Arista deixou as unhas por um segundo.

-Ela vai morrer, Riz! Eu não vou deixar isso acontecer sem ao menos tentar!

-Mas nós vamos morrer junto! – Noah Travis sibilou.

-Eles podem ser sanguinários, e em maior número que nós, e provavelmente mais versados em duelos e em Artes das Trevas do que nós, mas isso não significa que não podemos tentar!

Todos ficaram em silêncio. Aparentemente, isso significava sim.

-Ok. Vocês podem ir embora se quiser. Eu ficarei e...

Um barulho de gritos e passos me interrompeu. Os Comensais estavam chegando. Lily sinalizou para que todos ficassem quietos, e Remus apontou as escadas da mansão. Todos começaram a subi-las com cuidado, mas eu pensei em um plano melhor e corri para a cozinha, alcançando assim, o pátio no lado de trás da casa. Um cutucão no ombro me fez pular, e eu quase estuporei uma Lily curiosa e aflita.

-O que você está fazendo aqui? – eu sussurrei para ela, na voz mais baixa que minha garganta conseguia produzir.

-Eu disse a você que não o deixaria sozinho. – ela respondeu no mesmo volume. – O que você planeja fazer?

-Surpreendê-los. Seja nós ou sejam eles lá em cima, eles ficarão um pouco vulneráveis se concentrarem a atenção em apenas um grupo.

-Boa. – ela sorriu. Mas não havia nada de esperança ou alegria naquele sorriso. – James...nós estamos perdidos, não?

-Relaxe, Lily. Relaxe. –eu afaguei seu cabelo. Mas não podia deixar de concordar com ela. Onde estaria Sirius naquele momento? Eu não podia me comunicar com ele. Takahashi ferido, droga. Espero que não tenha sido grave. Pelo menos, morto ele não estava. E Lisa? O que eles queriam com ela? Bom...não era difícil de deduzir. Lisa era filha de um dos maiores contatos entre o nosso Ministro e o Governo trouxa. E o senhor Hamilton era trouxa. Duas em uma para esses porcos malditos.

Eu e Lily circundamos a Mansão com cuidado. Agora, eles haviam entrado na casa, carregando Lisa, que se debatia nos braços de um brutamontes. Percebi que os gritos de "Socorro!" e "Me solta!" haviam cessado, e agora, ouvia conversas, risadas e um alto gemido de dor. Após mais algumas palavras que não pude identificar, os gemidos tornaram-se mais fortes, e eram agora contínuos.

-Oh...a maldição Cruciatus. – Lily sussurrou no meu ouvido, segurando a respiração. – Eles estão...a torturando.

Minhas mãos se fecharam, e eu quase senti minhas unhas penetrarem a carne. Lembrei-me de quando terminei com Lisa. Lembrei-me de nosso primeiro beijo. Lembrei-me dela gritando para mim e dizendo que eu era um idiota. Lembrei-me dela murmurando "Eu também gosto de você, James." e sorrindo envergonhada. Lembrei-me de que ela havia evitado me olhar por anos. Lembrei-me de que ela tinha apenas dezessete. Como eu. Como Lily. Que ela era apenas uma adolescente, como todos nós escondidos naquela mansão. Eu não conseguia definir o quão cruel e injusta era aquela situação.

As mãos de Lily, que seguravam meu ombro, afastaram-se de mim. Ela poderia estar simplesmente mudando de posição, mas algo me disse que não era isso. E a voz macabra de mulher que soou depois me indicou que estava certo em minha desconfiança.

-Assistindo de camarote o espetáculo, Pottinho?

Uma mulher de corpo esguio e longos cabelos negros e um homem alto, magro, com um porte aristocrático mas olhos maníacos me fitavam. Ele segurava Lily pela cintura, e sua varinha estava apontada para o estômago dela. Lily permanecia obediente, quieta, me olhando com determinação e, surpreendentemente, coragem.

-Bellatrix Black. – eu cuspi o nome com todo o nojo que pude juntar.

-Lestrange, Potter. Bellatrix Lestrange. Eu me casei, você não ficou sabendo? – ela sorriu, estendendo a mão que não segurava a varinha apontada para meu peito e mostrando uma grossa aliança de ouro. – Desculpe-me por não ter convidado você, querido. É óbvio dizer que eu e Rodolphus não queríamos pessoas desagradáveis como sua família em nossa cerimônia. E foi uma bela festa, não Rodolphus?

Ela dizia tudo como quem estivesse contando a um amigo como tinha sido suas últimas férias, o que me deixava mais irritado. Bellatrix estava aproveitando cada momento de ter eu e Lily cativos.

-Eu não me importo com a porcaria de sua festa de casamento! – eu gritei. – Sirius estava certo, vocês estão metidos nisso até o pescoço! Todos vocês!

-Ah, então meu querido primo tem contado coisas sobre nós, é? – Bellatrix levantou uma sobrancelha. – Aquele moleque sempre gostou de falar do que não sabe e do que não entende. Eu não imaginava que estaríamos livres dele só por tia Artemísia ter o expulsado de casa. Acho que alguém vai ter que calar a boca dele um dia. – ela sorriu, casualmente.

-Você encosta um dedo no Sirius e eu acabo com você, sua vagabunda!

A varinha que Lestrange apontava para Lily começava a soltar algumas faíscas. Ergui os olhos e percebi que ele murmurava algo no ouvido dela. Lily se encolheu.

-Pára! Manda ele parar! – eu exclamei.

-Dolphus, querido. – Bellatrix pousou a mão no ombro dele. – Não é hora do show, ainda. Deixe para o Lorde. Ou para quando Potter me ofender mais uma vez. – ela lançou um olhar de desafio para mim. – Então, Potter tem uma nova namorada. Bela escolha. – ela virou-se para Lily, percorrendo a mão em seu rosto. Meus pés deram um passo involuntário para frente e Lestrange agarrou Lily com mais força. – Olhos verdes, cabelos avermelhados, uma pele delicada. Você é mesmo uma garota muito bonita, minha querida.

Lily bufou, controlando-se para não tentar esganar Bellatrix.

-Qual é seu nome? – Bellatrix segurou seu queixo. Lily abriu a boca para dizer algo, e minhas pernas tremeram. Bellatrix não podia saber...

-O que você quer com a gente, sua vaca? – eu exclamei.

-O que eu quero com vocês? Nada. Apenas reforçar a mensagem do Lorde para aquele antro imundo de amadores de trouxas. Seu pai, eu soube, assumiu o cargo que foi do Jones, não? Ah. Foi uma pena não podermos ter participado naquele dia.

Aaaah, mas eu podia mata-la naquele momento.

-Imagine! Dois filhinhos de pessoas do alto escalão do Ministério! Mortos! Torturados! Pobrezinhos... isso geraria demissões. Pânico em toda a comunidade. E, é claro, mais adesões. Ainda temos muitas pessoas com a mente no lugar para convocar. E então...seríamos conhecidos e respeitados como deveríamos ser! E não tratados como um grupo de baderneiros. Baderneiros são os que fizeram isso com o nosso mundo!

Eu abri a boca para responde-la, mas uma dor pungente invadiu meu corpo. Meu braço parecia estar sendo arrancado de meu corpo. Eu gritei o mais alto que pude, a dor era demais.

-Rodolphus! – Bellatrix gritou e a dor desapareceu de meu corpo.

-Eu estou cheio da voz desse pirralho, minha Bella. Vamos leva-los de uma vez.

Bellatrix me conduziu com a varinha para dentro da Mansão. Lestrange ainda levava Lily em seus braços, ela deixando-se ser carregada sem objeção. Eu a agradeci mentalmente por isso. Lestrange não hesitaria em enfeitiça-la também. Quando entramos na suja e despedaçada sala da Mansão, meus olhos pareceram me enganar. Um grupo de pessoas vestidas de preto e com capuzes sobre seus rostos estava reunido em volta de um corpo, deitado desacordado no centro da roda, que eu reconheci ser de Lisa, e... aquele devia ser Voldemort. Alto, franzino, com vestes pretas, a cabeça à mostra. Ele não tinha cabelos, e sua pele estava enrugada nas maçãs do rosto e esticada demais na testa e no couro cabeludo. Seus olhos quando pousaram nos meus, tinham uma leve coloração avermelhada. Sua íris tinha um formato estranho, como se estivesse alongada. Seu nariz era fino e retraído, com narinas largas. Ele era o ser humano mais estranho e assombroso que eu havia visto, mas ainda sim, ele não me despertava mais nada do que ódio e desprezo. Por que essas pessoas seguiam esse...essa aberração?

-Os intrusos, meu Lorde. – Bellatrix disse numa voz doce e prestativa, fazendo uma reverência.

-Por que demorou tanto, Bellatrix? – a voz do homem soou, preenchendo quase todo o recinto.

-Assuntos pessoais com o moleque, senhor. Esse é James Potter, filho de Joseph Potter, senhor. – ela olhou para mim, satisfeita.

-Joseph Potter? – o homem (se posso chama-lo de tal) me fitou, curiosidade passando por seus olhos. – Chefe do Departamento Emergencial, suponho?

-Responda quando o Lorde o interroga, garoto. – Bellatrix cuspiu para mim, apontando a varinha. Senti meus lábios formarem a frase "Sim, senhor", e quando menos esperava, minha voz saiu, fraca.

-E a mocinha? – Voldemort virou-se para Lily. – Quem é você?

-Ela é minha namorada. – eu me adiantei. - E ela não tem nada a ver com isso, deixem ela ir.

-Eu dou as ordens por aqui, garoto insolente.Qual é seu nome?

-Não diga, não diga! – eu supliquei. Senti um soco atingir minhas costas por trás.

-Imp-

-Não será necessário, Rookwood. – O homem pousou a mão no ombro de um dos encapuzados. – Lily Evans. Sangue-ruim.

Lily encheu os pulmões de ar, arregalando os olhos para o homem que a fitava. Eu, por outro lado, segurei a respiração. O pior tinha acontecido. Lily era nascida trouxa, eles tinham descoberto, ela seria a vítima preferida. Ela seria a primeira a ser morta. E não seria rápido. Eu teria que fazer algo, eu não poderia deixar acontecer. Ainda com meus joelhos dobrados e minhas costas arqueadas, tateei meu bolso por minha varinha e, apontando para o homem de costas pra mim, que interrogava Lily, murmurei as palavras.

-Expelliarmus!

A varinha de Voldemort remexeu-se em sua mão. Ele olhou para ela, surpreso por um segundo, e então, soltou uma medonha gargalhada.

-Quem você pensa que é, moleque? Crucio!

A dor que Lestrange havia provocado em mim, minutos antes, não foi nada perto do que senti. Caí no chão, cada nervo de meu corpo ardendo como fogo enquanto centenas de espadas imaginárias pareciam furar minha carne com violência. Meu corpo estremecia e se contorcia, e eu queria gritar. Queria alcançar Lily, que substituíra os gritos que não pude soltar com seus próprios. Queria que aquilo acabasse. Eu via Lily. Via Lily entrando comigo no Três Vassouras. Via Lily brigando com Mia por mim. Via Lily beijando-me em agradecimento por sua surpresa de aniversário, via-a gritando comigo no meio do Salão Principal, e apresentando-se para mim pela primeira vez. Vi Lily entrando de relance num compartimento ao lado do meu. Ela parecia tão pequena naquela primeira viagem para a escola.

E então parou. As memórias, a dor, o grito. O oxigênio voltara aos meus pulmões. Ouvia risadas em minha volta.

-Você é louco, você não pode! Nós somos apenas alunos, vocês...

-Cale a boca, sangue-ruim! – Um outro encapuzado apontou a varinha para Lily.

-NÃO! – eu exclamei, e por um segundo, ele pareceu obedecer-me. Então, percebi que ele observava sua própria varinha, girando no ar e caindo alguns metros atrás dele. Meu olhar dirigiu-se ao pé da escada. Moony estava parado ali, respirando com rapidez, sua varinha em punho.

-A escola foi avisada! Dumbledore está vindo! – Remus gritou.

Algo pareceu iluminar Voldemort. Uma espécie de sorriso começou a crepitar no canto de seus lábios e ele murmurou, com prazer.

-Matem todos eles. Eu tenho algo a tratar com Albus Dumbledore. – e desapareceu. Nesse momento, a sala iluminou-se e nebulou-se com os diversos raios multicoloridos que voavam por sua atmosfera. Eu me abaixei, virando-me para o bruxo atrás de mim e o estuporando. Ouvi Rodolphus Lestrange urrar de dor e, em seguida, Lily exclamar um feitiço. Arista, Anne e os outros lançavam feitiços do andar de cima, por meio de uma clarabóia quebrada. Eu não podia ver mais nada, os raios de luz me ofuscavam. Tateei e encontrei o corpo de Lisa e o arrastei para fora da sala. Peguei-a no colo no corredor e a levei para o porão da Mansão, que eu e os Marotos conhecíamos como a palma de nossas mãos. Ouvi muitos passos no andar de cima, e vozes de adultos que pareciam lutar ao nosso favor. Talvez Dumbledore houvesse chegado com reforços. Deitei Lisa num velho carpete.

-Lisa? Lisa? – eu chamei. Ela não se mexeu. – Por favor, Lisa, não esteja morta. Kenji acabaria comigo, sabe? – eu ri para as paredes. – Você é uma bela garota, Lisa. Sabe que você foi a primeira garota por quem senti algo? Bem, você sabe, eu contei isso a você um dia. Você riu e disse "Sirius me disse a mesma coisa. Vocês realmente pensam parecido".

Eu ri novamente. Lisa continuava inerte.

-Sim, nós pensamos. É por isso que eu sabia que ele iria atrás daquele irmão nojento. Só não pude contar que ele encontraria Takahashi. E que me diria que você estava na mão daqueles malucos. Eu queria saber onde ele está agora. Se ele está bem. Eu quero saber onde a Lily está também. Eu não me perdoarei se algo acontecer a ela, assim como eu não me perdoarei se você não acordar.

Eu a sacudi mais uma vez. Nenhuma resposta.

-Lisa. – Meus olhos marejavam agora. – Me desculpe. Aquela briga foi idiota, eu não queria que você tivesse me ignorado por tanto tempo. E você também não precisava namorar todos os caras da Corvinal pra me dizer que eu fui um imbecil. Uma outra garota me mostrou isso muito bem. Vocês têm um dom pra fazer a gente se pôr no lugar, sabe. Não morra, Lisa, por favor.

Eu me inclinei em direção a ela, a abraçando.

-Não morra, Lily. – eu murmurei pra mim mesmo. Eu tinha que ir salvar ela. – Eu volto em um segundo, Lisa.

-Prongs, atrás de você!

A voz de Sirius soou no corredor. Meu corpo encheu-se de alívio ao ouvir meu melhor amigo, mas antes que suas palavras surtissem algum efeito em mim, eu senti toda a energia de meu organismo me abandonando e minha visão tornou-se negra. E eu não vi nem ouvi mais nada.


N/A: Olha só eu de volta, e nem faz um mês! Hehe.

O último capítulo teve 15 reviews! Minha campanha funciona! o/

Sobre esse capítulo: A descrição do Voldemort foi um problema pra mim. Ele ainda não tinha sido vencido por Harry, sim, então ele não deveria ter uma aparência tão destruída. Contudo, ele já estava muito velho e deveria ter executado alguns Horcruxes nessa época, por isso, sua aparência é já um pouco bizarra, anunciando no que ele vai se transformar depois.

Eu não costumo ser muito boa em escrever coisas dramáticas assim. E eu também não tenho experiência nenhuma em escrever comensais, tive que me inspirar em pessoinhas que conheço e que fazem isso muito melhor que eu! (pisca para Liv) E ele foi triste pra escrever...

Próximo capítulo terá menos ação e mais sentimento, como sempre. XD

DM Tayashi: Fica brava não, moça! Eu trouxe a continuação, hehe. E todo mundo quer bater na Mia, pobrezinha hehe. Obrigada pela review!

AnnaMel: Agora que ficaram interessantes, Anna? Poxa! Hehehehe. Bem, James nunca admitiria mas tem uma porçãozinha sonserina, assim como eu. E nós compartilhamos uma birra irracional pelos lufa-lufas. :-D Beijos!

Tally: Nhaaaaa, como eu disse, há continuação! "pelo amor que vc tem a suas fics, posta logo!" Puxa, é um pedido válido pra caramba, vou me lembrar disso, prometo hehe.

Pikena: Pois é, até James tem seus momentos de insegurança! Espero que goste do capítulo...beijos!

MrsLilyGirl: Olá pessoa sumida! Ok, eu também estou sumida. Você tem um capítulo a betar, mate! Sorria! Lily sempre se estressa, seja com o Potter ou por ele. Hihihihi. Beijão, matey! Amo você, fofinha!

Iliana: Todo mundo dizendo que eu sou má, que medo. Hahaha. Boa semana pra você também! Ou melhor, três semanas hahaha.

Jehssik: Obrigada pelo elogio, moça! Eu vivo com crises de criatividade, menina. Estaria muito feliz se as idéias chegassem mais fácil, e eu tivesse mais tempo... e as suas reviews são muito bonitinhas, viu? E eu adoro momentos tensos que quebram os momentos fofos. Deu pra perceber, não? E com J/L, quanto mais caótico, melhor! Beijos...

Grace Black: Hahaha essa briga foi muito barraco de novela, não? Sirius insistia aqui que eu colocasse um ringue de lama, tsc tsc.

Paty Evans: Brigada pela review! Não morra de curiosidade, a resposta chegou! (que tosco hahaha) Beijos!

Taty Evans: Tá vendo, nora? Eu disse no MSN que seria esse fim de semana e cumpri hehehe. Comensais, buh. Adoro odiar eles. Malas. XD James falando com o espelho, alguém tinha que filmar isso. (Camys viajando na maionese) Obrigada por ler Prongs, Tate. Fico tão feliz quando você fala dela...beijos, querida!

JhU Radcliffe: Mais uma! Ganhei o diploma de má. Haha. Eu atendi seu pedido sim, moça! Porque...eles ainda não tinham aparecido, foi apenas um chamariz. Hahaha. Garotos são mesmo interessantíssimos! E quem diria, James Potter discutindo com o espelho...espero que ninguém me esfole pelo que eu fiz com o Jamesinho aqui...beijos!

Rayanne Potter: Eu não tenho irmãos, graças a Merlin! Mas eu sempre quis um...agora desisti da idéia, hehe. Tá bom assim. Boa sorte com seu irmão, e obrigada pela review!

Zé Ub3r: Um capítulo com minha criatividade a mil? Eu nunca vou chegar nesse estágio, ele não vai existir. Haha. Brigada pelo review, moço! Beijos!

Myke: Obrigada, pessoinha! Continua desejando inspiração que está ajudando, viu? Beijos!

Liv: Reviews by sobrinha são os melhores, yay! abraça "Minha linda" é BEM Igor, não? Hahaha. Ambrósia! Imagina se rola isso no RPG, o que ia virar aquilo...Mia Jones é bem diferente de Mya Ferris, Liveta, nem vem! A Jones é fofinha, a Ferris é maluca! Anne e Sirius? Bem... Belo Desastre não é exatamente canon em relação à Prongs...não tinha pensado nisso. Mas na Prongs, eu acho que não. Vou ver se eu capto alguma conversa de homem dele com o James pra saber. Hahaha. Oh god, Lívia quer entrar na minha fic, prendam ela! Beijos, arrozinho caramelado da tia!

Se eu prometer não demorar muito, vocês acreditam? Hehe.

Eu volto!

Continuem comentando e... até a próxima atualização!