CAPÍTULO 19: A libertação final

No hospital, Akito e Akari são examinadas e precisam ficar em observação. Akito é levada para o quarto. Fraca e exausta do parto , ela dorme o restante do dia. Shigure não sai do lado dela um instante se quer.

No final da tarde Hatori entra no quarto. Shigure olha para ele preocupado. Akito ainda dorme ligada a um aparelho que mede sua freqüência cardíaca. Ela também toma soro. O médico se aproxima da cama e acaricia o rosto dela.

- Não se preocupe, ela vai ficar bem, só precisa de repouso. Apesar dela ter perdido uma quantidade razoável de sangue, os exames mostraram que com repouso, alimentação adequada e vitaminas ela irá se recuperas.

- Pensei que eu ia perder a mulher que eu amo- desabafa Shigure- quando eu vi todo aquele sangue, apesar de ter minha filha no colo livre da maldição, eu fui egoísta, eu queria salvar a mulher que eu amo também

- Eu também pensei que iria perde-la antes de Akari nascer quando ela começou a ter hemorragia, depois quando a hemorragia se descontrolou também achei que ia perde-la. Mas ela se livrou da maldição e agora está tudo bem. Akito se mostrou decidida a viver. Ela e sua filha são duas lutadoras.

Shigure olha para Akito e sorri.

- Sua filha também está bem. Vai ficar na UTI neonatal essa noite em observação porque nasceu prematura e precisa ficar em observação, mas se tudo ocorrer bem amanha levo Akito para vê-la.

Akito se mexe na cama.

- Melhor conversarmos lá fora , Akito-san precisa descansar

Assim os dois saem do quarto e vão para a sala de espera ali perto conversar. Hatori ascende um cigarro e oferece outro para Shigure que recusa.

- Não fuma mais?

- Não

- Aposto como Akito te fez parar de fumar.

- Mais ou menos, ela me proibiu de fumar dentro de casa e perto dela por causa da nossa filha e com o tempo fui parando de fumar em definitivo.

Hatori sorri- Você finalmente conseguiu o que queria, finalmente o sonho se tornou realidade. Consegui ter finalmente a mulher que ama.

- Você também tem a mulher que ama

- Sim, parece que inicia uma nova geração na nossa família, uma geração que não conhecerá os sofrimentos que conhecemos. Também serei pai, Kana está grávida.

Shigure o parabeniza- No final tudo acabou bem, fico feliz em poder ter uma família.

Os dois continuam conversando lá fora enquanto a enfermeira entra no quarto para examinar Akito. Verifica os batimentos cardíacos, a pressão, apalpa o ventre dela e verifica se não há mais sinal de hemorragia. Akito acorda assustada e então se dá conta de que está no hospital.

- O que aconteceu? Porque estou aqui? Onde estão todos? – pergunta querendo sentar na cama.

- Fique calma- diz a enfermeira calmamente- Você teve um parto de emergência e foi trazida aqui para ficar em observação. Não se preocupe, está tudo bem agora. Logo o medico vira conversar com você.

- Onde estão Hatori e Shigure?

- Eles estão lá fora conversando, vou chamá-los, mas antes preciso colher um pouco do seu leite para sua filha.

- Onde está minha filha? Como ela está?

- Ela está no berçário, está bem, posso colher o leite?

Akito concorda, a enfermeira a ajuda a se sentar e a orienta como colher o leite. Momentos depois sai do quarto carregando o vidro com o leite recém colhido. Dirige-se aos dois rapazes na sala de espera.

- Com licença, a paciente Akito Souma acordou e chama por vocês.

Os dois agradecem, se levantam e entram no quarto.Akito sorri ao vê-los entrando. Shigure lhe beija suavemente os lábios dela. Hatori checa os aparelhos e apalpa seu ventre.

- Como se sente, Akito?- pergunta ele

- Cansada e com sono, mas aliviada. Porque estou aqui? E Akari, ela está bem?

- Você teve uma hemorragia durante o parto, perdeu um pouco de sangue, mais do que seria normal perder, mas vai ficar bem, você já foi medicada com suplemento de ferro e com uma dieta especial conseguira repor o sangue que perdeu. Sua filha está bem, ela nasceu prematura, precisa ficar na UTI em observação durante essa noite, mas ela está bem. Shigure já a viu. Se vocês duas estiverem bem amanha eu levo você até ela. Agora procure descansar, ficaremos aqui com você.

Se acomoda no sofá e Shigure senta na cadeira ao lado dela.

Já é tarde da noite, Kyo caminha triste e solitário pelos jardins da sede. Com o nascimento da filha da Akito e com a libertação da Kami-sama todos os Juunishi se libertaram da maldição, menos ele. Porque?-se pergunta. A resposta era óbvia, o gato não possuía a proteção do Deus e não poderia se livrar da maldição. Talvez o gato estivesse destinado a morrer com a maldição.

Começa a chover, uma garoa fina, de repente Kyo sente uma dor no peito e cai de joelhos, sua visão escurece. A pulseira que ele sempre carregava no braço arrebenta espalhando as contas feitas de ossos humanos e pintada com sangue humano, por todo o jardim. Ele imediatamente se transforma em um monstro e um cheiro terrível paira no ar. Perde a consciência.

Enquanto isso, no hospital, Akito acorda de repente assustada e ofegante. Os lençóis estão manchados de sangue, ela está tendo outra hemorragia, não tão intensa como a que teve no parto, mas está, chora desesperada. Shigure e Hatori que tinham adormecidos acordam assustados também. Hatori tenta conter a hemorragia enquanto Shigure corre para chamar por socorro. Lodo o medico que a atendeu quando ela chegou no hospital chega para ajudar Hatori. Eles acabam optando por trata-la com um anit-hemorrágico mas que poderá lhe causar efeitos colaterais. Mas pelo menos o sangramento pára. Preocupados eles a levam para que eles possam lhe fazer alguns exames. Shigure parado diante da janela chora em silencio com medo de perder sua esposa.

Cerca de meia hora depois eles retornam trazendo Akito que dorme um pouco pálida ainda. Shigure se aproxima dela e acaricia seus cabelos.

- Como ela esta, Hatori? Porque disso?- pergunta apreensivo

- Não sabemos, ela parecia estar se recuperando bem do parto, os ultra-som que fizemos mostra que está tudo bem com o útero. A perda de sangue não foi significativa e foi bem menos intensa que no parto.ela continuará tomando suplemento com ferro e conseguirá se recuperar, mas decidimos trata-la com um anti-hemorrágico pois se ela tiver mais alguma perda mínima que seja de sangue, sua saúde pode se complicar, entretanto, essa medicação lhe causará alguns efeitos colaterais como febre e enjôos.

Shigure olha para Akito preocupado, puxa a cadeira e se senta ao lado dela, acaricia seu rosto já febril por conta da medicação . Hatori puxa uma outra cadeira e também se senta ao lado dela. Hatori coloca gelo debaixo da cabeça dela para baixar a febre. Eles cuidam dela a noite toda. Como Hatori tinha previsto, ela teve febre a noite toda e acordara varias vezes vomitando. Quando os efeitos colaterais começaram a diminuir amanhecia e ela finalmente conseguira dormir. Hatori e Shigure exaustos também acabam por adormecer sentados na cadeira.

Enquanto isso na sede, Kyo acorda na casa de Kazuma, seu pai adotivo. Kazuma que o tinha encontrado desacordado, nu, nos jardins da sede lhe trouxe para casa. Apesar de estar chovendo e Kyo não estar usando a pulseira, ele estava na sua forma humana, mas suas roupas estavam rasgadas indicando que ele havia se transformado momentos antes. Kazuma sabia exatamente o que tinha acontecido, ao ver Kyo acordado ele se aproxima e o envolve em um abraço fraternal com lágrimas nos olhos, Kyo também sabia o que havia acontecido, ele finalmente tinha se libertado da maldição, sua vez havia chegado e agora ele estava livre, assim como todos os outros. Lágrimas caiam se seus olhos enquanto ele abraçava seu pai.

Akito também sabia o que havia acontecido, por isso ela passara mal no hospital. Apesar dela já ter se libertado da maldição no momento do nascimento de sua filha e apesar de o gato não ter a proteção do Deus, um ele os unia e esse elo se rompera. Agora todos estavam livres.