Me chamo Alannis Figg.
Hoje, tenho trinta e seis anos de idade, já passei pôr muita coisa, já sofri muitas perdas, mas há uma que ainda dói. Há uma lembrança que ainda permanece mais viva que as outras nesta mente perdida no tempo, mas ao mesmo tempo tão ligada...
Em breve, não estarei mais aqui. Sou a única que restou, hoje escondida, hoje fugindo dos próprios medos e da ausência que, de uma forma inexplicável, é a própria presença. Mas em breve não estarei mais aqui. Em breve, irei deixar esses esconderijo onde passei quinze anos de exílio e vou voltar, mostrando que não estou morta, que quem morreu foi ele.
Hoje, sou apenas a sombra do que já fui. Pouco da alegria contagiante que um dia existiu dentro de mim ainda resta. Só resta a dor e a saudade.
Sou uma sombra da garota alegre, divertida, pentelha e engraçada que um dia eu já fui. Hoje, tenho o coração sem alguns pedaços, pois tantos pedaços eu dei às pessoas que amava e não recebi nada em troca. O que dói não é nem tanto a falta do pedaço, mas a falta da pessoa. Levaram um pouco de mim com eles.
Hoje, sinto minha mão tremer sobre esse papel enquanto digo que irei contar toda minha história, palavra pôr palavra, sorriso pôr sorriso, lágrima pôr lágrima, luta pôr luta. Irei contar porque me tornei o que sou hoje, e contar porque estou indo embora.
Talvez, algumas coisas não sejam exatamente como eu escrevi. Talvez, algumas cenas não sejam assim. Eu tenho trinta e seis anos de idade. Sou um espectro do que eu fui e sinto que da próxima guerra não haverá volta. pôr isso deixo aqui minhas memórias, para que esse amor infinito não se perda no tempo...
