LEIAM POR FAVOR!É IMPORTANTE!
Oiiii!Quanto tempo sem comnetários, né?A marca de uma lágrima entrando na reta final, mais precisamente no último capítulo!Peço desculpas pela demora pra postar, mas é que eu estava em época de provas e só agora ela acabou, portanto só pude postar agora, de novo peço desculpas.O segundo motivo de estar escrevendo também é pra fazer a propaganda da minha nova história: Skater Girl (essa é da minha autoria!).Eu ia postar antes, mas deu um problema aqui no meu computador e eu vou ter que editar a história toda de novo ¬¬, quando ela estiver pronta eu aviso.E como vocês sabem, Card Captor Sakura e o livro A marca de uma lágrima não me pertencem, são do grupo Clamp e a Pedro Bandeira.Agora chega de enrolar e pronto!Aproveitem as emoções finais de "A marca de uma lágrima".
Capítulo 9:
Não há salvação...
Lentamente, o fone tornou-se pesado demais para os dedos de Sakura, que se abriram, deixando rolar pelo tapete a voz desesperada de Eriol. O torpor inebriante tomou conta de todo o seu corpo. Mas a mente permaneceu lúcida. Encerrada dentro de si mesma pelos olhos que nada mais percebiam do exterior, navegando docemente através das palavras maravilhosas que nunca esperava ouvir dos lábios de Eriol, Sakura repassou todos os acontecimentos daqueles dias de loucura.
"Tarde demais... Eriol, meu amor... Você está vindo para cá... tarde demais. Eu esperei tanto... Eriol, meus braços estiveram à sua espera todo esse tempo, e agora não são mais capazes de abraçá-lo... Tarde demais...", ouviu batidas violentas na porta, como se viessem de outro planeta. "Eriol... Como você vai me encontrar? Como a Bela Adormecida? Cem anos à espera do beijo do príncipe? De que jeito você vai me encontrar? Como dona Kaho? Ou como a Branca de Neve?"
Ela teria deixado a porta destrancada? Ou alguém a arrombara? Sentia alguém ao seu lado, alguém que a tocava, falava com ela. Eriol, talvez! Lábios quentes colaram-se delicadamente aos seus, como a soprar-lhe a vida que fugia, e uma carícia leve, metálica, arrastou-se por seu pescoço. A correntinha! Eriol... O primeiro e o último beijo, sempre com Sakura caída, largada com um fardo, sobre a grama ou sobre o sofá...
"Eriol, tarde demais... Tarde demais... A maçã da bruxa estava envenenada... Maçã envenenada... Linamarina na maçã... Linamarina no bombom... Bombom envenenado... Ah, é isso! Por que não pensei nisso antes? O veneno estava no bombom! Não havia nenhum envelope plástico al lado da mão da diretora! Não havia, eu me lembro! Eu vi aquela mão gorda, foi a primeira coisa que vi. Não havia nenhum envelope! Mas havia o papel de bombom, em cima da mesa... Depois o papel desapareceu e surgiu um envelope com veneno ao lado do corpo. Não pode ter sido Touya. Syaoran mesmo disse que Touya ficou agarrado ao braço dele, na entrada da sala, tempo todo. Touya só nos arrastou para que houvesse duas testemunhas inocentes, insuspeitas, na hora da descoberta do cadáver. É claro! Por que ele estava com a chave mestra? Coincidência? Ele era apenas o cúmplice, encarregado dos trabalhos de apoio. Então, o ator principal era... a professora Meiling! Meiling! Por que não vi isso antes? Estava tudo na minha frente! Não via porque não cabia mais nada na minha mente além de você! De você, meu amor! Você está aí? Está me ouvindo? Droga, eu não consigo falar! Mas alguém tem que me ouvir. Era Meiling no laboratório, a figura de avental. Era Meiling! Educação por indução subliminar... Educação forçada. Usar os próprios anseios de alguém para levá-lo a fazer até o que não quer. Foi só deixar um bombom envenenado em cima da mesa onde dona Kaho passaria a noite trabalhando! Fechada naquela sala, sozinha, com sua necessidade de emagrecer, com uma fome que aumentava a cada minuto, e com um bombom... Qual dos dois lado venceria? A decisão de emagrecer? Ou a gula de toda a sua vida? Meiling... Meiling sabia qual lado venceria! O crime perfeito! Tudo perfeito! Na minha frente! Alguém! Procure me entender! Eu sei tudo! Foi Meiling!"
Como em um disco fora de rotação, Sakura conseguia distinguir vozes e movimentos agitados à sua volta, mãos que a seguravam, agulhas que a espetavam...
- Tragam a maca!
- Segurem com cuidado!
- É melhor apertar a correia!
- Salvem essa menina, por favor! Ela é tudo pra mim!
"Foi Meiling! Estão ouvindo? Eu não consigo falar... Foi a Meiling! O bombom envenenado, a linamarina, foi Meiling! Foi...", o entorpecimento tomara conta de todo o seu corpo, e as peças daquele quebra-cabeça mudou, e uma nova consciência terrível, macabra, surgiu como um pesadelo que antecede a morte. "Não! Não é nada disso! Não foi nada disso! O bombom envenenado com cianureto! Com linamarina! Não é um só! São dois! Me ouçam... Eu..."
A fraqueza não deixava mais forças nem para pensar, nem para pronuncia o nome que explodia em seus lábios, ansiando por ser dito, ansiando revelar-se e desvendar toda a verdade daquele caso sinistro. Sentiu-se sacudida, carregada. Quase nada mais percebia do exterior. Um toldo negro cada vez mais a envolvia como uma mortalha. Bem perto dela, alguém falava nervoso e baixinho, mas as palavras perdiam-se no precipício da inconsciência que chegava.
-... não sei... Intoxicação... Envenenamento... Se foi cianureto... não há salvação...
A mente de Sakura desligou-se do mundo.
- Sou professora da garota, doutor. Qual o diagnóstico?
- Ainda não sabemos qual a substância tóxica que ela tomou...
- E qual o prognóstico? Ela viverá? – a professora parecia aflita.
- Confie em nós, professora Meiling...
- Doutor, esse rapaz recusa-se a sair do hospital. Disse que vai ficar aqui a noite toda, na sala de espera... – a enfermeira observou o jovem novamente.
- Deixe-o ficar, enfermeira. Deixe-o ficar...
- Mas o regulamento...
- Então faça de conta que não viu. Eu também já fui jovem, enfermeira. Eu também já me apaixonei, como esse rapaz. Sei o que ele está sentindo...
- Tudo bem, então, doutor... – a enfermeira suspirou, vendo que não tinha mesmo jeito.
"Eu... estou no laboratório? Está escuro, como no laboratório... Estou sem óculos... como no laboratório... Eriol virá? Vai dizer que ama Tomoyo? Não! Ele disse que ama a mim! Sakura! Eu não quero morrer, não me deixem morrer... Agora não! Eriol me ajude! Você disse que me ama, disse que ama o que eu escrevi... Então venha me buscar... Eu já morri, Eriol? Já estou na urna de cristal? Onde está o meu beijo, meu príncipe? O beijo da grama, o beijo do sofá, o beijo da vida... Me devolva a vida, meu amor, para que eu possa dá-la de volta, inteirinha, para você..."
O horário de visitas no hospital já havia terminado, mas a mulher conseguiu esgueirar-se sem ser percebida e entrou na sala dos médicos. Havia apenas um deles, dormindo como um santo e roncando como um porco, "perfeitamente" preparado para o plantão da noite. A mulher apanhou um avental de médico, vestiu-o, retirou cuidadosamente o estetoscópio pendurado no médico adormecido, colocou-o no próprio pescoço e saiu sem um ruído.
- Onde está a ficha da paciente do 412?
- Está aqui, doutora...
- Quero ver. – a encarregada do andar entregou a prancheta à mulher. Estava tudo anotado. A substância tóxica já havia sido descoberta. Ela leu o que precisava e jogou a prancheta sobre o balcão. Pegou o elevador até o subsolo, onde ficava a farmácia do hospital.
- Boa noite, doutora. – cumprimentou o sonolento atendente. A mulher perguntou sobre um medicamento, um nome inventado na hora, algo bem complicado. – Hum... Não sei, doutora. Posso verificar na lista.
- Pois verifique.
- Deixe ver... Não, não temos esse medicamento em estoque, doutora.
- Veja na administração se há algum pedido de compra. Preciso desse medicamento até amanhã.
- Um instante, doutora. Vou telefonar para a administração. Talvez o plantonista da noite possa informar alguma coisa. – enquanto o atendente discava, a mulher, às suas costas, percorreu as prateleiras. Foi rápido encontrar o que precisava. Quando o homem desligou, ela já pusera um pequeno frasco e uma seringa de injeção no bolso do avental. – Desculpe, doutora, mas não há pedido de compra para esse medicamento.
- Droga de hospital! Está bem, eu me viro de outro jeito. Obrigada, assim mesmo.
- Às ordens, doutora.
Na porta do quarto 412 havia uma pequena tabuleta onde estava escrito "VISITAS PROIBIDAS POR ORDEM MÉDICA". Mas àquela hora da noite não havia ninguém de plantão pelos corredores para fazer cumprir as ordens das tabuletas. Mesmo que houvesse, ninguém impediria uma médica de entrar no quarto de qualquer paciente. Assim, a mulher de avental deslizou sem problemas pelo corredor e abriu a porta silenciosamente.
"Touya? Não, não é Touya... Onde estou? Aqui não é o laboratório da escola... Onde está a aranha? Onde está a cobra? Onde está o vulto de branco? O vulto de branco! Você!"
- Boa noite, Sakura. Como é? Está melhorzinha? – apesar da escuridão quase total, Sakura reconheceu o vulto da professora, recortado contra o teto do quarto. – Oh, vejo que você ainda está fraca! Mas isso vai passar. Sabe? Eu fiquei preocupada com a história do bombom. É, você me deixou preocupada. Ninguém sobrevive à linamarina. Ninguém sobrevive ao cianureto. Mas você não comeu o bombom, não é? É pena... Você poderia ter evitado tanta preocupação, tanto sofrimento...
Sakura tentou gritar, mas a língua se enrolou, os músculos não responderam. Tudo ouvia, porém. E enxergava o suficiente para aumentar o próprio terror.
- Você tem de admitir que foi uma grande idéia, não foi? Hein? Levar a polícia, na hora de cometer um crime! Oferecer o bombom envenenado nas barbas da polícia! Um lance de gênio, você tem de admitir. Mas você não comeu o bombom...
Naquele momento, quando Sakura havia recuperado todas as razões para viver, naquele momento em que ela havia finalmente conquistado o amor de Eriol, a morte estava ali, de avental branco, falando suavemente, com ternura até.
- Você não comeu o bombom. E confundiu a todos, a mim e aos médicos, porque tomou alguma outra coisa. Que falta de juízo! Sabe que foi difícil tratá-la até se saber com certeza o que você tinha tomado? Por que você tomou o calmante da mamãe? Você queria morrer? Por que, queridinha? Se queria morrer, devia ter comido o meu bombom. Ou devia ter tomado mais do remédio da mamãe. Pelo jeito, você tomou tão pouco... Só serviu mesmo para deixá-la tontinha assim. E para deixar todos preocupados. Menina má!
Sakura tentava conseguir forças para alguma reação. Se conseguisse gritar, um grito só, no silêncio noturno daquele hospital, alguém viria socorrê-la. Mas todo o seu corpo permanecia paralisado, como um quase-morto, capaz apenas de ouvir... e de sentir medo.
- Você está me ouvindo, queridinha? É claro que está! Eu vejo pelo seu olhar que você está me ouvindo. Está com medo? Medo de quem? Do Touya? Não precisa mais ter medo do Touya. Ele está morto. Meu ajudante, meu único amigo naquela escola, e você me obrigou a matá-lo. É... Foi você, sabia? Pobre Touya! Foi ouvir seus mexericos com Syaoran e me procurou, todo alvoroçado. Eu o aconselhei a ficar quieto, mas o pobrezinho resolveu ameaçar você. Aí, quando você me falou da ameaça pra mim e pro investigador, me forçou a matá-lo. Ele facilmente acabaria preso e iria complicar mais as coisas. Touya raciocinava pouco, mas sabia demais. Foi um pena, uma pena mesmo...
Calmamente, a professora rasgou a embalagem da seringa de injeção. Espetou a agulha na borrachinha do frasco e fez a seringa aspirar o líquido.
- Os médicos já descobriram que tipo de calmamente você tomou. Você está recebendo o tratamento certo. Que ótimo, não? Eu também acabei de saber o que você tomou. Foi isto aqui. Agora, tudo o que você precisa é a dose certa. Eu poderia injetar nesse tubo que está levando aí para as suas veias. Mas esse é um risco que você não quer que eu corra, não é? Alguém podia ter a infeliz idéia de analisar o tubo e ia acabar encontrando traços do nosso remedinho, não é? Também não será bom deixar marcas de injeção na sua pele. Por isso, vamos dar uma espetadinha no seu couro cabeludo. Mas não se preocupe, não vai doer nada. E quem vai descobrir uma espetadinha no couro cabeludo? Tudo certo. Como este é o remedinho que você tomou, amanhã todos pensarão que o tratamento não foi aplicado a tempo, e tudo sairá bem. Chega de preocupações, você não acha?
Sentou-se à beira da cama, sorrindo como uma enfermeira dedicada. Na mão direita, trazia a seringa com a agulha voltada para cima. Com a esquerda, começou a acariciar docemente os cabelos de Sakura.
- Queridinha você será a terceira. Mas não vai me querer mal, vai? Acho que você também quer acabar logo com todos esses problemas, não é? A primeira foi Kaho. Tudo tão bem-feito, tudo quase perfeito, se não fosse certa garotinha que gosta de causar confusões...!
As carícias aumentavam de intensidade, feitas com as pontas dos dedos, como se a professora procurasse o ponto certo para a agulha.
- Kaho! Eu tinha de matá-la! A grande diretora, a grande educadora, querida por todos! E eu? Sempre à sombra dela. A ela, todos admirando. De mim, todos rindo. De mim, todos sempre riram, desde o tempo em que eu lecionava química. Você sabia que eu já fui professora de química? A melhor de todas, mas os alunos riam de mim. Por causa dela. Agora, ninguém mais vai rir, porque ela está morta!
A mão parou de acariciar a cabeça de Sakura e afastou-lhes os cabelos, descobrindo o local. A professora sorriu.
- Ora, não é que eu esqueci o algodão com álcool? Mas não fique assustada. Eu sei aplicar injeção muito bem. Não há perigo de infeccionar. Morra, queridinha. Assim... Quieta.
A espetada doeu um pouco e, em um segundo, o torpor que Sakura conhecia tão bem voltou a circular em cada uma de suas veias. Aos poucos, o quarto ficou ainda mais escuro.
- Assim... Menina boazinha...
A voz e o comportamento daquela mulher davam àquela cena macabra o clima respeitoso de uma missa negra. De repente, como um sacrilégio, um ruído invadiu o quarto. Já quase mergulhada no esquecimento, Sakura viu o rosto da professora, ainda sorrindo. Mas viu sangue. Sangue que brotava da cabeça da mulher, escorria por seu corpo e vinha empapar a camisola de Sakura.
A menina sentiu cair pesadamente sobre si o corpo inanimado da professora Nakuru, a vice-diretora da escola.
