Título: Darkness Fall
Ficwriter: Kaline Bogard
Classificação: yaoi, AU, dark, sobrenatural
Pares: AyaxYohji
Resumo: Nunca Aya, Ken e Omi estiveram tão perto de vingar Yohji. Porém essa jornada parece cobrar um preço alto demais. Suas próprias vidas...


Darkness Fall
Kaline Bogard

Capítulo 02

O som de vidro se quebrando ecoou alto pela casa, causando um susto memorável em Ken e Omi, que estavam na sala, quietos e pensativos.

Imediatamente ambos se ergueram de um salto, e correram escada acima, tendo o mesmo pensamento: aquele som só podia significar uma coisa: Aya estava de volta.

Fazia uma semana que o líder da Weiss permanecia desaparecido. Ele sumira sem dar notícias ou avisar seus companheiros. Simplesmente se fora, não levando nada, além da afiada katana.

Tal fato enchera os Weiss mais jovens de preocupação.

O que poderia ter acontecido? O que seria tão grave a ponto de causar essa atitude aparentemente inexplicável?

Pra piorar a situação, os caçadores de vampiros estavam tendo muito mais ação do que os últimos seis meses juntos. Ataques causados pelos seres das trevas se tornaram uma coisa constante.

Nunca houve tantas vítimas fatais.

Nem mesmo a Kritiker tinha uma explicação aceitável para tantas mortes.

O que mexera com os vampiros? Por que se mostravam tão hostis e fora de controle? Seria esse o motivo do desaparecimento de Aya?

Sedentos por respostas, os jovens se precipitaram pelo corredor. A 'corrida' terminou quando Ken escancarou a porta do quarto do espadachim...

(Omi) Oh!

(Ken) Aya...

O líder da Weiss estava caído, no meio do aposento, entre os cacos de vidro do que um dia fora a janela. As roupas estavam rasgadas e sujas. Sujas de sangue. Algumas manchas era recentes, outras nem tanto, pois o sangue começara a coagular.

Os lindos cabelos ruivos estavam desgrenhados, também sujos de sangue. Os olhos violeta permaneciam sem brilho, fitando os caçadores com uma frieza que parecia varar-lhes a alma.

Engolindo em seco, e reunindo toda a coragem que tinha, Ken avançou um passo.

(Ken) Aya!

Chamou com voz forte e firme, de um modo que fez Aya olhar para ele fixamente durante alguns segundos...

(Omi)...

O loirinho estava impressionado pelo aspecto do ruivo. Ali estava a prova definitiva de que não conheciam a real natureza de um vampiro... nunca imaginaria que Aya pudesse ser ainda mais assustador.

Porém o chamado do moreninho agiu como uma espécie de despertador. Pouco a pouco as íris violeta foram readquirindo brilho, até que voltaram ao normal.

Confiante, Ken avançou e abaixou-se ao lado do vampiro de segunda geração.

Aya respirou pesadamente e fez um esforço para se colocar em pé, mas só conseguiu seu intento com a ajuda do Weiss moreno.

(Ken) O que aconteceu com você, Aya?

(Aya) Evil... Evil despertou completamente.

Durante aqueles poucos dias, os instintos sombrios de Aya haviam se manifestado com força total. E o ruivo sabia que se não se controlasse, seria desastroso...

Por isso preferira fugir, sair da Koneko, evitando assim expor os caçadores mais jovens ao perigo de perecerem sob suas presas. No entanto isso não salvara outros humanos...

Incapaz de se segurar, Aya matara muitas pessoas. Caçara humanos como em tempos ancestrais, comportando-se como um predador faminto e destruidor...

E isso não pesava em sua mente. Livrara-se desses tabus a centenas de anos. Estava sim, aliviado por ter se mantido longe das pessoas que jurara proteger.

(Omi surpreso) Evil?!

(Ken) A mestra da Grande Casa da Europa...?

Os humanos se entreolharam. Aquilo explicava muitas coisas...

oOo

Algumas horas depois, já limpo e refeito, sentindo-se no domínio de sua própria mente, Aya sentava-se a mesa, em frente a Ken e a Omi.

(Ken) Sente-se melhor?

(Aya) Hn.

'Melhor' não era a palavra mais apropriada para descrever a maneira como o espadachim se sentia. Afinal, ele passara aquela semana toda apenas se alimentando, ingerindo sangue quente noite após noite, e repousando tranqüilamente durante o dia, cada vez em um local diferente.

Desde que traíra seus iguais, Aya obrigava-se a ser comedido em relação a alimentação. Recusava-se a beber mais sangue do que o estritamente necessário.

Agora não sentia mais aquela levíssima tontura, que deixava seus sentidos um tanto confusos. Ficara novo em folha.

(Omi) Estávamos preocupados... pensamos que...

(Aya) Eu tivesse me aliado aos vampiros outra vez?

A pergunta saiu de forma seca e direta.

Imediatamente Omi desviou os olhos e pareceu se encolher.

(Omi) Não. Pensamos que você pudesse estar ferido... e precisasse de ajuda.

(Aya)...

A afirmação desconcertou o líder da Weiss, que não teve resposta para dar.

(Omi) Pode ler mentes humanas, não é? Sabe que não estou mentindo.

(Ken) Calma, pessoal. Aya, sabíamos que não se uniria aos vampiros outra vez. Você é nosso companheiro agora, confiamos em você.

(Omi) E a maneira como Paris está sendo visada com ataques noturnos piorou tudo!

(Ken) Matamos tantos vampiros de décima e nona geração que você não vai acreditar.

(Aya) Esses são os mais influenciáveis.

(Omi) Como assim?

(Aya) Aconteceu comigo também. Se eu perdi o controle, os mais fracos também devem ter perdido.

Omi e Ken se entreolharam, surpresos pela afirmação de Aya... enfrentar o ruivo, um vampiro de segunda geração em um estado de descontrole devia ser no mínimo assustador.

(Ken) E tudo isso é graças ao despertar dessa tal Evil?

(Aya) Ela acordou do sono centenário. Ficou todos esses séculos sem se alimentar, por isso, quando recebeu a primeira gota de sangue, seu corpo reagiu exigindo mais. E essa exigência refletiu em todos os vampiros.

(Omi) Todos?!

(Ken) Por isso estavam atacando quase as claras!

(Aya) Hn.

(Omi) Essa vampira deve ser muito forte!

(Aya) Hn. Mas não é uma reação exclusiva de Evil. É uma característica do despertar. Qualquer vampiro que esteja acordando causa esses sintomas.

(Omi) Oh!

(Ken) Apesar de ser um mestre, você também ficou vulnerável.

(Aya sério) Ninguém disse que essa maldição era um mar de rosas. As desvantagens são muito maiores.

(Omi) Disso nós temos certeza.

(Aya) Geralmente durante um despertar, os vampiros se reúnem na Grande Casa, para se protegerem mutuamente. Se isso não aconteceu é por dois motivos: eles tinham pressa em desertar Evil, e não se organizaram a contento... e, com certeza, o número de vampiros está cada vez maior, o que impede de reunir todos a tempo.

(Ken) É impressionante o número de vampiros de níveis tão baixos.

(Aya) Os mestres estão perdendo o controle.

(Omi) Pelo menos é mais fácil eliminar dez vampiros de decima geração do que um de segunda...

(Ken) Er... Aya?

(Aya) Hn...?

(Ken) Posso perguntar... uma coisa pessoal?

O ruivo franziu as sobrancelhas, resistindo bravamente a vontade de ler a mente do caçador moreno. Suspirando, resolveu aceitar o que quer que estivesse por vir.

(Aya) Pergunte.

(Ken) Você já... er... transformou alguém em vampiro, além de Yohji?

(Omi)!!

O ruivo quase sorriu diante daquela curiosidade infantil. Não fora essa a pergunta que esperara, mas... tudo bem.

(Aya) Claro.

(Ken) Oh!

(Omi) Vampiros de terceira geração...? Espero não ter que enfrentá-los.

(Aya) Não terá.

(Ken) E como é que você tem tanta certeza?

(Aya) Houve uma... 'peste' entre os vampiros. Todos os que eram de terceira geração pereceram.

(Ken) Que merda! Só os de terceira?

(Aya) Quando isso aconteceu, já haviam sido criados vampiros de quarta geração em número suficiente para levar o vampirismo a frente. Então todos os mestres, sob ordens de Lorde Bogard firmaram o pacto de não abraçar mais ninguém.

(Ken) Então vocês são vampiros de poder sem igual.

(Aya) Hn.

O que o ruivo não disse, foi o fato de desconfiarem que aquela 'peste' que afligira os vampiros de geração três, provavelmente era conhecida por todos como Suryia...

Sim, havia grande desconfiança por parte dos mestres de que a americana fora a autora do fratricídio que eliminara os vampiros que mais se aproximavam em poder de um mestre. Acreditava-se que por temer esse poder, Suryia fora capaz de caçar e matar um a um dos vampiros abraçados pelos mestres, atravessando continentes e ignorando os pactos mais antigos...

Mas eram somente desconfianças, é claro.

(Omi) O que faremos agora?

Aya não respondeu. Apenas fitou os companheiros, ciente de que os três não seriam páreos para as mestras das grandes casas...

Precisariam de ajuda... e a pergunta premiada era: a quem recorreriam? Afinal, a Weiss era a própria cavalaria.

oOo

A reunião começara muito bem... mas estava ameaçando sair de controle.

Na sala estavam presentes: Suryia, Lady Bogard, Crawford, Lilik, Nagi e... Evil, é claro.

Eles permaneciam sentados ao redor de uma grande mesa redonda, e algumas guloseimas foram oferecidas, a título de cortesia, porque a única coisa que fora alvo do interesse dos vampiros era a grande jarra de sangue quente, que acabara de ser trazida por uma das servas humanas que habitavam e obedeciam cegamente aos seres das trevas.

Crawford e Lilik acompanhavam com interesse a troca de ofensas entre a americana e a japonesa, que começara a alguns minutos mas parecia longe de acabar, enquanto Nagi aparentava indiferença.

(Suryia) Eu ainda vou cuspir sobre seu túmulo, oriental ridícula.

(Lady suspirando) Prefiro sair a luz do sol a ter que aturar essa ralé...

(Suryia) Podemos cuidar disso...

(Lady) Sei que adoraria acabar com todas as pessoas mais fortes que você.

(Suryia) E desde quanto isso lhe inclui?

(Lady)...

(Suryia) Uma múmia não pode ser mais forte que uma jovem bela e vigorosa.

(Lady) Só diz besteiras...

(Suryia) Logo, logo também vai cair em seu sono eterno, e vai poder ficar juntinho com o cadáver de Lorde Bogard...

Ao ouvir aquele nome, Crawford e Lilik ficaram tensos. Sabiam que a oriental não admitiria que Suryia cometesse tão grande desacato. Imediatamente olharam para Evil, a única na sala que podia impedir aquele bate boca inútil e fora de hora, mas a líder européia apenas ergueu os olhos como se estivesse mais que cansada das ceninhas repetitivas.

Em contrapartida, Lady Bogard retesou o corpo e estreitou os olhos castanhos. Depois se moveu rápido, acertando um tapa na taça fina de cristal, fazendo-a se quebrar e espirrando sangue em Suryia.

(Lady) Não use sua boca imunda pra falar dele.

A americana sentiu o liquido morno escorrendo por sua face. E encheu-se de fúria como a muito tempo não acontecia. Ela saltou, pondo-se em pé, disposta a atacar Lady Bogard.

Foi nesse ponto que Evil se cansou. Bateu o dedo indicador sobre o tampo de mármore da mesa e suspirou impaciente.

Não precisou de mais nada. Como um passe de mágica, Suryia relaxou e sentou-se novamente, apesar de exibir uma careta de desgosto. Lady recostou-se a cadeira, voltando a se mostrar cortês.

Crawford quase agradeceu a Evil. Se a líder européia não interviesse, ele teria que requisitar a luta para si, e isso não o agradava em absoluto. Lilik também ficou aliviada, pois sabia que podia muito bem sobrar pra ela, já que a loira americana andava doida querendo descontar a raiva em alguém.

Durante o silêncio que se seguiu, todos os presentes fixaram a atenção em Evil, observando-a. A vampira ainda estava muito pálida, devido a tanto tempo sem ingerir sangue. Porém os olhos violeta continuavam tão frios e cortantes como sempre haviam sido. Os cabelos ruivos permaneciam soltos, ondulando por suas costas sem nenhum tipo de penteado.

Trajava um vestido negro e simples, de gola alta e mangas compridas, que contrastava totalmente com o vermelho usado por Suryia, muito decotado e rodado, assim como com o quimono estampado de Lady Bogard.

(Evil) Lilik...

A referida tremeu nas bases. Seu nome soara num tom gélido, mais cortante que o mais afiado dos punhais.

(Lilik) Mestra...

(Suryia) Relate as burradas que fez!

(Lilik) Minha mestra já está a par de tudo. Assim como tem ciência de que aceitarei qualquer punição.

(Suryia) Espero que Evil me deixe castigá-la... ah, sim... seria muito divertido saber o quanto de dor você agüentaria... francesinha de merda... (1)

Lilik sentiu o suor frio escorrer por sua fronte e engoliu em seco. Se caísse nas mãos de Suryia, tinha certeza de que seria feita em fiapos! E da maneia mais torturante possível. Seu pânico foi tão grande, que nem lembrou a americana de que não era uma francesa.

(Evil) Cuido dela depois.

A inglesa não se sentiu aliviada pela afirmação de Evil. Muito pelo contrário, e a prova disso foi uma nova gota de suor frio que correu por sua fronte.

(Suryia resmungando) Merda...

(Lady) O que vamos fazer no fim das contas? Desse modo Ran vai escapar de nossas mãos.

(Lilik) Nós... sabemos exatamente onde Ran está. Ele continua em Paris, na floricultura oriental Koneko no Sumu Ie... vivendo com aqueles dois humanos caçadores.

(Suryia) Que imbecil! Ficou ali dando sopa? Merece que a gente o pegue de uma vez, e arranque a pele dele lentamente.

(Lilik) Temos espiões próximos a Ran. Só não atacamos porque eu temi cometer uma imprudência e...

(Suryia) Há, há, há, há! Não seja ridícula, ser ignóbil. "Cometer uma imprudência"? Você quis dizer MAIS uma imprudência, não é? Pois desde que armou esse plano com Ran, você só tem feito merda.

(Lilik)...

(Lady) Trocando as grosserias dessa aí, eu diria que sim, vocês cometeram muitos erros aqui na Europa. É vergonhoso...

(Suryia) He, a América pode ser o Novo Mundo, mas... eu controlo a todos com rédeas curtas.

(Lady) Ninguém duvida disso.

(Lilik) Agora que vocês se reuniram, podem decidir o futuro de Ran.

(Lady) É estranho ele ter permanecido no mesmo lugar. Talvez tenha algo planejado...

(Suryia) Mas temos um trunfo...

(Lady) Ah, você diz aquele garoto? Quase me esqueço dele... seria uma isca mais que apropriada.

(Evil) Não basta.

Todos olharam para ela. Pelo visto a líder da Europa era a mais furiosa pela traição de Ran. E a que mais queria vingança, apesar do silêncio em que se mantinha durante a reunião.

(Lady) Tem razão. Ran merece sofrer mais, muito mais...

(Crawford) Podemos começar pelos humanos que vivem com ele.

(Lady sorrindo) Ótima idéia, Brad.

(Suryia) Sim... destruir aqueles por quem Ran nos traiu... podemos torturá-los, sangrá-los... esmagá-los! Acabar com esse lixo que ele julga tão importante...

Enquanto falava, a americana loira ia deslizando a mão pela face, passando os dedos pelo sangue que ainda manchava sua face. Depois levou o dedo indicador aos lábios e lambeu a pontinha, com os olhos brilhando de pura ansiedade.

(Evil) Ótimo.

No mesmo instante Lilik se curvou, numa profunda reverencia.

(Lilik) Darei inicio ao plano imediatamente.

(Suryia) Querendo posar de responsável agora? He, he, he... estou de olho em você.

Lilik não respondeu, apenas saiu da sala feliz por poder escapar do castigo mais um tempo. Talvez... se conseguisse concertar sua falha não fosse tão severamente castigada...

(Lady) Ela está se esforçando...

(Suryia) Claro. Qual francês não teme pelo próprio rabo?

(Lady) Ah, mas como você é inconveniente! Espero que um dia morda a própria língua e morra envenenada!

(Suryia) Acabo com a sua raça primeiro, japa hipócrita.

Evil piscou e desviou os olhos. De repente as palavras das outras mestras perderam todo o sentido, quando a européia se envolveu em seus próprios pensamentos.

Fora despertada antes do tempo, e isso a irritara bastante. E agora tinha que participar de uma caçada sem trégua, onde mais vidas seriam perdidas e destruídas.

Ela estava cansada daquela vida sombria, mas não podia mais mudar seu caminho, sua jornada. A única coisa que aliviava a carga pesada em seus ombros, era saber que tinha fama tal, que impunha uma aura de respeito e quase idolatria a sua pessoa...

Aura que fora maculada pela traição do outro mestre da grande casa européia.

Jamais o perdoaria por isso... ela despertara apenas para encontrar Ran, e castigá-lo... jogá-lo no mar da mais profunda escuridão.

E tinha todos os trunfos para fazer isso...

oOo

(Omi) Como ele está?

(Ken) Parece que está dormindo.

Ambos se referiam ao líder da Weiss. Já estava quase na hora de fechar a Koneko. A noite caia rapidamente, e logo os caçadores teriam que fechar a loja, depois de um dia movimentado.

Aya usara aquelas horas para se fechar em seu quarto e recuperar as forças, usadas durante sua insana caçada. Assim como no dia anterior e ainda no outro, desde que regressara a três dias.

De vez em quando Ken ia até o quarto dele. E cheio de coragem abria um vão na porta e espiava para ver se estava tudo bem.

Aparentemente o ruivo parecia profundamente adormecido, no entanto era impossível ter certeza com um vampiro.

(Omi) Mais um inimigo perigoso despertou... estamos ficando em uma situação difícil.

(Ken pensativo) É... não podemos simplesmente abandonar a Koneko, pois aí teríamos que dar explicações a Manx e a Kritiker... e revelar toda a verdade...

(Omi) Não poderíamos dizer que Aya é um vampiro!

(Ken) Por isso ficamos aqui... um alvo fácil dos malditos chupadores de sangue, dependendo da proteção de Aya... com os nervos a flor da pele esperando um ataque...

(Omi) Ken...

(Ken) Apesar disso não me arrependo, Omi. Estamos atentos, não é? Se algum deles se aproximar, Aya vai sentir. E então... marcamos um ponto!

(Omi)...

O loirinho sorriu de forma afável. Gostava daquela impulsividade de Ken. O moreno era sempre tão autêntico no que fazia, que chegava a ser um tanto inocente.

(Ken) Logo poderemos fechar! E agora que os vampiros sossegaram um pouco, a gente pode ter uma noite de sono em paz, pra variar.

(Omi) Tem razão. E pra comemorar vou preparar aquela torta de morangos que você tanto gosta para a sobremesa.

(Ken animado) OBA!

Foi então que a sineta da porta soou, anunciando um novo cliente, que chegava bem em cima da hora de fechar. Mas os caçadores conheciam aquela pessoa, e até se alegraram com a visita.

(Omi) Senhorita Litha! Bem vinda!

(Litha sorrindo) Omi, Ken! Boa noite, e desculpa por chegar tão em cima da hora!

(Ken) Não precisa se desculpar. Sabemos que você é uma pessoa ocupada.

(Litha) Meu arranjo ficou pronto? A missa vai começar em uma hora e eu ainda preciso arrumar tudo!

Imediatamente Omi foi aos fundos da floricultura e voltou com um enorme e pesado arranjo de rosas.

(Omi) Ficou pesado.

(Litha) Oh! Não sei se agüento carregar isso.

(Omi sorrindo) Eu levo pra você. Ken, se importa de ir fechando a Koneko enquanto acompanho a senhorita até a igreja?

(Ken) Não, claro que não. Enquanto você vai, eu adianto as coisas por aqui... vou deixar só as contas pra você fazer, está bem?

(Omi) Combinado!

(Litha) Desculpem por tanto transtorno...

Mas os floristas apenas sorriram sem se importar em ajudar.

Assim que se despediram de Ken, Omi e a garota foram caminhando lado a lado, com o loirinho levando o arranjo nos braços.

(Litha) Ainda bem que a igreja é perto! Você podia ficar para assistir a missa.

(Omi) Oh... talvez um outro dia...

(Litha) Vocês dois estão mais animados. Desde que Yohji partiu nessa viagem vocês estavam bem tristonhos. Tem previsão pra quando ele volta?

(Omi)... não...

Não podia dizer que o companheiro jamais voltaria. Aquilo ainda doía bastante.

(Litha) Entendo. Veja, aquelas meninas só começaram a ir a missa depois que passamos a encomendar as flores com vocês... mas não espalha!

(Omi) Confie em mim.

E a garota mudou de assunto ao notar que os belos e grandes olhos azuis de seu jovem acompanhavam ficavam brilhantes, transmitindo uma mágoa quase esmagadora.

Alguns minutos depois chegaram à acolhedora igreja de São Pedro, pequena, mas bonita.

(Litha) Pode deixar sobre o altar, por favor?

(Omi) Certo.

O chibi sempre se sentia um tanto intimidado quando entrava nem igrejas. Todas aquelas estátuas que pareciam observá-lo atentamente, seguindo cada um de seus passos, parecendo julgá-lo era realmente assustador.

Ainda não havia ninguém ali, além do Weiss e da garota. Era cedo para que os fiéis chegassem para a celebração. E Litha teria assim, tempo de sobra para arrumar tudo.

Impressionado pela beleza assustadora do interior da igreja, o chibi avançou, até chegar ao altar, onde depositou o pesado arranjo de rosas. Depois analisou rapidamente o crucifixo que dominava a cena central.

Era tão real, como se o próprio Cristo estivesse realmente pregado aquela cruz.

(Omi) Nossa...

Pensando em comentar o fato com a garota, Omi voltou-se, dando de cara com Litha, que segurava uma pá de carregar carvão nas mãos.

(Omi)!!

(Litha) Sinto muito, Omi.

Colhido pela surpresa, o loirinho não teve reação por alguns segundos. E esse tempo foi suficiente para que Litha erguesse a pá e o acertasse em cheio no rosto, com toda a força que tinha. (2)

Indefeso e sem chances de defesa, o Weiss caçula caiu.

Tombou desacordado e com uma grande marca em sua face, ficando imóvel no chão frio da pequena igreja.

Litha observou o resultado de seu trabalho sujo, depois passou a mão pela testa, limpando o suor que brotava e denunciava seu nervosismo. Impaciente olhou para os lados.

Felizmente não havia ninguém, os santos de barro eram as únicas testemunhas de sua terrível traição. E a esses, Litha não temia.

Sabia que estava arriscando muita coisa, porém a recompensa prometida valia a pena.

(Litha) Merda! Onde ela está?

Percebia que ainda restava alguma luz do sol, mas não era o suficiente para ferir aquela pessoa, que era de uma geração tão elevada.

Foi então que a garota ouviu passos, vindos da direção da sacristia. Lentamente virou-se e se viu cara a cara com Lilik.

(Lilik sorrindo) Belo trabalho, serva.

A garota humana se pôs de joelhos. (3)

(Litha) Mestra. Aqui está a oferenda que lhe prometi.

(Lilik) Ótimo. Muito bom mesmo...

A vampira avançou, enquanto limpava um fio de sangue em seu queixo.

(Litha) Mestra... isso...?

(Lilik) Oh, um acidente. O padre me viu...

(Litha)...

(Lilik) É um belo rapaz!

Exclamou olhando para Omi. Cuidadosamente pegou-o em seus braços e se pos a admirar a face angelical.

(Lilik) Quando Suryia ver esse garoto... vai ficar enlouquecida!

(Litha) Mestra...?

(Lilik) Desapareça por uns tempos. Quando resolvermos essa guerra contra Ran, lhe darei sua recompensa.

Litha ficou em pé e sorriu satisfeita.

(Litha) Entendi.

Sairia daquela história, e se poria a margem dos acontecimentos. Sua presença já não era mais importante, porém, receberia um belo prêmio por sua tarefa tão odiosa.

Trair a confiança dos caçadores fora mais fácil do que roubar doce da boca de criança.

Lilik observou sua serva sair da igreja quase fugida. Depois admirou Omi demoradamente mais uma vez.

Sim, era uma criança muito bela. Lembrava um anjo inocente e puro.

Mas logo seria um anjo caído em trevas e escuridão, quando fosse entregue a Evil, Suryia e Lady Bogard. Lilik quase se arrependeu da maldade que planejavam levar a cabo. Quase...

(Lilik) Ran, seu inferno começa agora. É hora de pagar por sua traição.

E o preço seria alto. Realmente alto...

Continua...


(1) Ei, se tem alguém que NÃO conhece a Suryia, er... a pessoa em quem essa personagem foi baseada, só quero alertar para uma coisa: ela não é essa vampira de eterna TPM que eu descrevi aqui. Ela é muito fofa (menos quando pisam no calo dela, claro...) e eu a adoro. Mas não teria graça zoar com ela numa fic de vingança se eu não a fizesse malvada e desbocada! Aliás, to adorando trabalhar com ela assim!

O mesmo vale para as outras: A Lilik coisa cor de rosa que vive me apunhalando pelas costas e até a Mystik q num é essa leseira que eu inventei pra ela. E a Evil... bem, a Evil... quem a conhece sabe como ela é. E se vc naum a conhece ainda... um conselho: TREMA! Trema e fuja... ç.ç eu tentei me esconder dela no 8o inferno mas... não foi longe o bastante... acabei descobrindo que lá é a Evilandia... i.i

Então... tire suas próprias conclusões. XP

(2) XD Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh... a vingança... a vingança... céus, como é bom! Melhor que chá de cogumelo gelado numa tarde de 40 graus!

(3) Sou super phoda mesmo! #sorrindo orgulhosa#

u.u Essa 'pazada' no rosto de Omi é apenas uma resposta defensiva ao surto psicótico da Litha-chan, que na fic "Even so I still love you..." teve CORAGEM de atiçar, não somente o Omi, mas o Ken Ken contra meu ADORADO Yotan. -.- E veio com uma desculpinha fajuta pra loba dormir... eu endosso suas palavras, Litha-chan, isso é apenas o começo...

Enfim, que rufem os tambores... mulheres, crianças e idosos para as montanhas, porque a guerra se inicia, e esta Loba vai sair a caça! Ò.ó9

O menu de hoje: raposa sarnenta ao molho branco!

Abril/2006