Capítulo VI

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Yes, I still remember every whispered word

The touch of your skin giving life from within

Like a love song that I'd heard

Slipping through our fingers, like the sands of time

Promises made, every memory saved

As reflections in my mind

Sim, eu ainda me lembro todas as palavras sussurradas

Do toque de sua pele, dando vida de lá de dentro

Como em uma canção de amor que escutei

Escorregando pelos dedos, como as areias do tempo

Todas as promessas que foram feitas, lembranças guardadas

Como reflexos em minha mente

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O dia todo Hanna não procurou por Mime na cabana, o que deixou o rapaz apreensivo. Ou seria saudade, sentia falta dela e por isso estava daquele jeito? Não sabia e passou o tempo todo pensando nela, na festa e riu sozinho. A garota nunca tinha ido a uma festa, não sabia como era. "Certamente vai se comportar como uma criança que está descobrindo um novo mundo...".

-Tem certeza de que este vestido vai ficar bem em mim, Freya? - perguntou Hanna, ao ver o modelo azul claro que a princesa trazia para seu quarto.

-Ora, claro que vai! E certamente alguém vai gostar muito! - a princesa frisou, encarando os olhos curiosos da garota - Agora vamos lá, está na hora de se arrumar.

Quando o sol começava a se pôr no horizonte, Mime deixou a cabana, trajando sua armadura. Ao cruzar o portão de entrada do palácio, ele sentiu um cosmo um tanto quanto agressivo no ar ao passar por Alberich e um homem de cabelos azuis que o acompanhava.

-Se não quer ter problemas, dê um jeito de camuflar este cosmo, Arcã! - zangou o guerreiro deus, ao ver a maneira como Mime os encarou. Arcã limitou-se a sorrir, desdenhando da preocupação do outro.

-Não se preocupe, eu sei o que tenho de fazer.

-Então vamos entrar... Ah, antes que me esqueça: se quiser se aproximar de Hanna, terá que dar um jeito nesse idiota que acabou de passar por nós.

-Acaso não é o guerreiro que a encontrou no bosque e a trouxe para cá?

-Exatamente... Os dois simplesmente não se desgrudam um do outro.

Colocando um sorriso no rosto, Arcã entrou no Valhalla, acompanhado por Alberich.

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-Quem é a "moça" que entrou no salão com Alberich? - perguntou Shido para Fenrir, assim que viu os dois entrarem e cumprimentarem Siegfried.

-Moça? Mas é um homem, Shido!

-E a cara de donzela? Bem que eu desconfiava...

Os dois estavam rindo e bebendo quando Mime se juntou a eles, os olhos que percorriam o salão à procura de alguém.

-Tenha calma, amigo, ela logo vai descer!

-Ela quem?

-A jovem dama que acabou de adentrar o salão acompanhada de Freya e Hagen...

Mime virou-se para a direção onde Fenrir apontava e viu Hanna cumprimentar Siegfried, que lhe fez um elogio. Corando de vergonha, a garota desviou o olhar e encontrou os olhos do guerreiro deus. Um sorriso iluminou seu rosto e Mime não viu mais nada, apenas aquele sorriso encantador e sua dona, caminhando suavemente em sua direção, os longos cabelos negros presos em uma caprichada trança com fios de prata, o vestido azul claro de saia esvoaçante e corpete que marcava suas curvas bem feitas, a boca pequena e pintada de rosa, o que destacava seus olhos violetas.

-Boa noite, Mime! Shido, Fenrir... - Hanna se aproximou, prestando reverências.

-Se me permite um elogio... - Shido puxou a mão da garota e a beijou, delicadamente - Está linda, Hanna.

-Obrigada!

Também fazendo seu elogio, Fenrir pediu licença e foi conversar com Thor, do outro lado do salão. Shido fez o mesmo, deixando Mime e Hanna sozinhos.

-E então?

-Hã? - o rapaz pareceu não ouvir a garota falar.

-A festa! O que está achando?

-Está... Está linda...

-Ah, eu concordo... Nunca vi uma festa tão linda!

-Hanna, eu... - Mime sentiu seu rosto avermelhar-se - Eu estava falando de você.

-Oh, por Odin...

Mas Hanna nem teve tempo de se sentir corar. Os músicos presentes na festa logo começaram a tocar e a garota puxou Mime pela mão, querendo ir para o meio do salão.

-Venha, Mime, vamos dançar!

-Mas eu não sei dançar, Hanna...

-Nem eu, a gente copia os passos dos outros!

Sem alternativas, o rapaz a acompanhou e, quando percebeu, a conduzia pelo salão, dançando e rindo, algo que não fazia há muito tempo. Depois de duas danças de ritmo alegre, os músicos começaram a tocar uma canção romântica, pedida por Freya.

-Acho melhor comer alguma coisa... - disse Mime, sem graça.

-Não quer continuar dançando comigo?

Hanna fizera a pergunta em um tom tão desapontado e inocente que o guerreiro não resistiu e a enlaçou pela cintura, sentindo o calor daquele corpo tão próximo do seu. A garota aninhou-se nos braços de Mime, repousando sua cabeça no peito do rapaz, que sentiu uma vontade louca de beijá-la novamente, mas desta vez se conteve, temendo a reação dela.

-Eles estão muito próximos! - comentou Arcã, entre dentes. Alberich apenas sorriu, aquilo não era da conta dele. Se o cara soubesse de seus pensamentos e o que pretendia fazer com Hanna antes de entregá-la a Hel!

Ao final da música, Mime afastou-se depressa da garota e foi até a mesa de bebidas, onde estavam Bado e Thor. Hanna já ia se juntar a eles quando alguém a interpelou.

-Vejo que seu par está um pouco cansado para continuar... Me concederia então a honra de dançar com a senhorita?

Hanna ainda olhou meio de soslaio para Mime, que parecia entretido com algo que Bado lhe falava. Então, sorrindo, ela aceitou o convite do belo homem de cabelos azuis que esperava por sua resposta.

-Ora, parece que alguém "roubou" seu par, Mime!

Ao olhar para o meio do salão, o rapaz viu Hanna dançando com o mesmo homem que vira acompanhado de Alberich. E não gostou nada, pois amarrou a cara na hora.

-Agüenta o tranco, cara, é só uma dança!

Enquanto Bado encarava o olhar assassino de Mime, Hanna ria feito uma menina com as coisas que o homem lhe falava. Estava se divertindo, era visível.

-Parece que está gostando de minha companhia, senhorita.

-Ah, o senhor é divertido... Oh, que pena... A música acabou!

-Foi um prazer, senhorita...

Quando ele se inclinou para beijar a mão da garota, Hanna tomou um susto e faltou-lhe o ar. Ao esticar seu braço, a manga da roupa que o homem usava arregaçou-se um pouco e ela pôde ver uma tatuagem no pulso dele. A mesma marca do homem que a atacara e que também aparecera em suas costas.

Transtornada, Hanna baixou os olhos e saiu do meio do salão, alcançando a varanda que dava acesso ao jardim. Mime a viu e, pedindo licença aos amigos, foi atrás dela. Precisava saber o que tinha acontecido, porque ela parecia tão preocupada.

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Sentindo-se meio zonza, Hanna sentou-se em um dos bancos de pedra que havia no jardim e baixou a cabeça. Quem era aquele homem? Por que tinha aquela marca no pulso?

-Hanna!

Quando levantou a cabeça, a garota viu Mime à sua frente, com um semblante de preocupação estampando em seu rosto.

-Está tudo bem?

-Es... Está, Mime... Foi só uma tontura, acho que dancei demais... - ela mentiu, não queria preocupá-lo ainda mais com seus problemas.

-Deve ser fome, ainda não comeu nada. Eu vou buscar algo para você.

-Não! - Hanna gritou, segurando o guerreiro pela mão, forçando-o a ficar em seu lugar. - Não vá, eu estou bem... Fique aqui comigo, por favor.

Mime percebeu medo naquela voz tão doce e se sentou no banco. Hanna, então, atirou-se nos braços do rapaz, apertando-o contra seu corpo. Desconcertado, Mime a envolveu com seus braços, como se pudesse protegê-la de todo mal e beijou-lhe os cabelos macios.

O calor já seu conhecido subiu-lhe pela espinha e ele tentou contar até cem, para se controlar, mas não tinha jeito. Ela estava tão próxima, tão entregue em seus braços...

-Hanna...

A menção de seu nome a fez levantar a cabeça e Mime aproveitou o momento para dar-lhe um beijo, desta vez um toque mais forte e desejado do que o anterior. Apesar de surpresa, a garota não fugiu e o rapaz sentiu que poderia continuar.

-Feche os olhos, Hanna...

Ele pediu e ela obedeceu. Foi então que a garota sentiu seu corpo flutuar, a língua de Mime pedindo passagem em sua boca. Meio receosa, Hanna a entreabriu e o guerreiro aprofundou o beijo, explorando cada cantinho daquela boca pequena, a maciez daqueles lábios tão doces.

Por instinto, Hanna o abraçou e a intensidade da carícia tornou-se maior, chegando a provocar falta de ar em ambos. Mime a soltou para que a garota pudesse recuperar o fôlego e fitou aqueles belos olhos violetas. Hanna, então, viu pela primeira vez nos olhos rubi do guerreiro não a sombra de tristeza, mas uma ternura iminente.

-Mime...

Sorrindo, o rapaz retomou o beijo. E, em uma das janelas do salão...

-Você pode começar amanhã, Thor... Chá de ervas, torradas e geléia para o café da manhã, sim? - provocou Hagen, rindo pela aposta ganha. Aliás, todos os guerreiros que presenciavam a cena no jardim sorriam.

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Ai, nessa eu babei um pouquinho... Eu finalmente consegui descrever uma cena exatamente do jeito que imaginei, o beijo entre o Mime a Hanna era dessa maneira na minha cabeça... Espero que tenham gostado!

Aliás, toda a fic está como eu imaginava, eu já rascunhei a cena da primeira noite dos dois, está muito fofa também...