"I'll love you.
I'll definitely love you"
(Soleil – Gackt)

Kagome estava em sua sala do hospital. Já havia acabado seu expediente, era para estar chegando em casa aquela hora, mas resolveu ficar um pouco sozinha, no escuro e pensando, sem interrupções.

No dia seguinte, InuYasha ia tirar o gesso da perna e estaria completamente curado. Depois ele iria embora de volta para Tokyo, de volta para sua vida normal, de volta para os braços dela. Para os braços de Kikyou. E ela ia voltar para sua vidinha comum, sozinha e sofrendo mais do que queria, por simplesmente pensar demais no que poderia ter acontecido ou deixado de acontecer.

Suspirou e deitou a cabeça sobre os braços pousados na mesa. O mês passara tão rápido, ela não havia conseguido acompanhar o tempo que se escoara tão rapidamente quanto as areias de uma ampulheta.

Estava triste. Pensou que deveria estar feliz. Fora aquilo que desejara, não fora? Que ele fosse embora de sua vida bem rapidamente, do mesmo modo que ela fugira da dele. Mas estava triste. De novo. Apesar de tudo, aquele fora o melhor mês que tivera em nove anos. Ou o pior. Estava confusa.

Mas ia acabar tudo como acabara antes, com separação. E ela ia seguir a sua vida novamente. Sozinha. De novo. O apartamento ficaria vazio e sem vida novamente. A verdade é que tentara deixá-lo mais feliz com as paredes coloridas, mas de nada adiantara. A única "coisa" que trouxera vida para aquele lugar fora InuYasha. Tudo em sua vida havia se iluminado com a volta dele.

Agora não teria mais com quem brigar, ou conversar. Não teria mais companhia para tomar café da manhã, para almoçar ou jantar. Não teria mais companhia para assistir a filmes de terror à noite em seu quarto. Não teria alguém com quem pudesse rir. Tudo voltaria para as trevas que sempre a acompanhava. Tudo escureceria novamente.

Seus olhos arderam e ela sentiu as lágrimas quentes inundarem sua face. Era incrível como as coisas tornavam a acontecer. Era incrível como as cenas tornavam a se repetir. Era incrível como o mundo dava voltas e voltas para sempre parar no mesmo lugar. Mais uma vez ela chorava com a dor da separação. Mais uma vez.

Olhou em volta. Tudo estava distorcido por causa das lágrimas, tal qual seu coração, manchado de trevas. Secou as lágrimas e se acalmou. Sua cabeça latejou e ela tomou o remédio que jazia sobre a mesa. Levantou-se, pegou suas coisas e deixou sua sala. Não queria mais chorar. Queria deixar tudo para trás. Queria esquecer.

Chegou em casa e encontrou InuYasha lendo no sofá. Ele baixou o livro e a encarou.

-Se atrasou hoje –ele comentou.

-Me atrasei para vir pra casa? –disse indo para o quarto deixar sua bolsa e pegar um pijama. Queria tomar banho e lavar a alma.

-É, se atrasou. –continuou surgindo na porta do quarto.

-Vou tomar banho –disse ignorando o comentário e passando por ele.

-O que você tem? –perguntou a seguindo com os olhos.

-Estou cansada. –respondeu suspirando.

"Estou cansada da minha vida."

A médica entrou no banheiro e se trancou. O enfermo deu de ombros e foi para a cozinha. Uma hora depois Kagome surgiu no local.

-Seus olhos estão vermelhos. Andou chorando? –perguntou na brincadeira, mas finalmente conseguindo a atenção que queria.

-Não. Caiu shampoo –mentiu sentando-se à mesa.

-Ah.

-Amanhã você vai comigo para o hospital –anunciou mudando o assunto.

-Finalmente! –ele comemorou.

-Você está querendo tanto assim ir embora? –perguntou sorrindo fracamente.

-Não. Estou querendo é me livrar disso –disse apontando para as muletas.

-Ah ta.

-Gostei daqui. Por mim, ficaria aqui mais tempo. –disse.

-Ah, não. Eu não te agüentaria. –mentiu.

-Viu? Quem quer se livrar de mim é você. –ele disse com desprezo.

-Quem sabe se você não me desse tanto prejuízo. –disse pegando a comida que trouxera e colocando no prato dele.

-Feh! Não vai comer? –ele perguntou notando que ela guardara o resto.

-Estou sem fome. Não estou me sentindo muito bem. –disse suspirando.

-Já foi no médico? Você não está muito bem faz muito tempo. –ele disse –Sempre pálida, com dores de cabeça e... bem, eu ouvi você evantando uma noite dessas e indo para o banheiro vomitar –ele completou preocupado.

-Ah, você ouviu? Acho que comi alguma coisa estragada naquele dia. E estou acostumada com as dores de cabeça –falou apoiando a testa na mesa.

-Acho que seria bom você ir ao médico.

-Não, eu estou bem.

-Tem certeza? –perguntou desdenhoso.

-Tenho –disse e forçou um sorriso para que ele parasse de insistir.

InuYasha a observou.

-Você me parece triste. Aconteceu algo que eu deveria saber? –perguntou.

-Não aconteceu nada. Não estou triste. Só estou cansada. –disse e se levantou –Vou dormir.

-Já?

Ela não disse mais nada, apenas saiu da cozinha e foi para o quarto, deixando para trás alguém preocupado. Deitou-se na cama e esvaziou a mente para finalmente dormir.

§o§o§o§o§

Kagome abriu os olhos e se sentiu completamente desperta. Levantou-se e abriu as portas da sacada, adentrando-a logo depois. A manhã estava fria, como todas as outras, e o sol ainda estava para sair. Olhou para cima e viu a lua ainda no céu escuro, cheia e brilhante. Ao contrário de seu coração, cheio apenas de trevas.

Debruçou-se sobre a sacada e olhou para baixo. Lembrou-se de quantas vezes a idéia de se jogar dali lhe parecera tentadora. Afastou tais pensamentos. Era bom mesmo que InuYasha fosse embora de sua vida, e ia cuidar para que fosse definitivamente. Ia cuidar para que ele não fosse nem em seu enterro.

Olhou para o lado e levou um susto ao vê-lo olhando o céu pela janela de seu quarto.

-InuYasha...? –ela chamou.

O moço olhou para ela e pareceu ficar surpreso também.

-Kagome?

Ela chegou mais para a ponta da sacada, de modo que ficasse mais perto dele e não tivesse que gritar para que conversassem.

-Caiu da cama? –perguntou com um sorriso resignado. Tinha apenas que aceitar os fatos.

-Ahn? Ah, não. Não dormi muito bem. –respondeu.

-Você vai comigo agora cedo ou eu te pego na hora do almoço? –perguntou.

-Quero ir agora –disse sorrindo.

-Ok. Vou usar o banheiro primeiro. –disse adentrando seu quarto novamente InuYasha a observou sumir da sacada e suspirou.

Aguardara tanto o dia em que se livraria de suas "amigas" que esquecera completamente que isto implicaria também a sua volta para Tokyo. Havia se esquecido de Kikyou nos dias em que passara com Kagome, e nunca havia se sentido tão bem antes. Pela primeira vez se dava conta de que não queria ter que deixá-la e não vê-la mais, como antes.

Fechou a janela e foi escolher uma roupa.

§o§o§o§o§

-Eu marquei você para as duas da tarde. –anunciou Kagome assim que pisaram no hospital.

-Por que tão tarde? –perguntou indignado –Estava tão feliz achando que ia me livrar super rápido dessas belezinhas.

-Agenda cheia, querido. Pode ficar por ai. Se quiser sair, saia, desde que esteja aqui antes do horário de almoço. –disse –Vamos sair para almoçar.

-Ok, ok.

-Até mais tarde. –falou entrando no elevador, deixando-o sozinho.

A manhã passou lentamente, e logo chegou a hora do almoço. InuYasha e Kagome foram almoçar em um restaurante que ficava ali perto, o Shikon no Tama. Foram andando e em silencio.

-Então... Vai voltar para Tokyo, não é? –perguntou Kagome bebendo um pouco de seu suco de laranja, que havia acabado de chegar.

-Tenho que voltar, não? Meu trabalho, minha vida está lá. –ele disse abrindo seu refrigerante.

-Kikyou está lá. –a médica disse inconscientemente.

-É, ela está lá –ele concordou.

-Desculpe-me. Não tenho nada a ver com isso. Espero que consiga ajeitar as coisas com ela, não é bom ficar com raiva e terminar um amor tão lindo por causa de um deslize. –ela despejou com a incrível vontade de chorar lhe tomando o ser.

-Talvez. –foi a única coisa que ele disse.

Não sabia se aquilo que ele tinha com Kikyou era amor. Parecia mais um negócio agora que parava para analisar.

-E quando vai? –ela perguntou mudando de assunto.

-Não sei. Amanhã, depois de amanhã. Tenho que ver isso ainda. –ele falou desviando o olhar. A verdade é que não queria ir.

Ficaram em silencio. Dessa vez o gelo havia se instaurado entre eles, e pelo jeito ia prevalecer pelo resto da tarde. Comeram sem muita conversa e logo voltaram para o hospital. Dessa vez InuYasha foi com a médica para a sala dela. Deitou-se na maca, e ela logo começou a quebrar o gesso de sua perna. Sentia como se cada parte do gesso quebrado fosse um pequeno fragmento de seu coração dilacerado.

-Depois se você quiser voltar para o apartamento sem mim, pode ir. –a médica disse ainda quebrando o gesso.

-Ah não. Vou esperar você. –ele disse sorrindo –Você está muito séria hoje. –comentou fazendo cara de sério também.

-Vou melhorar –disse dando um sorriso.

Ele tinha razão. Não podia ficar descontando nele o que sentia. De qualquer modo, o coração era só seu, e ele não sabia o efeito que fazia sobre ela.

Logo ela terminou de tirar o gesso completamente. InuYasha se levantou e deu uns passos para testar sua perna.

-Ah, como eu sentia falta de usar você! –disse fazendo carinho na própria perna com cara de emocionado.

Kagome deu risada.

-Pronto. Novinha em folha! –comentou –Já que você vai me esperar, leve as muletas para Kaede. Fale que é a sua devolução. –ordenou.

-Pode deixar, querida! –ele falou piscando um olho –Obrigado! –agradeceu dando um beijo demorado na bochecha da doutora.

-Ok, ok, agora pode ir, estou cheia de pacientes –falou rubra e empurrando ele pra fora –Tchau, até mais tarde.

-Calma! –ele reclamou.

-O próximo, por favor. –falou para o primeiro da fila, sumindo para dentro da sala novamente.

§o§o§o§o§

Estavam no apartamento de Kagome. O agora curado InuYasha estava sentado na cama da médica, a olhando passar para lá e para cá com roupas nas mãos. Haviam acabado de voltar do hospital e ela arrumava as roupas recém passadas que Tsubaki, uma senhora vizinha da moça, havia passado para ela.

-Ei, Kagome. É normal sentir umas fisgadas depois que tira o gesso? –ele perguntou olhando para a perna.

-Ahn? Às vezes sim. Nem olhei sua perna direito no hospital, né? –ela disse parando na frente dele.

-Tudo bem, é só que... –ele começou.

-Eu olho agora. –cortou-o já se abaixando.

A médica pegou a perna dele com as mãos delicadamente e começou a apertar. InuYasha ficou a olhando com cara de bobo. De repente todas as sensações que vinha sentindo no ultimo mês explodiram. Vê-la ali, preocupada com a saúde dele o fez pensar em várias coisas em um segundo, até que apenas uma vontade prevaleceu sobre as outras. Lembrou do que sentiu ao abraçá-la quando ela ficou com medo do filme. Queria senti-la perto de si novamente.

-Ei, InuYasha? Eu perguntei se dói alguma coisa quando eu aperto. –Kagome falou.

-Não.

-Então está tudo bem. Vou pegar o resto das roupas. –disse se levantando.

Virou-se para sair, mas foi impedida de continuar, pois ele havia segurado o seu pulso. Voltou-se para ele.

-O que?

InuYasha a puxou para mais perto, selando seus lábios nos dela. Kagome sentiu seu coração pular dentro do peito, fora totalmente pega de surpresa. Ele a segurou pela cintura e a deitou na cama, ficando por cima e pedindo autorização para aprofundar as carícias e beijos. A médica se entregou totalmente. Fechou os olhos, correspondendo ao beijo sofregamente.

Os dois não pensavam em mais nada, agora só havia eles. O mundo desaparecera completamente de foco. Nada mais era certo e nada mais era errado. Foram se livrando calmamente de suas roupas. Eles tinham todo o tempo do mundo para fazer o que quisessem, não tinham pressa de nada. Não eram mais adolescentes, que os pais poderiam pegar no flagra e colocar de castigo.

Os corpos suados se movimentavam no mesmo ritmo, no mesmo compasso. InuYasha beijava o corpo da mulher em seus braços com todo o carinho que possuía. Nenhum dos dois haviam se sentido daquela forma antes, com ninguém. Alcançaram os céus juntos e Kagome deitou-se em seu tórax, respirando descompassadamente. Ele a apertou contra si, como se ela pudesse fugir a qualquer momento, como acontecera antes.

Kagome nunca se sentira tão feliz antes em sua vida. Seu coração batia com vida, pela primeira vez em nove anos e se sentiu arrependida em ter perdido a virgindade com Houjo, seu colega de faculdade e primeira tentativa de esquecimento. Já InuYasha se assustava ao notar que nunca se sentira daquele modo antes com Kikyou, não entendia o que se passava em seu coração e mente.

Então ele a viu olhando para si e abrindo um sorriso. O sorriso. Aquele sorriso que ele não via há anos. Aquele sorriso que se perdera da face dela. Aquele sorriso da qual sentira tanta falta. E os olhos. Os olhos pareciam sorrir também. De repente eles brilhavam novamente, de repente eles ganhavam vida novamente.

Não era mais aquela Kagome que reencontrara. Aquela Kagome com os olhos sem vida, onde sempre se podia ver uma sombra negra pairando sobre eles. Aquela Kagome que sorria apenas para fingir que tudo estava bem. Aquela Kagome que não emitia um sorriso verdadeiro, que não tinha vida. Aquela Kagome que apenas sobrevivia e não vivia.

Mas por que? Por que de repente ela voltava a ser o que era antes?

-Eu te amo, InuYasha. Eu sempre te amei... –ela disse antes de fechar os olhos e dormir.

Aquilo foi um choque para ele. Foi um tapa em sua cara. Sentiu um torpor nos ouvidos, o tempo havia parado e ele não conseguia puxar o ar para os pulmões.

"Eu te amo, InuYasha. Eu sempre te amei"

O que aquilo significava para ele? Gostava de Kagome, mas não sabia se era amor. Não sabia o que sentia, não entendia o que se passava dentro de si. Não teria resposta para aquilo. Não queria fazer com que ela sofresse caso ele não a amasse. Não sabia o que dizer.

Não sabia o que fazer.

"I can't... be patient any longer.
I'll hold you in my arms, and from my lonely travels,
To beyond the skies it's "goodbye",
But still, you're absorbed in someone"

(Pappa lapped a pap lopped – Gackt)


Olá pessoal!

Bom, aqui está o oitavo capítulo. Novamente eu gostaria de pedir desculpas pela demora, mas é que esse finalzinho de ano estava meio corrido. Mas está aqui.

O que acharam? Eu arrumei o finalzinho, pois antes estava muito mais meloso do que agora xD E perdão a todas que esperavam um hentai, mas eu não consigo escrever hentai, não adianta. Infelizmente não é meu estilo, mas mesmo assim espero que tenham gostado do finalquase "erótico" (acho que nem isso ficou, mas tudo bem...).

A partir daqui tudo vai mudar, acho que vocês perceberam. Agora as coisas estão um pouco mais claras entre os dois, mas... Bom, vejam o próximo, que é o meu chap favorito. Demorei para escreve-lo XD

A música é do Gackt (não tão mais amado assim) e é boa, apesar do nome super estranho (que eu não sei o que significa) Acho que ele quis colocar um nome que não quer dizer nada com nada mesmo o.oº

Sobre o nome do restaurante... Bom, como "Shikon no Tama" é o elemento mais importante do anime eu achei que deveria aparecer. Tudo bem que o restaurante não é um elemento muito importante na estória, mas eu tinha que usar esse nome em algo. Então foi no restaurante mesmo u.u Perdoem-me por isso!

Espero receber mais comentarios daqui pra frente! Fiquei muito feliz com os que recebi, mas gostaria de receber mais (fiquei mal acostumada com minha antiga fic. E eu acho que essa está tão mais bem feita...)

No mais, estou feliz. A fanfic está tomando o rumo desejado. Uma coisa ou outra ficou diferente, mas não causou grandes danos para mim. Não estou desgostosa com ela!

Agradecimentos:

SM-Lime-chan – Mto obrigada pelo coment! Sim, sim, fiquei mto feliz! Espero q tenha gostado desse e que comente novamente! Bjos.

Ju-Sng – Oba! Alguém q gosta de 'O chamado'! Eh, soh leio 3 fics agora (tem outras, mas as writters nunca atualizam u.u) Mas já é o suficiente! Não tenho mais paciência para ficar na Internet durante horas a fio sem fazer nada! Ai ai... Mto obrigada pelo coment! Bjitos!

Ana Higurashi – Ah, tudo bem. Até eu ás vezes me confundo quando estou imaginando a fic! O ruim de ele ser humano é que eu não tenho outras palavras para substituir o nome dele quando eu estiver cansada de usar (hanyou, meio-youkai, mononoke... que no fim dá na mesma, mas muda um pouco. A mesma palavra várias vezes me cansa XD) Obrigada pelo coment! Kisu!

MaryHimura – Nossa! Sim, os filmes japa dão medo, mas pelo menos com 'O chamado' isso não deu certo. A qualidade do filme americano ficou melhor do que o do japonês. Conseqüentemente dando mais medo. Como explicar... Bom, o japonês ficou muito falso e o americano ficou muito real. Bom, ao meu ver pelo menos! Espero que tenha gostado do chap! Obrigada e bjos!

Anna – Só continuando a ler para saber o que acontecerá com a Kagome! Obrigada pela presença, Bjos!

Cyber Tamis – Ohhh, assista ao filme, que é mtoooo bom! Principalmente se você for fã do gênero! Mto obrigada por comentar! Kisus em você!

Muito obrigada a todas que estão lendo. Beijos em todas também!

Larissa