Disclaimer: De novo: Rurouni Kenshin não me pertence.

Legenda:
-Travessão- fala das personagens

"aspas" ocasional pensamento.

eu tenhu tido tão poucos comentarios, por favor comentem T.T

Secret Life: part 3

O Dr. Tsukada Obashi estava encarregado do plantão daquela noite numa das poucas clínicas que funcionava durante toda a noite na cidade de Tóquio. Nada de muito extraordinário acontecera até ali, alguns bêbados, uma criança queimada com uma vela basicamente o normal.

Ele começava a considerar um cochilo em um dos quartos vazios, passar a noite em claro já não apetecia tanto como quando era jovem, contudo ele veria seus planos frustrados no momento em que começava a se levantar da cadeira. A porta foi escancarada com tanta força que ele se pôs de pé tão rápido quanto permitiam seus ossos cansados, vários homens passaram por ela, dois deles carregavam um terceiro que parecia muito ferido e sangrava profusamente.

Seus movimentos eram automáticos, os conduziu até um dos quartos, esse era equipado com uma cama muito alta que facilitava o trabalho do médico, modernizações ocidentais, uma mesa com equipamentos necessários para o tratamento do paciente e um armário com lençóis, toalhas e coisas do gênero. Gritou para sua filha que saiu correndo da sala dos fundos com uma chaleira de água muito quente, a menina era sua assistente e uma moça bastante eficiente.

Os olhos treinados de quem a muito tempo trabalhava com esse tipo de caso detequitou os ferimentos: cortes a faca, um no braço esquerdo, um no rosto, contudo o que mais preocupava eram os cortes e a estocada na região do abdômen. Os cortes não eram muito profundos, contudo, aquela região do corpo tinha tendência à sangrar bastante e a estocada, essa sim era profunda, a sorte daquele infeliz foi que não atingiu nenhum órgão vital.

Seus dedos trabalhavam com precisão e eficiência nas feridas do sujeito, não tinha conseguido perguntar o nome dele para os companheiros que tão rápido quanto entraram saíram, dizendo que voltariam mais tarde. Ele duvidava muito, provavelmente eram todos procurados pela polícia, ele só não sabia o quão depressa confirmaria essa teoria.

Graças aos céus depois de mais de uma hora trabalhando ele tinha conseguido estabilizar o homem, seus joelhos estavam doendo por causa do tempo passado de pé, seu avental estava coberto de sangue, bem como suas mãos e mais da metade do estoque de toalhas. Ele observou o relógio na parede, ainda faltava algum tempo para o amanhecer e a chegada do médico que iria trabalhar durante a manhã. Deixou sua filha cuidando do sujeito e foi trocar o avental e a camisa, se lavar um pouco também não faria mal nenhum.

Retirando o avental e a camisa observou-se no espelho, os anos certamente tinham feito um bom estrago, depois dos 50 anos simplesmente não pode se esperar a vitalidade e o corpo de um jovem, sempre fora um pouco alto, mas uma barriga já começava a despontar, o trabalho da gravidade também era impiedoso e algumas rugas surgiam em torno dos olhos e seus cabelos estavam bem brancos.

Desacorçoado vestiu-se novamente e colocou um avental limpo, não tinha propósito em ficar assim e ele tinha que voltar, confusões como aquela quase nunca vinham sozinhas. Ele mal imaginava o quão certo estava quando ouviu a pequena comoção que vinha da área de entrada da clínica, podia escutar duas ou mais vozes masculinas e graças aos céus nenhuma feminina, ter filhas as vezes podia ser um problema(n/a: não concordo, não mesmo, mas o velho é um japonês do século XIX não da pra espera muito).

Três homens estavam parados os dois mais baixos estavam conversando quase aos sussurros, mas foi o mais alto, a quem o médico identificou como sendo um subdelegado por causa do uniforme, quem chamou sua atenção, era alto demais, bastante magro mas com um porte impressionante e mesmo que carregasse uma espada o mais intrigante era os olhos de uma cor âmbar quase selvagens que chegavam a ser assustadores, entretanto, já tinha lidado com homens que eram mais perigosos do que realmente aparentavam e esse não parecia estranho aos olhos do Dr. Obashi.

- Em que posso ajuda-los senhores?- o médico perguntou sem ter certeza de que queria uma resposta.

- Procuro por um homem que foi internado aqui um pouco mais cedo esta noite, ele tinha ferimentos a faca em várias áreas do corpo e provavelmente foi trazido por um grupo grande.- Respondeu o subdelegado acendendo um cigarro sem se importar realmente com o fato de que estavam numa clínica e que havia doentes ali.

- Sim, internamos um homem com essa descrição mais cedo esta noite, senhor. Mas temo que o senhor não poderá vê-lo, pelo menos não agora.

Um brilho muito fulgaz e perigoso passou pelos olhos do oficial enquanto ele respondia com um questionamento, aparentemente não estava muito acostumado a receber negativas.

- E eu posso saber por que não?

- É muito simples subdelegado, aquele homem está em inconsciente, perdeu muito sangue, a pouco tempo foi e eu não posso permitir que o senhor entre lá e piore a situação afinal ele é meu paciente e sua saúde é minha responsabilidade.

- Eu temo Dr.- o sorriso sarcástico no rosto do oficial era cortante.- Que você não poderá fazer nada para me impedir, afinal se trata de um assunto policial e aquele homem é acusado de tentativa de assassinato e de ser cúmplice no seqüestro de um menor. E eu não creio que o senhor poderá me impedir de falar com ele ainda hoje.

O Dr. Obashi não estava realmente surpreso com aquelas acusações mas sim com a gravidade delas, todavia, era seu dever zelar pelo bem do paciente, sem importar quem fosse, assim como era dever daquele policial prender criminosos. Estava pronto a responder a altura quando sua linha de pensamento foi interrompida.

-Tou-san. - questionou confusa uma voz feminina.- O que está acontecendo?

Todos os olhos da sala se voltaram para a jovem parada na porta do quarto, era pequena com cabelos e olhos escuros apesar de não ter nada de realmente especial era delicada o que chamou a atenção dos policiais mais jovens, contudo, o subdelegado não dispensou sequer um segundo olhar para a moça e voltou sua atenção para o médico que parecia levemente ocupado em prover uma resposta e instruções a sua filha.

- Nada minha filha. - respondeu o Dr. em um tom conclusivo. - Por que você não entra, eu cuido do resto por aqui.

A adolescente pareceu hesitar por um momento, mas obedeceu as instruções que recebeu. Curvou-se levemente para os policiais, para o pai para em seguida desaparecer por uma porta nos fundos da clínica. Os olhares dos dois policiais de menor escalão seguiram a jovem mulher conforme ela desaparecia, fato que não passou desapercebido nem pelo subdelegado nem pelo pai dela.

Um gemido vindo quarto que a jovem tinha acabado de sair pareceu tirar os homens ali parados do silêncio quase sinistro que tinha se instalado naquela sala. O médico se voltou para entrar no quarto mas o subdelegado tinha sido mais rápido e já estava atravessando a porta quando foi interpelado.

- O que você pensa que está fazendo? . - Um que de raiva e indignação transparecia na voz do Dr. Obashi.

- Eu vou conversar com nosso amigo. - A resposta destituída de qualquer emoção foi dada de forma conclusiva e simples dada no meio de um movimento o que indicava a quem interessava a próxima ordem dada pelo subdelegado. - Fiquem aqui mas fora da vista da porta, é improvavel mas pode ser que os companheiros dele apareçam. - e dando uma olhada para a porta dos fundos ele observou: - Se algum de vocês idiotas arrumar confusão eu mesmo terei a satisfação de enfiar os dois numa cela pro resto de suas vidas. - simples assim com essas palavras ele adentrou no quarto e fechou a porta atras d si.

O médico não pode fazer nada a não ser ficar olhando o policial desaparecer porta a dentro e depois encarar a porta fechada. Aquele subdelegado que sequer dissera seu nome era um homem definitivamente perigoso, contudo ele ficou surpreso com aquela ultima declaração, mas ele provavelmente estava evitando problemas para si próprio afinal os outros dois estavam sob sua responsabilidade. Mas o mais estranho era que o Dr. Obashi tinha certeza que ja tinha visto aquele rosto antes, só não consegui se lembrar de onde, " a idade" pensou ele equanto dava mais uma olhada para a porta fehada, meiu derrepente seu rosto se iluminou numa espressão de reconhecimento, mas é claro que conhecia aquele homem.

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Saitou entrou no quarto fechando a porta atrás de si, precisava admitir aquele médico tinha coragem não era qualquer um que tinha o peito de enfrenta-lo desarmado e por um desconhecido, no final das contas o velho estava apenas cumprindo seu dever assim ele como próprio cumpria o seu, simples assim.

Tinha certeza que a olhos externos toda aquela movimentação de sua parte parecia vingança, mas na verdade não era, era tanto seu dever proteger sua família como era eliminar o mal. Não importava o que pensava os outros, na sua mente era assim que as coisas funcionavam, mesmo que ele não nutrisse todo o sentimento que tinha por eles ainda assim era seu dever como marido e pai o de protegê-los.

Ficou surpreso, o Sol começava a despontar no horizonte, tinha perdido a noção do tempo, todo aquele vai e vem, provavelmente tinha ficado mais tempo em casa do que o esperado. Como se estivesse apenas esperando amanhecer o homem deitado na cama à sua frente começou a acordar.

- Finalmente. - ele disse, a voz soando fria mas satisfeita.

O homem que até aquele momento permanecia deitado e atordoado, pareceu ter levado um choque elétrico tal a velocidade que abriu os olhos, não sabia quem era aquele policial, mas tinha certeza que tinha alguma coisa a ver com aquela casa e aquela mulher, contudo ele não expressava reação alguma apenas o encarava divertido.

- Eu fiquei sabendo que você teve uma participação ao pequeno assalto a minha casa. - a frase pronunciada como se fosse um fato simples e corriqueiro, sem qualquer tom de emoção por menor que fosse.

O sangue pareceu desaparecer do rosto do sujeito deitado na cama, na verdade pareceu ter desaparecido do corpo todo, tal era o tom de palidez. Aquela semi-ação inconsciente foi o suficiente para Saitou concluir que ele definitivamente sabia de alguma coisa.

O homem estava apavorado o contratante tinha chamado eles pra ajudarem numa vingança, ele não tinha falado nada sobre um policial, muito menos aquele ali.

- Por isso eu espero que você possa me providenciar algumas informações, começando pelo seu nome.- Saitou continuou sem se preocupar se o sujeito tinha alguma coisa a dizer.

- Kojiro Kato e eu não sei de nada.- respondeu o homem, mesmo que estivesse em problemas não poderia entregar seus companheiros.

-Sério, sendo assim você é apenas um "companheiro"de baixo escalão que foi deixado para trás.

-Não.

-Han, então se eu te torturar eles virão te salvar ?

Saitou não esperou por uma resposta, pelo menos não para aquela pergunta em particular, aquele homem não iria falar nada, não por enquanto, mas ele sabia ser persuasivo. Levantou a espada apenas o suficiente para que o cabo encostasse no ferimento na parte lateral do corpo do suposto Kojiro Kato, não apertou com força mas aquilo foi o suficiente para que o homem ficasse ofegante e o seu rosto se contraísse.

-Esse ferimento foi bem profundo.- uma frase simples, foi o que Saitou disse, como se nada estivesse acontecendo.

- Hehehehe, eu suponho que a vadia era tua mulher, ela fico bem mal também, ela era bem bunita, pena que ela tinha que morre e a gente teve que sai de lá mais cedo.- foi com um tom de provocação que saiu dos lábios de Kato a resposta.

Saitou não gostou daquela resposta e por um segundo seu sangue ferveu, contudo ele abriu um sorriso. Aquela era a confirmação que ele precisava, agora era só fazer o idiota abrir o bico, uma tarefa fácil dadas às circunstâncias. Ele apertou mais um pouco o cabo da espada que ainda permanecia encostada na ferida, um gemido mais alto dessa vez, as linhas de dor eram na face lívida do sujeito eram mais do que evidentes.

- Então, pronto pra dizer aquilo que eu quero saber ?- o tom calmo na voz do policial era assustador, assim como sua determinação.

Kato tentou ignorar aquela ultima pergunta virando o rosto em direção à parede tentando apagar a dor que sentia, mas não era exatamente fácil, aquele oficial era determinado e agora ele sentia o cabo da espada ainda mais fundo nas suas entranhas e a dor aumentando.

Saitou reparou na expressão de dor, mesmo que o sujeito estivesse com o rosto voltado para o lado oposto ao seu, o idiota estava demorando um pouco demais para falar e ele não tinha tempo a perder. - Acredito que esse ferimento esta abrindo de novo. - ele disse casualmente. - Você teve sorte de sobreviver, mas se eu decidir aumenta-los um pouco eu acredito que você não terá tanta sorte, e então o que me diz ?

Mais uma vez Saitou repetiu o processo de apertar o cabo da espada. Kato começou a sentir, além da dor, o sangue escorrendo do ferimento pela sua pele, quase conseguia sentir ele pingando no lençol, ele sentia o ar faltar nos pulmões se não dissesse nada iria morrer ali. Saitou sorriu para si próprio, mas sem deixar o sorriso escapar-lhe pelos lábios, finalmente o idiota estava pronto pra falar tudo aquilo o que ele queria saber.

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Tokio estava deitada no futton que dividia com o marido tentando descansar. Depois que Hajime a deixara ali deitada ela conseguiu dormir durante algumas horas, um sono leve e perturbado por pesadelos que ela, mesmo depois de estar acordada a um bom tempo, não conseguia apagar da mente, isso somado com a dor que sentia realmente não a fazia se sentir nem um pouco melhor e muito menos com vontade de dormir. Ficar deitada ali sem poder fazer nada estava a estava deixando frustrada e fazia com que se sentisse a mais inútil das criaturas.

Quando se acordara já era manhã e Tsukino-san movimentava a casa toda, a velha ama tinha uma incrível energia mesmo depois dos 55 anos e como ela estava lá fazia um bom tempo provavelmente já tinha passado das 9 da manha. Por mais estranho que pudesse parecer Keiko Tsukino havia sido ama de Tokio depois que seu marido morrera precocemente, embora Tokio não soubesse a causa, achou que seria rude perguntar e ainda mais mandar investigar. As duas se separaram durante a Guerra Seinan, dois anos depois de Tokio ter se casado. Haviam sido anos difíceis aqueles depois que seu marido tinha, deixado o Shinsengumi certas coisas que aconteceram durante aquele tempo ela preferia tentar esquecer, principalmente quando matara aquele homem, seu coração ainda pesava quando se lembrava mesmo que ela soubesse que se não o tivesse feito estariam os dois mortos agora, ela e seu marido.

Quando as duas se reencontraram as coisas tinham melhorado e muito, ela estava se acostumando com a casa em Tóquio e a perto de dar a luz a Tsutomo. Durante um bom tempo as duas conversaram relembrando o passado e contando as novidades algumas não tão novas. Tokio ficou sabendo que Keiko estava morando com a filha, mas que na verdade gostaria de morar sozinha, foi quando ela resolveu oferecer o emprego de governanta a sua antiga ama foi difícil convence-la mas o fato é que com o bebê a caminho Tokio precisaria de uma ajuda feminina e quem melhor do Keiko-san. Convencer Hajime não foi problema, ele tinha um certo apresso pela velha mulher, apesar dela insistir me chamá-lo de capitão. No final das contas ela sempre era de grande ajuda.

Ela olhou para o futton onde Eiji deveria estar deitado, mas o menino não estava mais ali, provavelmente estaria ajudando ou descansando em seu próprio quarto. Suas feridas doíam o inferno e ela estava com fome, não comia nada desde o dia anterior, esse pensamento fez com que seu coração diminui-se tamanho o aperto que sentiu, será que eles se preocuparam em dar algo de comer para seu filho ele deveria estar com fome, será que estava machucado ? E o marido será que já os encontrara, será que não estava ferido? Ela tentou dizer para si própria que se alguma coisa tivesse acontecido já teriam a avisado. Mas não foi de grande ajuda, todos aqueles questionamentos a estavam destruindo.

Numa tentativa frustrada de conter as lágrimas seus olhos decaíram sobre o pequeno animal de brinquedo que jazia perto de seu futton, ela esticou o braço tentando alcança-lo mas sua tentativa foi frustrada, estava muito longe, tentou mover o corpo um pouco ignorando a dor e finalmente a mão alcançou o brinquedo. O pequeno lobo feito todo de tecido e pelos, "bicho de pelúcia" como o vendedor havia chamado, era cinza com branco e os olhos eram muito azuis, ela mais uma vez teve que conter as lágrimas deitada ali sozinha, enquanto as lembranças tomavam conta de sua mente.

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Estavam passeando entre as barracas montadas no festival de Konda(1) em Tóquio, ela o marido e o filho, esperando pelo evento principal. Não era tão grande quanto os festivais de Kyoto mas também era muito bonito. Fazia pouco mais de dois anos que Saitou tinha sido transferido para Tóquio, e ela sempre quisera ver o festival, mas sempre por um motivo ou outro tinha sido impedida de fazê-lo.

Tokio caminhava calmamente ao lado do marido e do filho enquanto observava os dois. Sempre se perguntava como era possível tamanha semelhança, os mesmos olhos apertados e daquela cor incomulmente viva, os lábios finos, os cabelos eram um pouco mais rebeldes mas igualmente negros e embora Tsutomo ainda tivesse as feições fofas de um menino de dois anos já era mais alto que a maioria das crianças da sua idade e era obvio que seria tão alto quanto o pai. Contudo o que mais a deixava estarrecida era que os dois tinham a mesma personalidade, embora o menino fosse carinhoso por ainda ser uma criança, uma vez ela perguntou por que ele brincava sozinho quando ela o levava no parque e ele respondera muito calmamente "por que as outras crianças são idiotas".

Tudo bem que ele saíra de dentro dela, mas as vezes ela se perguntava, exasperada, se aquele menino era seu filho, ele não tinha nenhuma semelhança com ela. Ele inclusive esperava Hajime sentado na sala, fazia um interrogatório completo no momento que o pai botava os pés em casa e sempre dizia que seria policial quando crescesse para prender os bandidos.

Sua atenção foi desviada dos dois para a barraca que estava alguns metros a frente deles e exibia pinturas de diversos tipos, tanto ocidentais como orientais. Ela pretendia comprar algumas para colocar na sala e na cozinha, decorar uma casa no estilo ocidental não era exatamente fácil a diferença entre os aposentos eram enormes.

- Olá Tokio-san.- a vendedora , uma mulher baixa muito rechonchuda e sorridente, a cumprimentou aparentemente ignorando o fato de que ela estava acompanhada. - Eu estava me perguntando quando a senhora viria me visitar aqui.

- Mika-san é um prazer revela.- Tokio, por mais educada que fosse, não se incomodou de apresentar sua fámilia à vendedora e vive-versa, nenhuma das partes parecia interessada de qualquer jeito. Tsutomo olhava pro pai com aquela expressão " a gente precisa para aqui?" e Hajime respondia com um característico "sua mãe quer". - A senhora tem algo novo?

- Pra você sempre minha querida.- o sorriso da vendedora se estendia de uma orelha a outra.

- Muito obrigado Mika-san.

Tokio gostava das pinturas que a mulher tinha para vender, nas sua opinião era uma das melhores lojas do gênero em Tóquio. Sua atenção foi desviada das pinturas quando viu o filho se lançar correndo em direção a uma barraca próxima dali, ela se preparou para correr atrás do menino, mas seu marido foi mais rápido e em poucos segundos já estava no encalço da criança, afinal ele tinha a vantagem da altura e das pernas compridas (n/a: arf arf arf arf ). Ela manteve seus olhos mais um pouco nos dois para determinar exatamente onde eles iriam parar, antes de retomar a compra das peças que iria comprar.

- Muito encantadora sua família, Tokio-san. - a vendedora lhe disse chamando sua atenção de volta.

- Muito obrigada, Mika-san. - Tokio sorriu francamente, não era sempre que elogiavam sua família, na verdade as pessoas tinham a tendência de exagerar quando descobriam com quem era casada, principalmente se soubessem os detalhes sobre o passado de seu marido.

- Eu é que agradeço Tokio-san. - a mulher se curvou para Tokio se despedindo e voltou sua atenção para duas jovens que olhavam as caricaturas.

Tokio se curvou e se apressou para procurar seu marido e seu filho. Ela estava carregando uma das pinturas, que era bem pequena, as outras três que eram maiores seriam entregues na sua casa nos próximos dias. Avistou os dois, Hajime estava agachado e prestava a atenção no filho que apontava para alguma coisa numa barraca de animais de brinquedos muito fofos, o vendedor, um senhor ocidental com um par de olhos muito azuis atendia um casalzinho. Quando ela desviou o olhar para ver para onde o menino apontava sorriu calmamente.

- Eu gostaria de ganhar aquele brinquedo, Tou-san. - ela ouviu seu filho pedir, educado como sempre.

- E por que especificamente aquele Tsutomo ?- Hajime mantinha o tom som e os olhos fixos no filho enquanto perguntava.

- Por que me lembrou do Tou-san.

A honestidade do filho ao responder aquela pergunta pegou Tokio desprevenida e ela foi obrigada a sorrir, mas reprimiu rapidamente quando viu o olhar questionador do marido. Ela negou suavemente com a cabeça, não tinha dito nada a ele. Ela viu Hajime acenar com a cabeça e comprar o pequeno "bicho de pelúcia", como tinha dito o vendedor. Tsutomo agradeceu ao pai, e abraçou o pequeno lobo enquanto os seguia em direção a um local de onde poderiam ver os fogos com mais facilidade.

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Tokio finalmente sentia o cansaço tomando conta de seu corpo e as pálpebras pesando com o sono, contudo a dor no abdômen não a deixava descansar e ela simplesmente não conseguia ignora-la, ela sequer conseguia se mover, tudo o que podia fazer era ficar ali deitada abraçada no pequeno e fofo brinquedo que pertencia a seu filho, a raiva de si mesma tornando a fustigar-lhe.

- Tokio-chan ? uma voz muito conhecida pertencente a sua velha ama a chamou.

- Sim, Keiko oba-chan, estou acordada.

Keiko Tsukino observou Tokio atentamente. Tinha criado aquela menina, ela era tão sua filha quanto a sua própria, conhecia todos os detalhes sobre ela, e sabia que naquele momento ela estava sofrendo, não só fisicamente mas também com a falta de notícias sobre o capitão e o pequeno Tsutomo e com o fato de simplesmente não poder fazer nada para ajudar.

- O médico está examinando Eiji e virá aqui pra vê-la em seguida, tudo bem por você querida ? - a voz da senhora tinha aquele tom tranqüilizador característico das pessoas idosas.

- Uhum, e como Eiji está ? - Tokio soava distante mas não pode deixar de perguntar, se preocupava com Eiji também.

- Fora uma bruta dor de cabeça ele está bem querida, e como você pegou este brinquedo? - a voz agora soava como a de uma mão ralhando com uma criança pequena. - Ele não estava nem perto de você.

- Eu precisava me esticar um pouco, por isso fiz um esforcinho. - Tokio disse num tom de falsas desculpas.

- Se você queria esse brinquedo ou alguma coisa deveria ter chamado alguém, um desses rapazes que estão por ai sem fazer nada talvez.

- Eles estão aqui para ajudar na segurança.

- Unpf, segurança, me admiro do capitão, nos deixar aqui com essas crianças imprestáveis, com exceção daquele loiro bonitão plantado na sua cozinha não acho que eles serão de muita ajuda.

Tokio não tinha forças nem vontade para argumentar, tudo o que fez foi sorrir e observar sua oba-chan se afastar dela e ir em direção a porta. Foi nesse momento que sentiu seu cérebro funcionar como se fosse uma locomotiva movida a vapore num reflexo desesperado ela sentou-se na cama.

- Oba-chan. - ela disse num fio de voz, enquanto via a mulher se virar e caminhar na sua direção como se fosse um raio.

- O que foi ?- Tsukino perguntou a preocupação cortando sua voz. - Tokio-chan, o que foi ?

- Hajime... oba-chan... por favor eu preciso...preciso falar com ele. - Tokio não sabia de onde tinha tirado forças para dizer aquelas palavras a dor agora subia e atingia seu cérebro como se fosse um raio.

- Querida, por que ? - a voz da velha mulher saía cortada pela preocupação

- Rápido, por favor.- Tokio sentiu a dor e o cansaço tomando conta de seu corpo conforme ela perdia suas forças e desabava de volta no futton.

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Notas da Autora:

1- festival de Konda: um festivais de verão mais famosos do Japão realizado na cidade de Tóquio.

2 - esse capitulo foi um pouco mais engraçadinho já que tinha as memórias dela. Deu pra notar, que pouco da ação realmente se desenvolveu, mas eu tinha que explicar algumas coisinhas e eu queria pq queria coloca aquela memória do festival por tanto ai foi, quem não gostou que me desculpe mas as coisas são assim mesmo.