O CASAMENTO DE AIOROS E ELEKTRA
Ou como tirar o sossego de um budista...
Capítulo 01 – Os noivos
O casamento de Elektra e Aioros de Sagitário estava sendo preparado. Os convites enviados e conforme o prometido (ou ameaçado) por Elektra, ela enviou um convite especial à sua mãe. Que, contrariando o esperado, confirmou a presença – afinal, como ela mesmo respondeu, "a presença da mãe da noiva era imprescindível numa cerimônia como essa."
Shaka tentava de tudo. Chás, meditação, entrar em transe... Pensou até em fumar o incenso de camomila... Mas nada adiantava. Ele não conseguia deixar a irritação que o simples pensamento em Hipólita ali no Santuário lhe dava.
"É uma vagabunda. Pode ser uma rainha, mas é uma vadia. Vai se comportar horrivelmente só pra me afrontar. Vai usar roupas provocantes, perfumes exóticos, tudo pra tentar recuperar o pai de sua filha. Vou ter que me policiar ao máximo pra não dar o gostinho dela me ver sair do sério..."
Seu pequeno filhote, enquanto isso, tinha outras preocupações. Primeiro, ao saber do casamento de sua meia irmã, ele já foi perguntando se ia levar as argolinhas de novo. Elektra riu e confirmou. Moksha estava se achando o porta-aliança oficial do Santuário. Depois, uma ideiazinha começou a rondar a cabecinha roxa. Ele resolveu se abrir com o seu melhor amigo:
-Maisé, Taz. Eu fui vê lá... oi só... eu levei as aigolinha da tia Pipe quano ela se casou com u tio Saga... o tio Milo e o tio Camus tem tamem e é gossa... tio Afrodite troca de anel todo dia, mas a aigolinha dele doiada ta sempe la, nu dedu... O pai e a mãe do Orin tamem tem... só meu baba e meu papai num tem...
O cachorro deu um latido, sua colaboração na conversa.
-Não... não vô peigunta pro baba não, puque ele ta babo com alguma coisa, eu já sei quano ele ta babo com alguma coisa... é... maiseu podia peigunta po papai Mu, ne? Purisso que eu goto de fala com uce, Taz... Oce sabe das coisa...
À noite, Moksha rondou Mú um tempão, procurando estar debaixo de seus olhos o tempo todo... Se ele tivesse já uma telepatia mais desenvolvida, o teria chamado, mas o pequeno sabia que se tentasse chamar o ariano com a mente, todo mundo na casa ouviria. Ele não sabia direcionar ainda o chamado. Mas Mu-yu era sensível. E se ofereceu para por o garoto na cama. Shaka nem estranhou, absorto em seus pensamentos. Lá foram os "cabecinhas roxas" para o quarto. Conversaram muito sobre nada até que Moksha disparou:
-Papai, pode me contá uma coisa?
-Sim, Mok, o que você quer saber? "Oh, Athena, que não seja a explicação de como ele nasceu. Ele não ta preparado ainda. Eu não to preparado ainda".
-Poique todus papais e mamães usa aquela aigolinha doiada nu dedu e ocê e o Baba não?
"Que observador que ele é. Talvez tivesse sido melhor se ele perguntasse como ele nasceu. Essa pergunta nem eu sei a resposta."
-Mok-chan, sabe que eu nunca reparei nisso?
O menino sorriu, se achando agora. Ele sabia de algo que seu pai não sabia.
-Pode vê. Até tiu Dido, que toca de anel todo dia, num tia a aigolinha dele.
-Você é muito inteligente, Moksha. Pois eu vou ver, vou conversar com seu Baba e depois nós dois vamos resolver essa situação, ta? Você não precisa mais pensar nisso.
-Tá bom, então. B'a noite, papai.
-Boa noite, meu tesouro. – Mu beijou a testa do filho e o cobriu.
Depois saiu do quarto e foi refletir na sala. "Se o pequeno já notou, o grande deve ter notado também. Talvez ele esteja pensando nisso agora. Talvez eu devesse tomar algumas providências. Shaka é orgulhoso demais pra demonstrar, mas ele pode estar inseguro com a vinda de Hipólita. É melhor errar por excesso de zelo que por falta."
Com essas resoluções, Mu foi atrás do amado.
Dois dias antes do casamento, a mãe da noiva chegou, com um pequeno destacamento de amazonas. Saori se preocupou, mas Saga deu um jeito de manter os guardas do Santuário longe, deixando as "meninas de Hipólita" sob a guarda de Shina, Belier e das outras amazonas do Santuário. A antipatia mútua de Saori e Hipólita foi automática. Porque a rainha não reconhecia a deusa na jovem. E mesmo que reconhecesse, a deusa das amazonas era Ártemis. Saori achou que Hipólita era arrogante demais, mesmo que ela não fosse deusa. Diabos! Ela era rica, poderosa e acima de tudo, a anfitriã! Um pouco de respeito, não aquela condescendência irritante, não seria nada mal.
Aioria, que nunca teve sogra, achava que o irmão tinha um azar infinito em ter aquela jararaca loira do nariz empinado como seu carma.
-Os deuses sempre perseguiram meu pobre irmão. Tivesse ele ficado com a Seika, olha só, não precisava passar por isso.
Marin ria e acariciava seus cabelos castanhos.
-Aioros soube dobrar a filha, saberá lidar com a mãe.
O noivo mesmo, estava tranqüilo. Elektra tomava um chá da tarde com seu avô e tentava não arrancar os cabelos...
-Ela ta tramando alguma coisa... Conheço minha mãe. Ela não viria para o casamento assim, tão boazinha...
Shion suspirou. Sim, Hipólita tinha planos e 99 de chance que eram pra reconquistar Mu. Seria divertido senão fosse trágico. Mas o que era a Grécia senão o berço da tragicomédia?
N/A: Well, presente de aniversário para minha querida Elektra Black. Esta é a largada e eu espero terminar daqui três dias. Como atazanar um homem santo calmíssimo? Como deixar uma jararaca sem veneno? Como ter um final feliz? Esperem que eu vou tentar tudo isso... 17/04/06.
