Título: Darkness Fall
Ficwriter: Kaline Bogard
Classificação: yaoi, AU, dark, sobrenatural
Pares: AyaxYohji
Resumo: Nunca Aya, Ken e Omi estiveram tão perto de vingar Yohji. Porém essa jornada parece cobrar um preço alto demais. Suas próprias vidas...
Darkness Fall
Kaline Bogard
Prólogo
França
Aya acertou um violento pontapé contra a madeira da espessa porta, destroçando-a em vários pedaços.
Seu coração e sua mente eram um verdadeiro rodamoinho de caos. Ódio, ansiedade e um certo alívio transformavam seus sentimentos em um turbilhão de pensamentos incoerentes, onde apenas uma sensação se sobrepunha a todas as outras.
E essa sensação só podia ser resumida em uma única exclamação:
Finalmente!
Finalmente depois de todo aquele tempo, depois de toda a dor e desespero... finalmente encontrara a real localização da Grande Casa da Europa, o esconderijo onde se abrigavam os vampiros mais poderosos daquele continente.
Seu peito ainda ardia, lamentando a perda irrecuperável da pessoa que tanto amava. Lágrimas não derramadas faziam seus olhos ametistas se avermelharem, clamando o alívio do pranto, que seria negado até o último segundo possível.
Yohji fora tirado de si, e quando começava a se acostumar com a idéia, quando a dor não parecia tão esmagadora... Aya recebera aquela informação desconcertante.
E ali estava ele, finalmente invadindo a Grande Casa européia, disposto a tudo para reclamar a sua vingança, para cobrar o preço pelo sangue derramado.
Porém Aya não vinha sozinho.
Ao seu lado estavam os outros dois integrantes da Weiss, a equipe de assassinos que caçava e eliminava vampiros, aquela raça miserável que sabia apenas semear o terror.
Apesar de também ser um vampiro, Aya havia renegado seu lado negro, dando as costas a prole maldita, e unindo-se aos dois humanos como se fossem sua verdadeira família, protegendo-os com tanta intensidade quanto protegeria Yohji, se o loiro não houvesse sido tirado de seus braços de maneira violenta e cruel.
Respirando fundo, Aya, o antigo líder do clã europeu olhou para Omi e depois para Ken.
Ambos também estavam tensos e em expectativa.
Invadiam o covil dos inimigos em plena noite, cientes de que se colocariam em desvantagem, mas dispostos a dar a vida em troca de vingança.
(Aya baixinho) Bombay... Siberian...
Os Weiss mais jovens assentiram e sem perder mais tempo seguiram o líder espadachim, que adentrou pela porta arrombada demonstrando coragem e confiança acima de qualquer outra coisa.
(Omi baixinho) Siberian... tenha cuidado!
(Ken baixinho) Você também!
Os passos dos três ecoaram alto no hall de entrada que parecia vazio.
(Omi) Estranho...
Aya scanneou o local com os olhos violeta.
Ao invés de se instalar em um castelo, os vampiros haviam preferido se esconder em uma grande mansão, recém construída e de aparência sólida. Mas a beleza do local não interessava aos invasores...
Aquele silêncio era por demais anormal.
Omi olhou demoradamente para cada um dos móveis, feitos em madeira escura e visivelmente caros. Combinavam com as cortinas azuis aveludadas que escondiam as enormes janelas em dois lados da sala.
Uma escadaria dupla dava acesso ao segundo andar da mansão.
(Ken) Realmente estranho... vocês não...
Nesse momento ouviram o som de um relógio badalando as horas. Duas horas da manhã exatamente... de uma noite clara de lua cheia...
Lua cheia...
(Omi) Ei!
Os grandes olhos azuis se arregalaram de incredulidade e preocupação. Aya e Ken viraram os rostos na direção apontada pelo companheiro mais jovem. O moreninho franziu as sobrancelhas de modo intrigado, enquanto Aya manteve-se impassível.
Ao lado de um enorme relógio suíço estava sentada uma garota.
Tratava-se visivelmente de uma japonesa, tinha cabelos longos negros e olhos castanhos. Vestia um kimono negro sem estampas e olhava fixamente para os três, sem piscar ou desviar as íris em nenhum momento.
(Aya) Lady Bogard...
A referida abaixou a cabeça muito de leve, numa discreta reverência.
(Ken surpreso) A líder da Grande Casa do Oriente?!
(Aya) Hn.
(Omi) Oh!
Aya deu um passo a frente. Se havia alguém a quem não temia era aquela garota a sua frente. Lady Bogard fizera um juramento a mais de quatrocentos anos atrás, quando prometera que jamais lutaria outra vez.
Se ela estava ali, com certeza não era para brigar.
(Lady) Faz muito tempo... Ran.
O ruivo apertou os lábios ao ouvir seu real nome. Aquela palavrinha sempre o fazia se lembrar de que fora o frio líder da Casa européia, e que ainda era o segundo vampiro mais forte dos tempos atuais.
Tal recordação não o enchia de orgulho... pelo contrário...
(Aya) Está sozinha aqui?
Antes de responder, a garota passou a mão pelos cabelos negros, prendendo-os atrás da orelha, num gesto extremamente familiar aos Weiss. Era isso que Yohji fazia, sempre que se sentia nervoso ou ansioso...
Lady Bogard sabia disso e estava provocando-os.
(Lady) Ran, Ran, Ran... eu nunca esperei que você fosse trair o nosso clã!
(Aya)...
(Lady) Na verdade, eu sempre imaginei que Suryia fosse fazer isso... afinal você sabe, essa não é digna de confiança... ou talvez seja, porque eu espero uma punhalada pelas costas a qualquer momento, por parte dela... mas você... parecia um garotinho tão promissor...
(Aya) Tsc.
(Ken) Deixe de rodeios! Viemos aqui pra acabar com vocês! E é melhor que se defenda! Não terei compaixão apenas porque é uma garota!
Então Lady Bogard fixou os olhos castanhos sobre o Weiss moreno. Ken estava um passo atrás de Aya, mas mantinha-se em posição de defesa.
(Lady) Aa. Então esse cheiro não me enganou... esse menino de olhos castanhos é um humano... hi, hi, hi. Ran, você ficou louco. Quer destruir a Grande Casa da Europa apenas com um humano e um vampiro que acabou de ser abraçado?!
Finalizou a frase olhando para Omi. O jovem Weiss engoliu em seco, ao ser lembrado de sua recente condição. Realmente fora abraçado, contra a sua vontade e agora também era um vampiro...
Antes que replicassem, ouviram o som de palmas. Sem que percebessem, uma garota aproximara-se do parapeito do segundo andar, e debruçara-se nele, pondo-se a observar a cena que acontecia no andar de baixo.
(Lady) Oh, você... tinha que ser a intrometida...
A recém chegada era loira, tinha o longo cabelo preso em um coque severo, que parecia ter sido feito recentemente, tal a perfeição do penteado. Trajava um vestido verde muito decotado e rodado, bordado com fios de ouro. Os olhos azuis e cruéis cravaram-se sobre Omi, devorando-o com o olhar atrevido sem pudor algum.
(Suryia) Oh, pequeno. Nos encontramos outra vez... sentiu a minha falta?
(Omi)...
O loirinho recuou um passo, mostrando-se mais assustado do que gostaria. Aquela mulher americana era a culpada por ter se tornado um vampiro. Ela fora a carrasca que de maneira cruel lhe jogara na maldição da danação eterna.
Aya viu a reação de Omi e ficou preocupado. Se por um lado Lady Bogard evitava lutar a todo custo, por outro Suryia fazia de tudo para poder derramar sangue.
E apesar de ser menos experiente que Aya, por ter sido abraçada depois, Suryia também era de segunda geração e não seria derrotada assim tão facilmente...
(Ken) Bombay... você está bem?
(Omi) Sim... não se preocupe... eu...
(Suryia) Tsc. Deixem de conversa. Viemos aqui pra resolver esse impasse: Ran é um traidor de merda, e tem que pagar pelo que fez. Acha que pode meter o pé na nossa bunda assim, e ainda sair de boa, todo lindo e esvoaçante?
(Lady suspirando) Esses americanos são realmente grosseiros. Depois eu é que levo a fama de louca.
(Suryia) Buahauhauahaha! Fama de louca perfeitamente justificável. Eu tenho essa fama de cruel, e também não é a toa...
(Aya) Não mudaram nada.
As garotas olharam para ele e acabaram rindo muito.
Os Weiss mais jovens não entenderam nada, apenas aqueles vampiros de segunda geração tão poderosos sabiam o que realmente estava em jogo ali.
Apesar de estar frente a frente com inimigas tão poderosas Aya se mantinha tranqüilo. Podia dar conta muito bem de Suryia, e tinha a certeza tranqüilizante de que Lady Bogard não se meteria na luta. Afinal, Suryia e a japonesa não eram exatamente as melhores amigas, na verdade mal se toleravam...
(Suryia) Não mudamos, caro Ran. Ah, e se quer saber até dispensamos os outros... para podermos nos divertir mais e... oh!
Foi então que os vampiros sentiram uma presença nefasta se aproximando. Um vampiro de segunda geração assustadoramente poderoso e inegavelmente corrupto, que não fazia questão nenhuma de esconder a alma corrompida.
(Lady) Ops... hora de dizer olá, Ran chan... uma lua cheia tão bonita... não deveria ser manchada com o sangue de um traidor, mas fazer o que, se a justiça de Nêmeses vem cobrar o preço?
(Suryia) Justiça de Nêmeses o caralho, japa cheia de querer se achar.
(Lady suspirando) Que seja. Ran quis se vingar... teve a idéia ridícula de se envolver com humanos e acabou se apaixonando por aquele garoto loiro... deu as costas a seus iguais e traiu a todos nós... não é muito bonito...
(Suryia) Ran vai pagar caro por ter nos desafiado, não é, Evil, querida?
A referida entrou pela porta principal, localizada na parede a frente da escadaria dupla. Era uma garota alta, de aparência esguia e postura nobre reforçada pelo vestido simples, negro e rodado, sem decote e de mangas compridas. Tinha longos e ondulantes cabelos ruivos que caiam soltos pelo meio das costas. Trazia uma katana tão magnífica quanto a de Aya em suas mãos.
Os olhos do mesmo tom do líder da Weiss se prenderam em seu inimigo. Ambos se avaliaram por um segundo.
Ken e Omi também se entreolharam. Então aquela moça era a segunda líder da Casa da Europa, que fora despertada após a traição de Aya?! Ela parecia realmente perigosa...
Assustando os Weiss, Suryia saltou do segundo andar, caindo em pé ao lado direito de Evil, ao mesmo tempo em que Lady também saltava, parando em pé ao lado esquerdo da ruiva.
Omi, Ken e mesmo Aya se puseram em alerta. Enfrentar as líderes dos clãs das trevas não seria brincadeira de criança. Mesmo que Lady Bogard apenas assistisse, seria quase como assinar a própria sentença de morte: Evil e Suryia juntas eram invencíveis até para o próprio Aya.
Sentimentos diferentes dominavam os seis naquele momento. Desafio, coragem e vontade de vencer cintilavam nas íris dos Weiss, demonstrando que não recuariam, apesar das barreiras parecerem intransponíveis.
Sede de sangue, curiosidade e, fúria fria e cortante iluminavam as faces das vampiras de segunda geração, unidas com um único propósito em comum: destruir aqueles belos garotos que ousavam se rebelar contra seus poderes.
Aya apertou os lábios e olhou de lado para os companheiros. Os caçadores mais jovens estavam parados dois passos atrás de si, porém mesmo que conseguisse protegê-los durante alguns instantes não podia garantir a vitória.
Desviou os olhos para a bela lua cheia, que brilhava atrás das cortinas de veludo azul. Mesmo que não pudesse vê-la, podia senti-la... imaginá-la...
Cortando seus pensamentos, Evil e Suryia avançaram um passo, evidenciando as intenções nefastas. Evil ergueu a espada e apontou a lamina afiada para o antigo aliado.
(Evil) Ran... você tem de morrer!
As palavras frias e desprovidas de sentimentos soaram como o corte mortal de afiados punhais. Era a hora da batalha final... e as duas vampiras mais sedentas de sangue avançaram, dispostas a estraçalhar os atrevidos invasores, principalmente aquele belo ruivo, que um dia já fora um confiante companheiro, no entanto traíra o clã por causa do amor de um jovem humano loiro, que já fora tirado de si.
(Suryia) É o fim!
O alvo de seu ataque era o arqueiro loirinho.
Assustado, Omi viu que não teria chance!
Continua...
Apesar dos pesares... e de não parecer... é uma fic de oferenda e de homenagem a mestra Evil, pelo seu aniversário!
Parabéns, moça! Muita saúde, muitos anos de vida e de maldades (mas não em mim!)!!
T E A D O R O ! !
AVISO: Essa fic eh continuação de "Darkness Revenge". Se você não a leu não vai entender muita coisa! Huahauhaahahauau... XD
