Enganos
N.A. - Obrigada pessoas que tem lido, em especial a quem tem comentado. :)
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Engano nº4 – Segurança
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- Por que tivemos que vir até aqui? – Akai perguntou, fitando a luz indicando os andares no painel. – É domingo.
- Porque sua adorável irmã está com medo de sair e encontrar o 'tarado'.
- Você não contou?
- Ainda não. – Jakotsu sorriu. – Quero estar presente quando ela descobrir.
- Você é realmente malvado, Jak-chan. – Akai murmurou antes de sair do elevador.
- Ora, Akai, quer que eu acredite que não foi engraçado? – O rapaz continuou sorrindo – Principalmente quando ela nos fez perder tanto tempo?
- Certo, foi um pouco... Bom dia, Ryo! – Akai sorriu para a garota pálida que abriu a porta. – Dormiu bem?
- Você ficou cega? – Ryo, estreitou os olhos. – Não consegue ver as olheiras?
- Você sempre usa muita maquiagem, Ryo-chan.
- Eu não uso sombra embaixo dos olhos! – Ryo protestou, batendo a porta assim que o rapaz passou por ela. – Muito menos roxa.
- Tem certeza?
- É claro que tenho. – Ryo respondeu mal humorada.
- Você fez café? – Akai perguntou, tentando distrair os dois. – É muito cedo para... – Piscou quando a irmã bufou e correu na sua frente para a cozinha. – Acha que ela dormiu essa noite?
- Pelo mau humor...
- Vocês vão tomar café comigo ou não? – Ryo perguntou, aparecendo na porta da cozinha.
Os dois sorriram disfarçadamente antes de entrar no cômodo.
- Você queria conversar conosco. – Jakotsu sentou-se na cadeira ao lado de Akai. – Importa-se de ser rápida? Tenho um encontro em meia hora.
- O que?
- Encontro. Você sabe... – Jakotsu pegou a xícara das mãos da garota e continuou sorrindo calmamente. – Aquela coisa que um casal normalmente faz.
- Eu sei o que é um encontro.
- Então pode começar a falar.
- Jakotsu...
- Eu quero o tal cara que você disse ter contratado!
Akai virou-se para a irmã, a boca ligeiramente aberta enquanto Jakotsu engasgava com o café.
- Desculpe... – Jakotsu murmurou, tossindo. – O que você disse?
- Semana passada, quando fui ao escritório, você disse que arrumou alguém para me... Supervisionar...
- Não foi bem isso o que eu—
- Quero esse cara!
- Ryo, eu não acho...
- Para que você quer ele?
- Preciso de alguém para me proteger do tarado! Preciso de um guarda-costas!– Ryo piscou chocada quando os dois começaram a rir. – Eu disse algo engraçado?
- Nada, nada... – Jakotsu passou o guardanapo sobre os lábios e levantou-se – O que vai nos dar em troca?
- Como assim? Você quer que eu te pague? Saia com você talvez?
- Tentador, mas não. – Jakotsu sorriu – Você sabe o que queremos.
- Eu não vou comer carne.
- Se prefere continuar com essa tolice ao invés de espantar o tarado que está te seguindo. – O rapaz deu de ombros, segurando o braço de Akai e puxando-a. – Não temos mais o que conversar.
Ryo observou a irmã levantar e com dificuldade enquanto era puxada por Jakotsu para fora da cozinha. Aquilo não fazia parte de seus planos, eles não podiam estar realmente partindo sem pensar em sua segurança...
'Inferno!'
- EU FAÇO! – Ryo girou os olhos quando o casal parou no meio do corredor e o rapaz virou-se em sua direção. – Você venceu, eu como a droga do lanche.
- Boa menina. – Jakotsu sorriu aprovador, ignorando o olhar mortal que a garota lhe lançou.
- Mas preciso me livrar do tarado primeiro.
- Considere feito. – Jakotsu sorriu, voltando a caminhar para a saída.
- Aonde vocês vão?
- Tenho um encontro e se continuar aqui batendo papo vou me atrasar.
- Akai? – Ryo virou-se para a irmã, os olhos cheios de lágrimas. – Você vai ficar comigo, não vai?
- Eu—
- Akai vai comigo. – Jakotsu abriu a porta e empurrou a garota para fora.
- No seu encontro?
- Sim.
- Vão me deixar sozinha? – Ryo perguntou, seguindo-os. – E se o cara voltar?
- Não se preocupe, está segura aqui. – O rapaz sorriu antes de sair – Pode nos encontrar as quatro horas em casa?
- Casa?
- Minha casa, ele quis dizer. – Akai falou um pouco mais alto para que a irmã pudesse ouvi-la de dentro do apartamento.
- Eu acho que—
- Não se preocupe, seu 'guarda-costas' estará lá. – Jakotsu piscou. – Até mais tarde, Ryo-chan.
- Até. – A garota murmurou, fitando a porta fechada. Piscou confusa, tentando imaginar o que tinha acontecido ali. O plano parecera tão simples no dia anterior...
Caminhou até o sofá, sem conseguir entender com o que exatamente tinha acabado de concordar. Eles deveriam ser enganados, não ela.
Balançou a cabeça, tentando clarear os pensamentos. Ao menos tinha conseguido alguém para protegê-la do tarado que a perseguia...
Estremeceu com o pensamento e encostou-se no sofá. Tudo bem, não seria tão fácil quanto imaginavam. O cara não conseguiria se livrar do tal perseguidor tão fácil e como Jakotsu tinha concordado em esperar... Sorriu consigo mesma fechando os olhos. Sim, teria muito tempo para poder pensar em uma forma de se livrar deles depois.
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Bankotsu olhava desconfiado para o primo sentado a sua frente. Jakotsu normalmente evitava encontrá-lo, a não ser quando precisava de algo, e dessa vez ele o convidara para sua casa, oferecera bebida... E estava sorrindo de uma maneira estranha nos últimos cinco minutos.
- O que você colocou aqui? – Bankotsu apontou o copo, colocando-o na mesa de centro quando o primo sorriu sem dizer nada. – Está querendo me envenenar, não é?
- Que bobagem, qual seria sua utilidade se estivesse morto?
- O que tem no copo?
- Whisky, como você pediu.
- Hum... – Bankotsu examinou o copo por alguns minutos antes de empurrá-lo na direção do primo. – Prove primeiro.
- Sabe que não bebo isso.
- Você colocou alguma coisa na minha bebida!
- Não fiz nada disso, pare de ter chiliques. – Jakotsu girou os olhos – Não tem nada no copo além de Whisky.
- Por que me chamou aqui? – Bankotsu perguntou, finalmente tomando coragem para tomar um gole da bebida.
- Arrumei outro emprego para você.
- Ótimo, apanhar daquela garota maluca estava ficando cansativo.
- Ela bateu em você todas as vezes que se encontraram? – Jakotsu perguntou com um grande sorriso.
- Sim... – Bankotsu franziu o cenho, tomando o resto do liquido âmbar – Pare de rir, não foi engraçado.
- Claro que não foi. – Jakotsu piscou, esforçando-se em manter-se sério. – Você tem que admitir que ela é boa... Quantos homens podem dizer que bateram em você?
- Poucos. – Bankotsu falou entre dentes. – E nenhum pode dizer que saiu sem apanhar de volta.
- Isso quase faz com que eu me arrependa pelo que vou fazer... – Jakotsu piscou quando o primo lhe lançou um olhar desconfiado.
- O que isso quer dizer?
- Nada. – Jakotsu sorriu aliviado quando a campainha tocou. – Sua nova empregadora chegou.
- Espere você não disse o que tenho que fazer. – Bankotsu ergueu-se do sofá.
- Coisas simples.
- Jakotsu, volte aqui e explique!
- Ryo-chan! – Jakotsu sorriu para a garota parada a sua frente. – Não fique aí parada, entre. – Agarrou o braço da garota e a puxou para dentro da casa, fechando a porta rapidamente. – Não quer ficar sozinha e indefesa lá fora, quer?
Ryo estremeceu, negando veementemente com a cabeça.
- Jakotsu, eu já disse que odeio quando você me deixa falando sozinho. – Bankotsu ralhou, observando a garota que estava parada de costas para ele.
- Ryo-chan, este é meu primo. – Jakotsu passou um braço pelos ombros da garota, forçando-a a se virar para o rapaz às suas costas. – Bankotsu vai—
- AH! TARADO! – Ryo gritou, e antes que os dois rapazes se recuperassem do choque, chutou o rapaz na virilha.
Jakotsu arqueou uma sobrancelha, observando a bizarra cena. Não era todo dia que via o primo arregalar os olhos assustado e apanhar de uma garota.
Bankotsu gemeu, caindo no chão com as mãos sobre a parte atingida. Ryo continuou gritando insultos enquanto pulava em cima dele e o acertava com a bolsa que parecia estranhamente pesada.
- Jakotsu, seu inútil! – Bankotsu chamou irritado, tentando segurar os pulsos da garota. – Afaste essa peste de mim.
- Essa é uma reação que eu não esperava...
- Pare. - Bankotsu bufou, agarrando os pulsos da garota. Resolveria como se vingar do primo depois, primeiro precisava tirar aquela garota de cima de seu corpo.
- O que está acontecendo? – Akai parou ao lado de Jakotsu, espantada com o casal rolando no chão. – Por que seu primo está atacando minha irmã?
- Ryo-chan pulou em cima dele.
- Você contou a ela?
- Não tive chance...
- Não acha melhor separar os dois? – Akai se encolheu ao ouvir o som de vidro quebrando. – Meu vaso...
- Eu vou te matar, sabe o que me fez passar nos últimos dias? – Ryo gritou, encarando o rapaz com raiva. – Você é pesado, sai de cima de mim!
- Se você prometer se comportar e parar de me bater.
- AKAI! Faz alguma... – Ryo estreitou os olhos quando sentiu a mão do rapaz cobrir seus lábios.
- Sua voz é irritante, pare de gritar.
- Já chega, Bankotsu. – Jakotsu agachou-se ao lado dos dois. – Vai acabar matando a garota.
- Por que você não disse isso quando ela tava me batendo? - Bankotsu continuou segurando a garota. – Não disse que não sirvo para você morto?
- Quanto drama, Bankotsu, o que uma garotinha como Ryo poderia... – Jakotsu se afastou quando ouviu o primo praguejar e pular para longe da garota. – Fazer?
- Afaste-se de mim. – Ryo murmurou, erguendo-se do chão – Os dois. Aliás, os três!
- Está tudo bem, Ryo, Bankotsu é primo de—
- Você está louca? Não viu o modo como eles falam um com o outro? – Ryo respirou fundo, tentando arrumar as roupas. – Devem ser namorados, amantes... Alguma coisa do tipo.
- Por favor, ele é da família. – Jakotsu estremeceu com o pensamento.
- Você me mordeu! – Bankotsu falou incrédulo, balançando a mão. – Quem sai por aí mordendo as pessoas?
- E esse é o maluco que tem me seguido! – A garota suspirou, passando as mãos pelos cabelos. – Sinceramente, Akai, eu sei que o bonitão te deixou, mas precisa mesmo arrumar dois homens suspeitos para substituí-lo? E me envolver?
Akai estreitou os olhos a cada palavra que deixou os lábios da irmã, fechando os punhos e se aproximando enquanto ela continuava a tagarelar sobre seu mau gosto para homens sem perceber a reação que provocava.
- Acho que precisamos de bebidas. – Jakotsu disse, colocando-se entre as duas. – Akai vai me ajudar. – Completou, segurando a garota e a empurrando delicadamente.
- Não podem me deixar sozinha com esse maníaco. – Ryo arregalou os olhos, afastando-se do rapaz que a encarava, ainda sentado no chão.
- Você não precisa se preocupar com ele, Ryo-chan. – Jakotsu empurrou Akai para dentro da cozinha e sorriu para a outra irmã. – Seu primeiro golpe o neutralizou. – Completou antes de bater a porta, trancando o casal na sala.
Bankotsu respirou fundo, tentando encontrar forças para ao menos levantar do chão e jogar-se em uma das poltronas. Por que ela não podia chutar sua canela ou lhe dar um soco no estomago?
- Fique longe de mim. – Ryo disse depois de alguns minutos.
- Moça, - O rapaz começou lentamente - Não chegaria perto de você novamente nem que me paguasse.
Ryo girou os olhos, sentando-se na poltrona mais afastada do rapaz.
- Por que está me seguindo?
- Porque Jakotsu disse que eu deveria descobrir o que você fazia.
- Por que foi no meu apartamento?
- Devolver suas compras, pareciam ter custado uma boa grana.
- Só por isso?
- Claro que sim. – Bankotsu levantou-se lentamente e sentou-se no sofá. – Não sou ladrão.
- Apenas um tarado.
- Não estou interessado em você, pequeno demônio.
- Como assim 'Não está interessado em mim'? – Ryo franziu o cenho. – Todos estão interessados em mim.
- Você não é de todo mal, mas ter...
- Não sou de todo mal? – Ryo perguntou irritada, sua voz soou alta e aguda o que fez com que o rapaz fizesse uma careta.
- Minhas partes baixas chutadas a cada encontro não me excita. – O rapaz completou, ignorando a revolta da garota.
- Idiota.
- Demônio.
- Estúpido.
- Feiosa.
- Tarado!
- Oh, percebo que estão se entendendo melhor. – Jakotsu sorriu ao sair da cozinha, ignorando completamente os olhares assassinos em sua direção. – Ora, ao menos não estão rolando no chão.
- Eu não vou trabalhar com ele!
- Eu não vou trabalhar para ela!
- Que adorável, estão até falando juntos! – Jakotsu parou atrás da poltrona de Ryo e colocou as mãos em seus ombros. – Eu não disse que a livraria do tarado?
- Pela ultima vez... Não sou tarado!
- Foi tudo armação sua! – Ryo tentou levantar e sentiu a pressão em seus ombros impedindo-a. – Já não se divertiu o bastante me fazendo passar por idiota? Quero voltar para minha casa.
- Não antes de acertarmos os detalhes da sua parte.
- Que parte?
- Ora, esqueceu de nosso 'pequeno acordo'? – Jakotsu sorriu, tirando as mãos da garota – Meu primo aqui se livra do tarado e você passa um mês comendo os lanches.
- Eu não disse um mês! – Ryo pulou da poltrona, virando-se para Jakotsu. – E seu primo não me livrou de nada. Ele é o tarado!
- Querem parar de me chamar de tarado?
- Akai está na cozinha cortando um pedaço de carne em pedaços pequenos, isso depois de eu convencê-la que bater em você não seria de grande utilidade, portanto acho que é mais seguro que você não me obrigue a envolvê-la... Por razões obvias. – Jakotsu apontou o rosto da garota que se encolheu. – Agora, seja uma boa menina e deixe Bankotsu cuidar de você enquanto faz o que pedimos.
- Eu não vou comer carne!
- Eu não acredito que fui chutado, xingado e humilhado só porque esse mini-demônio se recusa a comer carne.
- Pare de me chamar de demônio! – Ryo chutou a canela do rapaz antes de sair correndo da casa.
- Gosto dela.
- Você gosta da garota-demônio? - Bankotsu ergueu a cabeça, fitando o primo com raiva enquanto esfregava a canela atingida.
- Ela nunca cansa de te bater, é algo favorável.
- Vai ser muito favorável acertar a sua cara! – Bankotsu levantou-se do sofá. – Vou voltar para casa da minha mãe. Qualquer coisa é melhor do que ter que fazer esses trabalhos estúpidos para você.
- Está sendo precipitado, Ban-chan.
- O que eu disse sobre me chamar desse modo?
- Que apenas sua mãe pode fazê-lo? – Jakotsu deu de ombros, ignorando o olhar assassino do primo. – Não está pensando direito, primo.
- O que está dizendo?
- Tem uma oportunidade de ouro nas mãos.
- Ser guarda-costas da garota-demônio? – Bankotsu perguntou irritado - Não, obrigado.
.- Não, querido, você não está pensando nos detalhes. – Jakotsu sorriu, aproximando-se do primo. – Dar o troco por todas as vezes que ela te bateu.
- Eu não vou bater em mulher!
- Como sua mente é pequena e sem imaginação... – Jakotsu suspirou. – Não percebe que ela realmente odeia esse detalhe de ter que comer carne? E nas possibilidades que terá de atormentá-la se aceitar o trabalho?
- Posso amarrá-la e obrigá-la a comer?
- Tentador, mas não... – Jakotsu sorriu. – Você sabe, estamos tentando convencer o público que ela gosta de comer esses lanches... Não acho que uma garota amarrada sendo obrigada a comê-los sirva a nossos propósitos.
Bankotsu sorriu enquanto entendia as várias oportunidades que teria para se vingar da garota. Talvez, não fosse tão mal aceitar o que o primo propunha.
- Feito.
- Bom menino. – Jakotsu sorriu, empurrando o primo para a cozinha. – Agora vamos colocar gelo onde ela te acertou.
- Você é estúpido? – Bankotsu suspirou, - Tire suas mãos de mim, Jakotsu, eu já disse que não dá para colocar gelo lá.
