Um Novo Ano.

By Sheyla Snape

Cap 2.

— Você é exatamente como eles. – acusou em tom firme. Não tem sentimentos, é um ser seco, frio e sem amor. Não se importa com nada a não ser poder e trevas... Às vezes nem com isso. Você incrivelmente sai das piores e mais escabrosas situações sem ao menos piscar. Completamente ileso e protegido contra qualquer dor ou remorso. Assiste pessoas sendo torturadas, famílias interiras serem eliminadas e não dá a mínima! Merlin, como eu pude, algum dia, pensar em... em...

Ela levou as mãos até os cabelos entrelaçando os dedos nos fios, segurando-os firmemente, como se a possibilidade de arrancando-los ajudasse a levar junto todos os pensamentos que indubitavelmente gritavam em sua cabeça. Ela deu dois passos cambaleantes para trás.

Snape que estava impassível, encostado naquela grande árvore. Nada dissera até então, mas agora se adiantava ameaçadoramente até sua aluna.

Hermione tremia por completo. Seu corpo frágil e delicado sacudia por causa do frio daquela noite. Mais ainda, pelo desespero que afligia seu coração, sua alma. Ela simplesmente não sabia como lidar com tudo aquilo. Quase não se deu conta da força com que Snape a segurou pelos pulsos e a pressionou contra a mesma árvore a qual ele estivera há poucos instantes. Foi com uma voz firme e estranhamente sem qualquer vestígio de sarcasmo ou ironia, mas ainda assim letal, que Snape completou a frase inacabada.

— Como pôde, algum dia pensar, em ser como Eu? A Srta acha mesmo que seu sarcástico e frio professor de poções sai de cada uma dessas situações completa e absolutamente ileso? Sem a mínima carga emocional ou consciência pesada? Por acaso a Srta pensa que os fantasmas de cada uma das vitimas que presenciei ser torturada e morta nessa maldita guerra não me assombram?

Um minuto de silencio se passou até que ela ergueu o olhar. Snape aparentemente esperava por isso. Mas seu tom de voz era completamente diferente. Havia fúria perdendo controle nela e... Algo mais que ela não soube entender.

— Não seja tola Srta Granger. Não pense que não existe um preço a se pagar por essa... "Proteção". – ele não hesitou em cuspir a palavra. — Digamos que as pessoas tendem a fugir de você. Achar, erroneamente é claro, que você não tem sentimentos. E assim você tem que abdicar de contato humano. Amigos. Ninguém pode saber o que você sente. Como sente. E principalmente, se você sente alguma coisa. E quando menos esperar... estará sozinha, Srta. Se arrependerá amargamente por isso, e aí... será tarde demais para voltar atrás.

— Ainda assim, seria melhor do que sentir tudo o que sinto agora... – ela disse numa voz fraca, procurando em vão, superar poder que emanava dele.

— Não seja tola criança. Todos inevitavelmente sentem alguma coisa. Todos entendeu? Podem fugir o quanto quiser, se esconder o mais que puder, mas inevitavelmente, invariavelmente, acabam sentindo algo! Nem que seja pela pessoa errada. – ele disse a última frase num fio de voz quase inaudível.

"Pela pessoa errada? Mas... do que ele está falando?".

Havia um brilho estranho naqueles olhos negros. Uma chama que ela poucas vezes percebera antes, mas que agora parecia queimar, intensa, aparentemente mais do que nunca...

Ele parecia furioso e, ainda assim, tão perdido quanto ela. Estava fora de seu tão conhecido e invejado controle. Segurava com força os pulsos dela mantendo os braços acima de sua cabeça, imobilizando-a. Os dedos longos e finos deixando marcas na pele. O rosto muito próximo, ela podia sentir a respiração dele, seu hálito, o perfume discreto, e ainda assim inebriante, que ela já descobrira gostar e por vezes a deixava atordoada.

— O quer dizer com pessoa errada? Afinal, sobre o que o senhor está falando?

— Estou falando disso...

E sem aviso nenhum ele a beijou. O choque. A surpresa e a indignação por estar sendo beijada logo sumiram de sua mente. Ela queria aquele beijo tanto quanto ele. Precisava daquele beijo, ansiava por ele há mais tempo do que seria capaz de admitir.

Os lábios duros e insistentes dele tornaram-se suaves assim que ela começou a corresponder ao seu toque. Nunca pensou que aquele homem frio e sarcástico poderia ser tão passional. Imaginar que aquela boca que tanto ofendia e distribuía palavras no mínimo desagradáveis poderia ser tão... Merlin, tão doce, suave e macia. Que aquela língua afiada, fria e venenosa despertaria um fogo tão grande dentro dela assim que invadisse e encontrasse a sua. Num toque quente, úmido e sôfrego, que a fez derreter e queimar ao mesmo tempo. Fez seus joelhos tremerem e ela só não despencou no chão porque ele a segurou firme pela cintura com uma das mãos, a outra se prendendo imediatamente na sua nuca. O corpo dele comprimindo o seu contra a árvore. As mãos delas agarradas aos fios negros do cabelo dele, nem tão oleosos como imaginava. Se alguém os perguntasse não saberiam responder quem, mas um deles gemeu intensamente.

A verdade era que ambos perdiam cada vez mais o controle de si. Mas um último atino de sanidade, ou seria a pura falta de oxigênio, os fez interromper aquela...

— Loucura! – Snape se afastou de Hermione alguns passos. — Por Salazar, onde eu estou com a cabeça? – ele a olhava atônito. A respiração descompassada, alguns botões das vestes e camisa, já abertos, mostrando a pele branca do peito que subia e descia procurando o ar frio da noite.

Não conseguiu evitar admirar a mulher a sua frente. Sim, porque uma menina jamais beijaria daquela forma. Ele quase não conseguiu se controlar. Apertou as mãos com força, trincou os dentes e sentiu seu corpo tremer em desejo por ela. Exigindo contato com aquela pele macia... Fechou os olhos, buscando controle. Onde estava seu autocontrole? Maldição você é Severo Snape, ex-comensal e espião, componha-se homem!

Foi então que ele simplesmente começou a andar. Passos rápidos, decididos e firmes, para longe dali. Longe dela, o mais que pudesse. Antes que cometesse um desatino.

Hermione não entendera... Num minuto estavam brigando, noutro trocando o beijo mais intenso e sensual que ela experimentara em toda a vida. Levou os dedos trêmulos aos lábios... Ainda quentes, podia sentir o gosto dele. O calor dele. E seu corpo pedia, exigia por mais. Não... ela queria mais! E não o deixaria escapar assim.

Em minutos ele estava fora da floresta, dirigindo-se para o castelo, estranhamente subindo as escadarias para a torre oeste ao invés de descer para suas masmorras. Ninguém ia até lá, nem ele, depois da sua última decepção com uma certa garota de cabelos negros e olhos muito azuis. Não, não queria lembrar disso agora. Já estava se sentindo horrivelmente miserável o suficiente para remoer, pela milésima vez, o seu caso com Bella.

Hermione seguia a passos largos o rastro da capa negra esvoaçante, mas, infelizmente, perdeu Snape de vista depois que entrou no castelo. Ela desceu apressada pelas escadas das masmorras, mas não o encontrou. Tentou a muito custo segurar as lágrimas, ainda que uma ou duas caíssem por seu rosto. Sentiu raiva, ódio, fúria. Aquele morcego estúpido e seboso!

Ela não queria ir para grifinória, muito menos para torre de astronomia onde os outros, que estavam esperando pelos fogos que se iniciariam em alguns minutos, brindariam com champanhe a entrada de mais um ano. Felicitariam-se enchendo o clima de alegria e festa. Não. Ela estava pior do que antes. Sentia-se péssima novamente. Então correu em direção a torre oeste, seu refúgio desde que seus pais morreram. O lugar onde se escondia quando não queria ver aqueles olhares de compaixão e pena. Quem sabe poderia ver os fogos? Fazer um pedido como sua mãe a ensinara e tudo aquilo, todo aquele horror cessaria e ela voltaria a ser a menina alegre e sorridente que sempre foi. De repente toda aquela tristeza ressurgia ampliada. Ela subia as escadas a passos largos, quase correndo de si mesma, mas sem saber o que a esperava.

Continua...

NA: Eu acho que estou aprendendo com minha Mana-Beta-autora-comensal Gaby Briant a torturar meus leitores. Que tal mana toh aprendendo direitinho? E as leitras, estão gostando? HAuhUAHhau!

Quero agradecer a todos os que estão lendo essa fic. Mas um mto obrigada especial pra: Migranger; Marie Verlaine; Claire D'Lune; Miss.H.Granger; Lo1s.Lane e é claro minha mana Lara e minha Beta Gaby Briant que tbm comentou a fic!

Obrigada pelo apoio gente! Vcs não fazem idéia da força que dão!

Bjus e quero reviews!

Shey;))