Disclaimer: Rurouni Kenshin não me pertence, bla bla bla...

Legenda:
-Travessão-fala dos personagens

"aspas"ocasional pensamento

N/A: originalmente esse deveria ser o último capítulo, mas,porém,contudo,entretanto,todavia,no entanto, eu resolvi escrever um pequeno epilogusinhu, só pra me faze feliz, por isso por favor se curva até o chão leiam ele, é a minha parte favorita e como os capítulos ele deve sair na próxima semana.

e agora eh a hora dakele pedido: PELO AMOR DE DEUS NOSSO SENHOR comentem

Secret Life: final

Kazuo não estava feliz com a situação, raptar o menino não estava nos planos iniciais, mas o contratante quis se divertir um pouco, provocar o homem de quem ele queria se vingar. Ele provavelmente iria atrás deles, sua única, e mal sabia ele que vã, esperança era de que o sujeito não fosse forte, não tinha a mínima intenção de morrer ou de perder seus homens e um deles já estava no hospital, quando Kato fora ferido ele considerara em recusar o resto do trabalho mas o contratante pagara a mais e ele sempre terminava os serviços para o qual fora pago.

Com seus olhos argutos e experientes observava a criança, amarrado e sentado a um canto o menino mal se mexia. Toda aquela austeridade vinda de uma criança o incomodava.

- Chefe!

O tom de voz do subordinado que chamou sua atenção era rápido e nervoso, contudo sua réplica foi curta e sem qualquer sinal de emoções. - O que?-

- A policia chefe, eles foram na clínica, procuraram por Kato eles tão na nossa cola.

- Quando foi isso?

- A pouco tempo chefe, eles chegaram lá um pouco antes do amanhecer.

- Cê conseguiu ver os policias?

- Não muito bem chefe, mas...- a voz do homem era quase um sussurro.- Eu não consegui vê direito mas um realmente era parecido com o pivete.

As sonbrancelhas de Kato se ergueram numa expressão de descrença, entretanto alguma coisa dentro dele se agitou, " se o pivete for filho de policia a gente ta ferrado." A raiva foi subindo dentro dele como vapor de água fervente que cresce a cada segundo

Tsutomo sentiu uma pontada de felicidade, ouvira toda a conversa, e mesmo sendo uma criança já conseguia raciocinar bem o suficiente e as incontáveis vezes que escutara alguém dizer o quanto era parecido com seu pai também ajudou a concluir no seu pequeno e ativo cérebro algo que sempre soubera, o pai não o decepcionara e fora procurar por ele. A felicidade daquele pensamento foi interrompida por uma dor forte no rosto, a sensação de seu corpo caindo, uma dor aguda na cabeça e depois nada.

O jovem oficial Susuki Hiroshi corria desembalado por uma das largas avenidas de Tokyo. Seu estado de espírito era tal que ele nem reparou quando seu boné, pertencente ao uniforme, voou deixando amostra os cabelos muito curtos e negros.

Aquele definitivamente não era seu dia, além de ser convocado para vigiar a casa do subdelegado Fujita, ter passado a noite toda em claro, ainda não ter comido, aquela velha maluca tinha mandado ele buscar seu superior mesmo depois que esse mesmo superior, a última pessoa que ele queria desobedecer, o tinha mandado não sair de lá. Mas ele precisava ser sincero consigo mesmo, se irritar o subdelegado era ruim irritar aquela velha era muito pior, e seu pai sempre dizia:
"meu filho nunca em sua vida se indisponha com uma pessoa idosa principalmente com uma mulher idosa" e agora ele tinha percebido o por que dessas palavras.

- Eu to ferrado.- ele disse para ninguém em particular enquanto entrava no quartel general da policia metropolitana e pedia para todas as divindades misericordiosas que o subdelegado encontra-se lá e que por favor estivesse de bom humor, "se bem que o dia que o subdelegado apresentar alguma mudança de humor o inferno congela". Por mais que admirasse a eficiência de seu superior, todo auqele sarcasmo e, homem por si só já assustava e muito e se fossem verdade os boatos de que ele era um ex-Shinsengumi e um dos mais fortes do grupo...é ele estava ferrado.

Corria pelos corredores da delegacia, não que correr dentro de uma delegacia cheia de homens armados fosse uma coisa muito esperta, em direção e escada que levava ao segundo andar e conseqüentemente a sala do subdelegado enquanto olhava para ambos os lados, menos para frente, em busca do oficial mais graduado. Enquanto procurava sua mente vagava nas milhares de possibilidades para explicações, mas a verdade parecia a melhor das desculpas muito embora fosse humilhante. A semi-utilização de sua mente para o assunto mais urgente foi o que o impediu de ver, antes que fosse tarde de mais, que estava prestes a trombar com alguma coisa ou melhor alguém.

"Agora que eu to ferrado"

Saitou observou o Sol que atravessava uma das janelas e enchia a sala, onde estava, de luz. Aquele seria um dia quente e ensolarado de verão, considerou consigo próprio conforme se dirigia em direção a escada do departamento de policia, e ele não gostava da estação mais quente do ano. Tinha acabado de sair da sala de Toshiyoshi Kawaji, o comandante geral da policia era seu direto oficial superior , onde fizera o relatório sobre a atual situação do caso que envolvia sua família. Uma das piores coisas com relação a pertencer a policia, ou a qualquer grupo relacionado ao governo, era a burocracia.

Apesar de tudo as coisas estavam começando a se movimentar como ele queria. O interrogatório não tinha sido um completo sucesso, não tinha conseguido nomes nem motivos específicos, apenas um local, um depósito, alugado pelo homem que tinha contratado o grupo dele, na foz do Rio Arakawa, o que era no mínimo uma brincadeira de muito mau gosto ou uma coincidência cretina do destino.

Sua mente estava concentrada no que fazer a seguir, precisava de uma carruagem e de um pequeno contingente de homens para fazerem a segurança do local, mas ele pretendia entrar no lugar e dar cabo dos bastardos sozinho. Não gostava nem um pouco dos olhares que alguns policiais desocupados lançavam pra ele, mas provavelmente os boatos já tinham corrido. Não somente os boatos sobre o ocorrido naquele dia, mas também sobre seu passado. O fato de que poucos conheciam seu passado como ex-comandante da terceira divisão do Shinsengumi limitava e muito a lista de pessoas que poderiam espalhar aquele boato, ele tinha algumas suspeitas e que em sua maioria eram politicos que queriam se gabar de ter um dos orgulhosos membros dos lobos de Mibu trabalhando para os mesmos monarquistas que eles costumavam combater. Não se importava realmente com o que pensavam os outros, era suficiente para ele ter a consciência de que o que fazia naquele momento, sendo membro da policia, era o que correspondia ao cumprimento de seu senso de justiça auto-imposto.

Dobrou no corredor e pode avistar a escada e curiosamente quem subia desbaforido por ela, tinha certeza de que aquele homem era um dos que tinha mandado permanecer na sua casa, não se lembrava do nome mas isso de forma alguma tinha real importância. O fato de que aquele jovem oficial subia numa velocidade impressionante a escada sem realmente olhar por onde andava fez com que ele trombasse em Saitou, que estava parado no alto da escada com um semblante que mesclava fúria e divertimento pela expressão no rosto do policial quando esse finalmente percebeu com quem tinha se chocado.

- Eu estou me perguntando exatamente o que estás fazendo aqui, quando eu me lembro de ter dado ordens expressas para que você e os outros permanecessem lá.- o semblante de Saitou era frio e impassível mas seus olhos denotavam uma fúria contida.

A voz ofegante e entrecortada saía dos lábios do oficial mais jovem tingida de pequenas nesgas de medo e nervosismo.
- Não senhor, digo...ahn...sim senhor. É que senhor,não me foi dito,senhor, o exato motivo, senhor, mas sua presença foi solicitada urgentemente na sua casa.

O rapaz permanecia parado,tremendo levemente,ainda, provavelmente por que aquela velha maluca realmente o assustara e pela perspectiva de ter que se reportar a seu oficial superior sabendo que tinha desobedecido a uma ordem direta por causa das exigências de uma mulher idosa e desconhecida.

Saitou sequer se deu o trabalho de responder ao rapaz, apenas prosseguiu com o ato de descer a escada. Aquele último acontecimento mudara um pouco os seus planos, contudo, com uma certeza vinda de algum lugar no fundo de si ele sabia que com certeza não era para pior. Tinha certeza, de uma forma quase assustadora, que aquela ida a sua casa traria algum beneficio ou no mínimo uma informação útil.

Com seu subordinado seguindo cada passo seu, atravessou as amplas portas do quartel general em direção a rua. Alguns olhares ainda o perseguiam, mas ele não tinha tempo para isso, ainda precisava passar as informações para aqueles que "forneceriam apoio" na sua incursão ao depósito. Os instruiria a seguirem até a algumas quadras antes do inicio das margens oeste do rio, que esperassem por ele lá, que de forma alguma agissem por conta própria e que muito menos chamassem atenção para suas atividades.

A resposta recebida, firme, alta, decidida e tão característica, era quase ridícula em sua cega convicção e prontidão para seguir ordens, assim como ele e outros que lutaram a seu lado em tempos distantes. Com motivos singulares ou compartilhados, que agiam sobre cada um deles com força o suficiente para unir homens tão diferentes sob uma unica bandeira e um único objetivo, que de alguma forma realmente surreal era exatamente o mesmo dele, "Aku Soku Zan", o mal imediatamente eliminado.

Mesmo que não fosse nem um pouco a forma mais rápida e muito menos a mais prática de chegar em casa, ele resolveu caminhar. Precisava de um momento, por mais breve que fosse, para se fechar sobre si próprio naquele dia turbulento.

Sem qualquer hesitação seus passos e semblante decididos, abriam caminho pela rua tornando a caminhada muito mais rápida para ele e seu subordinado que ainda o seguia, mesmo que o jovem rapaz não ocupasse o mínimo espaço em sua mente já ocupada o suficiente. Não se importava em lutar contra homens desconhecidos, mas sempre tivera muito apresso por informações adiantadas e definitivamente gostaria de saber quem iria enfrentar naquele dia ainda.

No fundo de sua mente algo lhe dizia, conforme atravessava o portão e cortava o caminho que levava a entrada principal de sua casa, que saberia logo.

Observou, conforme entrava em casa, que as coisas estavam mais calmas, mas ainda assim a agitação era grande. Os policiais que estvam lá e que o avistaram, assumiram, numa velocidade digna do battousai, a posição de sentindo displicentemente dispensada por ele conforme atravessava a sala em direção a mais uma escada. Mesmo que casas de dois andares fossem bonitas ele realmente acreditava que subir e descer escadas era um exercício nada prático e desne
cessário. Antes de subir as escadas ordenou ao oficial, que ainda o seguia, que retornasse a seu posto, com o rosto iluminado de satisfação ele obedeceu se retirando o mais rápido que suas pernas o permitiam, não estava nem um pouco disposto a desobedecer a ordens novamente.

- Fujita-sama.- a voz tão familiar da velha governanta soou aos seus ouvidos, e ele a amaldiçoou internamente, então era assim que as coisas funcionavam, ela realmente só o chamava de capitão para se divertir, pelo menos ela tinha algum senso de não chamá-lo assim em público.

- O que aconteceu ?.- a pergunta soou desinteressada. Mas foi dirigida especificamente à mulher para a sua frente, não confiava nela como Tokio ou as crianças, mas convivia com aquela velha mulher tempo o suficiente para saber que quando se tratava do bem estar de sua esposa e filhos ela era realmente confiável.

- Dr. Numada a examinou faz pouco tempo, de acordo com ele está tudo correndo bem, contudo ela ficava insistindo em falar com o senhor.

- Ela disse o por que?

- Não.

Saitou não respondeu realmente aquela ultima observação, apenas acenou com a cabeça. Precisava ser ligeiro ali, tinha que seguir para as docas e terminar com isso de uma vez por todas. A visão ao entrar no quarto foi um pouco mais tranquilizadora, Tokio ainda estava pálida mas não tanto, entretanto sua expressão era perturbadora e fazia tempo que ele não via um semblante tão perturbador tingindo a face dela.

Tokio esteve esperando durante todo aquele dia, assim como nos cinco que se antecederam aquele. Ela precisava admitir que por momentos tinha vontade de correr até o campo, arrastar o marido para casa. Mas sua consciência de que ele precisava fazer aquilo era mais forte por isso ela apenas esperava. Recebia noticias esparsas que em sua grande maioria eram confusas. As ultimas era que ele tinha sido ferido em batalha, mas não muito seriamente e por isso iria ficar onde estava por alguns dias. O fato de que ele tinha sido afastado da batalha a acalmou mas seus medos não desapareciam. Por mais que confiasse em seu marido ela não conseguia conter o temor que a feria por dentro. Pelo menos até o momento em que o viu cruzando a porta algumas horas mais tarde.

Ele parecia cansado, fundas olheiras se destacavam contornando os olhos anormalmente claros, sua tez pálida estava incrivelmente acentuada. Não importava o quão forte fosse, em batalhas de larga escala qualquer um poderia sair ferido. Ela fez o melhor que pode para acomoda-lo provavelmente seus curativos precisavam ser trocados, mas se ocuparia disso depois que tratasse de algo para que ele pudesse comer. Nenhuma palavra fora trocada até ali. Tokio as sentia cortando e ferindo sua garganta, todas tolas e fúteis, mas não menos doloridas de serem guardadas.

A casa onde moravam não era exatamente o melhor lugar do mundo e mesmo estando casados já há algum tempo ambos esforçavam-se para fazer daquele lugar um lar. A pequena residência num perfeito estilo tradicional contava com a pequena área de entrada separada por uma simples porta de correr da sala principal que era um tanto ampla e tinha o fogareiro no meio, um pouco mais afastado dali ficavam os quartos, principal e um menor paralelos um ao outro, esses eram separados da sala por portas de correr um pouco mais grossas. Apesar das circunstâncias ambos viviam com relativo conforto. Já tinham passado por situações piores.

Ele estava sentado na sala, observava os movimentos calmos e fluidos da esposa conforme ela preparava uma improvisada refeição. A aparente calma e delicadeza escondiam uma força descomunal que ele aprendera a aceitar, respeitar e por que não dizer amar. Nunca realmente se interessara por mulher nenhuma, pelo menos não na forma sentimental da palavra, porém ele passou a ver toda a aquela relação entre homem e mulher de uma forma diferente depois que a conheceu.

Saitou observou a forma silenciosa com que ela colocava a comida sobre a pequena mesa e se afastava dele, observou secretamente os olhos velados pelos fios de cabelo que caiam sobre o rosto, podia ver os traços de angustia ainda persistindo nos olhos castanhos. Ela se afastou dirigindo-se para o quarto, voltando segundos depois com uma pequena caixa de remédios segura nas mãos.

- Vou trocar seus curativos.- o rosto calmo tingido por um sorriso confiante.

- Como você sabe que eu...- não fazia sentido argumentar, ela sempre sabia e não fazia questão de negar sempre que ostentava aquele sorriso " eu sei uma coisa que você não sabe".

- Por onde eu começo? - ela perguntou com um sorrisinho maroto brincando nos lábios.

Ele retirou as calças (n/a: uaaaa arf arf arf) deixando exposta apenas as roupas de baixo, aquele ferimento na perna esquerda era um incomodo. Observou como ela mal se mexeu, depois de tanto tempo não havia o por que de pudores desnecessários, apenas tratou de retirar as ataduras antigas e colocar as novas muito calmamente e repetindo o processo no ferimento que ele trazia no ombro direito, um corte feio que se estendia diagonalmente por uns 20cm até o peito.

Tokio parou no meio do trabalho observando que tinha ficado inesperadamente sem ataduras, ela olhou para o marido imóvel a sua frente e apertou com força o papel vazio em suas mãos enquanto desviava o olhar. Ela perdeu o controle sobre as lagrimas que teimavam em cair quando sentiu os braços fortes do marido a puxando de encontro a seu corpo e a abraçando com força.

- Eu sei que não deveria, mas eu fiquei com tanto medo... - as palavras saiam cortadas pelos leves soluços. - Eu sempre fico, é besteira eu sei...mas eu...não consigo evitar.

Saitou não disse nada, a verdade é que não sabia o que dizer apenas a deixou chorar ali. Sempre acreditou que mulheres se quebravam em prantos por qualquer coisa, contudo ela era diferente podia contar nos dedos as vezes que a viu faze-lo por isso se ela queria ficar ali e descarregar todas as lágrimas que tinha ele não via problema nenhum nisso, ele ficaria ali e esperaria até que ela estivesse pronta para levantar o rosto.

Tokio precisava se recompor, não gostava nem um pouco de chorar, muito menos na frente de alguém. Mas ali com a cabeça enterrada no peito dele sentido seu cheiro inconfundível misturado muito levemente com o cheiro de sangue ela não se sentia constrangida apenas, reconfortada. Levantou o rosto ainda inchado e encarou o marido nos olhos sem desafio, dor ou constrangimento apenas agradecimento.

- Agora minhas ataduras estão encharcadas. - a voz dele tinha um tom de brincadeira.

- Perdão meu marido. - ela respondeu com um sarcasmo brincalhão enquanto sorria. - é melhor eu ir comprar mais algumas dessas, já que é aqui perto não devo demorar.

Saitou apenas assentiu com a cabeça e entregou a ela uma Tantô, apenas por precaução. Tokio encarou o marido nos olhos, as vezes ele tinha algumas maneiras estranhas de demonstrar afeição. Mas deu de ombros, mesmo que o lugar fosso próximo e não estivesse escuro ainda não prejudicaria ninguém levar alguma proteção e depois ela sabia muito bem se cuidar sozinha.

Na parede, calmamente, recostou-se enquanto observava ela retirar-se da casa em busca dos itens que precisava. Deixou seus pensamentos vagarem, os últimos dias tinham sido bastante turbulentos, contudo naquele momento estava em paz. Naquele momento.

Ouviu passos na entrada da casa, pesados demais. As pontadas de dor que estava sentido até aquele momento cediam conforme a adrenalina iniciava seu processo e começava a correr pelo seu sangue, fazendo todos os seus sentidos ficarem completamente alertas. Instintivamente levou a mão e espada conforme se sentava de forma a facilitar tanto uma defesa quanto um ataque. As vozes e os passos foram ficando mais altos e menos cautelosos.

- Ei Tanaka, tem certeza que vai da pra tira alguma coisa daqui? - uma das vozes questionou - Não sei idiota, mas parece que não tem ninguém em casa, então vai se mais fácil. - a outra voz respondeu, um pouco mais grossa e firme que a primeira.

"Ladrões", foi o pensamento que correu pela mente de Saitou, conforme ele preparava o corpo para um mais do que provável confronto, "Foi bom Tokio ter saído". Ele apenas observou, um sorriso cínico dançando na face, conforme os dois homens entravam na casa e desdobravam as faces numa expressão de surpresa. O que parecia mais jovem pareceu exasperado a seus olhos, apenas trocou olhares com o mais velho, que tinha cabelos grisalhos apesar de não aparentar ter tanta idade e partiu pra cima dele.

O ataque veio pelo lado direito, o garoto era observador, pensou Saitou, atacando direto pelo lado mais vulneravel. Contudo ele era mais rápido, desviou com facilidade ao mesmo tempo em que desembainhava a espada e desferia um golpe certeiro na parte de trás dos joelhos de seu oponente, fazendo com que ele desabasse no chão. O rapaz não era bom o suficiente.

Usou o peso do corpo para por-se de pé, aproveitando que o mais velho encarava o rapaz. Mesmo que o mais novo não fosse realmente bom com a espada seus instintos lhe diziam para não subestimar aquele que atendia pelo nome de Tanaka, principalmente por que agora a dor de seus ferimentos aumentava consideravelmente, o corte no peito ardia de forma estrondosa, contudo ele conseguia ignorar, pelo menos por enquanto.

Tanaka desembainhou a espada e partiu para cima dele, Saitou conseguiu defender-se, correndo a espada do outro homem pela sua, conforme desviava, contudo não conseguiu desferir nenhum golpe significativo. Alheio a tudo o jovem jazia o chão o rosto contorcido em dor conforme o sangue escapava das feridas abertas.

Dessa vez quem atacou primeiro foi Saitou, o espaço era limitado de mais para que ele pudesse usar seu Gatotsu, por isso foi obrigado a lançar mão de um golpe mais comum, Tanaka não desviou com facilidade, dessa vez saindo ferido. Contudo, aquela nova dança de golpes colocou Saitou de costas para seu primeiro oponente, entretanto ele apenas percebeu seu descuido quando sentiu um golpe o atingindo por trás na coxa. Seu corpo, já bastante debilitado, não resistiu e ele acabou desabando sobre a perna ferida sem baixar a guarda mas completamente vulnerável.

Tanaka o encarou nos olhos, estava pronto para deferir o golpe final, Saitou pode ver o reflexo das lâmpadas na espada erguida. Encarou mais uma vez o outro homem nos olhos, estava pronto para mais uma tentativa, provavelmente inútil, de defender-se. Entretanto a expressão no rosto do outro mudou em segundo, da simples alegria de acabar com aquele desafiante a sua frente para pura dor. Saitou apenas entendeu aquela mudança quando sentiu o corpo do sujeito de cabelos precocemente grisalhos desabar sobre o seu e ele pode vislumbrar a pessoa que atacara por trás.

Saitou não sabia qual era exatamente o sentimento que cruzava seu coração naquele momento, Tokio o encarava com um olhar levemente vazio e o quimono manchado de sangue em diversos pontos. Não conseguia discernir exatamente o pensamento que cruzava a mente dela conforme ela dava-se de conta de que tinha tirando a vida de alguém. Ele já estava acostumado com aquela situação, mas ela nunca tinha feito aquilo.

- Que bagunça...- foram as únicas palavras que Tokio consegui proferir antes de sua mente realmente absorver todos os acontecimentos.

Saitou observou o tantô que ela segurava cair sobre a madeira com um estampido surdo e se desesperou levemente. Com uma certa dificuldade ergueu-se e caminhou na direção da esposa passando os braços em torno dela e apertandoo corpofeminino contra o seu.

- Está tudo bem...- ele murmurou em seu ouvido e a abraçou com mais força quando sentiu ela segurar desesperadamente à parte de sua hakama que ainda estava erguida sobre o ombro.

Ela estava seria e muito calma, o sorriso brincalhão que geralmente dançava tão normalmente nos seus lábios não estava ali. O que provavelmente significava que tinha alguma coisa importante para lhe dizer. De alguma forma aquilo o tranqüilizou, muito embora preferisse e de longe o sorriso brincalhão.

- Alguma novidade?- ela o questionou de forma bem simples, o sorriso começando a surgir devagar.

- Uhum. Descobri uma localidade, um deposito no rio Arakawa e de acordo com o homem que eu interroguei, aquele que você feriu, ele foram contratados por alguém de fora. Mas ele não soube me dizer o nome.

- Eu acho que sei quem ele é. Acredito que seja um ex-shinsengumi. E no rio ahn, que coincidência cretina.

- Ex- shinsengumi - ele respondeu ignorando a ultima observação - achas que é...

- Não - ela o interrompeu com um tom levemente traqüilizador - eu só me lembrei do rosto, não do nome, se fosse ele eu saberia.

- Então foi provavelmente ele que contratou os outros. Era só essa que me faltava alguém atrás de vingança, e o que é pior contrata alguém para fazer o trabalho sujo.

Tokio sorriu abertamente, sabia o que ele pensava de pessoas vingativas e para ser sincera ela compartilhava da mesma opinião, elas simplesmente não valiam a pena, contudo ele iria atrás deles ou dele, mais especificamente, seja lá quem fosse. Segurou a mão dele muito levemente num gesto de despedida que foi retribuído calmamente enquanto ele pegava sua espada e se retirava dali. Ela observou ele atravessar a porta e fecha-la atrás de si, depois acomodou-se mais confortavelmente no futton, tinha um leve pressentimento de que os dois estariam de volta antes do pôr-do-Sol.

Saitou agora seguia para o ponto de encontro com o resto do grupo. Aquela passada em casa teve seu propósito, não saber realmente quem era o contratante fizesse muita diferença para ele, mas pelo menos satisfazia sua inquietação e não precisaria fazer algo que detestava, por mais que gostasse de lutar: entrar em uma batalha quase sem informações.

Dispensou a carruagem e seguiu o resto do trajeto a pé para não chamar atenção desnecessária. Nada mais ocupava sua mente naquele momento do que os passos seguintes. Gostava de trabalhos eficientes realizados com precisão e que tomassem o menos de tempo possível. Encontrou os outros oficiais a sua espera, todos uniformizados mas a uma boa distância do depósito.

- Certo, eu vou entrar sozinho - ele declarou dando inicio as instruções. Não precisava de reforços e se o contratante fosse realmente Shinsengumi alguma coisa poderia vazar, e por mais orgulho que tivesse de ter servido como um dos capitães do grupo não era prudente que uma informação daquele tipo fosse a público. - Quanto a vocês guardem as entradas, prendam todos que saírem dali, o uso de força está permitido se necessário. - ele fez uma pausa - Todos entenderam?

- Sim senhor. - foi a resposta que recebeu em uníssono

- Perguntas?

Um pequeno silêncio seguido de um sonoro "Não senhor" veio em resposta. Pôs-se de pé seguido pelo resto do grupo. Podia quase ler o pensamento de cada um dos membros,até por que todos, provavelmente, estariam pensando a mesma coisa, aquela antecipação da ação, mesmo que fosse uma semi-ação poderia causar as mais diversas reações internas e embora todos se mantivessem calmos e nenhuma palavra fosse proferida conforme venciam os dois quarteirões que os separava do depósito, ele sabia que todos sentiam aquela tenção antecipadora. Como sabia? Por que muito embora se passassem anos e anos ele ainda a sentia.

Os oficiais que esperavam, ocultos pelas possíveis sombras que apareciam tímidas naquele horário do dia, observaram o subdelegado bater na porta lateral do depósito. A ironia subentendida naquele simples gesto podia ser sentida a quilometros de distância. Os ânimos se exaltaram quando a porta foi aberta.

O homem que abriu a porta deu espaço para que ele entrasse apenas para que outros dois o atacassem pelos flancos, não tinha por que perder tempo. Eliminou os dois com uma facilidade assustadora, gesto que levou os demais a recuarem, sequer se ocupou com eles, se algum deles quisesse ataca-lo, que o fizesse, não iria sobreviver para contar a historia. Ele observou, eram uns 10 sem contar o que estava sentado no canto o observando atentamente e o corpulento e mais alto que estava parado próximo a algo pequeno e que se mexia minimamente, no compasso de uma respiração.

Mais dois foram para cima dele conforme o corpulento acenou, porém nenhum dos dois de fato permaneceu vivo tempo o suficiente ou ofereceu resistência o bastante para que ele pudesse lançar mão de seu Gatotsu. Os outros recuaram e a maioria escapou pelas portas laterais. Nenhum deles fugiria de qualquer jeito, não com aquela tentativa fútil.

Fixou seus olhos vivamente claros nos remanescentes, eram dois: o que estava próximo ao pequeno volume recostado na parede possuía alguma altura, as sobrancelhas muito espessas davam um ar de ferocidade que contrastava com as finas mechas de grisalho que lhe tingia os cabelos volumosos. o outro sentado mais distante despertou a atenção de Saitou aquele provavelmente era o contratante, de baixa estatura e mesmo que agora estivesse um pouco acima do peso e com os cabelos ralos. Lembrava-se dele vagamente e sem nomes mas lembrava-se.

- Se você sair agora eu posso te deixar viver. - Saitou disse olhando e sorrindo cruel e ironicamente para o homem de sobrancelhas grossas.

- Me desculpe senhor policial - a voz do homem continham traços de ironia contida. - Mas eu não posso, ainda tenho um serviço para terminar aqui e o resto do dinheiro para receber.

- Tome seu dinheiro e pode ir Kazuo, o pivete fica ai pode deixar que eu termino por aqui.

Aquele denominado Kazuo recolheu a bolsa de dinheiro do chão, mesmo que soubesse internamente que de qualquer jeito não poderia usa-lo, sob o olhar frio e carregado de desprezo de Saitou. Lançando um ultimo olhar para os dois homens dentro do galpão saiu dali apenas para encontrar seu incerto, contudo mais do que certo, destino.

Saitou encarou o homem sentado a sua frente, o conhecia sabia que sim, provavelmente não era um membro impor tante o suficiente para ele saber o nome ou talvez fosse outra coisa, no entanto tinha certeza de que ele não tinha pertencido a seu esquadrão, se lembrava muito bem de todos aqueles que serviram sob seu comando. Na verdade podia dizer que se lembrava melhor deles do que de todos os jovens e velhos policiais que trabalhavam com ele atualmente.

- Então o temível capitão da terceira divisão do famoso Shinsengumi deu-se ao trabalho de vir me visitar. - o baixinho declarou com um falso sorriso amigável estampado no rosto e como Saitou não respondeu ele continuou. - Sabe o peque no ali é a tua cara, Takagi-sama definitivamente é uma boa esposa.

- Por que você não corta a enrolação e me diz exata o objetivamente o que queres. - a impaciência de Saitou muito bem disfarçada pelo tom de sarcástico divertimento era imperceptível mesmo com seu nível em crescente ascensão.

- Hora hora, Saitou-san vejo que o senhor não mudou muito não é capitão sempre tão direto. Vejo que o senhor não se lembra de mim.

- Não de fato, por que? eu deveria?

- O nome Tusukia Yamaguchi(1), não lhe diz nada ?

- Sim, um traidor do shogunato, eu o matei a mais de 10 anos atrás.- a resposta foi dada muito simplesmente como se o fato não fosse mais importante do que qualquer ato banal do dia - a - dia, o que de fato para Saitou não era, afinal ele fazia isso quase sempre.

- Então - a raiva visivelmente crescendo dentro do homem - você deveria lembrar-se de mim Taiki Kudo.

- O sim - agora ele lembrava - Você era o companheiro dele. - o sorriso debochado cresceu no rosto do atual subdelegado, não que ele se importasse. Mesmo que não tivesse aquele tipo de preferência conhecia e conheceu muitos que tinham, afinal não era algo incomum , a única coisa que importava, na sua visão, era o quão bom o homem era na batalha por que durante uma luta a preferência sexual do lutador não fazia a menor diferença. O que, de fato, fez o ele sorrir foi lembrar do escândalo que Kudo tinha feito no dia que descobriu que Yamaguchi tinha sido assassinado e o fato de ele ter desertado do grupo.

Saitou sentiu uma bala voar muito próxima de sua cabeça. Encarou Taiki mais fixamente, o sujeito segurava uma colt apontada direto para ele. "Então são essas suas intenções". Sentiu mais uma bala voar muito perto conforme ele desviava dela, evitar tiros de armas de fogo não era uma exclusividade de battousai, ele também conseguia faze-lo mas não com tanta eficiência afinal era bem mais alto e pesado que seu arquiinimigo.

Avançou em direção daquele que tentava mata-lo, apenas alguns passos os separavam. Repetiu a seqüência na sua cabeça conforme a executava: Dois, três passos, desviar mais uma vez, segurar o braço que apontava a arma para ele, afastalo, quebrá-lo e em seguida desferir um soco certeiro no rosto. Tudo aquilo tinha sido muito mais tedioso do que ele esperava que fosse Saitou disse para si mesmo conforme observava o patético homem jogado quase a seus pés segurando próprio braço quebrado conforme choramingava algo inaudível. Não valia nem a pena sujar sua espada com ele, apenas o trancafiaria na cadeia e teria certeza de que nunca mais ele sairia de lá.

Virou-se para o canto onde seu filho estava, o menino estava agora acordado e observando a cena que se desenrolava ali. Estava muito pálido, um corte muito feio e escuro era exibido na pele macia e infantil como um quadro numa parede branca. E mesmo que parecesse fraco sorriu quando o pai se virou para ele e caminhou em sua direção para depois ergue
lo em seus braços.

Tsutomo acomodou-se no colo do pai colocando a cabeça em seu ombro e fechando os olhos, estava com fome mas isso poderia esperar, o cansaço era maior. E sabia que poderia dormir onde estava, afinal o colo do pai, na sua opinião, era o lugar mais seguro do mundo.

Saitou saiu do depósito indicando para alguns soldados que ainda restava alguém lá dentro. Observou seu filho cair no sono com a cabeça apoiada em seu ombro, sorriu, mas apenas internamente. Voltou seus olhos rapidamente para o céu, irritou-se consigo mesmo, mais uma vez tinha perdido a noção do tempo, o Sol já iria se por. Caminhou até a carruagem mais próxima, não tinha a mínima intenção de caminhar até em casa, decidido a tirar umas férias...o país poderia sobreviver umas duas semanas sem ele.

The End

N/A:

1- certo na verdade eu não sei se esse cara era uma traidor mesmo ou não, eu vi num outro fic lá que era por isso eu usei ele como sendo e apenas adicionando o fato dele ser homossexual.

2- eu sei que muita gente esperava um sequencia final mais emocionante, mas eu não sei escrever cenas de luta, como vcs puderam observar na memoria lá em cima, por isso eu optei por um final mais simples e com algum impacto. Ate por que minha proposta inicial não a de um fic d ação, mas sim mostra a situação por tras do Saitou que todo mundo conhec por isso fazer uma luta muitu emocionante ia roba um poko da minha perspectiva.

3- so uma coisinha, eu n sei nada sobre kendo, kenpo e derivados, por isso se algum bom samaritano puder me ajudar com as sequencias de luta pro meu proximo fic eu ficaria mais do que eternamente agradecida, tudo oq eu preciso eh uma perspectiva sobre o assunto pq dali eu me viro.

4- no famoso epilogo eu vou colocar alguns agradecimentos especiais, por isso até la.