CAPITULO 10: SURPRESA INDESPERDA

Nos dias que se seguem Akito continua se sentindo bastante indisposta o que preocupa Hatori e Shigure. No final de setembro Shigure vai visitar Akito e a encontra desmaiada nos jardins. Leva Akito para dentro e pede para que uma das empregadas da casa chame por Hatori.

No momento em que Shigure a coloca na cama ela recupera os sentidos, mas está pálida, sua frio e se queixa de enjôos. Hatori, que a muito tempo desconfia desses sintomas, aproveita a oportunidade para lhe fazer um exame mais especifico e minucioso. Ele fecha a porta do quarto permitindo apenas que Shigure permaneça ali, abre o quimono de Akito e apalpa seu ventre com cuidado, parece saber exatamente o que procura, de repente ele paralisa por alguns instantes, fecha a roupa dela, abre sua maleta de médico, retira uma seringa e um vidro e colhe um pouco de sangue, suas mãos tremem, sai do quarto sem dizer nenhuma palavra. Akito e Shigure se entreolham sem entender nada. Cerca de 1 hora depois Hatori retorna, traz um papel na mão, seu semblante parece preocupado, ele entra no quarto e bate a porta atrás de si acordando Akito que dormia. Shigure olha assustado também, fazia muito tempo que ele não via Hatori fora de si dessa maneira.

- Hatori, aconteceu alguma coisa?- pergunta Shigure receoso

- Aconteceu que essa garota está grávida- diz jogando o papel com o resultado do exame em cima da cama.

Akito e Shigure se entreolham sem palavras, lágrimas caem dos olhos dela.

- Como isso pôde ter acontecido, Shigure? – continua Hatori- mesmo após eu ter lhe alertado de que ela não poderia ficar grávida. Ela tem a saúde frágil, carregar uma criança em seu ventre enfraqueceria mais ainda seu corpo, sem contar que ela poderia vir a morrer no parto.

Akito se levanta correndo e sai do quarto. Com medo de que ela possa fazer alguma coisa, Shigure e Hatori vão atrás dela e a encontram no salão principal da sede da família ajoelhada chorando.

- Akito- diz Hatori aproximando-se - desculpe-me por ter falado com você daquele jeito,eu perdi o controle

Shigure também se aproxima, ajoelha-se ao lado dela e a abraça forte.

- E agora, o que faço?- pergunta entre lágrimas

- Bem, pode ter uma solução, não é a mais certa, mas creio que seja nossa única chance. Um aborto, você ainda está no começo da gravidez e um aborto é possível. Abortos são ilegais, mas no seu caso, em que sua saúde poderá debilitar-se com a gravidez, é indicado. Eu conheço algumas ervas que misturadas podem provocar um aborto em menos de 6 horas. É um assunto delicado, sugiro que converse com Shigure e decidam o que fazer.

- Eu quero as ervas – diz ela sem nem pensar

- Tem certeza? Você e Shigure nem conversaram

- É isso mesmo que eu quero, o corpo é meu , sou eu quem decido, pelo menos dessa vez eu tenho o poder de decidir, pelo menos dessa vez alguém me perguntou alguma coisa

- E você Shigure, é isso o que você quer?

- Eu não vou contrariar Akito – diz ele

Então Hatori se levanta e vai até sua casa, não demora muito para que retorne trazendo uma xícara contendo o tal chá com as ervas que ele falou. Akito continua parada no mesmo lugar olhando para o chão, Shigure, de pé, olha para fora. Hatori entrega o chá para Akito, ela não se move, apenas olha para a xícara, até que dá um tapa na mão de Hatori fazendo com que a xícara voe longe.

- Eu não quero!- grita ela

- Entendo que você esteja confusa e com medo- diz calmamente Hatori- pense mais um pouco então, depois eu lhe preparo outro chá.

- Não, não estou confusa, só que não terei coragem de fazer isso. Eu já machuquei muita gente, já fiz mal para muita gente, mas não teria coragem de fazer mal para essa criança inocente que eu carrego em meu ventre. Eu nunca fui tão feliz em toda minha vida como nos dias em que eu vivi na casa de Shigure, e essa criança é fruto dessa época. Já que eu tenho mesmo que morrer, já que assim foi decidido, que minha morte não seja em vão, que minha morte seja para deixar uma parte minha nesse mundo. Eu quero ter essa criança, e se vocês não me apoiarem eu fujo daqui e tenho essa criança sozinha.

Shigure a abraça e acaricia seu ventre- Eu estou com você e com nosso filho.

- Eu também, vou cuidar de você e dessa criança durante toda a gravidez e farei de tudo para que você e essa criança sobrevivam ao parto e que você possa segurar em seus braços o seu filho. Agora devo te lembrar que você e Shigure são amaldiçoados, é se vocês tiverem um filho amaldiçoado? As chances disso acontecerem são maiores do que se apenas um de vocês fosse amaldiçoado.

- Certo, também não se esqueça que seu segredo não poderá mais ser mantido, você não conseguirá esconder sua gravidez por muito tempo, então comece a pensar em uma maneira de revelar para todos sua verdadeira identidade, eu te aconselho a revelar seu segredo na festa do final de ano onde todos estarão reunidos e você já estará por volta do quinto mês, e também, se quiser ter uma gravidez saudável, terá que me obedecer.

- Certo – ela o olha

Hatori sai dali deixando Akito e Shigure juntos. Akito, ainda abraçada a Shigure parece pensativa. Ele leva a mão ao ventre dela.

- Não se preocupe, estarei com vocês para o que precisar. Jamais se passou pela minha cabeça que um dia eu me tornaria pai, principalmente por causa da maldição , e se fosse para eu ter um filho, seria com você e eu sabia que isso não poderia acontecer. Entretanto, eu me sinto feliz com o que aconteceu, eu me sinto feliz em poder ter um filho da mulher que eu amo.

Akito não diz nada, continua em silencio. Jamais pesou que um dia poderia ser mãe. Mas e o seu segredo, agora ela teria que contar para toda a família que é uma garota e que mentiu para todo mundo esse tempo, como aquela mulher irá reagir, como a família irá reagir? Também tinha medo do que poderia acontecer daqui para frente, e se perdesse a criança, e se viesse mesmo a morrer no parto, queria ao menos poder segurar nem que fosse por uma vez seu filho em seus braços, pois já amava aquela criança que carregava em seu ventre e nem sabia. Sempre soube que nasceu para morrer, mas agora que isso está perto de acontecer esta com medo.

- Estou com medo- diz depois de um tempo.

- Não se preocupe, estou com você ao seu lado- e a abraça- precisamos resolver nossa situação, Akky-san, agora precisamos nos casar, nem que seja escondido, nosso filho merece ter uma família,vamos dar para ele a família que nunca tivemos. Vamos ser para ele os pais que nunca fomos.

- Eu estou confusa, Shigure, confusa

Para de abraça-la e olha fundo nos seus olhos negros- por acaso se arrepende da sua decisão? Se quiser eu posso chamar o Hatori e ele te prepara outro chá.

- Não, não estou arrependida , não mudei de idéia, eu vou ter essa criança, eu já a amo, mas estou com medo de ser mãe, medo de morrer, medo de como a família vai reagir e principalmente você sabe quem..

- Bem, eu te aconselho a contar só na festa de ano novo mesmo. Tente esconder o máximo que puder das pessoas que te cercam para que eles não descubram antes da hora. E na hora que você for contar eu estarei ao seu lado te apoiando e, bem, Ren não irá lhe fazer nenhum mal.

- Estou confusa, uma parte minha queria poder pegar minhas coisas e fugir para sua casa onde tem vida e eu posso me sentir livre. Mas sei que não posso, meu lugar é aqui, queria muito que você voltasse a morar aqui comigo na sede, no meu quarto, eu me sinto sozinha aqui- desabafa ela- mas não tenho direito de te pedir isso.

- Porque não? Eu sou o pai do seu filho. Eu também estou confuso. Queria te pegar agora e te levar para morar na minha casa onde sei que você seria mais feliz. , mas agora não posso te tirar daqui, sua gravidez é de risco, aqui você tem empregados, motorista e o Hatori por perto para te socorrer quando precisar. Já na minha casa até Hatori chegar lá pode ser tarde, você tem que ficar aqui para o bem dessa criança. E, bem, se você me aceitar eu volto para cá, eu trago minhas coisas e fico aqui morando com vocês. Se antes eu me preocupava com você, agora eu me preocupo mais, eu quero saber se você está se cuidando , se está seguindo as ordens do Hatori, se está se alimentando... vou conversar direito com o Yuki, Kyo e Tohru para acertar as coisas na minha casa.

Akito sorri e o abraça forte.

NO final da tarde Shigure volta para sua casa e chama Yuki e Tohru para conversarem.

- Bom, eu tenho uma coisa importante para comunicar.

Todos olham atentos

- Eu decidi voltar a morar na sede

- E nós? Eu não quero voltar para lá- diz Yuki- E Tohru, onde ela irá morar? O que vai ser da nossa casa? Porque decidiu isso?

- Por isso vim aqui conversar com vocês. Vocês podem continuar morando aqui se quiserem, Kyo também vai voltar a morar aqui. Esse lugar será o meu refugio, não gostaria de me desfazer daqui, pelo menos uma vez por semana virei para cá- sorri

- Mas porque essa decisão repentina em se mudar para a sede?

- Por enquanto ainda é segredo, nem todos estão sabendo, mas muito em breve Akito terá que revelar o segredo dela para todos.

- Porque? –pergunta Tohru- Foi porque nos vimos vocês no festival?

- Não, Akito está grávida- diz sério.

- grávida ! – repetem os dois- que legal!- diz Tohru animada

- Sim, de dois meses, mas a gravidez dela é de risco- ainda sério

- Porque? – pergunta Tohru

- Por causa da maldição o corpo dela é mais frágil. Hatori acha que o corpo dela não aguentara os 9 meses de gravidez e muito menos o parto. Ela e a criança correm risco de vida, mesmo assim ela optou por levar a gravidez adiante. Então eu estou voltando para a sede porque quero estar ao lado dela e do meu filho. Quero fazer tudo que for possível por eles. Quero cuidar deles. Saber se Akito está se cuidando, se está repousando, se está seguindo as ordens do Hatori, se está se alimentando direito.

- Entendi, eu, eu posso ir visita-la? - pergunta Tohru

- sim, vamos comigo amanha quando eu for levar minhas coisas para lá.

- E porque vocês não pode vir morar aqui? –pergunta Yuki

- Porque o lugar dela é na sede, lá ela tem empregados,motorista, o Hatori por perto. Qualquer coisa que acontecer será mais fácil socorre-la.

- E como ela vai contar para toda a família?- pergunta Tohru

- Bom, decidimos que será no final do ano, na festa de ano novo. Decidimos que vamos esconder o máximo que pudermos.

- Estou feliz por vocês- diz Tohru sorridente- vai dar tudo certo

No dia seguinte Shigure retorna para a sede logo sedo levando suas coisas. Para que ninguém desconfie o suposto quarto do Shigure ficrá ao lado do quarto da Akito, mas ele só irá usar esse quarto como seu escritório onde ficará seus livros e seu computador pois suas roupas e demais pertences ficarão no quarto da Akito, onde eles dormirão juntos.

Chegam na sede e encontram Akito em uma sala semi-deitada em uma cadeira reclinável repousando. Apesar de parecer melancólica sorri ao ver Shigure entrando acompanhado de Tohru e Yuki . Shigure se aproxima dela e lha dá um beijo suave nos lábios.

- Como está se sentindo, Akky-san?- pergunta ele

- Estou bem- sorri e percebe que Tohru e Yuki também vieram- Ohayo Tohru e Yuki

- Ohayo, Akito-san- respondem eles.

- Eles vieram te visitar, Akito, eu contei para eles a novidade- diz Shigure sorrindo

Tohru se aproxima de Akito- parabéns pelo bebê! – e a abraça- Não se procupe, vai dar tudo certo

Akito começa a chorar. Yuki apenas observa. Percebendo que seria interessante deixar as duas sozinhas conversando, Yuki e Shigure saem da sala e quando retornam cerca de 1 hora depois encontram as duas garotas conversando animadas como se fossem duas irmãs