Enganos
Fanfic – Naru-L
Nota e respostas aos reviews no live journal (link no profile)
Engano nº2 – Suspeito
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O relógio marcava exatamente quatro da manhã quando Ryo saiu da festa de inauguração de mais um barzinho. Sabia que pagaria por esse pequeno exagero no dia seguinte com olheiras, mas o que era a vida se não pudesse se divertir um pouco?
Caminhou apressadamente, ignorando a rua quase deserta àquela hora da manhã. Não era como se aquela fosse a primeira vez que exagerava um 'pouquinho' na comemoração...
Encostou-se no carro, vasculhando a bolsa para encontrar as chaves. Sentia as pálpebras pesadas pelo sono e o excesso de bebida. Talvez fosse melhor tomar um táxi para casa...
- Precisa de ajuda?
Ryo baixou a bolsa para encontrar o estranho parado a sua frente, só então percebendo que deveria parecer uma maluca com o rosto praticamente enfiado dentro do pequeno acessório enquanto buscava pelas 'chaves fugitivas'.
- Não. – Deu as costas para o rapaz moreno, tentando encontrar a fechadura. A falta de iluminação e seu atual estado de leve embriaguez não colaborando para que realizasse a tarefa simples rapidamente.
- Não acha que seria melhor pegar um táxi?
- Impossível, eles são muito rápidos.
Ryo aproveitou o silêncio para encontrar a fechadura do carro, pode ouvir o som da chave arranhando a pintura, mas isso só a preocuparia quando estivesse em segurança. Sorriu consigo mesma, respostas idiotas sempre funcionavam para afastar os...
- Eu posso chamar um táxi se quiser. – O rapaz colocou a mão sobre a dela, sobressaltando-a. – Não precisa—
- Eu disse não! – Ryo gritou, virando-se para chutar o rapaz. – Eu não... – Arregalou os olhos quando ele caiu no chão, e só então percebeu onde o tinha atingido. – Perdão, eu não queria acertar seu... – Piscou, percebendo que estava se desculpando com um provável tarado e apressou-se a abrir a porta e sair com o carro à toda velocidade.
oOoOoO Meia hora depois OoOoOo
- Akai! – Ryo choramingou no celular. – Não desliga, é importante!
- Se for para reclamar de Jakotsu novamente... – A voz da outra garota soou mole pelo sono. – Pode esperar até amanhã.
- Não é isso! Fui atacada por um homem horrível!
Haruka sentou na cama, totalmente desperta pelas palavras da irmã. Lançou um rápido olhar para o relógio ao lado da cama e suspirou.
- Alguém invadiu sua casa?
- Não, eu estava saindo do Poison e—
- Poison?
- Sim! Evy abriu outro bar! É tão legal e—
- Volte para a história do cara de atacando. – Haruka disse, cortando a conversa desnecessária da irmã, devia ter imaginado que ela não estaria em casa àquela hora.
- Eu tava procurando as chaves do carro e esse cara estranho se aproximou, Akai! – Ryo choramingou - Ele disse se eu não queria um táxi para ir para casa e—
- Tem certeza que não era um taxista, Ryo?
- Não! Ele... – Ryo piscou, parando um segundo para pensar. – Pode ser...
- O que ele fez exatamente?
- Segurou minha mão quando eu estava tentando achar a fechadura e...
- Achar a fechadura? Quanto você bebeu?
- Não é importante! Esse car—
- Só queria ganhar algum dinheiro, Ryo.
- Eu o chutei e fugi.
-...
- Akai? – Ryo chamou, estranhando o silencio. - Você ainda tá aí?
- Você fez o que? – Haruka perguntou lentamente.
- Eu chutei o cara no meio das pernas e quando ele caiu... – Ryo afastou o aparelho do rosto ao ouvir a irmã rindo. – Insensível! Eu podia estar morta!
- Bobagem, garanto que era apenas um taxista... E você chutou o—
- Eu pedi desculpas!
-...
- Akai?
- Você o que?
- Eu pedi desculpas! Não queria acertar o... Você sabe. – Ryo bufou ouvindo as gargalhadas da irmã. – Eu te odeio, Akai! – Gritou, desligando o telefone e jogando-o no banco do passageiro.
oOoOoOoOoOoOo
- Alô?
- Vou acabar com você.
- Hoje não... Muito tarde... Quem sabe amanhã, querido. – Jakotsu falou sonolento, desligando o telefone e virando-se na cama. Suspirou quando o aparelho tocou novamente.
- Não desligue na minha cara, idiota!
- Ah, é você... – Jakotsu suspirou, ajeitando o aparelho para que não precisasse ficar segurando. – Por que está me ligando a essa hora?
- Eu estava seguindo a garota.
- Não precisa me ligar no meio da noite para me contar isso...
- Ela me chutou, cara!
Jakotsu abriu os olhos, sentando-se na cama. Olhou para o relógio e suspirou ao ver que eram apenas quatro e meia da manhã.
- O que você fez?
- Como assim o que eu fiz? – O rapaz soou irritado do outro lado da linha. – Ela parecia meio bêbada, e achei que era melhor sugerir que pegasse um táxi antes que morresse em um acidente.
- E?
- Como assim 'E?'?
- E o que mais você fez? – Jakotsu encostou-se nos travesseiros. – Impossível que—
- Ela me chutou quando eu segurei a mão dela, pediu desculpas quando cai e fugiu com o carro a toda velocidade.
- Por que um homem mal encarado agarra o braço de uma garota, que parece estar bêbada, em uma rua escura?
- Como sabe que a rua estava escura?
- Porque é noite, seu estúpido! – Jakotsu suspirou ouvindo o outro rapaz murmurar um 'Ah... entendi'. – Eu disse para não se aproximar dela.
- Eu pensei que estava ajudando.
- Você não pensa, esse é o problema... – Jakotsu parou, só então entendo o que o outro rapaz havia dito - Espera aí, você caiu só com um chute?
- Você cairia também se ela acertasse o seu—
- Ok, já entendi. – Jakotsu o interrompeu, tentando inutilmente disfarçar o riso.
- Pare de rir, não é engraçado!
- Claro que é. – Jakotsu murmurou em meio a risadas.
- Não vou mais seguir aquela maluca.
- Ah, vai sim! – Jakotsu falou sério.
- Não vou!
- Certo, então pague o aluguel.
- O apartamento é seu!
- Você está morando nele!
- Onde está seu bom coração, Jakotsu? – Bankotsu perguntou. - Não deveria chantagear seu primo preferido só porque ele está desempregado no momento...
- Não tenho bom coração. – Jakotsu sorriu, deitando-se novamente. – Agora seja um bom menino, coloque gelo no local e vá dormir.
- Não dá pra colocar gelo no local, seu maníaco!
- Eu sei que não... – Jakotsu riu. – Boa noite. – Murmurou antes de desligar o aparelho.
oOoOoOoOoOoOo
Ryo fechou a porta do carro e olhou para o prédio a sua frente. Esfregou as têmporas delicadamente e encostou-se no automóvel enquanto guardava as chaves. O pai deveria ter enlouquecido para chamá-la àquela hora de um sábado para uma reunião... Mesmo depois dela ter dito que estava cansada demais da noite que tivera... Suspirou, caminhando na direção da porta em passos lentos. Talvez devesse ter omitido o local em que fora atacada pelo maníaco na noite anterior...
Entrou no elevador, ignorando as pessoas que a cumprimentaram. Como alguém podia sorrir daquela forma as dez da manhã de um sábado? 'Gente sem vida social...' Pensou enquanto retirava os óculos escuros antes de entrar na sala de reuniões.
- Bom dia, Ryo.
A garota piscou com a claridade vinda da janela. Não devia ter retirado os óculos escuros. Caminhou para seu lugar costumeiro, tentando não praguejar para a irmã que continuava sorrindo sentada ao lado da cadeira que o pai costumava ocupar.
- Fui a primeira a chegar?
- Os outros não foram chamados. – Jakotsu falou calmamente, ignorando o olhar irritado que a garota lhe lançou.
- Papai...
- Jogando golfe como de costume. – Haruka respondeu calmamente.
- Por que eu tive que vir até aqui para olhar a cara de vocês?
- Precisamos conversar.
- Não! – Ryo ergueu-se da cadeira. – Eu preciso dormir!
- Se tentar sair sem me ouvir, Ryo, juro que pulo em cima de você e a obrigo a comer um hambúrguer.
- Você não ousaria... – A garota disse, parada no meio do caminho.
- Quer testar? – Haruka sorriu, pegando um lanche de dentro da bolsa e balançando.
- Vocês disseram comer lanches em público! – Ryo piscou, chocada com o comportamento da irmã – E por que tem um lanche na sua bolsa?
- Jakotsu está aqui. – Haruka levantou, ignorando a pergunta, e aproximando-se quando a irmã deu um passo. – Tenho certeza que ele consegue achar uma meia dúzia de pessoas para verem você comer isto.
Ryo fitou a irmã durante alguns minutos, olhou para o rapaz que continuava sentado com um grande sorriso no rosto e estremeceu. Nunca venceria aqueles dois.
- Certo, seja rápida.
- Seja rápida... A garota que demorou duas horas para chegar diz para sermos rápidos... – Haruka repetiu, imitando a irmã. – Escute, diferente de você, Jakotsu e eu não temos muito tempo para desperdiçar.
- Eu não tenho tempo para desperdiçar! Já viu minha agenda?
- Sim, rosa sempre foi sua cor favorita. – Haruka sentou novamente, deixando o lanche sobre a mesa.
- Não foi isso o que eu quis dizer. – Ryo protestou, bufando ao ser ignorada pela irmã.
- Já se passaram duas semanas, Ryo. – Haruka continuou – E você arrumou uma desculpa para cada dia... Acha que estamos brincando? Quer levar papai a falência por causa de uma droga de lanche?
- Pode parecer bobagem para você, Akai, - 'Assim como pareceu bobagem quando fui atacada pelo maníaco ontem' Ryo completou em pensamento. – mas eu não pretendo ingerir carne nenhuma. Nem se me pagasse muito bem. Coisa que papai não está fazendo.
- Sua grande egoísta! – Akai levantou de um pulo, pegando o lanche de cima da mesa e praticamente pulando em cima da irmã. – Eu acho que vou fazê-la engolir isso só para me divertir.
- Akai querida, - Jakotsu segurou a garota pelo braço antes que ela pudesse alcançar a irmã. – Isso não será necessário.
- Obrigada... Jackson. – Ryo falou, piscando quando ele lhe lançou um olhar assassino.
- Erre meu nome novamente e Akai será a ultima de suas preocupações. – O rapaz sorriu quando a garota concordou com um aceno assustado. – Como eu dizia... – Jakotsu continuou calmamente, forçando Haruka a sentar-se novamente. – Isso não será necessário.
- Vão contratar outra pessoa?
- Não. – O rapaz falou calmamente – No momento as finanças não agüentariam pagar por alguém do seu porte. Akai tem razão, não dispomos de muito tempo livre para lidar com você.
- Chantagem emocional não funciona comigo. – Ryo falou rapidamente. – Podem desistir.
- Quem falou em chantagem emocional? – Jakotsu sorriu. – Apenas arrumei alguém com tempo de sobra para convencê-la a fazer o que precisa.
- Eu preciso dormir! Nada além disso. – Ryo suspirou irritada. – Cetamente não preciso de nenhum brutamontes sem cérebro para me seguir.
- Ryo... Eu...
- Eu acho incrível que você se preocupe tanto em ingerir um pedaço de carne, - Jakotsu interrompeu Haruka antes que ela pulasse da cadeira novamente. - mas fique acordada até tarde, bebendo todas.
- Não é da sua conta o que faço ou deixo de fazer.
- Essas coisas são muito mais prejudiciais do que um lanche.
- A diferença é que eu quero fazer essas coisas, mas não quero comer a droga do lanche!
- Já compreendemos isso, Ryo-chan.
- Não me chame desse modo!
- Mas você tem que entender que quando demonstra hábitos tão pouco saudáveis... Sua justificativa para não comer carne é anulada.
- Eu acho que vou matá-la... – Haruka murmurou, apertando o lanche com força.
- Dane-se as suas justificativas! – Ryo levantou, caminhando o mais rápido que pode na direção da saída. – Não vou fazer algo que não quero.
- Ryo! Volte aqui! – Haruka levantou quando a porta bateu atrás da irmã. – Você devia ter me deixado fazê-la engolir isso!
- Não, não é mais problema nosso. – Jakotsu sorriu, recolhendo os papéis sobre a mesa. – É dele.
- Como convenceu seu primo a fazer isso?
- Ah... Família está sempre disposta a ajudar. – O rapaz sorriu, provocando um tremor na garota.
- Oh, deus, você não seqüestrou a mulher e os filhos dele, seqüestrou?
- Claro que não! Não seja ridícula, Akai. – Jakotsu riu, estendendo a bolsa para a garota. – Bankotsu não tem esposa.
- Se for algo ilegal... - Haruka girou os olhos, sabendo que não tiraria nenhuma informação dele. Colocou a bolsa no ombro e o seguiu para fora da sala de reuniões.
- Por favor, não me conte.
Jakotsu apenas sorriu.
- Quer almoçar naquele restaurante cheio de garçons bonitões?
