Harry Potter © J. K. Rowling

Poção do Amor Nº9 © Black Lady

Copyright © Set/2005

Capítulo 4 – Sobre Camas e Tutores

A semana passou mais rápido do que eu esperava. Quando parei para perceber, já era sexta-feira. Última aula da semana, Transfiguração. Quando o sinal tocou arrumei minhas coisas rapidamente e esperei por Colin.

- Sta. Weasley... – chamou McGonagall quando eu estava saindo da sala – Eu gostaria de falar com a Sta. – completou ela se levantando de sua mesa.

- Eu te encontro na sala comunal. – disse para Colin antes dele sair da sala.

- O Professor Snape me disse que a Sta. Estava tento alguns problemas com suas poções. – começou ela dando a volta na mesa pra ficar na minha frente – Acho que a ajuda de um tutor poderia lhe beneficiar.

- Um tutor? – perguntei desconfiada.

- Sim. Alguém que possa te ajudar nas horas vagas, ou até mesmo nos fins de semana.

- Isso seria ótimo! – respondi realmente animada com a idéia – Vou falar com a Hermione sobre isso e...

- Creio que a Sta. Granger não poderá lhe ajudar. – me interrompeu ela – Ela já está encarregada de outro garoto do quarto ano da Corvinal. Mas eu já tenho outro tutor para você.

- Já? Quem?

- Draco Malfoy.

- Sem chances! – disse um pouco mais alto do que pretendia – A Senhora deve estar brincando...Eu...Ele...

- Tenho certeza que ambos já são bem crescidos para deixarem a diferenças de lado, nem que seja só nessas poucas horas em que vocês trabalharam juntos. E depois ele é excelente em poções. Um dos melhores, para ser sincera. E o Professor Dumbledore não viu problema nenhum em vocês dois estudarem juntos.

"Trabalharão juntos" repeti mentalmente. "É isso. Trabalharmos juntos!"

- Tudo bem Professora. – respondi baixando a cabeça.

- Excelente. Tenho certeza que o Sr. Malfoy irá lhe procurar para marcar a hora das aulas. Pode ir agora.

Não respondi nada apenas virei as costas e sai da sala em direção a sala comunal da Grifinória, onde Colin estava me esperando para irmos jantar.

Quarenta minutos depois, quando estava saindo do Salão Principal, ouvi uma voz arrastada atrás de mim.

- Weasley... – chamou ele.

- Malfoy... – respondi no mesmo tom.

- Cai fora, Creevey... – disse ele para Colin – Isso aqui é particular.

- Tem certeza? – perguntou Colin sem entender nada. Afinal, quantas vezes você já viu um Malfoy querendo ter uma conversa particular com um Weasley?

- Pode ir. – respondi para Colin.

- Quer disser que a pequena Weasley é uma merda em poções? – provocou ele – E como eu sou bom, me pediram para te ajudar.

- Tudo mundo é bom em ao menos alguma coisa. Você é em poções. – disse sarcástica.

- Eu não tenho que ouvir essas coisas de você. Eu não tenho obrigação de te ensinar porra nenhuma! – disse ele com raiva.

- Não tem, mas vai. – respondi calmamente.

- Isso é o que vamos ver! – disse ele virando de costas.

- Deixa de ser idiota, Malfoy! – disse o segurando pelo pulso.

- Me larga, pobretona! – disse ele puxando o braço.

- Ai meu Merlin! Eu sabia que você era burro, mas nem tanto! – disse começando a ficar com raiva – Será que você não percebeu que essa é uma ótima oportunidade para trabalharmos na poção? – disse rapidamente antes de dá tempo para ele replicar.

- Eu não tinha pensado por esse lado. – disse ele mas para si mesmo do que para mim.

- Percebi. – disse não agüentando mais me segurar.

- Olha aqui... – começou ele me segurando pelo braço – Se eu vou ter que passar no mínimo duas horas com você todo fim de semana, acho bom que você comece a me respeitar.

- Digo o mesmo! – disse puxando meu braço e ficando vermelha de raiva.

- Ótimo! Então vamos usar o tempo para desintegrar a poção e eu acho...

- Parte. – disse fria segurando o braço onde antes estava a mão dele.

- Parte? – perguntou ele levantando a sobrancelha.

- Parte do tempo.

- Parte do tempo?

- Por Merlin! Como você é lerdo! Eu realmente preciso de ajuda com Poções e como...

- Pede ajuda para a sabe-tudo da Granger.

- Como eu estava tentando disser, ela não pode, já está ajudando outro garoto. Então, como a McGonagall te indicou para ser meu tutor, acho que vou ter que me contentar com isso.

- Eu também não achei essa idéia nada agradável. Mas, as aulas podem ser no fim de semana, na parte da manha, pois de tarde eu tenho treino de Quadribol.

- Mas de manha eu não posso. Eu tenho que aulas extras de...

- Problema é seu. Esse é o único horário que eu posso! – disse ele cruzando os braços na frente do peito.

- Como você é idiota! – disse com raiva.

- Vamos terminar logo com isso, já passei tempo de mais perto de você. Amanhã às dez horas na beira do lago, não quero ser visto com você no castelo.

- Ótimo! – respondi virando as costas e seguindo meu caminho.

- Draquinho! – berrou Pansy assim que eu entrei na Sala Comunal da Sonserina – Sabia que hoje é sexta?

- E daí? – perguntei friamente.

- E ai que amanha não temos aula, não precisamos acordar cedo. – respondeu ela com um sorriso malicioso no rosto – Que tal irmos para o seu quarto?

Ao contrário do que eu esperava, Colin não estava na Sala Comunal como sempre fazíamos. Na verdade a sala estava fazia, a não ser por meu irmão e Harry que jogavam xadrez perto da lareira.

- Oi. – disse me sentando no sofá ai lado de Ron.

- Oi. – responderam eles no mesmo momento.

Tudo bem que eu adoro jogar xadrez, mas esses dois eram realmente viciados nisso. Não podiam ficar sem fazer nada por mais de cinco minutos que começavam a jogar xadrez.

- Isso faz mal sabia? – perguntei me afundando mais ainda no sofá.

- Isso o que? – perguntou Harry sem tirar os olhos do tabuleiro.

- Passar horas e horas jogando xadrez.

- Dá um tempo, Gin. – disse meu irmão andando com a torre – Por falar em tempo, que horas são?

- Sete e meia. – respondeu Harry olhando para o relógio de parede em cima da lareira.

- Eu tenho que ir. – disse Ron se levantando – Marque de me encontrar com a mione. – terminou ficando um pouco vermelho.

- Quer jogar? – perguntou Harry me olhando.

- Não estou fazendo nada mesmo. – disse me sentando no lugar antes ocupado por Ron.

- O que tem feito? Cavalo na E3. – perguntou ele.

- Nada de mais e você? Rainha B5.

- Nada também. Peão B7.

Se fosse há alguns meses atrás, não me sentiria tão incomodada com o silêncio. Na verdade, eu teria até gostado, seria um sinal de que nossas bocas estavam ocupadas com outras coisas.

- Gin... – disse Harry devagar – Eu sei que foi horrível o que eu fiz, mas eu realmente espero que um dia você me perdoe.

- Eu já te perdoei Harry. Bispo C4.

-Que bom, porque eu realmente gosto de você. Peão C9. Você é a irmã que eu nunca tive.

"Tá bom!" pensei. É eu realmente o achava um filho da puta. Como ele dorme comigo e tem coragem de dizer isso? Irmã o caralho!

- Eu preciso ir. Marquei de dar uma volta com o Collin. – disse me levantando.

- Você vai está bem? – perguntou ele também de pé.

- Absoluta! – respondi sorrindo antes da sair da sala comunal.

"Que merda!" pensei assim que abri os olhos e senti alguém deitado ao meu lado. "Perdi a conta de quantas vezes eu já disse para ela que eu odeio dormir com alguém do um lado!" pensei olhando o corpo nu de Pansy enrolado no meu lençol.

Levantei, tomei um banho, troquei de roupa e desci para a sala comunal da Sonserina. Não esperava encontrar ninguém lá, estava muito cedo, os primeiros raios de Sol mal tinham nascido, e como era sábado, todos sempre dormiam ate mais tarde. Todos menos eu e, nesse dia, Blaize Sabinni, que estava deitado em um sofá perto da lareira, a essa altura já apagada.

- Insônia? – perguntou ele quando me sentei em uma poltrona próxima.

- Também. E você?

A verdade era que eu nunca conseguia dormir por mais de cinco horas seguidas. Isso quando eu conseguia dormir. Desde pequeno eu era assim. Lembro que minha mãe passava horas tentando me fazer dormir;

- Resolvi acordar mais cedo pra estudar. – disse ele segurando um bocejo.

- E cadê teus livros?

- Fiquei com preguiça. – concluiu ele enterrando o rosto em uma almofada.

- Vou dá uma volta. – disse me encaminhando ate a saída.

Meu Merlin! Me lembro até hoje de como eu adorava andar pelo gramado de manhã cedo, ou no meio da noite.

O vento batendo no cabelo, o silencio, o ar fresco. Eram as únicas coisas que me acalmavam.

Me sentei em baixo de uma árvore na beira do lago, na parte mais afastada do castelo. Aquele era o meu refúgio. Era ali que eu fugia das minhas obrigações, do meu pai, do mundo. Perdia a noção do tempo quando estava lá.

Sempre odiei acordar cedo. Até hoje não entendo como eu conseguia chagar na hora para as primeiras aulas.

Acordei, emburrada como sempre, troquei de roupa, peguei meus livros e fui tomar café. Nem me dei ao trabalho de esperar por Collin na sala comunal, afinal, ele sempre dormiu mais do que eu. Outro fato que eu sempre achei incrível!

Tomei meu café calmamente, não precisava presa. Estava cedo, ainda daria tempo deu ir até a biblioteca adiantar alguns trabalhos. "Ninguém merece ter que aturar Draco Malfoy logo de manhã." Pensei indo para a biblioteca.

Me sentei na primeira mesa que vi e não resisti a tentação de apoiar a cabeça nos livros e descansar um pouco.

- Sta. Weasley? – ouvi alguém chamar ao fundo, distante. – Sta. Weasley?

- Que foi? – perguntei me levantando em um pulo.

- É porque a Sta. Está aqui dormindo desde cedo e as pessoas vão começar a chegar e eu pensei que talvez seria melhor...

- Que horas são? – perguntei arregalando os olhos.

- Dez e cindo. – respondeu a bibliotecária olhando o relógio de parede atrás de mim.

- Ai meu Merlin! Eu estou atrasada! – gritei pegando meus livros e saindo da biblioteca sob o olhar reprovador de Madame Pince.

"Ela tem três minutos para chegar ou eu vou embora." Pensei sentando embaixo de uma árvore com as costas encostada no tronco.

Eu realmente tinha resolvido ir embora quando eu vi a weasley vindo correndo até onde eu estava.

- Qual a parte de dez horas você não entendeu? – perguntei quando ela desabou sentada do meu lado.

- Desculpe. Eu dormi um pouco mais do que devia. – respondeu ela com a respiração ofegante.

- Entendo, visto que a tua cama naquele lugar que você chama de casa não deve ser lá essas coisas. – provoquei. Não podia deixar passar uma oportunidade como essa.

- Olha aqui, Malfoy. Eu não vim aqui para ficar ouvindo você insultar minha casa ou minha família. Vê se faz alguma coisa que presta e me ensina essa merda de poção! – disse, ou melhor, berrou ela ficando vermelha de raiva.

- Mereço! – disse simplesmente esticando as pernas e me acomodando melhor.

- Ótimo! – grunhiu ela.

- O que o Snape esta lhe ensinando? – perguntei sem tirar os olhos do lago.

- Uma maldita poção que eu tenho certeza que eu nunca vou usar.

- E qual é? – perguntei olhando para o livro que ela folheava.

- Essa. – disse ela jogando o livro no meu colo.

Era uma poção usada para repeli fadas mordentes. Não era uma poção muito difícil, mas os ingredientes tinham que ser partidos milimetricamente corretos, ou toda a poção daria errada.

- E qual é o seu erro? Você não sabe partir? – perguntei levantando uma sobrancelha. Mania que peguei do meu pai.

- Não é esse o problema. Eu parto os ingredientes da forma correta, eu acho. Mas mesmo assim a poção nunca dá certa.

- E quais são os ingredientes? – perguntei fechando o livro.

- Como diabos eu vou saber se você acabou de fechar a droga do livro? – perguntou ela colocando uma mão na cintura.

- Um bom alquimista sabe tudo o que vai precisar sem ter necessidade de olhar um livro.

- Nossa! Você é bom mesmo! – disse ela sarcástica.

- Não posso te ajudar se você nem ao menos sabe os ingredientes que vai usar. Estuda essa poção hoje, pelo menos os ingredientes. – disse quando ela abriu a boca para protestar. – Aí amanhã eu te ajudo a prepará-la.

Não sei o que aconteceu comigo naquela hora, mas eu realmente fui bom demais com ela. E, definitivamente, Draco Malfoy e bom são duas coisas que não fazem sentido quando usadas na mesma frase.

- Nossa... – começou ela sorrindo.

- Estão me obrigando a fazer isso. – disse sem deixar ela terminar – Não comece a pensar que eu gosto de perder minha manha de sábado na sua companhia.

- Ótimo, porque eu também não gosto. – disse ela se deitando na grama – Então, onde foi que você arrumou essa poção?

- Isso não é da sua conta!

- Quem te deu? – perguntou ela se virando para me encarar apoiando a cabeça em uma das mãos.

- Já disse que não é da sua conta!

- Tudo bem. Só queria saber se por acaso não era mais fácil você conseguir outra ao invés de...

"Puta que pariu!" pensei percebendo a merda que tinha feito. Eu podia ter conseguido mais quando estava cumprindo detenção no vilarejo.

- Não tem como conseguir mais. Pelo manos tão rápido, a não ser usando esse tal de totalpum.

- Potentatium. – corrigiu ela.

- Que seja!

- Cadê a poção?

- Você não quer que eu ande com ela por ai, quer?

- Se nós vamos trabalhar com ela, sim, eu quero sim.

- Amanhã eu trago.

- Mesmo horário? – perguntou ela se levantando e pegando seus livros do chão.

- Mesmo. – respondi olhando para o lago.

- Excelente! – zombou ela antes de virar as costas e voltar para o castelo.