Título: Tarde Demais

Autora: Celly M.

Classificação: M

Casal: Harry Potter/ Draco Malfoy

Status: Em capítulos, 1ª parte de 3.

Sumário: Slash, POV, Spoilers HBP Harry e Draco se enfrentam, tendo a Floresta Proibida como única testemunha.

Disclaimer: como sempre, somente o plot dessa fic é meu. Os personagens citados são totalmente criação da tia J.K. e infelizmente ela não os deu oficialmente para mim, então eu os peguei emprestado. Não contem para ela!

Agradecimentos: primeiramente a todos que lerem essa fic e que aqui deixarem seus comentários. É a minha primeira vez escrevendo Harry Potter e literalmente eu estou pisando em ovos, especialmente porque é com meu casal preferido. Um beijo em especial para três pessoinhas que eu amo de paixão – Arsínoe, Blanche Malfoy e Juzinha – essas três, separadamente são meus tesourinhos aqui na net e dedico essa fic a elas. E também ao pessoal do PSF, que me acolheu com tanto carinho essa última semana!

Draco POV:

Estou tremendo e não é de medo. A chuva fina cai, mas não consigo me importar, a capa de veludo está encharcada e me confunde com a escuridão da Floresta Proibida, assim como meus olhos, que brilham como os raios, mas ainda assim não me sinto parte daquele ambiente, parte do mundo mágico no qual fui concebido.

Tudo aconteceu rápido demais e ainda sinto os efeitos da minha estúpida falha fluir por cada poro do meu corpo. Porém, nada mais fazia sentido porque eu havia falhado e não há perdão para os erros nesse momento em que nos encontramos.

Era um plano perfeito demais. Arriscado, porém perfeito. E todos os planos perfeitos são passíveis de erros, mas não o meu. Meu plano era absurdamente mágico e sem falhas. Era digno de um Sonserino, digno de um Malfoy.

Digno de mim.

Um lamurio tristonho e desconhecido de algum grupo de animais interrompeu meu trilho de pensamentos e fiquei agradecido por um momento. Pensar nos efeitos da morte de Dumbledore era por demais estranho. Só então percebi a extensão do que havia feito.

Não. O que Snape havia feito.

Cerrei os dentes, lembrando-me do que Severus havia conseguido completar em meu lugar. Ele levaria todas as honras e não eu, mesmo com tudo o que havia planejado cuidadosamente, com toda minha dedicação, os riscos que havia corrido. Snape roubou de mim a chance de provar a todos que era melhor que meu pai, que poderia ser levado a sério.

Mas por que então não havia conseguido matar o velho bruxo, amante dos Trouxas e dos Sangue-Ruim quando tive minha chance? Eu não era um covarde ou um tolo, ou ainda um estúpido e fraco Lufa-Lufa. Eu era um orgulhoso Malfoy, era mau e cruel. E patético, uma vozinha irritante completou e eu considerei a possibilidade de me lançar de encontro ao Salgueiro Lutador. Ultimamente, tenho imaginado o que tem acontecido comigo: recebo a maior missão já dada a um Comensal da Morte, tenho um fantasma como confidente e ouço vozes. E não se esqueça de Potter.

- Cala a boca! –gritei para a escuridão e tudo subitamente parou de fazer barulho, exceto pela chuva, que aumentara consideravelmente.

Não queria pensar naquele Gryffindor estúpido, herói do mundo. Gastar segundos me lembrando dele seria recordar todos os acontecimentos bizarros que havíamos vivenciado naquele último ano. Não sei porque ele me perseguia tanto, porque sempre estava em todos os lugares que eu planejava estar, mas, após alguns meses, confesso que sentia falta da constante análise daqueles olhos verdes.

- Não! Não pense nisso, Draco, seu estúpido! –rosnei e dessa vez foi a vontade de aplicar um Obliviati em mim mesmo que passou pela minha cabeça.

Harry "Herói-Do-Mundo" Potter era o culpado por tudo. Era isso! Ele me perseguiu, ele desconfiou de mim, ele me atingiu com um feitiço idiota e brilhante, ele me segurou em seus braços, ele me questionou interminantemente, ele me fez hesitar.

Sem saber como, estou sentado no chão de terra fofa da Floresta, as mãos por entre meus cabelos, querendo me esconder mo mundo, do que havia acontecido, de repercussão de tudo, mas, principalmente, do que havia acabado de descobrir.

Eu gostava de Potter.

Eu.

Gostava.

De.

Potter.

Merlin, quão patético eu era?

Eu nunca havia gostado de alguém, então como poderia saber que sentia aquilo por ele? E mais: os Malfoy podiam amar? Sim, porque meus pais não eram exatamente o exemplo de casal feliz e apaixonado que eu poderia ter. E quem disse que eu o amava? Aquilo era ridículo!

Mas ainda assim...

Claro que eu havia perdido grande parte da minha infância bruxa entre vassouras, feitiços e sermões sobre o grande Harry Potter, a grande esperança do mundo mágico, um simples bebê que derrotara o grande Lord das Trevas. Porém, não imaginava que em nosso primeiro encontro, no Beco Diagonal, iria estar frente a frente com alguém como ele. Alguém tão perdido e curioso, tão pequeno e sensível. E, acima de tudo, tão bonito.

Potter sempre causara algum tipo de reação em mim e se forçasse minha memória, acho que desde a primeira vez que o vira. Ele fazia meu estômago revirar, meu coração disparar e me desconcentrar. Ele tinha o maldito dom de simplesmente existir e se fazer presente. E eu o odeio por isso, afinal fui criado para isso. Aquela coisa patética e estranha que eu sentia não tinha nada a ver com qualquer coisa relacionada ao amor ou esses sentimentos dos Trouxas.

- Inferno! Eu estou perdendo a cabeça! –a dor que os tapas na minha testa provocavam não era nada se comparado às revelações que aquele exílio forçado na Floresta estava me proporcionando.

Mas sim, meu pai sempre havia me ensinado a odiar Harry Potter, mas nunca havia me dito que meu alvo era alguém tão bonito. Porque Harry era bonito, simplesmente. Ele não tinha a postura nem a altura de Diggory ou o corpo forte de Krum, nem ao menos as feições diferentes dos idiotas ruivos dos Weasley. Ele era simplesmente bonito a seu modo, com seus óculos remendados e cabelos desgrenhados, com a cicatriz estúpida e o corpo pequeno. Devia estar mesmo enlouquecendo porque não estava me excitando com a imagem do Grifinório submisso a mim, aquilo era absolutamente fora de propósito na situação em que me encontrava.

O que ele faria quando soubesse que eu havia armado tudo? Que ele estava com a razão, que embaixo do nariz dele e de todos os outros eu havia conseguido levar Comensais da Morte para dentro de Hogwarts e assassinado quem ele mais gostava naquele mundo? Mas eu não matei, felizmente, porém aquilo não diminuía minha culpa, muito pelo contrário, sentia pela primeira vez uma dor estranha e incômoda no peito, algo que não conseguia explicar.

Bem, eu era mesquinho o suficiente para admitir que sentia aquilo pela primeira vez. Merlin, eu sou um covarde. Eu sinto isso desde sempre, desde que Harry me procura pelos salões de Hogwarts, sempre que nos cruzamos pelos corredores, sempre que ele me olha com aquela cara de "Eu-sei-que-você-é-um-desgraçado-desalmado".

Sempre seria assim. Ódio, sempre ódio. Era só o que restava para nós. Desde nosso primeiro ano.

Mas eu já deveria estar acostumado, afinal, não era aquilo que eu queria? Ser odiado, temido e respeitado por todos, tal como meu pai, como cada um dos Malfoy existentes? Sim, mas não por ele, a vozinha irritante fez-se presente dentro da minha cabeça mais uma vez e eu gargalhei, chegando à triste conclusão de que havia, enfim, perdido a maldita noção da realidade.

Tentei não pensar em Harry (desde quando ele havia se tornado Harry, maldição?), no velho morto, em Snape e em tudo mais, para analisar minhas opções naquele momento e percebi, infelizmente, que elas não eram muitas.

Eu havia fugido das garras de Severus logo após desaparatarmos. Ainda consegui ouvi-lo me chamando, com uma voz suplicante, porém, não seria enganado por mais ninguém. Aquele jogo não fazia mais parte da minha pessoa. Eu não queria encarar Voldemort naquele momento e ser questionado e torturado por meus erros, porque sabia que era aquilo que ele iria fazer. Meu pai tem marcas que provam o poder do Lord das Trevas. Eu não seria tão tolo de experimentar a mesma coisa.

E também não iria ser ridicularizado na frente dos Parkinson, Goyle, Zabini e Crabbe pela minha falta de coragem de completar uma missão, sabendo que, no final das contas, Snape roubou meu lugar, era ele quem ganharia todas as recompensas, todo o pouco afeto condicional que Voldemort poderia dar a quem fosse leal a ele. Sabia que meu pai não perdoaria aquilo, eu mesmo tenho marcas no meu corpo para provar como ele não gosta que o nome dos Malfoy seja ridicularizado.

Pateticamente, o único lugar onde poderia me encontrar a salvo, mesmo com todos os Aurores e membros da tal Ordem que virara notícia dentre os Comensais, era Hogwarts. Justamente o local do meu crime, do meu pecado.

Eu sabia que ali era perigoso, mas de alguma maneira esperava que não me levassem direto para Azkaban, antes que pudesse me explicar. Sorri sarcasticamente, imaginando como seria se eu falasse que havia deixado todos os Comensais entrar em Hogawarts, mas não tivera a intenção de faze-los agir daquela maneira. Com isso, talvez, ganhasse uma passagem só de ida para o St. Mungus e não um beijo de um maldito Dementador. Ainda assim, poderia existir misericórdia de alguns, alguns Grifinórios em meio a todos eles, talvez Harry pudesse...

- Maldição, Potter! Saia da minha cabeça! –gritei para mim mesmo, abominando o fato de meu trilho de pensamentos sempre ser desviado para aquele caminho obscuro onde o Quatro Olhos se encontrava.

Por isso mesmo não esperava uma resposta vinda bem ali da escuridão, como se estivesse à minha espera, à espera de um sinal meu para se manifestar.

Me arrepiei e sabia que não era uma reação à chuva ou ao vento. Aqueles frios olhos verdes que conhecia tão bem me observavam atentamente, à espera, mas não sabia do quê.

- Posso matar você. Quem sabe assim não saio dos seus pensamentos?

Merlin, eu realmente estou perdido.

Continua...

N/A: originalmente essa fic deveria ser um oneshot, porém, eu sei como gosto de desenvolver meus capítulos, então, prefiro separá-los assim, para ficar algo mais interessante de se ler. Já sabem o que vem no próximo capítulo, não é mesmo? Quando ele será postado? Só depende da recepção que essa fic tiver, portanto, deixem suas reviews! Beijos em todos que passarem por aqui! (em 19-03-06)